segunda-feira, agosto 25, 2008

Rússia isolada no campo internacional


Há mais de 24 horas que o Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, reconheceu a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia, mas, até agora, ainda nenhum país apoiou esse passo do Kremlin.

Apenas o movimento terrorista palestiniano do Hamas e a direcção da Transdniestria, região separatista da Moldávia apoiada pela Rússia, apoiaram a independência dos dois territórios da Geórgia.

Até Cuba não se apressa a apoiar o Kremlin, tal como fez no início da campanha militar russa contra a Geórgia.

Dizem as más línguas em Moscovo que Havana teme pela própria integridade do seu país. Como é sabido, no território da base militar de Guantanamo, a maioria da população é de nacionalidade norte-americana. Por isso, os irmãos Castro receiam que ela proclame a independência e peça a adesão aos Estados Unidos da América.

O enclave tem todas as possibilidades de seguir o exemplo do Kosovo, Ossétia do Sul e da Abkházia.

Caros leitores, será isto mais um acesso de loucura? Sei lá, já vi tanta coisa neste mundo...

26 comentários:

Anónimo disse...

Quem é que abriu o precedente?

Fomá_Fomitch disse...

As provocações dos EUA à Rússia estão a dar frutos... Não tarde a recomeçar uma nova corrida ao armamento e já se sabe quem é que ganha mais com isso, ou não? Triste mundo, há uns anos pensava eu inocentemente que os conflitos belicos estariam condenados a desaparecer com a evolução do homem, o crescimento do seu humanismo e bons sentimentos face ao visinho, mas afinal, não passavam de ideias ingénuas e romanticas da adolescencia... O ser humano é um animal muito complicado...

Cumprimentos

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Miguel, isso são águas passadas. Agora é melhor pensar em como resolver os problemas

Anónimo disse...

"isso são águas passadas. Agora é melhor pensar em como resolver os problemas". Isso é fácil de se dizer!
Mas para se resolverem os problemas temos de pensar em como eles surgiram. A única forma de se resolver o problema é voltar uns anos atrás e reconhecer-se o direito à independência da Krajina Sérvia e revogar-se o reconhecimento da independência do Kosovo. Estará a democrática "Comunidade Internacional" disposta a isso?

PS - No caso de Guantanamo não há qualquer problema pois os EUA pagam, todos os anos, a renda pela base (mas o governo cubano recusa-se a tocar no dinheiro).

MSantos disse...

Já pensei em alugar um bote, ocupar o farol do Bugio, e proclamar a República Independente do Bugio (RIB).

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Santos, faça isso que eu apoio. Quando eu estiver em Oeiras, vou-lhe fazer uma visita.

Anónimo disse...

Bom, deixe-me ver se entendi. A Nato caracteriza de violação “inaceitável” do direito internacional, a atitude da Rússia em declarar a independecia destes estados, quando a Juguslavia não é considerada como tal, mas como vários, aliás como se sucede na Coreia. Ao invés disso reforça a ideia de uma possivel independencia da Chechenia.

Anónimo disse...

Bom, deixe-me ver se entendi. A Nato caracteriza de violação “inaceitável” do direito internacional, a atitude da Rússia em declarar a independecia destes estados, quando a Juguslavia não é considerada como tal, mas como vários, aliás como se sucede na Coreia. Ao invés disso reforça a ideia de uma possivel independencia da Chechenia.

Anónimo disse...

O Kosovo foi militarmente atacado pela Sérvia. Houve massacres.
Tornou-se inviável - ou esse é o argumento - continuar agregado à Sérvia.
Fala-se em massacres na Ossétia mas penso que nada está comprovado. E, a ter algum fundo de verdade, não é comparável à longa e dura provação dos kosovares.
A Ossétia declarou independência depois da intervenção armada de terceiros (Rússia).
É isso que, sobretudo, a Nato contesta, parece-me. Ninguém (por exemplo EUA) interveio militarmente na Chechénia. Eles lutam sózinhos.
Por isso têm mais legitimidade.
Na Coreia houuve coreanos contra coreanos. Cada uma das partes era ajudada por países terceiros, embora só os americanos tenham realmente combatido, penso. Não sei se os chinese o fizeram.
De qualquer modo creio que na altura todos, incluíndo norte-coreanos e soviéticos ( e chineses?) concordaram com o 'statu quo' coreano, que de certa maneira, corresponderá a: um país - dois estados.

