A imprensa russa de hoje não é unânime quanto à avaliação da importância do Tratado Reformador de Lisboa para o futuro da União Europeia.
O diário Rossiskaia Gazeta, órgão oficial do Governo russo, desvaloriza a assinatura do Tratado, considerando que “Os ovos são os mesmos, mas desta vez cozidos”.
“As ideias a que renunciaram os franceses e holandeses nos referendos nacionais em 2005 foram reduzidas, reformatadas e tornadas mais acessíveis aos cérebros não jurídicos” – escreve o jornal, acrescentando que, não obstante, “o esquema simplificado não garante uma vida fácil ao protótipo da Constituição Europeia”.
“Então o que resta de tudo isso?” – pergunta o Rossiskaia gazeta, e responde: “Nada de radical: um acordo sobre a realização de mais uma reforma burocrática em Bruxelas. A redução de cargos de alguns comissários europeus e a introdução do cargo de Presidente da União Europeia como compensação. A alteração formal dos processos de votação no Conselho da UE a partir de 2009”.
“A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, tinham toda a razão quando afirmaram que a Europa deu mais um passo político rumo à união. Mas este passo, que incutiu tanta felicidade nos dirigentes da UE na noite passada, tal como muitos dados anteriormente, faz mais lembrar a banal corrida sem sair do local”.
O diário independente Kommersant dá maior importância à assinatura do Tratado Reformador, sublinhando que “a partir de agora, a União Europeia está pronta a fazer uma frente única na discussão das questões mais dolorosas nas relações com Moscovo”.
“A Cimeira de Lisboa foi, talvez, o mais sério exame para a Europa, cuja unidade foi posta em causa depois do fracasso dos referendos sobre a Constituição Europeia em 2005. Ontem, a UE demonstrou que é capaz de superar divergências internas” – considera o diário russo.
O Kommersant considera que “isso era particularmente importante nas vésperas da Cimeira Rússia/UE, que se realizará a 26 de Outubro em Mafra. Aí, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, terá de enfrentar a posição acordada dos países da UE sobre todas as questões problemáticas”.
O diário russo cita as palavras de José Sócrates: “A União Europeia vai mais forte para o encontro com a Rússia”.
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