A empresa gasífera russa Gazprom e a Nigerian National Petroleum Corporation (NNPC) assinaram ontem em Moscovo um memorando sobre a criação de um empresa conjunta, que se irá dedicar a estudos geológicos, extracção, transporte de hidrocarbonetos, construção de infraestruturas energéticas na Nigéria.
Especialistas citados pela imprensa russa consideram que a cooperação com a Nigéria permitirá à Gazprom entrar nos mercados de Espanha e Portugal, onde a empresa russa ainda praticamente não está presente.
A Nigéria é um dos maiores produtores de hidrocarbonetos em África. As reservas de petróleo conhecidas são superiores a 9 mil milhões de toneladas, as de gás – 5,2 biliões de metros cúbicos. Essa país africano condensa 40 por cento do gás extraído (24,1 mil milhões de três cúbicos por ano).
Em Janeiro passado, tornou-se conhecida a existência de conversações entre a Gazprom e a NNPC e a empresa russa mostrou-se pronta a investir 2,5 mil milhões de dólares na extracção e transporte do gás no delta do rio Níger.
Em Junho, o Governo nigeriano convidou o consórcio russo a participar na construção de um gasoduto de 4300 quilómetros, através do deserto do Sara, que se poderá transformar no maior meio de fornecimento de gás à Europa. A concretização do projecto deverá custar cerca de 13 mil milhões de dólares e o gasoduto entrará em funcionamento em 2015.
Por enquanto, a Gazprom não tem pressa em revelar a sua posição face a essa proposta.
“Para começar, é preciso criar uma empresa conjunta, as questões posteriores serão alvo de conversações”, declaram fontes da Gazprom ao diário económico russo Rbc-daily.
“Se a Gazprom conseguir o direito de exploração de hidrocarbonetos na Nigéria e de participar no gasoduto através do Sara, isso reforçará significativamente as suas posições no mercado europeu. Nomeadamente, permitirá entrar nos mercados de Espanha e Portugal, onde a empresa russa praticamente não está presente”, declrou Serguei Pravossudov, director do Instituto da Energia Nacional.
Svetlana Savtchenko, directora do Departamento de Investimentos da empresa 2K Audit, considera que, tendo em conta a instabilidade política na Nigéria e o envolvimento da Gazprom em numerosos projectos na Rússia, a empresa russa não deverá fazer investimentos de imediato.
“A julgar por tudo, o memorando sobre a cooperação foi assinado a olhar para o futuro. Devido ao esgotamento das reservas de gás, dentro em breve, os jazigos nigerianos tornar-se-ão muito atraentes”, sublinha.
Natalia Ovsiannikova, do Instituto dos Problemas dos Monopólios Naturais, considera que esses projectos poderão provocar uma reacção muito negativa da União Europeia, “que já está demasiadamente preocupada com a sua dependência em relação ao gás da Gazprom”.
“À luz do que foi dito, a Rússia poderá utilizar a Nigéria para exercer pressão sobre o mercado do gás dos países da UE”, sublinhou.
Especialistas citados pela imprensa russa consideram que a cooperação com a Nigéria permitirá à Gazprom entrar nos mercados de Espanha e Portugal, onde a empresa russa ainda praticamente não está presente.
A Nigéria é um dos maiores produtores de hidrocarbonetos em África. As reservas de petróleo conhecidas são superiores a 9 mil milhões de toneladas, as de gás – 5,2 biliões de metros cúbicos. Essa país africano condensa 40 por cento do gás extraído (24,1 mil milhões de três cúbicos por ano).
Em Janeiro passado, tornou-se conhecida a existência de conversações entre a Gazprom e a NNPC e a empresa russa mostrou-se pronta a investir 2,5 mil milhões de dólares na extracção e transporte do gás no delta do rio Níger.
Em Junho, o Governo nigeriano convidou o consórcio russo a participar na construção de um gasoduto de 4300 quilómetros, através do deserto do Sara, que se poderá transformar no maior meio de fornecimento de gás à Europa. A concretização do projecto deverá custar cerca de 13 mil milhões de dólares e o gasoduto entrará em funcionamento em 2015.
Por enquanto, a Gazprom não tem pressa em revelar a sua posição face a essa proposta.
“Para começar, é preciso criar uma empresa conjunta, as questões posteriores serão alvo de conversações”, declaram fontes da Gazprom ao diário económico russo Rbc-daily.
“Se a Gazprom conseguir o direito de exploração de hidrocarbonetos na Nigéria e de participar no gasoduto através do Sara, isso reforçará significativamente as suas posições no mercado europeu. Nomeadamente, permitirá entrar nos mercados de Espanha e Portugal, onde a empresa russa praticamente não está presente”, declrou Serguei Pravossudov, director do Instituto da Energia Nacional.
