Ainda faltam duas semanas para a campanha eleitoral na Rússia, mas o Kremlin vai mostrando com uma intensidade cada vez maior quem pode, manda e quer no país. Nem que para isso seja preciso desenterrar brinquedos cobertos de naftalina da "guerra fria" como são os bombardeiros estratégicos de longo alcance.
Coincidência ou não (as autoridades russas é que têm de dar resposta a essa pergunta), aumentam as actividades terroristas no país. Será que têm razão os analistas que consideram que por detrás dos últimos atentados estão aqueles que não querem que o Presidente Putin se vá embora do Kremlin em 2008? Que temem que o seu sucessor, mesmo que eleito com o apoio dele, os prive do acesso aos "fluxos financeiros"?
Aqui ficam duas notícias que retratam a "nova" política interna e externa de Moscovo.
Os moscovitas não podem, a partir de hoje, continuar a escutar o serviço russo da BBC em FM, devido a uma decisão das autoridades russas de difusão, anunciou o grupo de média britânico num comunicado difundido na capital russa.
A BBC, que já antes enfrentou problemas para difundir os seus programas na Rússia, perdeu o seu último parceiro russo, a estação de rádio moscovita Bolshoe Radio, que teve que pôr fim a essa parceria para poder conservar a sua licença.
"O grupo financeiro Finam, proprietário da estação Bolshoe Radio, informou os representantes do serviço russo da BBC que as autoridades responsáveis pelas licenças de difusão exigiram que fossem retirados os programas da BBC da grelha. Caso contrário, a estação arriscar-se-ia a perder a licença", lê-se no comunicado do grupo britânico.
Nos finais de 2006, a BBC ficou sem a possibilidade de difundir os seus programas na Rádio Arsenal, estação de Moscovo adquirida por Arkadi Gaidamak, homem de negócios com fortes interesses em Angola, enquanto que, no início do mesmo ano, a Rádio Leninegrad, estação de São Petersburgo, cessou também a colaboração com a BBC, devido a uma exigência das autoridades responsáveis pelas licenças de emissão.
A direcção da BBC já enviou uma carta ao Serviço Federal de Controlo dos Meios de Informação da Rússia para que este reveja a sua decisão, mas não deposita grandes esperanças nisso.
Richard Sambrook, director da BBC Global News, mostrou-se "extremamente decepcionado pelo facto de os ouvintes de Bolshoe Rádio de Moscovo não poderem mais ouvir os programas de informação independentes e imparciais numa onda de tanta qualidade como a rádio FM".
A partir de hoje, os russos só poderão captar o serviço russo da BBC em ondas médias e curtas, ou ouvir a rádio na internet.
O jornal electrónico russo newsru.com cita funcionários da BBC que dizem que "o nível de barulho provocado pelos chamados 'interferidores' é tal que é praticamente impossível ouvir a rádio em onda média".
Segundo eles, "a proibição de transmitir em FM em Moscovo e a entrada em acção de 'interferidores' começaram por ordem do Kremlin".
O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou hoje a retomada imediata dos voos de bombardeiros estratégicos russos "numa base permanente", renunciando assim a uma prática abandonada depois do fim da "guerra fria".
"Decidimos retomar os voos da aviação estratégica russa numa base permanente. Os aviões levantaram voo às 00:00 de Moscovo (21:00 de Lisboa)", anunciou Putin durante exercícios militares na região dos Montes Urais, sublinhando que os outros países devem reagir a isso com "compreensão" e explicando a decisão com as "exigências da segurança do país".
Às 00:00 horas de hoje, vinte bombardeiros estratégicos russos de longo alcance levantaram voo de sete aeródromos russos. Os aparelhos manter-se-ão no ar durante vinte horas, sendo reabastecidos durante o voo. Segundo Vladimir Putin, esses voos terão "carácter regular e estratégico".
Em 1992, a Rússia suspendeu unilateralmente os voos da sua aviação estratégica de longo alcance.
"Infelizmente, nem todos os países seguiram o nosso exemplo", sublinhou o dirigente russo, acrescentando que isso "criou alguns problemas à segurança da Rússia" e, por conseguinte, o Presidente russo decidiu pessoalmente reiniciar os voos da aviação estratégica.
"Os pilotos russos já perderam o treino, porque só voavam de vez em quando, durante, por exemplo, exercícios estratégicos. Agora, estão radiantes por começarem uma nova vida", concluiu Putin.
Coincidência ou não (as autoridades russas é que têm de dar resposta a essa pergunta), aumentam as actividades terroristas no país. Será que têm razão os analistas que consideram que por detrás dos últimos atentados estão aqueles que não querem que o Presidente Putin se vá embora do Kremlin em 2008? Que temem que o seu sucessor, mesmo que eleito com o apoio dele, os prive do acesso aos "fluxos financeiros"?
Aqui ficam duas notícias que retratam a "nova" política interna e externa de Moscovo.
Os moscovitas não podem, a partir de hoje, continuar a escutar o serviço russo da BBC em FM, devido a uma decisão das autoridades russas de difusão, anunciou o grupo de média britânico num comunicado difundido na capital russa.
A BBC, que já antes enfrentou problemas para difundir os seus programas na Rússia, perdeu o seu último parceiro russo, a estação de rádio moscovita Bolshoe Radio, que teve que pôr fim a essa parceria para poder conservar a sua licença.
