segunda-feira, dezembro 03, 2007

Cáucaso do Norte completamente putinizado


O Partido Rússia Unida, cujo cabeça de lista era Vladimir Putin, conquistou 64,1 % dos votos, contados que estão 98 % dos boletins, informa a Comissão Eleitoral Central da Rússia.
Mais três partidos superaram a barreira dos 07 %, que permite a eleição de deputados da Duma Estatal (câmara baixa) do Parlamento russo. O segundo lugar é ocupado pelo Partido Comunista com 11,6 %, o Partido Liberal Democrático, do ultra-nacionalista Vladimir Jirinovski, conquistou 8,2 % e o Partido Rússia Justa – 7,8 %.
Os restantes sete partidos participantes no escrutínio não conseguiram eleger deputados. O Partido Agrário obteve 2,3 %, o Partido Iabloko – 1,6, o Partido Força Cívica – 1,1, a União das Forças de Direita – 01, o Partido Patriotas da Rússia – 0,9 por cento, o Partido da Justiça Social – 0,2% e o Partido Democrático – 0,1 %.
Os resultados oficiais, segundo anunciou Vladimir Tchurov, presidente da Comissão Eleitoral Central, serão publicados no dia 07 ou 08 de Dezembro.
A afluência às urnas foi de cerca de 62 por cento, maior do que nas parlamentares de 2003, quando votaram 55,75 por cento.
Nas repúblicas do Cáucaso do Norte registou-se uma afluência e unanimidade inéditas. Na Tchetchénia, 99,54 % participaram no escrutínio, dos quais 99 % votaram na Rússia Unida. Na vizinha Inguchétia, a afluência foi superior a 98 % dos inscritos, dos quais quase 99 votaram no partido do Presidente Putin.
Boris Grizlov, um dos dirigente da Rússia Unida, considerou estes resultados uma vitória de Vladimir Putin “na primeira volta”. A Constituição não permite a Putin recandidatar-se ao cargo de Presidente e ele próprio afirmou várias vezes que não iria participar nas presidenciais de 02 de Março de 2008, mas declarou que uma forte vitória da Rússia Unida lhe dará “direito moral” de continuar a influir na política russa.
Após a revelação dos resultados preliminares, os dirigentes da Rússia Unida esperavam Vladimir Putin na sede desse partido, mas o Presidente nem apareceu, nem fez qualquer declaração.
Segundo a rádio Eco de Moscovo, o automóvel de Putin já ia a meio do caminho, mas ele decidiu dar meia volta e regressar à sua casa de campo.
A oposição ao Kremlin fala em “eleições mais sujas da História da Rússia”. O Partido Comunista da Federação da Rússia (PCFR) já anunciou que irá contestar os resultados no Supremo Tribunal do país. Ivan Melnikov, vice-presidente do PCFR admitiu a possibilidade de os comunistas renunciarem aos mandatos a fim de provocar novas eleições”.
“Se isso conduzir automaticamente à realização de novas eleições, essa possibilidade será seriamente ponderada” – afirmou ele.
Além disso, os comunistas anunciam acções de protesto para 04, 05 e 06 de Dezembro em várias regiões da Rússia.
A coligação “Outra Rússia”, que boicotou as eleições, está a convocar os seus apoiantes para a realização, hoje, de piquetes em Moscovo e São Petersburgo.
“Venham manifestar luto pelo estrangulamento definitivo da liberdade política no país” – apela a organização dirigida por Garri Kasparov, antigo campeão do mundo de xadrez e um dos mais destacados opositores à política do Kremlin.
“Tragam sinais de luto como fitas e lenços pretos, velas ou número par de cravos (símbolo de luto na Rússia) – lê-se no apelo.
O economista Andrei Illarionov, antigo conselheiro do Presidente Putin, considerou o resultado do escrutínio um “sério fracasso” do Kremlin. “Nestas eleições, votaram em Putin 42 milhões de pessoas, enquanto que, há quatro anos atrás, ele recebeu 49 milhões de votos” – considerou Illarionov.
“O Presidente recebeu o apoio de 37-38 por cento da população do país e compreende perfeitamente que isso é um fracasso monstruoso, não só das eleições, mas também de todo o sistema” – acrescentou. Segundo Illarionov, a Putin nada mais resta do que “avançar para o terceiro mandato, e isso significa que os riscos de violência serão incomparavelmente maiores”.

1 comentário:

umquarentao disse...
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