domingo, julho 01, 2007

A mulher que deixou baton na cara de Chávez


Alguns leitores têm-me acusado de ser tendencioso em relação ao Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, embora eu me tenha limitado a transmitir o ambiente reinante durante a sua viagem à Rússia. Desta vez também me limitarei a citar os deputados russos que participaram num encontro com Chávez à porta fechada. Nestas alturas, lembro-me sempre de um provérbio russo que diz que não se deve atirar as culpas para cima do espelho.

O Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, discursou perante um grupo de deputados da Duma da Rússia, tendo conquistado completamente o auditório.

“Tratou-se de um encontro inesquecível, fotografámo-nos, abraçámo-nos, beijámo-nos e na bochecha de Hugo Chávez ficou um rasto do meu baton” – declarou emocionada Liubov Sliska, vice-presidente da Câmara Baixa do Parlamento (na foto), depois do encontro com o líder venezuelano.

O encontro decorreu à porta fechada numa das salas do edifício do Parlamento e não provocou a enchente esperada.

Havia muitos lugares livres. A sala leva 90 deputados. Devem ter vindo apenas 60 deputados” – declarou Alexei Mitrofanov, do Partido Liberal-Democrático.

Na Duma Estatal têm assento 425 deputados.

No encontro com os parlamentares russos, Chávez defendeu a criação de “um novo modelo de mundo”, considerando que “o imperialismo quer hoje pôr fim à história, destruir o intelecto”.

Segundo a deputada Elena Drapeko, do partido pró-Kremlin Russa Unida, Chávez teria dito: “podemos juntar esforços e formar um novo modelo de mundo”.

Esta deputada revelou também que o dirigente venezuelano tornou público o seu apoio à Rússia na questão do Kosovo, que defende um acordo entre Belgrado e Pristina.

“Chávez sublinhou que a divisão de países é um tentativa imperialista de enfraquecer esses países” – revelou Drapeko.

Hugo Chávez reafirmou também que a Rússia e a Venezuela detêm uma fatia significativa da exploração mundial do petróleo, defendendo que Moscovo e Caracas devem coordenar os preços desse combustível e dar início a projectos conjuntos nessa área.

“A mão do imperialismo quer afastar a Rússia da Venezuela, mas devemos unir-nos em torno de interesses económicos comuns” – teria afirmado Chávez, segundo a deputada Drapeko.

Segundo o deputado nacionalista Alexei Mitrofanov, o dirigente venezuelano abordou também a saúde do seu homólogo cubano: “Chávez falou calorosamente de Fidel, mas informou que ele não se encontra num estado físico brilhante”.

No fim do encontro, os deputados russos ofereceram ao Presidente da Venezuela várias prendas. O deputado nacionalista Vladimir Jirinovski revelou que tinha oferecido a Chávez vodka, água de colónia e chá “Jirinovski”.

“Ele pode beber a vodka durante o voo da Rússia para casa. O caminho é longo” – aconselhou Jirinovski.

Outro deputado, Victor Tcherepkov, ofereceu a Chávez um quadro que retrata a vitória do dirigente venezuelano sobre George Bush.

“Chávez ficou contente com a atenção da parte dos deputados e, ao abandonar a Duma, reconheceu que se tinha divertido muito no Parlamento russo” – relatou Vladimir Semago, deputado da Rússia Unida".

1 comentário:

Anónimo disse...

Foi uma autentica operação de charme por parte de Chavez, aproveitando o momento ligeiramente conturbado entre os EUA e a Rússia.
A democracia irá levar algum tempo a chegar à Venezuela...

Abraço