segunda-feira, julho 07, 2008

O mistério das jóias de Carmen Gonzales 2

(continuação)
"Carmen residia num pequeno apartamento situado no apartamento Nº 6 do edifício 3/5 na Brigadskii pereulok (Travessa da Brigada) e os assaltantes, a 29 de Julho de 1977, resolveram “precisamente nesse dia entrar no apartamento de Gonzales e apoderar-se dos seus bens, independentemente da vítima se encontrar ou não em casa”.
“Em estado de embriaguez – lê-se na investigação da polícia -, munidos de um instrumento para arrombar portas, luvas, meias de nylon para substituir a máscara, bem como com uma arma branca: uma faca de caça, Kiriuchkin, Chadriguin e Vitukhin entraram no edifício onde residia Gonzales”.
Kiriuchkin ficou à porta para avisar do aparecimento de estranhos, enquanto que os outros dois entraram à força no apartamento e começaram a espancá-la para que ficasse calada.
“Dado que Gonzales continuava a gritar, Chadriguin, agindo com o sentido de lhe tirar a vida, desferiu quatro facadas em partes vitalmente importantes do corpo: na barriga e no pescoço”- lê-se na sentença, que acrescenta que “Carmen Porta Gonzales faleceu alguns minutos depois de ter sido esfaqueada por perda aguda de sangue”.
As expectativas dos assaltantes não saíram frustadas, porque a portuguesa guardava valores significativos em casa. Segundo o relatório da polícia, os criminosos levaram: “dinheiro num valor superior a 450 rublos (nessa altura, o salário médio mensal na URSS rondava os 120 rublos), anéis de ouro e prata com pedras preciosas, três anéis de ouro, anéis de prata e de outros metais, braceletes, joalharia, broches e outros enfeites que se encontravam numa caixa de plástico”. Além disso, os assaltantes levaram “um casaco de veludo, um colete de peles, um ferro de engomar, uma bolsa, o passaporte de Gonzales”.
Os réus foram rapidamente julgados e condenados. Kiruchkin e Chadriguin foram enviados para colónias penais, enquanto que Vitrukhin foi internado num hospital psiquiátrico. O processo foi realizado à porta fechada e os documentos encerrados nos arquivos soviéticos, mas a história das jóias de Carmen não termina aqui.
A caixa de plástico onde a portuguesa guardava as “relíquias da família” foi encontrada vazia na casa de um dos parentes de Chadriguin e o Tribunal decidiu que os autores do crime, não obstante o valor significativo dos objectos furtados, tinham gasto o dinheiro conseguido com a venda das jóias em vinho e vodka.
Porém, as “jóias de Carmen” voltam a figurar noutro processo crime aberto oito anos após a sua morte."
(continua)

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