Afonso Henriques disse...

Então eu ganho, que já tinha pensado em proclamar a República Autoritária Fascista-Nazi-Comunista-Popular das Berlengas com intenções Imperialistas.

Cuidado Peniche!

Anónimo disse...

Caro José Milhazes, temo que tenha deixado um pouco a dever à honestidade quando diz que Cuba apoiou a Rússia de início. Cuba condenou a limpeza étnica levada a cabo pelos Georgianos. São coisas diferentes. E naturalmente que Cuba agora não quererá colocar-se ao lado de um país que agride a soberania de outro. Eles sabem bem o que isso é.

serrão:
a sua fábula sobre o Kosovo é muito gira e engraçada e até pode pegar em muito lado, mas é pena ser pura e simplesmente falsa. Os massacres de civis foram falsos e foi na verdade o cartel de droga do UÇK quem atacoou as autoridades Sérvias (chegaram a matar albaneses) logo a seguir ao Acordo de Dayton.
E fique a saber, de caminho, que a Ossétia declarou a independência um ano antes de a Geórgia o fazer.
Quanto à Chéchénia, parece-me evidente que Washington não deseja mostrar ao Mundo que afinal os fundamentalistas islâmicos até dão jeito.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Robespierre, você não lê atentamente o que tenho escrito sobre o Kosovo.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Robespierre, você não lê atentamente o que tenho escrito sobre o Kosovo.

Carmo da Rosa disse...

O caro robespierre não deve ler tout court!!!

A análise de serrão sobre o Kosovo é correcta e não entendo como se possa discordar de factos! Não tivesse havido a intervenção da OTAN e Milosevic, juntamente com os seus capangas Mladic e Karadjic, tinham feito com os kosovares aquilo que Hitler fez com os judeus – DIE ENDLÖSUNG DER KOSOVARENFRAG.

Nuno Maurício disse...

Caro Carmo da Rosa,

é raro quem ignora os factos, o problema é que há sempre factos para todos os gostos :)

Os meus factos preferidos são que no Kosovo houve 2 mil e tal vitimas de *ambos os lados* (gosto sempre de sublinhar este facto) no período de um ano antes da intervenção da NATO. É claro que isso só encontrei na net e mais tarde. Na TV falava-se de genocídio, dezenas de milhares de vítimas albanesas e até de centenas de milhares de vitimas. Por isso eu era fortemente a favor de uma intervenção da NATO, para por aquele monstro do Milosevic na ordem! Só que depois, principalmente com a ajuda da net, mas mesmo de alguma informação na TV e jornais, percebi que se tratou de uma enorme operação de lavagem ao cerebro, premeditada e intencional. E a partir daí perdi todo o respeito pelos mídia. Não são órgãos de informação, são órgãos de lavagem ao cérebro. Depois o mesmo repetiu-se em relação ao Afeganistão, Iraque e agora Rússia. Acredito que haja muitos portugueses que nem sabem que a Geórgia atacou as populações civis da Ossétia. Pois eu não ouvi uma única palavra de condenação da Geórgia por esse facto. Eu não vejo nem leio tudo, mas só vi uma forte condenação da Rússia, isso quer dizer que houve um ataque da Rússia, mas nunca houve nenhum ataque por parte da Geórgia, não é? Caso contrário teria havido nem que seja uma pequena crítica. Eu lembro-me da resposta de Israel no Líbano por causa do rapto de 2 soldados e morte de mais uns tantos, resposta que foi apoiada pelo Ocidente. Eu lembro-me da reacção aos 3000 mortos do 11 de Setembro/2001. Tivesse havido 2000 mortos civis causados pelo fogo indiscriminado da Geórgia, o Ocidente teria reagido, não é? Porque nós somos os "bons"!
Só que me parece que não são os russos a tentar destruir os EUA, não são os russos que estão a rodear os EUA de bases militares, não foram os russos que encorajaram Saakashvili a atacar a Ossetia para poderem dar uma resposta. Factos são factos, mas nós somos pessoas inteligentes, e a inteligência serve para podermos alinhar os factos de modo estes encaixarem nas nossas teorias e nossos gostos. Será que mesmo assim é possível fazer análises correctas?

