quarta-feira, outubro 31, 2007

ONG’s denunciam existência de novos presos políticos no país


Organizações russas de defesa dos direitos humanos assinalara ontem o “Dia da Memória das Vítimas das Repressões Políticas”, em memória dos milhões de pessoas encarceradas e exterminadas pelo regime comunista soviético (1917-1991), chamando a atenção para o aparecimento de “novos presos políticos” na Rússia.
“Voltam a aparecer listas de presos políticos no país” - afirma Lev Ponomariov, dirigente da organização Pelos Direitos Humanos, acrescentando que “hoje recordamos não só as vítimas do passado, mas também os novos presos políticos e as pessoas que são perseguidas por motivos políticos”.
Entre os presos políticos mais conhecidos, a organização Pelos Direitos Humanos cita Platon Lebedev e Mikhail Khodorkovski, antigos patrões da petrolífera russa YUKOS, bem como Svetlana Bakhmina, advogada dessa empresa.
Outro conhecido preso político é Mikhail Trepachkin, antigo agente do KGB/ FSB (Serviço Federal de Segurança) da Rússia, que começou a ter problemas com justiça quando denunciou casos de corrupção no seio FSB.
Em 1999, começou a investigar a autoria da explosão ocorrida num edifício residencial em Moscovo, que provocou mais de uma centena de vítimas. Em Maio de 2005, foi condenado a quatro anos de prisão por “revelação de segredos de Estado” e “porte ilegal de arma”.
Os cientistas Igor Sutiaguin e Valentin Danilov estão a cumprir penas de prisão de 14 e 13 anos, respectivamente, por “divulgação de segredos de Estados”, mas as ONG’s consideram-nos também “presos políticos”.
“Ontem, junto da Pedra de Solovetski (no centro de Moscovo), lemos durante todo o dia listas de fuzilados. Hoje, graças a Deus, por enquanto não há listas de fuzilados, mas vamos ler as listas dos novos presos políticos e exigir a sua libertação” – frisou Ponomariov. A cerimónia, que contou com a participação de cerca de 600 pessoas, contou com a presença de Nikita Belikh, Grigori Iavlinski e Garri Kasparov, dirigentes de vários partidos liberais da oposição ao Presidente Putin.
A 30 de Outubro de 1974, presos políticos dos campos de concentração soviéticos começaram uma greve de fome em sinal de protesto contra as repressões políticas na URSS e contra os maus tratamentos infligidos aos reclusos nas prisões. A partir de então, os presos políticos assinalavam essa data com uma greve de fome. Em 1991, 30 de Outubro passou a ser oficialmente assinalado como o “Dia da Memória das Vítimas das Repressões Políticas”.
Em vésperas de eleições legislativas, que se realizarão a 02 de Dezembro, Vladimir Putin prestou pela primeira vez homenagem às vítimas das repressões comunistas no “Polígono Vutovski” de Moscovo.
Segundo dados oficiais, a polícia política soviética (TCHEKA/OGPU/NKVD/KGB) fuzilou nesse local 20 mil 765 pessoas entre Agosto de 1937 e Outubro de 1938.
Em São Petersburgo, as vítimas das repressões políticas.começaram a ser recordadas com deposição de flores junto da Pedra de Solovetski, trazida da ilha homónima e onde as autoridades comunistas criaram o primeiro campo de concentração para “reabilitar” os seus adversários políticos em 1922. Depois, realizou-se um comício fúnebre no Cemitério de Levachovski, onde o NKVD (polícia política soviética) enterrou numerosas das suas vítimas em 1937-1938.

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