Svetlana Savtchenko, directora do Departamento de Investimentos da empresa 2K Audit, considera que, tendo em conta a instabilidade política na Nigéria e o envolvimento da Gazprom em numerosos projectos na Rússia, a empresa russa não deverá fazer investimentos de imediato.
“A julgar por tudo, o memorando sobre a cooperação foi assinado a olhar para o futuro. Devido ao esgotamento das reservas de gás, dentro em breve, os jazigos nigerianos tornar-se-ão muito atraentes”, sublinha.
Natalia Ovsiannikova, do Instituto dos Problemas dos Monopólios Naturais, considera que esses projectos poderão provocar uma reacção muito negativa da União Europeia, “que já está demasiadamente preocupada com a sua dependência em relação ao gás da Gazprom”.
“À luz do que foi dito, a Rússia poderá utilizar a Nigéria para exercer pressão sobre o mercado do gás dos países da UE”, sublinhou.
15 comentários:
A Nigéria vive atravessada por problemas étnicos e políticos, com graves conflitos entre muçulmanos (que querem impor a Sharia a todos) e cristãos; problemas ligados às forças centrífugas que tendem a desfazer a Federação entre os diversos Estados; e conflitos étnicos de base.
Se os problemas étnicos e políticos no Cáucaso impedem o investimento estrangeiro, investir na Nigéria é um risco bem maior.
De qualquer modo, considero lógico que a Gazprom invista neste mercado. Também a Galp o deveria fazer pois no delta do Níger há petróleo, e muito...
Não é o caso frisar problemas etnicos ou modalidade de crença da Nigéria. Afinal, foi um circo armado pelos europeus há décadas. E quanto ao que impede o investimento estrangeiro no Caucaso é por pura imposição dos cara-de-paus que sugam as américas pobres, hoje a apoiar mais um evento que eles chama de "eleições americanas".
A Rússia precisa de investir muito na península de Yamal e em Sakaline, ja para não falar do extremo oriente. Por outro lado, a Nigéria tem um ambiente institucional e social muito conturbado, e portanto não é um parceiro seguro. Sem duvida que se trata de uma manifestação de intenções para o futuro, mas não só. No meu entender, o que esta em questão é a constituição de uma "OPEC" para o gás. é preciso enquadrar esta noticia no tempo, e nas relações russas com os países exportadores de gás como a Argélia.
No que toca ao mercado ibérico, a Gazprom ja entrou e tem outros meios para o aprofundar a sua presença. Ela vende actualmente gás aos industriais espanhóis através de swaps que faz com outros operadores ibéricos (ex. Gas Natural), que consistem em "emprestar" gás em Espanha que a Gazprom restitui em Zeebrugge, na Bélgica. Lembro-me de ver ha um ano, durante uma estada em Madrid, uma comitiva enorme de russos instalada num dos hoteis centrais da cidade. Certamente que não estavam a negociar jogadores para o Zenith.
Então é por isso que os russos andam em conversações com os alemães, já que nós não temos dinheiro para nos anteciparmos...
A Rússia sabe bem quais são as suas prioridades, ou seja os mercados Europeus. Parece-me muito mal se a UE permitir que a Rússia venha a impor-se como intermedíária no fornecimento de energia à Europa noutras regiões do globo, tal como tenta faze-lo na Asia Central. A UE deve continuar a reforçar o seu investimento nas energias renováveis e nuclear, e na diversificação das suas fontes. Parece-me uma boa ideia a parceria EURO-MED, tendo como um dos projectos a produção de energia solar nos países do Norte de África para fornecimento à Europa. Tudo aquilo que seja feito para reforçar a independencia energética da UE é bem vindo. Os cidadãos Europeus deveriam estar mais atentos a este assunto e exercer uma maior pressão sobre os orgãos da UE e dos seus países para avançarmos com maior rapidez neste assunto, e evitar que certos politicos caiam na tentação da Gazprom e na tentação de reforçar os interesses russos dentro da UE. Só cito um exemplo o de Gerhard Schroeder. Por outro lado para quem tem tantos mercados à sua disposição, segundo as declarações dos dirigentes Russos, é estranha e no minimo suspeita esta constante direcção dos interesses Russos para a Europa, nem que seja através da Nigéria.
Caro Sérgio, se o nuclear não tivesse efeitos perversos até poderia partilhar da sua opinião. Agora, os casos anormais de leucemia nas populações junto às centrais dão que pensar. Para já não falar do risco de acidente, da proliferação de armas e da gestão de resíduos. Segurança energética sim, mas não a qualquer preço. E nunca se esqueça que as importações de hidrocarbonetos da Rússia beneficiou ao longo dos últimos anos sobretudo a Europa. Isto porque acede a um input vital no processo produtivo - energia -, a baixos preços. E se me permite, o facto do comércio de energia permitir uma redistribuição de poder aquisitivo entre povos vizinhos (pesa embora as desigualdades), deveria ser mais um motivo de paz e não deveria ser condenado. Cumprimentos!
