Moscovo ameaça reconhecer Abkhásia, Ossétia do Sul e Transdnístria caso o Kosovo proclame a independência

A proclamação unilateral da independência do Kosovo pode mudar completamente a posição russa face aos conflitos no espaço post-soviético, declarou Konstantin Kossatchov, chefe do Comité para a Política Externa da Duma Estatal (câmara baixa) da Rússia.
“A proclamação unilateral da independência do Kosovo e o possível reconhecimento dessa independência por uma série de Estados ocidentais será um sério argumento para a Rússia rever as posições, antes contidas, face às repúblicas antoproclamadas” – frisou o deputado.
Kossatchov tem em vista a Abkhásia e Ossétia do Sul, regiões separatistas da Geória, e a Transdnistria, região separatista da Moldávia. Segundo ele, “as posições da Rússia foram sempre a favor da manutenção da integridade territorial de todos os Estados, sem excepção, mas, hoje, é difícil de que forma se vai desenvolver a posição da Rússia. Temos de discutir a que ritmos e em que sentido se vai desenvolver a nova posição”.
Este influente deputado russo declarou também que o seu país irá “utilizar todas as possibilidades de que dispõe para bloquear o reconhecimento internacional do Kosovo”.
Quanto à vitória de Boris Tadic nas eleições presidenciais na Sérvia, Kossatchov congratulou-se com ela, sublinhando que “as relações russo-sérvias irão desenvolver-se em crescendo e, quanto às questões da integridade territorial, nós, claro está, continuaremos a apoiar a direcção sérvia e afastar a situação do colapso com os esforços comuns”.
O deputado chama a atenção para o que considera “um tanto simplista e inventada a comparação de Tadic e de Nikolic como políticos, em que o primeiro defende a aproximação da Sérvia ao Ocidente e o segundo defende a aproximação com a Rússia”. “As suas opiniões sobre a questão da integridade territorial da Sérvia coincidem completamente e, por isso, durante a campanha, não foi tanto a estratégia que divergiu, quanto a táctica dos candidatos” – frisou.
Konstantin Kossatchov ficou surpreendido com o facto de a União Europeia ter felicitado oficialmente Boris Tadic pela vitória nas eleições antes da meia noite de Domingo. Ele duvida que 27 Estados tenham podido acordar uma posição comum tão operativamente. “A declaração da UE talvez tenha sido preparada antecipadamente” – concluiu o deputado.
O senador russo Mikhail Marguelov, presidente do Comité do Conselho da Federação (câmara alta) do Parlamento russo, considerou que “a vitória de Tadic pode adiar um pouco os prazos finais da separação do Kosovo em relação à Sérvia e, possivelmente, permitirá realizar isso com “pouco sangue”.
O nacional-palhaço Vladimir Jirinovski tem uma análise muito mais pragmática da situação e considera que o Kremlin engolirá a pílula amarga da independência do Kosovo em troca da aceitação pelo Ocidente dos resultados das eleições presidenciais na Rússia de 02 de Março. Ele lá sabe.