sexta-feira, novembro 21, 2008

Programa de Vladimir Putin para superar crise


A Rússia dispõe de recursos suficientes para resolver o problema dos créditos destinados às empresas nacionais, declarou Vladimir Putin, primeiro-ministro russo, na abertura do X Congresso da Rússia Unida.
“Hoje é necessário resolver a questão do crédito a conceder às empresas nacionais recorrendo quase unicamente aos nossos próprios recursos financeiros. Temos todas as cartas na mão”, sublinhou Putin, que é também presidente da Rússia Unida, partido que tem a maioria qualificada na Duma (câmara baixa) do Parlamento russo.
O primeiro-ministro russo considera que as reservas do país são largamente suficientes: “a economia russa gera um importante volume de rendimentos, que devem ser convertidos em capital, o sistema financeiro deve adquir eficácia e a estabilidade necessárias para esse fim”.
Putin prometeu investir mais de 50 mil milhões de rublos (1,4 mil milhões de euros) em 2009-2010 com vista a prevenir a falência de empresas do complexo militar-industrial face à crise financeira mundial.
“O Governo tornou a decisão de transferir mil milhões de dólares para o Fundo Monetário Imternacional para ajudar os países que se vejam num situação financeira muito difícil, assim como conceder créditos à China e à Índia para a aquisição de equipamentos russos, o que permitirá conservar os postos de trabalho e os lucros das nossas empresas”, anunciou.
O dirigente russo defende também que a Rússia deve explorar a crise financeira para melhorar a sua competividade.
“Graças ao potencial económico e político que acumulámos, podemos e devemos colocar novos objectivos, sair deste período de instabilidade mundial ainda mais fortes e competitivos, explorar a crise como instrumento para melhor a nossa eficácia”, frisou Putin, recebendo fortes aplausos das centenas de delegados e convidados do Congresso da Rússia Unida.
“As nossas reservas, continuou, garantirão a estabilidade do sistema orçamental nos próximos anos, independentemente do preço do petróleo e dos produtos tradicionais de exportação, o que significa que os salários dos trabalhadores do sector público, as reformas e os subsídios sociais serão regularmente pagos e que o sistema de assistência social funcionará sem falhas”.
“Vamos resolver os problemas tendo em conta os cidadãos do país”, precisou.
Dmitri Medvedev, Presidente russo, participou também na abertura do Congresso para pedir aos militantes da Rússia Unida que participem activamente na superação da crise financeira mundial.
“O Estado respeitará os seus compromissos sociais neste período difícil... e o partido Rússia Unida, que dispõe de grandes recursos administrativos, deve participar activamente neste trabalho”, frisou.
Embora seja presidente da Rússia Unida, Vladimir Putin não é militante desse partido. Os delegados esperavam que o primeiro-ministro russo anunciasse a adesão ao partido, o que ainda não aconteceu
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12 comentários:

Sérgio disse...

Presidente de um partido do qual não é militante, sim senhor, estamos sempre a aprender.

Sérgio disse...

O Putin deve estar constantemente a rezar para que esta crise passe depressa, diga-se, como todos nós. Mas para o discurso politico Russo, eles são inatingiveis.

Anónimo disse...

A questão que o leitor Sérgio levantou quanto a Putin ser presidente do partido e não ser militante foi uma das que me deu mais trabalho a explicar aos leitores lusófonos quando trabalhava em Moscovo numa agência de notícias.Tal situação é um contra-senso em português, uma coisa sem lógica e os leitores não a conseguem entender. Acontece que esta situação vem ainda dos tempos da URSS em que havia o "bloco dos comunistas e dos sem partido", ou seja, os que não pertenciam ao PCUS, que era uma forma de fazer crer que havia pluralismo. Actualmente, parece que será uma forma de controlar o Rússia Unida,mas mantendo um estatuto especial, "acima dos comuns mortais", mantendo talvez a característica que sacraliza o poder supremo, tão própria da cultura e história russas.

Anónimo disse...

Não gostaria de cansar os leitores nem o Zé Milhazes, mas a propósito do tema, traduzi um artigo publicado ontem no Gazeta.ru, que aqui compartilho convosco.

