sábado, abril 26, 2008

Acusações entre Geórgia e Rússia sobem de tom


O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Geórgia apelou à comunidade internacional a avaliar as ultimas acções da Rússia em relação à Abkházia e Ossétia do Sul.
”Os acontecimentos dos últimos tempos confirmam que a Rússia começou a realizar a preparação informativa de uma agressão militar há muito preparada contra a Geórgia” – declarou hoje Nikoloz Bachkidzé, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Geórgia.
Segundo ele, “a Geórgia lança um apelo à comunidade internacional, às organizações internacionais, aos países membros dos amigos do Secretário-Geral da ONU para que façam uma avaliação atempada e objectiva da política agressiva russa e para que tomem medidas urgentes para impedir a agressão contra a Geórgia”.
O diplomata georgiano considera que semelhante política da Rússia constitui uma ameaça não só para a Geórgia e a região do Cáucaso, mas ameaça também a estabilidade e segurança mundiais.
Vakachidzé sublinhou que as últimas declarações de Valeri Keniakin, representante especial do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia para as relações com a Comunidade de Estados Independentes, contêm uma “ameaça aberta de emprego da força”.
Na véspera, Keniakin declarou que a Rússia protegerá por “todos os meios, incluindo os militares” os seus cidadãos na Abkházia e Ossétia do Sul, repúblicas separatistas da Geórgia, se tiver lugar um conflito com Tbilissi.
“Muito está em jogo no dia 21 de Maio (dia das eleições parlamentares na Geórgia). É preciso um inimigo externo, de outra forma “diluir-se-á” a nação georgiana... Por isso existe o perigo (de uma agressão militar da Geórgia) e nos tempos mais próximos” – declarou o diplomata russo.
“Se a parte abkhaze tem informação da movimentação de tropas georgianas para as regiões ocidentais da Geórgia, isso pode ser um sinal de uma acção militar em preparação” – sublinhou ele.
“Praticamente todos os dias é enviado material militar, em parte da Turquia”, afirmou ele, acrescentando que “as tropas instaladas são capazes de empreender acções militares”.
“Nós defenderemos os interesses dos nossos concidadãos por todos os meios que temos à disposição” – ameaçou Keniakin.
Segundo Vachakidzé, semelhantes declarações são uma violação da Carta da ONU. “A Rússia tenta justificar a sua política criminosa com a defesa dos seus cidadãos no território de outro Estado, mas as suas acções vão contra os compromissos internacionais” – considera o diplomata russo, acrescentando que Moscovo “perdeu qualquer direito de ser um Estado que contribui para a regularização do conflito, revelando-se uma das partes do conflito, o que cria uma ameaça extrema à presença dos seus capacetes azuis no território da Geórgia”.
A Rússia mantém mais de mil capacetes azuis na fronteira entre a Abkházia e a Geórgia, presença cada vez mais contestada por Tbilissi.
A Geórgia acusa a Rússia de tentar anexar os dois territórios apoiando os separatistas e concedendo cidadania russa aos habitantes. As relações entre Tbilissi e Moscovo deterioraram-se nas últimas semanas depois de Vladimir Putin ter anunciado uma cooperação mais estreita da Rússia com a Abkházia e a Ossétia do Sul.
Alemanha, Estados Unidos, França e Grã-Bretanha apelaram a Vladimir Putin para rever a sua posição e a Finlândia, que actualmente preside à OSCE, enviou um emissário à Geórgia para tentar resolver a crise.
As autoridades de Tbilissi acusaram os militares russos de terem empregue o caça Mig-29 para derrubar um avião não pilotado georgiano nos céus da Abkházia.
A Abkházia e a Ossétia do Sul proclamaram a sua independência unilateralmente no início dos anos 90 do século passado e, com o apoio militar de Moscovo, defenderam-me com armas contra as forças georgianas.

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