segunda-feira, setembro 08, 2008

Mais um passo para a segunda Crise das Caraíbas


Andrei Nesterenko, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, anunciou que navios de guerra da Armada da Rússia irão realizar, este ano, uma visita a um dos portos da Venezuela e aviões de combate a submarinos serão temporariamente instalados em aeródromos desse país da América Latina.
“Até ao fim do ano corrente, no quadro de uma viagem de longo curso, está planeada a entrada de um grupo de navios da Armada da Rússia num porto da Venezuela, nomeadamente, trata-se do cruzador nuclear pesado Pedro, o Grande, do navio de combate a submarinos Almirante Tchabanenko”, declarou o diplomata numa conferência de imprensa em Moscovo.
Nesterenko sublinhou que estas decisões dos militares russos “não estão ligadas aos acontecimentos no Cáucaso” e “não estão viradas contra terceiros países”.
No sábado, ao discursar na abertura do Conselho de Estado da Rússia, o Presidente Medvedev mostrou-se irritado com a presença de tropas da NATO no Mar Negro.
“Como é que (os EUA) se sentiriam se a Rússia enviasse ajuda humanitária em navios de guerra para a bacía das Caraíbas, lugar atingido recentemente por um furacão?”, perguntou o dirigente russo.
O porta-voz da diplomacia russa anunciou também que Moscovo se opõe a uma missão autónoma da União Europeia em Tbilissi.
Depois de lembrar que Bruxelas tinha avançado essa ideia no campo da política europeia de segurança e defesa da UE, Nesterenko acrescentou: “consideramos que isso conduzirá à fragmentação excessiva dos esforços internacionais de monotorização, que hoje são realizados pela ONU e OSCE”.
“Apoiamos a decisão da OSCE de enviar um grupo de observadores militares para a zona do conflito e esperamos que a UE participe activamente nos esforços da OSCE na zona de segurança adjacente à Ossétia do Norte”, sublinhou o diplomata.
Ou seja, o Kremlin pretende que a União Europeia controle apenas as tropas georgianas, sem ter direito a controlar as acções das tropas russas na Ossétia do Sul e Abkházia.
O diário Kommersant avança hoje que o Kremlin vai propôr à delegação da UE que se encontra em Moscovo um plano que prevê “o acesso de observadores militares da OCSE à zona conflito em torno da Ossétia do Sul, cuja tarefa central será controlar as tropas georgianas; a análise de questões ligadas à instalação de forças policiais na zona do conflito georgiano-osse; assinatura de um acordo de não emprego da força entre a Geórgia e a Ossétia do Sul”.
Deste modo, o Kremlin descarta a possibilidade da instalação de capazes azuis internacionais na zona do conflito, em substituição dos destacamentos que lá tem aquartelados.

Andrei Nesterenko declarou também que “merece atenção” a realização de uma investigação internacional dos acontecimentos na Ossétia do Sul, mas sublinha que ela deve ser “multilateral, profunda e extremamente objectiva” e ter como objectivo “determinar o culpado da agressão e da morte de civis”.
Porém, sublinhou que o MNE da Rússia lamenta o facto da reunião de ministros dos NE da UE, em Avinon, não ter condenado a Geórgia pela agressão contra a Ossétia do Sul.

3 comentários:

Anónimo disse...

Uma patrulha dos aerotransportados russos se proposto a trabalhar mais intensamente nos céus da Europa, para mim estaria bem: a NATO em terra e os aviões russos nos ares. Assim sendo, teríamos um quadro equilibrado.

MSantos disse...

Isto vai ser complicado: o cruzador de batalha "Pedro O Grande" é um dos símbolos do antigo poder naval soviético (classe "Kirov). Dispõe de uma bateria de 20 mísseis Granit (SS-N-19) com alcance de aproximadamente 500kM. Nunca a URSS se atreveu, mesmo nos períodos mais agressivos, a enviar uma plataforma deste calibre para o mar das Caraíbas.

Anónimo disse...

Claro que as notícias se esquecem de referir que em Julho os EUA reactivaram a 4ª Esquadra para patrulhar as Caraíbas, após um interregno de quase 5 anos...