Anónimo disse...

So tenho a reforçar a ideia do Nuno Mauricio, tudo o que a Russia faz é fortemente condenavel, ja os EUA podem fazer o que quiserem, mas é mesmo assim, eles fazem o que querem e toda a gente vai atras deles e os apoio. Posto isto a Russia é um mal necessario, para quebrar essa hegenomia dos EUA.
Rui Carneiro

Anónimo disse...

Entre ganhar a vida a limpar retretes e morrer à porta das urgências dos hospitais, nos EUA; ou viver com poucos recursos mas com acesso à saúde e à educação, como em Cuba, venha o diabo e escolha.

Nuno Maurício disse...

Caro Nuno Bento,

É isso mesmo, entre o capitalismo americano e o socialismo cubano, venha o Diabo e escolha! Eu é que não quero escolher entre uma coisa e outra. É o mesmo que escolher entre levar uma chapada na cara ou um pontapé no rabo. Infelizmente não conheço nenhuma sociedade nem nenhum país que possa dar como exemplo. O mais giro é que estas discussões desembarcam sempre na necessidade de escolher qual o modelo de sociedade a defender entre o socialismo soviético e o capitalismo americano. Mesmo quando a Rússia já não representa qualquer tipo de socialismo. Mas tem que aparecer qualquer coisa melhor. Daqui deste lado também está a precisar duma perestroika valente. (que acabe doutra forma, claro)

Anónimo disse...

Carmo da Rosa, deveria rever os acontecimentos no Kosovo antes e durante a guerra.
A sérvia nunca poderia atacar o Kosovo pois o Kosovo não era nem um país nem uma região com independência "de facto". O Kosovo É sérvio desde o séc. VII, o que é bem mais do que Lisboa relativamente a Portugal. Portanto, em termos de legitimidade estamos conversados.

Quem abriu as hostilidades foi o UÇK, que atacou sérvios, albaneses “colabos” e ciganos, só para citar os principais afectados. As autoridades sérvias responderam com força, sobretudo policial. Mas os amigos do Ocidente, o UÇK, em lugar de enfrentarem os sérvios nos campos refugiaram-se nas aldeias, onde tinham apoio, dando origem a baixas entre civis e consequentemente, ao êxodo de milhares de albaneses (não, não são “kosovares”: kosovares são os sérvios, que já lá viviam à séculos, ao contrário dos albaneses que foram para lá com o beneplácito dos amigos turcos).
A NATO , obedecendo ao plano norte-americano de arranjar um corredor de aliados desde a Trácia até Durres, prontamente gritou “Genocídio” e “Já morreram mais de 10.000 kosovares!!!” (lembra-se? A frase foi proferida pelo Sec. de Estado norte- americano da altura) e, vai daí toca de começar a bombardear a Sérvia. Por causa do Kosovo, entenda-se. E foi assim que as pontes sobre o Danúbio foram destruídas (o Danúbio não fica sequer perto do Kosovo), e centrais de produção de energia eléctrica foram destruídas com bombas de grafite (o fornecimento de energia eléctrica a Belgrado também tem muito a ver com o Kosovo, como se pode ver), combóios cheios de passageiros foram destruídos (e as imagens manipuladas – aceleradas, neste caso – foram mostradas para explicar “que foi tudo muito rápido e era impossível evitar o desastre”), e igrejas sérvias foram danificadas pelas bombas e mísseis da NATO (note-se que no Iraque as mesquitas nem são tocadas, com medo de “ofender os muçulmanos”, mas igrejas ortodoxas são alvos legítimos).
Os sérvios, face ao ataque, reforçaram o seu dispositivo militar no Kosovo e o êxodo de albaneses aumentou.
Quando tudo acabou e a Sérvia, destruída economicamente, aceitou a derrota, a NATO triunfante entrou no Kosovo para “proteger os kosovares”, e foi então que os kosovares (os verdadeiros, não os que pensam que o são) foram mortos às centenas pelos milicianos do UÇK, sob o olhar complacente, diria mesmo amigo, da NATO.
E afinal veio-se a saber que as famosas “valas comuns” cheias de vítimas “kosovares” inocentes afinal não existiam (passados tantos anos ainda não foi encontrada nenhuma), e que não houve 10.000 mortos mas sim uns 2.000, a esmagadora maioria dos quais eram guerrilheiros do UÇK, e que a população sérvia kosovar, que era uns 20% do total antes da guerra, representa agora menos de 10%.
Portanto, houve de facto massacres, mas não foi de albaneses, foi de kosovares, ou seja, de sérvios. E as suas longas provações ainda não terminaram, por culpa dos intervencionistas "democráticos" que lutam pela "Liberdade" (mas pouco). Mas não faz mal porque os sérvios, tal como os russos e os seus líderes, são "os maus", ao contrário dos "bons" a quem tudo é perdoável...

