sexta-feira, outubro 19, 2007

Reacções de Moscovo ao Tratado Reformador de Lisboa

Os dirigentes da União Europeia superaram divergências e aprovaram o acordo básico, escreve o jornal electrónico newsru.com, sublinhando que “eles trabalharam até altas horas da madrugada”.
A agência noticiosa russa ITAR-TASS informa que “durante consultas que duraram até altas horas da noite, José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, conseguiu superar as últimas objecções contra o Tratado”.
A ITAR-TASS descreve pormenorizadamente o díficil avanço dos trabalhos na reunião da UE em Lisboa, recordando que Luís Amado, na conferência de imprensa sobre o primeiro dia dos trabalhos, comunicou que a reunião iria continuar durante a noite para tentar resolver os últimos problemas.
“A União Europeia saiu da crise” – estas palavras do Primeiro-ministro português, José Sócrates, são destacadas pela rádio Eco de Moscovo para sublinhar a importância da aprovação do novo Tratado de Lisboa.
“A assinatura do Acordo de Lisboa está planeada para 13 de Dezembro, depois do que o documento deve ser ratificado pelos parlamentos de todos os países da União Europeia” – conclui a Eco de Moscovo.
“O Tratado básico visa substituir a Constituição chumabada em 2005 nos referendos em França e Holanda. Os governos da maioria dos países da União Europeia aprovam um documento que copia praticamente a Constituição abortada” – sublinha o newsru.com.
Outro jornal electrónico russo www.lenta.ru recorda que a Itália e a Polónia foram os países que maiores obstáculos levantaram à assinatura do Tratado.
O deputado Leonid Slutski, vice-chefe do Comité da Duma Estatal da Rússia para Relações Internacionais, considera que o Tratado da União Europeia é um importante passo na via da consolidação dessa organização.
“Penso que a aprovação de documento tão importante consolida a União Europeia, nomeadamente os seus órgãos de direcção concentrados fundamentalmente em Bruxelas” – declarou Slutski, sublinhando: “Claro que se trata de um passo importante na institucionalização da Comissão Europeia. Trata-se de um passo importantíssimo para que ela desempenhe o papel principal na futura arquitectura europeia”.
Leonid Slutski, que responde pelas relações da Duma Estatal (Câmara Baixa do Parlamento) da Rússia com a União Europeia, considera que a assinatura do Tratado não terá reflexos imediatos nas relações entre Moscovo e Bruxelas.
“Claro que as dificuldades que existem continuarão a existir” – frisou o deputado russo. Actualmente, o problema fundamental entre a Rússia e a UE é o Acordo Básico de Parceria e Cooperação, cuja vigência termina no fim do ano corrente.
No fim de 2006, a Polónia bloqueou o início das conversações entre Moscovo e Bruxelas sobre a assinatura de um novo acordo, alegando que a Rússia deve levantar o embargo à carne polaca, e as conversações continuam congeladas.
Sem ter grandes expectativas face à Cimeira Rússia/UE, que se realizará em Mafra no próximo dia 26, Leonid Slutski não dramatiza a situação, considerando que “as partes têm mecanismos de interacção como a Cimeira Rússia/UE e contactos parlamentares”.
“A Rússia necessita tanto da União Europeia como esta da Rússia” – concluiu Slutski.
Hoje, o Kremlin anunciou oficialmente a participação do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, na Cimeira União Europeia / Rússia.

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