As autoridades da Ossétia do Sul querem impedir o regresso dos refugiados georgianos que habitavam em território ossete e tiveram de abandonar as suas casas devido ao conflito russo-georgiano, anunciou o presidente da Ossétia do Sul.
“Não tencionamos deixar regressar ninguém. Há mais de 18 mil refugiados ossetes da Geórgia que se encontram actualmente na Ossétia do Norte”, declarou Eduard Kokoiti, presidente da Ossétia do Sul, numa entrevista publicada hoje no diário Kommersant.
À pergunta do que aconteceu aos enclaves georgianos e se é verdade que foram destruídos, Kokoiti respondeu: “Querem que permita que continuem a disparar sobre nós a partir daí? Que disparem novamente pelas costas e humilhem o nosso povo?”.
“Nós aí arrasamos praticamente tudo. Definimos a fronteira da Ossétia do Sul”, acrescentou.
Segundo o presidente, as aldeias georgianas tinha sido evacuadas antes do início das acções militares.
“Os civis foram retirados, não ficou lá ninguém, excepto tropas georgianas. No que respeita aos civis, nos lugares onde ainda restavam, nós, ao contrário das tropas da Geórgia, abrimos um corredor e permitimos a sua saída. Mas quero sublinhar uma vez mais que nesses enclaves não havia praticamente ninguém”, sublinhou.
Kokoiti reconheceu que nas aldeias georgianas houve casos de pilhagem.
“São as consequências de qualquer guerra, de qualquer agressão. Nós travámos isso com toda a dureza”, afirmou.
Antes da guerra, cerca de 25 por cento dos habitantes da Ossétia do Sul eram georgianos. Fenómeno semelhante de expulsão da população georgiana aconteceu na Abkházia, outra república separatista da Geórgia, no início dos anos 90 do século XX.
Segundo dados de 1989, a população da Abkházia era constituída por 533.800 georgianos e 93.300 abkhazes. Depois da guerra civil, que terminou em 1992, os abkhazes passaram a constituir a grande maioria da população nesse território.
Deixo aqui apenas duas perguntas: Estas declarações não fazem recordar nada? Não estamos perante mais uma limpeza étnica?
7 comentários:
Claro que é uma limpeza étnica, não há qualquer dúvida, mas agora atentemos a outros factos:
1 - essa limpeza não foi violenta, isto é, não teve por base o massacre. Ao que parece, boa parte dos civis já tinham saído antes do início dos confrontos o que, a ser verdade, atestaria a premeditação georgiana em ir para a guerra;
2 - a "limpeza" permitirá a constituição de um Estado nacional, sem minorias irredentistas. A Ossétia não poderia permitir-se a que 1/4 da sua população fosse georgiana, pois a tentação de ingerência de Tbilissi seria permanente. Mais grave seria a situação da Abkházia;
3 - a limpeza étnica, apesar de condenada jurídicamente, é prática corrente na cena internacional com o beneplácito das grandes potências. Veja-se a divisão da Bósnia em linhas étnicas, o a expulsão da maioria dos sérvios do Kosovo, perseguidos por milícias albanesas bem nas barbas da NATO, que não mexeu em dedo para sanar o problema.
Seria muito importante que os observadores que a OSCE decidiu enviar para mediar o conflito partissem rápidamente,porque as milicias de ambas as partes quando se envolvem é para massacrar.
Sim, é verdade. As milícias, pela sua natureza, são mais difíceis de controlar e não obedecem a qualquer tipo de ROE (Rules of Engagement). Aliás, pelo que sei, as próprias FA russas já têm estado a controlas as milícias ossetinas, impedindo-as de continuar as suas depredações.
E que dizer sobre os exercícios militares conjuntos entre as FA dos EUA e da Geórgia imediatamente antes dos primeiros ataques da Geórgia às forças russas na Ossétia?
Sim, é verdade, esses exercícios terminaram, precisamente, no dia 8 de Agosto de 2008... uma coincidência tramada, não é verdade?
Alguns sinais de que muita coisa está para descobrir quanto às razões que levaram ao início deste conflito são levantadas por esta atitude osseta.
Um aspecto é certo os georgiaos já viviam em enclaves separados da restante população osseta não existe razão porque voltarem até porque o exacerbar das raivas de parte a parte já foi conseguido quer por georgianos quer por russos
Jà que estamos à falar de limpeza etnica…
Tal que apresentado pour o Sr Milhazes, poderiamos considerar que , ao contrario do que foi dito e julgado, a situação no Kosovo não foi uma limpeza etnica dos Servios mas bem dos kosovares abaneses que a proporção na população du Kosovo passou de 35% nos anos 70 à 80% ao fim dos anos 80 para chagar hoje à mais de 90%.
Alem disso, se nos referir aos varios conflitos dos balkãs, podemos tambem nos interrogar sobre a real vontade dos paises occidentais pretendemente democratas, em promover a mistura dos povos em espaços territoriais alargados.
A Jugoslavia foi no seu tempo uma das mais importantes tentativas de mistura etnica. Se os conflitos nos balkãs foram tão violentos e devastadores foi em grande parte por causa desta mistura : quando a mais cinica e repugnante politica international conduzio à divisão da Jugoslavia, as populações que não aderiam à nova geografia não tinham outro recurso que de se revoltarem ou de fugir.
Em previligiando o principio de auto-determinação dos povos e reconhecendo (promovendo) a independencia da Slovenia, da Croacia, da Bosnia, os paises da UE deitaram por terra o unico modela de integração etica existente na Europa.
Por uma comunidade de paises e governos que tentam de promover a integração europeia composta de etnias e culturas tão differentes, isto atè parèce suicidario. Como é que os povos, que formam hoje a UE, podem dar qualquer credebilidade à uma contituição, ou pior, um tratado que pretende lhes impor regras de integração socio-cultural que, à tão pouco tempo, os mesmos contribuiram a derubar por simples interesso geopolitico ???
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