Carmo da Rosa disse...

Caros Nuno Maurício, Nuno Bento, anónimo e pippo,

Prometo dar-lhes uma resposta o mais depressa possível em ‘casa’, no FIEL INIMIGO. Sabe, isto de discussões blogosférias é como o futebol, joga-se uma vez fora e outra em casa, aliás eu vi o artigo inicial através de um link colocado no FIEL INIMIGO.
Ah é verdade, penso responder aos 4 de uma vez, visto ter cá uma fezada que se trata de heterónimos de um bacano armado em Fernando Pessoa…

Anónimo disse...

Olhe, da minha parte a sua fezada bateu na trave. Basta analisar a forma de escrita para ver que eu não sou os outros. Mas cinja-se aos factos, e não às pessoas.

Anónimo disse...

O meu nome esta escrito no fim do comentario.
Fico à espera da sua resposta!!!
Rui Carneiro

Anónimo disse...

Como é bom falar da Sérvia e lembrar da Iugoslávia, e chegar à conclusão de como é triste a região que não tem recursos naturais que interessem ao G7. Falo da Iugoslávia porque me lembro do velho Marechal Tito que ao morrer em 1980, pediu aos Estados Unidos que não abandonasse a Iugoslávia. Foi necessária uma guerra que incomodou a Europa para que alguma providência fosse tomada. E da guerra do Kossovo ainda me recordo do drama dos 300 Paraquedistas Russos que conseguiram tomar o aeroporto de Pristina, após semanas de inércia e indecisão da NATO

Nuno Maurício disse...

Caro Carmo da Rosa,

penso que estará a confundir-me com um personagem dos contos russos que é o "Zmei Gorinych" que existe em varias versões: uma com 3 cabeças, outra com sete... praí... Juro que só tenho uma cabeça (e não é dual core, ainda). Em relação às assinaturas, já fui anónimo, mas nunca assinei como Pippo nem como Nuno Bento, se quiser acreditar. Mas percebo a sua perplexidade: logo 4 pessoas a defender a Rússia. O Mundo está de facto perdido...

Anónimo disse...

A defender a Rússia e a contar a verdade sobre o Kosovo, nuno maurício. Isso é que dói a muita gente.

Continuando no Kosovo, caro José Milhazes, o que escreve assim de tão pertinente sobre o Kosovo que eu tenha que ler atentamente? Li alguns dos seus artigos sobre o tema e não vi nada que não tenha visto noutros locais.

Nuno Maurício disse...

Caros visitantes deste blog,

quis partilhar este momento de humor, dado pelo embaixador russo na NU, Vitaly Churkin, depois de ter sido criticado por reconhecer a independência da Ossétia e Abhazia. (em inglês) A intervenção começa mais ou menos assim: "se estivesse nesta sala uma delegação de extraterrestres a assistir pela 1ª vez a esta reunião, ficariam orgulhosos pelo empenho demonstrado pelos terrestres em defender as Leis Internacionais..."
http://www.youtube.com/watch?v=36moUAiOBRw