"O QUE É PERMITIDO A PUTIN NÃO É PERMITIDO AOS DEMAIS - Gazeta.ru

Os russos aceitam que o mandato do chefe de Estado aumente de quatro para seis anos mas só vêem na presidência Vladímir Putin.
Seis em cada dez russos não se opõem à ideia de rever a Constituição, intacta desde a sua adopção em 1993, para que o mandato presidencial dure seis anos em vez dos quatro actuais, segundo demonstra uma sondagem efectuada pelo Centro Levada nos dias 14-17 de Novembro. Vinte e seis por cento dos entrevistados dizem ser contra a revisão, proposta pelo presidente Medvedev no início deste mês.
Em 2002, a duração do mandato presidencial de 4 para 7 anos parecia aceitável para 48% dos cidadãos; em 2004, para 46%, em 2005, para 41%. A situação mudou unicamente em Outubro de 2007, quando já faltavam escassos meses para que Putin esgotasse o seu segundo mandato no Kremlin.
Os sociólogos estão seguros de que os russos interpretam a nova iniciativa como uma oportunidade de Putin voltar à presidência. Daí o crescente número dos adeptos de revisão da Constituição.
“A passagem formal do poder de Putin para Medvedev não mudou nada”, considera Alexei Levinson, chefe do Departamento de Estudos Sócio-Culturais no Centro Levada.
As pessoas mostram-se convencidas de que é Putin que continua a mandar na Rússia, apesar de ter passado de presidente para primeiro-ministro. Mais de metade dos entrevistados afirma que “o poder pertence ao primeiro-ministro, ou aos dois, Putin e Medvedev".
“De acordo com as nossas observações, a mudança de poder de Putin para Medvedev nunca chegou a consumar-se na prática”, assinalou o perito. “Na posição de primeiro-ministro, Putin continua a ser tão popular como era na presidência, apesar de todos os analistas augurarem que não iria manter o rating por muito tempo, por se tratar de um cargo técnico, quase equiparável a um porteiro”.
Levinson considera que na consciência colectiva dos russos se desenrolou “todo um drama” durante a presidência de Putin. “A intangibilidade da Magna Carta era para a maioria dos cidadãos uma garantia da estabilidade e do carácter respeitável do Estado. Ao mesmo tempo, havia o consentimento da maioria para que Putin tivesse um terceiro mandato, contrariamente à Constituição em vigor. Estava-se praticamente num beco sem saída e a mudança formal dos cargos pareceu muito conveniente para todos.
Medeved, na opinião do perito, “praticamente deu a entender que o aumento da duração do mandato presidencial não é para ele”. “Se tivesse anunciado claramente a intenção de se apresentar para um segundo mandato, de seis anos de duração, a sua ideia não teria recebido tanto apoio entre os russos”, conclui o sociólogo.

Anónimo disse...

Palavra, palavrinha, que gostam mesmo é de andar às voltas e não adiantar nada. Que Putin controla o sistema é novidade? Então o homem ia passar o poder assim, sem mais nem menos? Só se estivesse reformado! Agora que Medevedev não é fantoche nenhum, tem autonomia e toma decisões, ando a dizer desde o início.Dois homens a dividir o poder como a àguia de duas cabeças é o que é e o que deve ser. Que tem isto de criminoso?Eu só queria estes dois a mandar no Ocidente, onde nem cabeças, nem estilo.Porca miséria!

Anónimo disse...

Näo seria mais simples fazer "à portuguesa"? Dois mandatos consecutivos de cada vez, sem limite de vezes que se pode concorrer.

Para quê estes imbróglios?
Dêem é päo e aquecimento ao povo, que é isso que eles precisam urgentemente!

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Cara Cristina, a minha não me cansas. Pelo contrário, dás-me uma grande ajuda. Escreve sempre e um abraço para ti e para os teus.

Anónimo disse...

JM e Cristina, uma pergunta que talvez me possam responder: para além da indústria tradicional, até que ponto é que a Rússia está a investir na indústria do conhecimento, na tecnologia e na inovação?

Anónimo disse...

pippo eles não sabem responder porque o sr. fez uma pergunta que exige mais do que frases simples anti-moscovo.

PM.

antónio m p disse...

É curioso como a cultura política, tal como acontece com a cultura em geral, resiste em cada nação ás mais radicais revoluções sistémicas - tal como as tempestades resistem aos muros...

Por força de uma prática desenvolvida na URSS, ainda hoje o presidente do partido no poder não é militante do partido! E os mecanismos de poder, à margem da legitimidade eleitoral, permitem que os protagonistas do sistema se sobreponham ao regime formal.

Daqui à crítica sempre necessária do necessário regime democrático, vai um passo... de chinês - só porque é curto.

Anónimo disse...

PM, não seja injusto, eles (JM e Cristina) não o merecem.

Anónimo disse...

crise previsível...Nas últimas semanas, a Bolsa de Valores de Moscou interrompeu o pregão várias vezes. Houve fuga de capitais. Mais de 60% da capitalização do país se evaporou. Além disso, o preço do petróleo está caindo – e a Rússia é imensamente dependente dessa única commodity. Mas não é só isso. Pela primeira vez, desde o começo do século XX, a Rússia tem de se preocupar com o que os bancos europeus e americanos fazem.

augusto