"O grupo financeiro Finam, proprietário da estação Bolshoe Radio, informou os representantes do serviço russo da BBC que as autoridades responsáveis pelas licenças de difusão exigiram que fossem retirados os programas da BBC da grelha. Caso contrário, a estação arriscar-se-ia a perder a licença", lê-se no comunicado do grupo britânico.
Nos finais de 2006, a BBC ficou sem a possibilidade de difundir os seus programas na Rádio Arsenal, estação de Moscovo adquirida por Arkadi Gaidamak, homem de negócios com fortes interesses em Angola, enquanto que, no início do mesmo ano, a Rádio Leninegrad, estação de São Petersburgo, cessou também a colaboração com a BBC, devido a uma exigência das autoridades responsáveis pelas licenças de emissão.
A direcção da BBC já enviou uma carta ao Serviço Federal de Controlo dos Meios de Informação da Rússia para que este reveja a sua decisão, mas não deposita grandes esperanças nisso.
Richard Sambrook, director da BBC Global News, mostrou-se "extremamente decepcionado pelo facto de os ouvintes de Bolshoe Rádio de Moscovo não poderem mais ouvir os programas de informação independentes e imparciais numa onda de tanta qualidade como a rádio FM".
A partir de hoje, os russos só poderão captar o serviço russo da BBC em ondas médias e curtas, ou ouvir a rádio na internet.
O jornal electrónico russo newsru.com cita funcionários da BBC que dizem que "o nível de barulho provocado pelos chamados 'interferidores' é tal que é praticamente impossível ouvir a rádio em onda média".
Segundo eles, "a proibição de transmitir em FM em Moscovo e a entrada em acção de 'interferidores' começaram por ordem do Kremlin".
O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou hoje a retomada imediata dos voos de bombardeiros estratégicos russos "numa base permanente", renunciando assim a uma prática abandonada depois do fim da "guerra fria".
"Decidimos retomar os voos da aviação estratégica russa numa base permanente. Os aviões levantaram voo às 00:00 de Moscovo (21:00 de Lisboa)", anunciou Putin durante exercícios militares na região dos Montes Urais, sublinhando que os outros países devem reagir a isso com "compreensão" e explicando a decisão com as "exigências da segurança do país".
Às 00:00 horas de hoje, vinte bombardeiros estratégicos russos de longo alcance levantaram voo de sete aeródromos russos. Os aparelhos manter-se-ão no ar durante vinte horas, sendo reabastecidos durante o voo. Segundo Vladimir Putin, esses voos terão "carácter regular e estratégico".
Em 1992, a Rússia suspendeu unilateralmente os voos da sua aviação estratégica de longo alcance.
"Infelizmente, nem todos os países seguiram o nosso exemplo", sublinhou o dirigente russo, acrescentando que isso "criou alguns problemas à segurança da Rússia" e, por conseguinte, o Presidente russo decidiu pessoalmente reiniciar os voos da aviação estratégica.
"Os pilotos russos já perderam o treino, porque só voavam de vez em quando, durante, por exemplo, exercícios estratégicos. Agora, estão radiantes por começarem uma nova vida", concluiu Putin.
2 comentários:
Caro José Milhazes,
Tendo como pano de fundo as eleições a que faz referência, considerei pertinente levantar aqui, também, a questão do nacionalismo russo, um tema actual, mas sobretudo um tema que deve ser encarado no tempo mais longo que nos oferece uma sempre pertinente visão histórica.
Neste sentido, chamo a atenção para o último número da revista "Russia Profile" (n.º 7, Agosto/Setembro 2007), que faz das Relações Étnicas o seu tema central.
Achei particularmente interessante um artigo de Vladimir Frolov, director de um "think tank" moscovita (Laboratório Nacional para a Política Externa), que procura desconstruir a imagem pejorativa que, segundo afirma, os media ocidentais alimentam relativamente ao nacionalismo russo, que utilizam como sinónimo ou mesmo substituto do termo xenofobia.
Frolov oferece-nos uma visão diacrónica da utilização dos sentimentos nacionalistas por parte do Estado, como forma de mobilizar a nação, de enformar e sustentar, em certos momentos, as suas políticas, internas ou externas.
A análise de Frolov, desde a repulsa da invasão polaca, no início do século XVII, até ao aproveitamento do "poder construtivo" do nacionalismo russo por parte de Putin e a sua equipa como forma de unir a nação em torno da sua agenda, leva-o a concluir que ao longo do tempo a mobilização nacionalista actuou como uma importante força no desenvolvimento económico e cultural russos.
Caro Filipe, o nacionalismo russo é realmente um tema importante e requer muita reflexão. No entanto, deixe-me expressar aqui uma nota de discordância com Vladimir Frolov. Não concordo que o nacionalismo russo seja um mobilizador tão grande. Pode ser numa primeira fase, mas transformar-se num processo incontrolável altamente perigoso. O "poder construtivo" do nacionalismo russo reflecte-se também no aumento do chauvinismo e da intolerância face a outros povos. E isto é extremamente perigoso num país onde vivem mais de 100 povos e nacionalidades, com religiões diferentes.
Além disso, gostaria que me mostrassem os períodos em que o nacionalismo russo tenha dado grandes resultados positivos.Deu durante as guerras patrióticas de 1812 e 1941-1945, mas não tiveram continuação positiva.
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