Passada que está a “fase quente” do conflito entre a Rússia e a Geórgia, os olhares dos meios de comunicação e dos analistas russos voltam a virar-se para a situação nas repúblicas caucasianas da Federação da Rússia, onde em praticamente todas se observa conflitos “em lume brando”.
A parte russa do Cáucaso é constituída pelas repúblicas da Tchetchénia, Inguchétia, Daguestão, Ossétia do Norte, Karatchaevo-Tcherkessia, Cabardino-Balkária, Adigueia e Distrito de Krasnodar.
A situação é particularmente complexa na Inguchétia, onde, nos últimos dias, se registaram ataques de grupos armados contra militares e polícias da Rússia.
É cada vez maior a contestação contra o Presidente da Inguchétia, Murat Ziazikov, antigo general do KGB; continua por resolver o problema territorial entre esta república e a vizinha Ossétia do Norte.
Em 1944, quando o ditador José Estaline deportou o povo inguche para a Sibéria e o Cazaquestão, parte do território inguche (região de Prigorod) foi entregue à Ossétia do Norte. Nos anos 90 do século passado, aquando da desintegração da URSS, os inguches tentaram recuperar as suas terras, dando início a uma guerra contra os ossetes.
As tropas russas congelaram o conflito e parte da população inguche teve de abandonar a Ossétia, mas os inguches não perderam a esperança de recuperar o território perdido.
Segundo o bissemanário Novaya Gazeta, aquando da operação militar russa contra a Geórgia, cerca de 300 polícias inguches demitiram-se dos cargos para não serem enviados “em ajuda da Ossétia do Sul”.
Na Tchetchénia e no Daguestão, os dirigentes dessas repúblicas constatam o aumento do número de jovens que fogem para as montanhas a fim de engrossar as fileiras da guerrilha islâmica.
“Há informação de que 20 raparigas, com idades entre 15 e 20 anos, fugiram para os bosques na Tchetchénia... A fuga continua. Sabemos que vão para as montanhas”, reconheceu Sulim Iamadaev, comandante militar tchetcheno pró-russo.
Viatcheslav Chanchin, chefe do Serviço Federal de Segurança do Daguestão, admitiu que “as autoridades perdem a batalha ideológica contra os bandos clandestinos de wahhabitas”.
O analista militar Pavel Felguengauer admite que “as forças que estão contra a Rússia no Cáucaso poderão utilizar esse potencial”.
Porém, Vladimir Dolin, especialistas em assuntos do Cáucaso, defende que “Moscovo poderá, pelo menos por enquanto, virar esses grupos contra a Geórgia”.
Em declarações à Lusa, Dolin acrescenta que “é pouco provável que, nos tempos mais próximos, os grupos armados consigam criar grandes problemas a Moscovo no Cáucaso”.
“No caso da Tchetchénia, por exemplo, Ramzan Kadirov (Presidente tchetcheno pró-russo) controla a situação com mão de ferro”, continua ele.
Além disso, Vladimir Dolin duvida que os Estados Unidos ou a União Europeia venham a apoiar esses grupos armados, cuja ideologia é o fundamentalismo islâmico.
12 comentários:
O analista militar Pavel Felguengauer foi o mesmo que disse em frente às câmaras de televisão, no dia 8 ou 9 de Agosto, que os georgianos iriam deter os russos e dar-lhes uma sova... é um analista credível, portanto.
Sr. José Milhazes como vai a cimeira da OCX, já há novidades? Pippo tem a sua resposta lá atrás.
De qualquer modo, relativamente à questão, não me parece que os EUA ou a UE esteja minimamente apostada em patrocinar movimentos separatistas muçulmanos no Cáucaso. O apoio aos guerrilheiros islâmicos tornou-me muito impopular desde o 11/9, e a Rússia tem plena capacidade para lidar com o problema, entre outras coisas porque pode fazê-lo com mão de ferro sem haver hipóteses da sua opinião pública (fortemente anti-caucasiana desde 1994/5) se revoltar contra o facto.
Caro Pippo, dou a palavra a todos. Os analistas não são bruxos e também se enganam.
Não sei se eu digo o mesmo que vós...”quando o Estaline deportou o povo Inguche...”, “raparigas fogem para a Tchechenia...”. Ah, me dá um tempo. Seria até o mesmo que dizer o “certo governador de um estado americano foi flagrado com uma prostituta brasileira e ‘pulou’ do cargo...”.
Mas, vamos lá. A Rússia pode alegar a sua invasão em territórios independentes da Geórgia a alegar actos terroristas. Os USA e sua gang de NATOboys invadiram o Iraqui e Afeganistão alegando terrorismo. Então nada de anormal, eu penso. Medvedev pode ter se expressado precipitadamente.
Não sei se eu digo o mesmo que vós...”quando o Estaline deportou o povo Inguche...”, “raparigas fogem para a Tchechenia...”. Ah, me dá um tempo. Seria até o mesmo que dizer o “certo governador de um estado americano foi flagrado com uma prostituta brasileira e ‘pulou’ do cargo...”.
Mas, vamos lá. A Rússia pode alegar a sua invasão em territórios independentes da Geórgia a alegar actos terroristas. Os USA e sua gang de NATOboys invadiram o Iraqui e Afeganistão alegando terrorismo. Então nada de anormal, eu penso. Medvedev pode ter se expressado precipitadamente.
O fundamentalismo islâmico esta em todos os palcos, não é so no Caucaso. A começar pelas ruas de Paris e de Marselha.
Grupos terroristas wahabitas não podem ser apoiados pelos americanos? Que naif...Podem e são apoiados pela Arabia saudita que é fiel amiga dos americanos..fica tudo entre amigos. É uma questão de sigilo...mas lá que pode, pode.
Eu não digo que Grupos terroristas wahabitas não podem ser apoiados pelos americanos, o que eu digo é que actualmente isso já não é bem visto pela opinião pública dos EUA. Mas que eles continuam a ser suportados, e bem, pelos amigos dos EUA, lá isso continuam. E os EUA (e todos nós) que nos cuidemos. Porque como foi, e bem, apontado aqui, também há fundamentalistas nas ruas de Paris e Marselha, e não só.
Até quando será utilizado o termo "FUNDAMENTALISMO", a posição e a política de terror trata-se de um radicalismo e não o equivocadamente chamado Fundamentalismo.
Caro José! Não sou defensor do "politicamente correto", mas o senhor Antônio Everardo é um amazonas de preconceito.
Abraços
Jorge Vieira/Porto Alegre Brasil
"Até quando será utilizado o termo "FUNDAMENTALISMO", a posição e a política de terror trata-se de um radicalismo e não o equivocadamente chamado Fundamentalismo."
Tem razão, usei o termo comum em lugar de usar o termo correcto. A palavra "fundamentalists" teve início, salvo erro, nos EUA, nuam seita cristão que primava por seguir os fundamentos da religião judaico-cristão (eram seguidores "à letra" da Bíblia). O termo foi transferido para todos aqueles que seguem os fundamentos da religião e, por asociação, para os fanáticos, esse sim, percursores do terrorosmo religioso.
A correcção fica assim feita. Obrigado.
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