Esta postagem não tem a ver propriamente com a Rússia ou com algum país do Leste da Europa, mas eu não podia deixar de o escrever. Trabalho num país onde vivem mais de cem povos e nações e compreendo o valor da vivência harmoniosa entre elas.
Infelizmente, o anti-semitismo volta a Portugal e sob uma das formas mais hediondas: dois vândalos profanaram campas num cemitério judaico de Lisboa. Um crime duplamente asqueroso, baixo e cobarde, porque foi cometido contra mortos, que não puderam reagir.
E isto num país onde um grande número de pessoas, arrisco-me a dizer a maioria, tem sangue judaico nas veias. Poucos terão consciência disso, mas é um facto. Eu ainda não estudei tão profundamente as minhas raízes genealógicas, mas já tive várias vezes a oportunidade de sentir na pele o que significa ser parecido a um judeu.
Apenas um exemplo. Em Abril de 1993, eu e outro camarada da TSF, o Paulo Sérgio (hoje, trabalhamos juntos na RDP), estávamos no centro de Moscovo para acompanhar uma manifestação de forças nacionalistas e comunistas (aliança muito natural na Rússia). Subimos para cima de um camião, onde já se encontrava uma equipa de uma televisão sueca. Fomos rapidamente rodeados por um grupo de manifestantes que, espumando raiva e ódio, gritavam: "Vão para Israel!", "Jdi!" (palavra russa ofensiva para definir judeus).
Já devem imaginar a continuação da cena. Não nos restou mais nada do que saltar do camião e tentar abrir caminho através da multidão enfurecida, devendo, ao mesmo tempo, salvar os gravadores da TSF. Verdade seja dita, tivemos sorte e conseguimos escapar mais ou menos ilesos. Mas a sensação é horrorosa.
Portugal é um país de emigrantes e, por conseguinte, devemos tratar os outros em nossa casa como gostamos que nos tratem no estrangeiro. Mas no caso das comunidades judaicas em Portugal, os judeus são tão portugueses como qualquer um de nós e nem sequer podemos dizer que eles têm uma religião diferente da nossa, pois o Cristianismo tem raízes directas no Judaísmo.
E mais um exemplo curioso. Tenho muitos amigos judeus na Rússia, alguns deles visitam regularmente o nosso país e ficam em minha casa. Quando vamos visitar os meus pais à Póvoa e a minha mãe ou irmãs fazem um almoço melhorado para os hóspedes, estes comentam que alguns dos pratos em pouco diferem da cozinha judaica.
Os judeus participaram e participam no desenvolvimento do nosso país, de alguns deles temos grande orgulho. Basta recordar o ilustre médico António Ribeiro Sanches. A coroa portuguesa cometeu o erro de expulsar esse povo do nosso país ou de o obrigar à força a mudar de fé. Os bárbaros que violaram o descanso eterno não tiraram lições da história, e não deve ter sido por ignorância. É difícil compreender o juiz do Ministério Público que deixa sair em liberdade condicional um skinhead que anteriormente já cometera vários crimes do mesmo género?
Esther Mucznik, envio um abraço de solidariedade a todas as comunidades judaicas do país que é de nós todos. Vou continuar com maior energia a estudar os feitos de judeus portugueses na Rússia, porque isso é parte da nossa História. António Vieira, João da Costa, António Ribeiro Sanches, etc., etc.
Infelizmente, o anti-semitismo volta a Portugal e sob uma das formas mais hediondas: dois vândalos profanaram campas num cemitério judaico de Lisboa. Um crime duplamente asqueroso, baixo e cobarde, porque foi cometido contra mortos, que não puderam reagir.
E isto num país onde um grande número de pessoas, arrisco-me a dizer a maioria, tem sangue judaico nas veias. Poucos terão consciência disso, mas é um facto. Eu ainda não estudei tão profundamente as minhas raízes genealógicas, mas já tive várias vezes a oportunidade de sentir na pele o que significa ser parecido a um judeu.
Apenas um exemplo. Em Abril de 1993, eu e outro camarada da TSF, o Paulo Sérgio (hoje, trabalhamos juntos na RDP), estávamos no centro de Moscovo para acompanhar uma manifestação de forças nacionalistas e comunistas (aliança muito natural na Rússia). Subimos para cima de um camião, onde já se encontrava uma equipa de uma televisão sueca. Fomos rapidamente rodeados por um grupo de manifestantes que, espumando raiva e ódio, gritavam: "Vão para Israel!", "Jdi!" (palavra russa ofensiva para definir judeus).
Já devem imaginar a continuação da cena. Não nos restou mais nada do que saltar do camião e tentar abrir caminho através da multidão enfurecida, devendo, ao mesmo tempo, salvar os gravadores da TSF. Verdade seja dita, tivemos sorte e conseguimos escapar mais ou menos ilesos. Mas a sensação é horrorosa.
Portugal é um país de emigrantes e, por conseguinte, devemos tratar os outros em nossa casa como gostamos que nos tratem no estrangeiro. Mas no caso das comunidades judaicas em Portugal, os judeus são tão portugueses como qualquer um de nós e nem sequer podemos dizer que eles têm uma religião diferente da nossa, pois o Cristianismo tem raízes directas no Judaísmo.
E mais um exemplo curioso. Tenho muitos amigos judeus na Rússia, alguns deles visitam regularmente o nosso país e ficam em minha casa. Quando vamos visitar os meus pais à Póvoa e a minha mãe ou irmãs fazem um almoço melhorado para os hóspedes, estes comentam que alguns dos pratos em pouco diferem da cozinha judaica.