Caro Nuno Bento, conheço perfeitamente os riscos da energia nuclear, assim como sei que não é uma opção consensual. Quanto á redistribuição do poder aquisitivo entre vizinhos, concordo consigo, desde que nunca seja posto em causa o abastecimento e a segurança energética da UE, e este tipo de relações comerciais nunca sejam utilizadas para fazer pressão sobre a União ou qualquer dos seus países amigos. Ora se bem me recordo a Rússia já utilizou este tipo de instrumento ao seu dispor com os seus vizinhos. Que garantias terá, que ela não fará o mesmo com a restante UE, se e quando se sentir capaz para isso. Só mais uma coisa, lá por sermos amigos e vizinhos, não quer dizer que devemos deixar de olhar pela nossa vida. Os russos certamente que põem os seus interesses acima dos interesses dos outros paises vizinhos. Não são eles que apesar de já assegurarem uma boa parte da energia consumida na UE, tentam por todos os meios assegurar que toda a energia da Asia Central passe pelos oleodutos e gasodutos do seu territorio em detrimento das rotas alternativas que passam pelo Caucaso. Será que este tipo de comportamento é uma boa prática de um bom vizinho preocupado com os interesses dos países da UE seus clientes. Bem, há quem acredite nisso, como há quem acredite que é preciso a todo o custo não chatear a Rússia nem que seja á custa do que deveria ser nosso. Abraço.
A única forma da UE se tornar energéticamente autónomo é através do investimento nas renováveis e no nuclear. Todas as restantes opções colocam-nos na dependência de russos, árabes, africanos e americanos. A cooperação EURO-MED em nada nos adianta pois os países produtores continuam a ser não-europeus.
Pippo,a cooperação EURO-MED ajudará a diversificar as fontes de abastecimento. Abraço
Caro Sergio, nunca houve problemas com o fornecimento de gás à Europa, mesmo durante o período de maior instabilidade da guerra fria, durante os anos 80. Houve sim recentemente o caso com a Ucrânia. Este país, para além de querer instalar bases e misseis da NATO no seu território, quer ainda continuar a receber o gás russo a um quinto do preço de mercado por "solidariedade" com o ex-bloco de leste! E, não contente com os preços de saldo e com os chorudos direitos de passagem, ainda rouba uma quantidade impressionante de gás dos tubos para depois revende-la à Europa.
Não é verdade que os Europeus não querem trabalhar com os russos no sector energético. Veja os projectos da Total e da Eni. Mesmo as empresas portuguesas estão a partir para a Russia para participarem na remodelação do sector electrico.
Relativamente ao nuclear e ao renovável. O primeiro não é sequer considerado "energia durável" pela Comissão. Quanto ao segundo, é concessual que será o futuro. Porém, para além dos limites técnicos a curto-prazo, junta-se também a questão da viabilidade económica. No fundo, não se pode alargar muito mais a proporção de energias renováveis na Europa a curto-prazo sem custos económicos e sociais devastadores. é que a industria europeia não iria suportar um preço da electricidade 2 ou 3x mais elevado, o que geraria ainda mais desemprego. Infelizmente a transição ainda dura o seu tempo.
concordo consigo sr. Nuno bento.
Só acrescentaria que não é o povo ucraniano que quer virar as costas á russia, são apenas um grupo de interesses instalados na ucrania de frustados, que se manifestam na figura do actual presidente da ucrania.
A russia mesmo em plena crise economica cumpriu sempre com as suas obrigações, começo a acreditar que existem rasões sinistras por detras de todo esta atitude anti-russia.
Que tem de mal a russia estar a querer levantar-se?
Luis.
Para quem, como eu, vive no leste da Europa esta notícia parece algo assustadora. Vai também o meu país fiar dependente da Rússia por causa do gás. De certeza que não vão morrer de frio como por esta parte do planeta mas a Europa está a ceder demasiado à Rússia.
o sr schnell pode estar tranquilo quanto ao seu conforto porque os russos ao contrário dos polacos/ balticos/e companhia ainda têm honra e integridade.
há! e haver gente que insinua que a russia quer invadir/dominar outros países é uma total falta de honestidade.
Espero que alguns não sejam analistas/colonistas e não estejam a ganhar dinheiro por isso.
Luis
adeus Portugal!
bóris
Luis,...russos íntegros e honrados???hahahaha que mundo você vive?
vc é muito alienado!!
carlos
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