quinta-feira, agosto 30, 2007

Triste aniversário


Se a jornalista Anna Politkovskaia estivesse viva, hoje festejaria mais um aniversário do seu nascimento e continuaria a publicar artigos no semanário "Novaya Gazeta". Mas tiros assassinos roubaram-lhe a vida em Outubro do ano passado. Os seus colegas e simpatizantes organizam hoje uma manifestação em Moscovo para assinalar o seu aniversário e exigir que as autoridades levem até ao fim as investigações sobre o assassinato da jornalista. Entretanto, as notícias sobre a investigação do crime são preocupantes: A polícia russa teve de libertar um dos suspeitos do assassinato da jornalista Anna Politkovskaia por falta de provas e poderá ter de libertar outros que apresentam fortes alibis. “A investigação tem cada vez menos suspeitos” – escreve hoje o diário “Kommersant”, sublinhando que “talvez o Procurador-Geral, Iúri Tchaika, se tenha precipitado a anunciar a descoberta do assassinato de Anna Politkovskaia”.
O diário russo informa que um dos suspeitos, o segurança Aleksei Berkin, foi ontem deixado em liberdade. Berkin era suspeito de seguir a jornalista, recolher informação e transmiti-la ao grupo criminoso que a liquidou.
Outro suspeito: Serguei Khadjikurbanov, antigo agente da Direcção de Combate ao Crime Organizado, tem um álibi irrepreensível: não podia ter participado na preparação e execução do crime porque se encontrava na cadeia a cumprir pena de prisão por “abuso de poder”.
A situação de um terceiro suspeito, Pavel Riaguzov, é ainda mais estranha, porque, como apurou o “Kommersant”, esse tenente-coronel do Serviço Federal de Segurança, foi suspeito de um crime que nada tem a ver com o assassínio de Ana Politkovskaia.
“Quanto aos tchetchenos detidos, que continuam a ser suspeitos, as coisas não estão claras” – constata o “Kommersant”, acrescentando as palavras dos advogados de defesa: “eles de forma alguma podiam ter sido membros do grupo criminoso “alazanski”, dirigido pelo tchetcheno Khoj-Akhmed Nukhaev, porque, nos meados dos anos 90, quando a polícia de Moscovo o liquidou, os quatro eram ainda crianças”.
O “Kommersant” recorda que dois dos tchetchenos têm alibi: no dia do assassínio de Anna Politkovskaia, a 06 de Outubro de 2006, um estava na casa dos pais e outro internado num hospital em estado grave.
Um dos advogados dos suspeitos declarou ao diário russo: “Dispomos de informações de que em relação aos nossos clientes foram empregues métodos ilegais de investigação: interrogatórios com o emprego de violência”.

Sem comentários: