quinta-feira, setembro 06, 2007

Situação catastrófica na recolha de sangue para transfusões



Na Rússia criou-se uma "situação catastrófica" com a recolha de sangue para transfusões, reconhece o Comité de Controlo Médico do Ministério da Saúde, num documento hoje publicado pelo diário Kommersant.
No documento, os serviços de controlo reconheceram que no país não existe uma lista de doadores de sangue, falta informação sobre as reservas de sangue e o risco de transmissão de doenças infecciosas durante as transfusões é muito superior ao existente nos países desenvolvidos.
“O Serviço de Sangue, que responde pela recolha do sangue no país, pode não estar pronto para grandes baixas em catástrofes civis e militares” – sublinha-se no documento.
“Nos últimos nove anos, o número de doadores voluntários de sangue diminuiu de 04 para 1,8 milhões de pessoas. O número de doadores voluntários constitui cerca de 13 pessoas por mil habitantes, metade da média nos países da Europa” – escrevem os peritos médicos no documento.
Além disso, no documento chama-se a atenção para o facto de “o risco de transmissão de hepatite, SIDA e outras doenças contagiosas é de 500 a 1000 vezes superior a risco análogo nos países desenvolvidos; nos últimos 10 anos, 65 pessoas foram infectadas com SIDA através de transfusões de sangue”.
O Comité de Controlo Médico constata que “é impossível a realização de operações em diferentes áreas da medicina (desde obstetrícia até cirurgia cardíaca e oncologia) e não têm perspectivas de desenvolvimento operações tecnologicamente complicadas como transplantação de órgãos e tecidos, quimioterapia, etc”.
Andrei Vorobiov, chefe do Centro Científico de Hematologia da Academia das Ciências da Rússia, considera que essa situação foi criada pelo facto de “o Ministério da Saúde ter entregue o comércio do sangue às estações regionais de transfusão e aos intermediários”.
“Quanto menos sangue e plasma há, maior é o seu preço. As estações de transfusão vendem-nos ao preço que querem. No mercado há intermediários que não têm licença para exercer medicina, mas têm direito a transportar sangue. Não são responsáveis pela qualidade do sangue” – declara o dirigente de uma grande farmacêutica ao Kommersant.
A mesma fonte afirma existir “mercado negro de sangue”, onde um litro de plasma pode custar “de três a 15 mil rublos” (entre 90 e 400 euros) e circulam “milhões de dólares".
O Comité de Controlo propõe uma série de medidas para superar este problema, nomeadamente a criação de uma base de dados sobre doadores e modernização das estações de recolha de sangue. Tatiana Iakovleva, dirigente do Comité para a Saúde da Duma Estatal (câmara baixa) do Parlamento russo, calcula que para a realização dessas medidas são precisos “milhares de milhões de rublos”.
Uma boa área para onde canalizar a torrente de dólares e euros que entra na Rússia devido à exportação de gás e petróleo. Num país com sérios problemas demográficos, a modernização do Sistema de Saúde Pública é fulcral para a sua própria sobrevivência.


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