Os judeus participaram e participam no desenvolvimento do nosso país, de alguns deles temos grande orgulho. Basta recordar o ilustre médico António Ribeiro Sanches. A coroa portuguesa cometeu o erro de expulsar esse povo do nosso país ou de o obrigar à força a mudar de fé. Os bárbaros que violaram o descanso eterno não tiraram lições da história, e não deve ter sido por ignorância. É difícil compreender o juiz do Ministério Público que deixa sair em liberdade condicional um skinhead que anteriormente já cometera vários crimes do mesmo género?
Esther Mucznik, envio um abraço de solidariedade a todas as comunidades judaicas do país que é de nós todos. Vou continuar com maior energia a estudar os feitos de judeus portugueses na Rússia, porque isso é parte da nossa História. António Vieira, João da Costa, António Ribeiro Sanches, etc., etc.
6 comentários:
Não só continuamos a assistir a esta escalada de violência racista, xenófoba, anti-semita, tanto em Portugal como na Rússia - naturalmente em escalas diferentes - como alguns comentadores ainda nos querem fazer crer que os mais perigosos indivíduos destes grupos são presos políticos...
Não esquecer: os judeus deram-nos a alheira, por exemplo. Que nos deram os neonazis que tanto vemos nas notícias? Bordoada em estádios?
Eu diria muito mais...
Os portugueses aprendem história na escola, ou melhor... ouvem falar dela e não prestam atenção.
O povo judeu contribuiu nos bastidores para toda a nossa epopeia ultramarina. O investimento financeiro foi todo praticamente feito por judeus, pelas família afectas aos reis. Os reis por sua vez, tinham predilecção por essas familias e camuflavam essa predilecção sempre que a Igreja impunha essa vontade. Sempre houve uma relação promiscua entre o poder politico e as abastadas familias judias, que se submetiam a isso para manterem o seu statu quo.
Não querendo aqui fazer a apologia dos judeus, acredito que sem eles muitos dos nossos navegadores teriam ficado pelo meio do Atlântico.
~Eu própria reconheço em mim traços judeus, traços físicos que passam despercebidos e que me deixaram perplexa quando mos chamaram à atenção.
Afinal, o que os portugueses de hoje não entendem, é que são o fruto de milhares de anos de ocupação e reocupação de povos de lugares distantes e outros aqui vizinhos, Quem pode com segurança garantir que não é descendente de africanos? Ou de judeus? ou de qualquer outra raça?
Benzo-me todos os dias, ao ouvir disparates como o de jovens neo-nazis que se reclamam a pureza da raça, só porque têm estampados na cara uns olhos azuis ou uma moldura de cabelo loiro!
Saberão eles o que é a pureza da raça?
E por acaso saberão que ao existir miscigenação há lugar a aperfeiçoamento da espécie? Saberão por acaso que o cérebro enfraquece por existir consanguinidade?
É que é um tal arrazoado de palermices, que cada vez mais me sinto desacreditar no sistema de ensino, na educação familiar, na tão afamada inteligência da juventude tecnológica!
"Eu própria reconheço em mim traços judeus, traços físicos"
Parece que o fenómeno está a ganhar escala. A tipificação racial de uma opção religiosa que está aberta a todas as pessoas.
Cara indomável,
Lamento informá-la, mas não existem traços físicos judeus...talvez a gola baixa que descobre a glande.
Cumprimentos
Sempre me perguntei à mim mesmo porque se fala tanto do anti-semitismo. Tenho medo de descobrir algum dia a resposta à esta enterrogação...
O racismo està, hoje em dia, presente em toda a actualidade. Sò se fala de guerra ao terrorismo, de movimentos de independencia, de epuração etnica, de separação cultural e linguistica dos paises. Nem simplesmente relacionado com o judaismo.
Atè Israel, perrante os conflictos do medio oriente, não escapa a esta epidemia tão como vitimas que como actuantes.
O que mais me surpreende è a necessidade de demostrar o que os judeus deram ao mundo. Todos os povos, todas as religiões, todas as culturas deram, dão e daram muito ao mundo. Começar à destinguir os que trazem mais ou menos è jà uma maneira de semiar discriminação. Alem disso comparar uma cultura com uma ideologia politica è redutor para à cultura e elogiador para à politica, sobre tudo este genero de politica.
Penalisar actos racista è uma necessidade. Mas mostrar mais humanismo e abertura nas reacções tambem è.
P.S. Desculpem o meu portuguès autodidacta...
De fato, o problema de antisemitismo e racismo é Histórico, tanto no velho quando no novo continente.Eu sou de dupla descendência, judaica por parte de mãe e portuguesa por parte de pai, mas moro no Brasil.Aqui, o preconceito estende-se em outras camadas como os pobres, os noderdestinos, os negros e etc.Mas já existem alguns movimentos neonazistas, sobretudo em São Paulo.A verdade é que vai levar muito tempo para nos livrarmos desse preconceito e intolerância, impregnados na nossa História e cultura.Estamos no século XXI e já é tempo para deixarmos essa bobagem do passado de lado e nos importarmos com a cooperação mundial, o respeito e dignidade de todos os povos, pois, como já foi dito, TODOS os povos contribuem mutuamente para a evolução intelectual e moral da humanidade.
Abraços e parabéns pelo blog!
Mas que povo judeu falam vocês? então ou são portugueses ou não são. Porque razão seguir a religião judaica significa ser do povo Judeu? o povo judeu já desapareceu há muito tempo. agora existem sim muitas comunidades judaicas no mundo inteiro, muitas delas grupos étnicos mas não aparentados com os antigos Israelitas, simplesmente são povos que seguem várias formas do judaísmo. e o mesmo é verdadeiro para os portugueses judeus, não são os portugueses que têm sangue judeu, são os judeus de portugal que são PORTUGUESES étnicos, SEFRADITAS ou seja IBÉRICOS!!!!!!
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