domingo, setembro 16, 2007

Estou de regresso


Caros leitores, estou de regresso depois de seis dias sem possibilidade de actualizar o blogue, não obstante terem ocorrido acontecimentos de grande importância na Rússia e nos países vizinhos.
A causa da ausência foi a necessidade de ir à Ucrânia para acompanhar a Cimeira Ucrânia-União Europeia.
Mas vamos por partes.
Na Rússia, como já é público, Vladimir Putin decidiu fazer alterações no Governo russo, substituindo Mikhail Fradkov por Victor Zubkov, um político muito pouco conhecido do grande público.
O dirigente russo surpreendeu tudo e todos, ou melhor, não surpreendeu quando demitiu Fradkov, mas deixou de boca aberta politólogos, jornalistas, políticos e público em geral, com a nomeação de Zubkov. Como acontece neste caso, aqui falo pelos jornalistas, tudo estava pronto para que o novo Primeiro-ministro fosse Serguei Ivanov, embora tivéssemos longas listas de "suplentes"(até onze), mas em nenhuma figurava Zubkov.
Não há dúvidas de que o novo Primeiro-ministro é um homem de inteira confiança do Presidente Putin, basta comparar as suas biografias. E se ainda restava alguma sombra de dúvida, constatou-se que Zubkov é um dos poucos amigos do Presidente que o ajuda a apagar as velas no dia do aniversário.
Quanto à possibilidade de Zubkov vir a suceder a Putin no Kremlin, considero que não nos devemos precipitar a tirar conclusões. O próprio dirigente russo já diz que há, pelo menos, mais cinco pessoas na Rússia que podem concorrer com Zubkov na corrida presidencial. Por isso, vem à memória a famosa máxima do futebolista João Pinto: "Prognósticos só no fim do jogo!".
Esta ideia é tanto mais válida num país dirigido à velha maneira asiática, onde o czar é senhor omnipotente e, por conseguinte, pode tomar as mais extravagantes decisões. Como dizia recentemente um político russo, Putin, com um Parlamento tão obediente, "pode até nomear Filipe Kriukov (conhecido cantor pimba) Primeiro-ministro do país". Eu diria que o Presidente russo até conseguiria impor, sem esforços consideráveis, a candidatura da sua cadela.
Mas, como já tantas vezes aconteceu na história soviética e russa, os dirigentes optaram por esquemas tão complicados que acabaram por ser surpreendidos pelos próprios esquemas criados. Vamos acompanhar os acontecimentos.
Quanto à Cimeira Ucrânia-UE, decorreu como pode decorrer uma reunião do género em vésperas de eleições parlamentares antecipadas na Ucrânia: muitas declarações prometedoras, mas actos concretos só para depois da definição da situação política naquele país do Leste Europeu, o que não deverá estar para breve.
A cimeira foi um bom momento no campo pessoal, pois permitiu um encontro com jornalistas portugueses que são amigos de longa data.

2 comentários:

PauerBoy disse...

A Fed. Russia, é de facto uma nação social de várias faces;Sao Peterburgo e Moscovo num prato da balança o Resto da Russia no outro, o salario oficial em Rublos num prato, os dolares e o salario real noutro. Governar tamanho espaço de terra, é para muitos obrigatório ter mão de ferro na liderança, onde o entendimento do que deverá ser democratico, é realmente distinto da nossa Republica.
Durante muitos anos o Povo Multicultural Russo/Sovietico, esteve limitado a todo o tipo de informação ocidental, porém eu que sou Portugues de gema, nascido pós 25 de Abril, foi preciso conhecer pessoalmente a cultura Eslava para perceber que vivi de uma forma democratica uma objectiva censura de informação, das terras dos czars, por parte das nossas democraticas autoridades.

Entendo Vladimir Putin, ainda que me revolte a tentativa de mimetismo na perpetuação de poder politico do vizinho Alexander Lukashenko, mas já não me revoltava, se a mesma mão de ferro, e exercicio do poder, fosse direcionado para afastar ditadores incomodos, nossos vizinhos de cabeceira.

Nuno Andrade Ferreira disse...

Devo dizer, caro José, que já faziam falta as suas reflexões que nos ajudam a compreender uma realidade aparantemente distante, contudo tão próxima