segunda-feira, janeiro 14, 2008

Guerra em torno do British Council continua na Rússia


As autoridades russas não concederão vistos aos funcionários dos Consulados Gerais da Grã-Bretanha em São Petersburgo e Ekaterimburgo enquanto Londres não suspender as actividades do British Council nessas cidades.
“Tendo em conta que os nossos apelos não foram ouvidos, a parte russa foi obrigada a tomar toda uma série de medidas de influência administrativa e jurídica em conformidade com as normas da legislação russa e do Direito Internacional” – lê-se numa nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros publicada hoje.
Nomeadamente, as autoridades russas prometem tomar medidas para receber as dívidas fiscais da filial do British Council em São Petersburgo. Além disso, Moscovo recusa-se a conceder novos vistos e a prolongar antigos a funcionários dos consulados em São Petersburgo e Ekaterimburgo que trabalham no British Council.
“Caso a actividade do British Council nas regiões continue, a parte russa reserva a si o direito de tomar mais medidas, nomeadamente em relação ao escritório do British Council em Moscovo” – ameaça a diplomacia russa.
A 12 de Dezembro de 2007, as autoridades russas exigiram o encerramento das escolas do British Council em São Petersburgo e Ekaterimburgo até ao dia 01 de Janeiro, considerando que o seu funcionamento era ilegal.
Londres respondeu que não tencionava fechar as portas das duas filiais do British Council e reabriu-as após as férias de Natal.
Antes da publicação deste comunicado, o Embaixador Britânico em Moscovo, Sir Tony Brenton, foi chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, onde lhe foi comunicado que as autoridades russas consideraram uma “provocação” o facto de não terem sido encerradas todas as filiais do British Council no país até 01 de Janeiro.
“A provocação britânica visa aumentar a tensão nas relações bilateriais” – considera a diplomacia russa.
O British Council foi criado em 1934 e tem filiais em mais de cem países do mundo. Depois de 1992, na Rússia foram abertos 11 centros de informação. Anualmente, eles são frequentados por cerca de 200 mil russos.
Este passo das autoridades russas é visto como mais um episódio do resfriamento das relações entre Moscovo e Londres, provocada pelo assassinato do ex-agente do KGB, Alexandre Litvinenko, ocorrido na capital britânica em Novembro de 2006.
As autoridades britânicas suspeitam que o autor da operação de envenenamento tenha sido outro ex-agente do KGB, Andrei Lugovoi, e exigem de Moscovo a sua extradição.
Porém, o Kremlin recusa-se a ceder ao pedido, tanto mais que, nas eleições parlamentares do passado 02 de Dezembro, Lugovoi foi eleito deputado da Duma Estatal (câmara baixa) da Rússia nas listas do utranacionalista Partido Liberal Democrático.

4 comentários:

Anónimo disse...

As autoridades russas podem pôr esses insurrectos na fronteira e encerrar-lhes as sedes. Talvez seja isso o que o governo de sua dela majestade está à espera, para poder exercer as suas represálias também. Quem ganhará ou perderá mais nesse jogo? Se os bifes querem ir para o braço de ferro é porque estão desesperados. Mas não por causa do BC, muito menos por causa do Litvinenko. O probema são as portas fechadas aos negócios gigantescos com que eles sonhavam ainda há dois anitos.

antonieta disse...

Como é possível, após tantos anos de constantes revelações da(s) política(s) e práticas do regime soviético e, diante das evidências de que a Rússia é - hoje e ainda -tudo menos uma democracia de plenos direitos, ainda haver por aí tantas pessoas com palas ao lado dos olhos?

José Leite disse...

E pensar eu que Nossa Senhora pedia a conversão da Rússia! Estará convertida agora?

Nem antes nem depois.... a democracia plena ainda não chegou aí! Será por causa da neve e dificuldades de transporte?!

O capitalismo mais selvagem com todos os ingredientes de uma mistificação pseudodemocrática so pra inglês ver!... Mas nem o "inglês" vê!

zedocirco disse...

Por bons negócios, até se mudam governos. Putin é tão democrata como Ieltsin era. A diferença é que Putin fez com que a Rússia deixasse de ser a mina de ouro que foi para os ocidentais durante a Era Ieltsin. Que moral tem o ocidente para falar agora de falta de democracia na Rússia, quando fechou os olhos às fraudes das presidenciais de 1996, onde Ieltsin foi re-eleito? Não sou eu que falo de fraudes, foram os observadores da OSCE que o disseram, mas.... apenas a partir de 1999, porque antes tinham ordens para ficar caladinhos. Não se fale em democracia, ou ausência dela. Sejamos claros, o que interessa são os negócios milionários. Algum inglês, ou alemão se interessa realmente pelo bem estar das populações da Karélia, ou de Daguestão? Abram os olhos.