quinta-feira, maio 24, 2007

Ucrânia afunda-se num confronto perigoso


A Ucrânia encontra-se novamente no limiar do precipício do confronto civil. Tanto o Presidente Iuschenko, como o seu rival, o primeiro-ministro Ianukovitch, prometem não permitir uma guerra civil, mas a situação torna-se cada vez menos controlável. Não conseguem chegar a acordo sobre a data das eleições parlamentares antecipadas. Entretanto, na quinta-feira, tiveram lugar os primeiros confrontos junto da Procuradoria-Geral e do Tribunal Constitucional.

O Presidente ucraniano, Victor Iuchtchenko, convocou uma reunião urgente dos ministérios encarregados da manutenção da ordem e da segurança pública, enquanto o seu rival, o primeiro-ministro Victor Ianukovitch, se reunia, também de urgência, com o seu governo.

A situação em Kiev agravou-se ao ponto de Ianukovitch regressar apressadamente do sul da Ucrânia e Alexandre Moroz, presidente do Parlamento, da Eslováquia, onde se encontrava em visita oficial.

Numa conferência de imprensa realizada na capital ucraniana, Victor Iuchtchenko acusou o ministro do Interior, Vassili Tsuchko, de ter cometido um "crime".

"Previno que este foi o último facto de solução do conflito político através da força. Apelo a todas as forças de segurança a retirar e a não dificultar os políticos a tomar decisões legítimas", sublinhou o presidente.

O ministro do Interior participou, à frente de um destacamento policial especial, na "reconquista" do edifício da Procuradoria-Geral da Ucrânia.

O Presidente ucraniano demitiu o Procurador Sviatoslav Piskun, mas um grupo de deputados da oposição não aceitou a decisão e tentou entrar à força no edíficio para "defender a lei e a ordem".

O ministro do Interior juntou-se aos deputados e os homens por ele comandados entraram em confronto com a Direcção da Segurança Estatal, forças encarregadas de garantir a segurança dos edifícios públicos e que se mantém fiel a Iuchtchenko.

Segundo a agência RBC-Ucrânia, Iuchtchenko poderá mesmo vir a ordenar a detenção do ministro do Interior.

Anatoli Gritsenko, ministro da Defesa da Ucrânia, ameaçou empregar as forças armadas se surgir "uma situação perigosa no país".

"O Presidente, enquanto chefe supremo das Forças Armadas, tem o direito de empregar as tropas no âmbito da lei para solucionar essa situação", sublinhou Gritsenko.

"A convocação extraordinária pelo Presidente da Ucrânia, Victor Iuchtchenko, dos ministros que respondem pela ordem e segurança nacional, incluindo o ministro da Defesa Anatoli Gritsenko, pode ser um testemunho de que hoje na Ucrânia se está a realizar o cenário da tomada do poder pela força. Simplesmente, começa um golpe de Estado", lê-se num comunicado publicado pelo Partido das Regiões, dirigido por Victor Ianukovitch.

Este partido compara o presidente a Pinochet: "o Presidente Iuchtchenko, recorrendo à retórica de democrata e liberal, mostrou ser, na realidade, um sedento de poder, que faz recordar muito o conhecido ditador chileno Augusto Pinochet. A democracia de Iuchtchenko é a filosofia do ditador: castigar os dissidentes, destruir o direito, violar as leis e governar sozinho".

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