Coisas de monarca

Já uma vez escrevi neste blogue sobre as boas relações existentes entre o príncipe russo Felix Iussupov e o rei D. Manuel II de Portugal.

Nas suas memórias, Iussupov recorda mais um episódio curioso: "Ao passar de manhã na rua Old-Bond Street (em Londres), eu, como de costume, entrei numa casa de cães, onde antes comprara o Pancho. A dona era a mesma e eu não perdia a oportunidade de entrar na loja e tagarelar com ela. Nesse dia, a um canto, estava sentado um buldog, uma cópia exacta do meu velho Pancho. Pareceu-me mesmo que estava a ter alucinações. Eu queria-o comprar imediatamente, mas era muito caro.

Saí triste da loja e dirigi-me para a residência do rei Manuel, que me tinha convidado para o almoço. Ele perguntou-me qual a razão da minha tristeza. Eu contei-lhe. No dia seguinte de manhã, ainda não tinha tido tempo de acordar, trouxeram-me uma nota dele. Manuel escrevia-me que se sentiria feliz se me oferecesse o buldog. A nota vinha acompanhada de um cheque.

Depois de vestir um sobretudo por cima do pijama, disparei a correr para a loja. Os transauntes talvez tivessem pensado que eu fugira de uma casa de loucos. Mas eu não prestava atenção a ninguém. Recebi o meu cão e chamei-lhe Pancho II em honra do primeiro...

Quando levei o cão a casa do rei Manuel, ele ficou horrrizado.

"Se eu soubesse que era um aborto desses, por nada to teria oferecido !"- exclamou ele.

E tinha razão. Pancho era um aborto, mas tinha alma de anjo".