segunda-feira, maio 26, 2008

Uma proposta para que a TAP não despeça trabalhadores


Os meus leitores vão-me perdoar se considerarem que me estou a exceder (até podem pensar, mas quem é este jornalista para vir dar conselhos ao presidente da TAP?), mas a notícia abaixo publicada levou-me a fazer uma proposta para que o despedimento de trabalhadores seja, pelo menos, adiado.

"O presidente da TAP, Fernando Pinto, admitiu hoje a hipótese de despedir trabalhadores caso a companhia aérea não consiga aumentar as receitas através de novas rotas.

"A prioridade é descobrir novos mercados, se não descobrirmos novos mercados, aí sim, a única hipóteses é a redução da dimensão [da empresa]", afirmou Fernando Pinto, em declarações à margem da Conferência Internacional Transporte Aéreo, Navegação Aérea e Globalização das Economias, que hoje começou em Lisboa".
Senhor Fernando Pinto, deve saber que Lisboa é a única capital dos países da União Europeia que não tem ligação regular directa com Moscovo, capital de um país com enormes potencialidades em termos do aumento do número de turistas que pretendem visitar países estrangeiros.
No ano passado, visitaram Portugal mais de vinte mil turistas russos. No ano corrente, o Consulado do nosso país em Moscovo não consegue dar resposta atempada a todos os pedidos de visto, tão grande é o caudal. E tudo isto não obstante entre Moscovo e Lisboa existir apenas um voo da companhia aérea Krasair, com um estatuto indefinido, que nem se sabe se é charter ou regular.
A esmagadora maioria dos turistas fazem as viagens mais incríveis para aterrar em Lisboa: Moscovo-Istambul-Lisboa; Moscovo-Paris-Lisboa; Moscovo-Madrid-Lisboa, etc. Se, num voo directo, precisamos de cinco horas e meia para chegar à capital portuguesa, em voos indirectos, se tudo corre sem atrasos, nunca se perde menos de oito a dez horas.
Em 1974, entre Portugal e a Rússia foi assinado um acordo sobre a criação de uma linha aérea regular entre Lisboa e Moscovo, que só pode ser realizada pela TAP ou pela Aeroflot. Na véspera do Euro 2004, que se realizou em Lisboa, a operadora russa, por motivos mais do que misteriosos, suspendeu os voos entre as duas capitais! Além disso, não permite a entrada de novas companhias de aviação nesta ligação!
Da última vez que estive em Lisboa, disseram-se que a Aeroflot está a pensar regressar à linha Moscovo-Lisboa. Seria uma boa ideia se a TAP se juntasse a isso e começasse a voar para Moscovo. Melhor ainda correria o negócio se tivesse boas ligações com a Madeira e os Açores. É uma questão de fazer contas.
E, se as fizerem, não se esqueçam que um turista russo deixa em Portugal mais dinheiro do que 10 turistas alemães.
Peço desculpa pela minha ousadia, mas apenas pretendo dar uma ajuda aos trabalhadores da TAP e contribuir para o aumento do número de turistas russos para o nosso país.
Espero ainda ver aparelhos da TAP a aterrarem nos aeroportos da capital russa, sem que seja para transportar a selecção nacional de futebol ou alguma comitiva oficial.



11 comentários:

Anónimo disse...

A TAP devia era ser vendida. Não faz sentido ser uma empresa estatal. Portugal tem de ter o controlo dos aeroportos, mas não uma companhia aérea. Isso fica para os países maiores.

Naguib disse...

Parece-me uma ideia sensata. Vamos esperar pela resposta… ou será que há mais qualquer coisa por detrás do pano?

Anónimo disse...

Há muitos exemplos no mundo de companhias aéreas estatais muito bem administradas. A própria TAP entra nessa lista. Todas as companhias aéreas do mundo estão enfrentando dificuldades devido aos altos preços dos combustíveis. Dizer que possuir uma companhia aérea, como Portugal possui a TAP, "é coisa para países maiores" é um indício de baixa-estima para com o seu próprio país.

Anónimo disse...

Acho bem, sobretudo se o combustível para os aviões em Moscovo for ainda mais baratinho do que a gasolina em Badajoz.

Anónimo disse...

"Dizer que possuir uma companhia aérea, como Portugal possui a TAP, "é coisa para países maiores" é um indício de baixa-estima para com o seu próprio país." - Anónimo

Não é, é realismo. Tenho consciência do buraco financeiro que a TAP representa e o passivo monstruoso que esta tem. Quem paga este passivo? Todos os portugueses com os seus impostos.

