domingo, novembro 25, 2007

"Paradoxos eleitorais"


As sondagens e estudos da opinião são unânimes a mostrar que, no próximo Domingo, o Partido Rússia Unida, cujo cabeça de lista é o Presidente Putin, vencerá as eleições parlamentares com uma maioria confortável. Resta saber se a vitória será por 56 ou 70% e quantos partidos superarão a barreira dos 07%, que permitirá eleger deputados da Duma Estatal: um, dois ou três.
Como já escrevi, a campanha eleitoral faz lembrar o teatro do absurdo. Todos os meios trabalham para a vitória de um homem, cujo nome todos conhecem.
Durante a campanha presidencial de 1996, o candidato comunista, Guennadi Ziuganov, dizia em relação aos meios empregues pelo seu principal adversário, que acabou por o derrotar: "Acordamos com Ieltsin e deitamo-nos com ele". Eu acrescentaria que, desta vez, além do acordar e do deitar, deve haver muitos russos que também vêem Putin durante os sonhos ou pesadelos.
Não obstante toda a confiança na vitória, o Kremlin envia para as ruas milhares de polícias de choque para reprimir as manifestações da oposição, que o poder diz não passar de "um grupo de marginais". Será isto um sinal de receio? Ou será um sinal de que quero, mando e posso?
Posso enganar-me, mas receio que Vladimir Putin está a edificar uma "vertical do poder" que lhe pode vir a cair em cima. Se ele cumprir a palavra dada e não se recandidatar ao cargo de Presidente da Rússia, o seu sucessor (mesmo que por ele apoiado) irá aceitar repartir o poder com Putin? Formar uma espécie de poder bicéfalo?
Na História da Rússia não conheço precedente. O único ser bicéfalo neste país está representado no seu escudo: a águia com duas cabeças, que olham em sentidos opostos.

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