sábado, novembro 10, 2007

Contributo para História de Portugal


Continuação (3ª parte) da publicação do artigo "Estado Novo do Doutor Salazar", da autoria de Nikolai Skirdenko, ideólogo da Unidade Nacional Russa.
A segunda parte foi publicada a 30 de Junho de 2007.

"Claro que a vitória decisiva da revolução não trouxe nem prosperidade ao país, nem o melhoramento da vida do povo. A situação apenas se agravou e o Estado e sociedade começaram-se a degradar a olhos vistos. As dificuldades económicas cresciam como uma bola de neve, a economia destruiu-se absolutamente segundo todos os índices possíveis. A instabilidade política atingiu o seu apogeu. Durante 15 anos, em Portugal mudaram 45 governos, sete parlamentos, 8 presidentes. Em 1920, o governo mudou sete vezes. O parlamento tornou-se incapaz de facto, transformando-se numa arena de boatos, pancadaria e intrigas. O terrorismo político aumentava a olhos vistos. As sociedades secretas dos mais diversos tipos cresciam como cogumelos depois da chuva. Levantamentos e conluios tornaram-se um fenómeno comum. Aumentava fortemente a dependência económica e política em relação à Inglaterra.
À medida que se aprofundavam os processos destruidores, crescia gradualmente a resistência do povo, a influência das forças de direita. Nesses anos foram criadas várias organizações monárquicas e católicas de direita para a luta contra a democracia desenfreada. As forças de direita organizaram várias vezes levantamentos no Norte do país.Certa vez, em 1919, uma revolta anti-republicana espontânea no Norte do país transformou-se numa guerra civil que durou dois meses. A direita ganhou uma força tal que conseguiu mesmo tomar o poder e impor ditaduras contra-revolucionárias. Porém, os seus esforços não levaram a lado nenhum. Os conservadores não podiam correctamente analisar a situação e não tinham capacidade de abordar a política de forma criativa. As suas acções não iam além de um desvio conservador à direita e as suas intenções estavam viradas para o regresso a um sistema já caduco e impotente. Os políticos de direita consideravam ser sua tarefa o restabelecimento da situação existente antes da revolução, a restauração da monarquia pré-revolucionária pró-inglesa e podre e o estabelecimento da concórdia na sociedade baseada em princípios conservadores de direita. “Voltar ao passado e pôr à defesa” – assim podem ser caracterizadas as posições dos conservadores. A história exigia outra opção. Só a revolução popular podia travar a roda da destruição, posta em movimento pelas forças anti-nacionais. António Oliveira Salazar foi o homem que a realizou na prática.
Pela sua origem, educação e carácter, o doutor Salazar era, no verdadeiro sentido da palavra, um homem do povo. Ele nasceu a 28 de Abril de 1889 numa longínqua aldeiazinha no Norte do país, onde a esmagadora maioria da população era completamente analfabeta. Salazar era o quinto filho de uma família camponesa. A aldeia patriarcal da sua infância deixou um rasto inapagável na personalidade do futuro chefe da nação. Daí traços determinantes do seu carácter como o profundo patriotismo, nacionalismo, religiosidade sincera, simplicidade, amor ao trabalho, frontalidade. Na juventude, Salazar estudou num seminário da cidade de Viseu, mas nem sequer começou a carreira eclesiástica, tendo decidido que só com sermões não se salva o país. Em 1914, terminou a Faculdade de Direito da universidade com 19 dos 20 valores possíveis e, pouco tempo depois, tornou-se professor e um dos melhores peritos em finanças e economia do país. Participando activamente na vida política, era um dos poucos deputados de direito no parlamento e conhecido político de uma organização clerical de direita de cariz cristã-democrática. O prestígio de Salazar entre a direita era muito alto, os jornais conservadores faziam publicidade dele. Porém, com o passar do tempo, Salazar ficou desiludido com os tradicionalistas de direita, deixou de acreditar na eficácia de meias medidas, que eles propunham para a salvação da sociedade.
O futuro dirigente era cada vez mais atraído pela teoria do integralismo lusitano, recentemente aparecido, cujo lugar central era ocupado pela ideia do integralismo da nação portuguesa, herdeira do sangue e das tradições da antiga tribo dos lusitanos. Esta teoria exigia a concentração em valores verdadeiramente nacionais, completamente limpos de conceitos e ideais falsos impostos à humanidade por um punhado de publicistas porcos, saídos das lojas maçónicas da época do Iluminismo. Era precisamente isso que não ousavam fazer os conservadores portuguesses. Salazar afastou-se dos democratas cristãos, mas não rompeu completamente as velhas ligações, tendo consciência da necessidade de cooperação com os conservadores, monáquicos e outras forças de direita. Nessa altura já se tinha revelado o traço determinante de Salazar enquanto político. O apego a acções decididas era combinado com uma análise clara e profunda, com a recusa de extremos e aventuras; a prontidão de cooperar com todas as forças patrióticas a bem do país não significava que ele estava pronto para aceitar concorrência. Salazar estava profundamente ligado às tradições nacionais, mas não na... Ele manifestava-se por decididas transformações, mas só na base da multissecular experiência nacional; estava pronto a aceitar sem a mínima hesitação as ideias mais ousadas da experiência de outros países, mas nunca se deixava ir até à cópia impensada de um movimento de desenvolvimento alheio. Salazar nunca absolutizou qualquer teoria, ssendo os interesses do país e da nação o único e principal valor.
(continua)

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