Não faz sentido Portugal ter uma companhia aérea. Ainda para mais com as low-costs a entrarem em força. Companhais aéreas é para países grandes, que consigam manter "viável" estas grandes companhias com um forte mercado interno, ou então para empresas privadas.

Devo lembrar que a TAP não apresenta preços competitivos nos próprios aeroportos portugueses. Por exemplo, fica em média mais barato 50/100 euros ir para NY, EUA, pela Alemanha na Lufthansa, que directamente Lisboa-NY pela TAP. É uma emprea pública, paga com impostos de todos os portugueses, que no fim tem serviços muito piores para os próprios portugueses.

Anónimo disse...

Caramba, José Milhazes! Descreve uma relidade surrealista (a não promoção de Portugal como destino turístico na Rússia) admiravelmente, e ainda pede desculpa tantas vezes! Bom, eu leio regularmente as suas crónicas e, francamente, esperava que, mais tarde ou mais cedo viesse a pôr o dedo nesta ferida. De facto, custa a acreditar (e mais ainda a perceber) a "nossa" incúria relativamente à captação do turismo Russo. Quando se faz alguma coisa (se se pode chamar a isso "fazer") é com uma carga de inorância e desconsideração tal, que me faz sentir vergonha e, sempre que possível, evitar revelar a minha nacionalidade às pessoas com quem contacto na Rússia. Lembro-me da "história" do painel de Moscovo, comentado de Briansk a Vladivostok em rádios e televisões locais e nacionais... Do Portugal da "vela" e do "jazz", do "Allgarve" e do "mar" (este faz-me um desconforto particular, o cúmulo da ignorância. Se alguma veze os Russos chamam "mar" ao oceano... sendo "oceano" uma mais valia relativamente a "mar", conforme sabe melhor que eu). Já agora, um acrescendo relativo à ginástica dos Russos para visitarem Portugal: o dos que vivem na Carélia e usam o "canal" São Petersburgo-Helsínquia, com vistos Schengen atribuídos sem problema pelo consulado da Finlândia em Peter (apesar de tudo com a vantagem de os libertarem do lugar sinistro que é o consulado Português em Moscovo...). Obrigado portanto, José Milhazes. Tenho esperança de ainda um dia o conhecer pessoalmente. É que vai rareando a lucidez e, talvez também, a capacidade para fazer contas, aspecto que igualmente muito bem refere na sua crónica. Cá para mim, acho que ainda há quem pense que os Russos comem criancinhas ao pequeno almoço. Quando oiço, não raramente, compatriotas nossos a referirem-se à Rússia dizendo "União Soviética"... Bem haja, e até à próxima.

Anónimo disse...

Não adianta a TAP ser estatal ou privada. Se fosse privada em vez de intenções já estavam no actos propriamente ditos. Empresas cujo caminho a trilhar é o do lucro a qualquer custo, sem o mínimo de responsabilidade social, nada resulta! Boa proposta José Milhazes.

nunovc disse...

Subscrevo esta proposta! Sempre que volto a Portugal perco bastante tempo para encontrar um plano de vôo razoável. Tenho bastante confiança que esta rota teria sucesso.

Anónimo disse...

Para responder ao meu amigo visceral dvfer, não são só os portugueses que sustentam a TAP, os angolanos também, pois é a rota que desde sempre deu lucro a uma companhia que não tem por onde se lhe pegue. Se não fosse o brasileiro, já estava falida há muito tempo. A nossa TAAG (Transportes Aéreos Angolanos) também não fica atrás, entre uma e outro vá o diabo escolher.

Hernani disse...

Que diabo! Se até o Luxemburgo tem uma companhia nacional, porque é que Portugal no pode ter? Ponham-se a nacionalizar tudo e depois chorem. Se existem fundos de investimento que especulam sobre os alimentos, brevemente especularão sobre os lucros dos hospitais privados, depois serão as escolas e daqui a uns anos estamos a pagar 100 vezes mais o valor real de uma consulta no médico generalista.
Quanto aos voos da TAP para Moscovo, também acho que aí deve haver tramóia da grossa.

Anónimo disse...

É estranho também que não hajam low costs portuguesas. Em todo o lado na Europa (Rep. Checa, Eslováquia, Roménia, Polónia) aparecem low costs.

É estranho de facto que os vôos da TAP sejam muitas vezes mais caros que os de outras companhias. Serão exigências de Bruxelas?

Acho de facto, que a TAP deveria voar para Moscovo, assim como para o Golfo Pérsico e o sul dos EUA (Atlanta, Miami).
Porque não o faz?

Há vôos directos, várias vezes por semana, entre Lisboa e Kiev (Ukraine International). Porque não há para Moscovo?