terça-feira, dezembro 23, 2008

Padrões mais do que duplos


Alexandre Bastrikin (na foto), chefe do comité de inquérito da Procuradoria russa, veio afirmar que: "podemos dizer que fomos testemunhas do genocídio do povo osseta", e apresenta as suas provas: 162 civis ossetas do sul foram mortos durante a guerra de Agosto e não cerca de 500 como afirmam as autoridades da Ossétia do Sul.
"O importante não é o número, o importante é que determinámos que se tratou de uma acção consciente e planeada (dos georgianos) para destruir os ossetas enquanto grupo étnico", explicou.
"Isto permite-nos colocar a questão da responsabilidade dos dirigentes (georgianos), qualquer que seja a sua função", adiantou Bastrikin.
Antes de comentar as palavras deste homem da justiça russa, gostaria de sublinhar que considero que a morte de qualquer pessoa, independentemente da nacionalidade, sexo, raça, etc., etc., é uma tragédia e que os culpados devem responder perante a justiça.
Mas passemos agora aos números e vejamos. Se Moscovo considera que assassinar 162 civis ossetas é um genocídio, porque é que não reconhece que o Holodomor (grandes fomes) na Ucrânia não é também um genocídio? Essa praga provocada por Estaline provocou milhões de mortos.
Eu sempre defendi que o Holodomor não é um genocídio, mas um crime contra a Humanidade, mas o sr. Bastrikin faz-me realmente mudar de opinião.
Podem dizer-me que o Holodomor já foi há muito tempo, mas então lembro um caso mais recente e que ocorreu dentro da própria Rússia, sublinho, não foi fora das suas fronteiras.
Nas duas guerras da Tchetchénia, que se iniciaram em 1994 e duraram, com curtos intervalos, mais de dez anos, as tropas russas mataram centenas de milhares de civis, não foi de guerrilheiros e terroristas armados, mas de homens, novos e velhos, de mulheres, novas e velhas, e de crianças. Repito, e não estou a exagerar, centenas de milhares.
Alguma vez o Kremlin considerou isso um genocídio do povo tchetcheno?
Contas mais do que esquisitas e que mostram a urgência de uma investigação internacional sobre a guerra de Agosto entre a Rússia e a Geórgia. Na altura, os justificadores das acções de Moscovo falaram até em 1500 mortos e mais, mas, no fim de contas, não foram nem quinhentos, como diziam as autoridades separatistas da Ossétis do Sul, chefiadas por um senhor chamado Kokoiti, muito pouco credível e honesto.
Não serão as palavras do Sr. Bastrikin um exemplo acabo de hipocrisia e padrões duplos?
Rejeito explicações do tipo "os norte-americanos fazem o mesmo", porque este blog chama-se "Darussia".

21 comentários:

Anónimo disse...

Sr. Milhazes,

Ao deixar específico que rejeitaria colocações do tipo "Os Americanos Fazem o Mesmo", porque o blog se chama Darússia, não representaria uma negação dos fatos e da realidade? Com certeza este blog tem um objetivo que é o de trazer notícias, informações e fomentar debates sobre a Rússia e países adjacentes a região, mas limitar a visão dos fatos a um só ambiente, sem refutar a culpabilidade de atrocidades similares perpetradas por outras nações é querer tapar o sol com a peneira. O Sr. sempre defendeu que queria uma investigação internacional sobre este conflito, sei que escreve sobre este país, mas nunca vejo um posicionamento diferente, que não seja o de acusação e em momento algum se vê um posicionamento que comente sobre as atrocidades americanas ou o absurdo que continua a ser a ocupação do Iraque.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Wandard, o que quero dizer é que uns crimes não justificam outros. É que alguns vêem com o argumento de que os "americanos também fazem". Isso não é justificação. Estou de acordo consigo de que a ocupação do Iraque foi um crime, já disse e escrevi isso várias vezes. Frisei esse aspecto no meu post apenas para que as opiniões se centrem no fundamental: na forma demagógica, diria mesmo primitiva, com que tenta explicar algumas coisas. O Sr. Bastrikin quer fazer dos habitantes da Rússia, de toda a opinião pública idiotas.

Hugo Albuquerque disse...

Concordo, um erro não elimina mesmo o outro; Veja só, eventuais crimes cometidos pelo Estado Soviético e depois pelo Estado Russo devem ser investigados e se for comprovada a culpa, os responsáveis devem ser punidos, no entanto, eles não eximem o Estado Georgiano de ser responsabilizado por abusos que ele tenha cometido recentemente. Não importa se foram 162, 500 ou 1500 pessoas mortas para se configurar genocídio, mas sim a intenção do assassinato. Foram mortos unicamente por serem serem ossetas? Então é genocídio. Se não, é assassinato em massa mesmo. Isso, volto a repetir, não inocenta o Estado russo do que quer seja, mas não vai ser a culpa russa que vai eximir o Estado georgiano do que quer que seja.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Hugo, não houve a minha parte desejo de eximir o Estado georgiano. Se o inquérito internacional provar que Saakachvili ou outros dirigentes georgianos foram culpados, seja feita justiça.

Simões disse...

Gostaria de levantar duas questões a este respeito:

1) 162 mortos foi o número confirmado, embora tenha havido uma série de relatos de cadáveres enterrados em quintais durante os combates em Tskhinvali, o que poderia inflacionar o número, certo?

2) A questão do Holodomor foi abordada um destes dias na edição online da RIA Novosti por um comentador convidado, que dizia ser a Grande Fome dirigida a determinados estratos sociais (os camponeses a quem o Kremlin queria impor a colectivização agrária) e não a determinados grupos étnicos, sendo esta última a comum definição de genocídio. Concorda?

Em todo o caso, partilho da sua opinião, este tipo de personagens a debitar este tipo de enormidades insultam a memória de todos os que sofreram em todas as tragédias que evocamos...

Hugo Albuquerque disse...

Sr. Milhazes,

E também não foi minha intenção dizer que o senhor pretende eximir o Estado georgiano do que quer que seja. Apenas pontuei que uma eventual hipocrisia russa na história recente não muda em nada a situação de Saakashvili e dos seus - nem pra pior ou pra melhor -,mas sim a natureza e o conteúdo da denúncia. Portanto melhor do que especular o que quer que que tenha acontecido na história recente da Rússia, o importante é manter o foco no caso em tela e em eventuais fatos conexos, dentre os quais eu não classificaria nem o Holomodor, tampouco a Guerra da Tchetchênia.

Simões,

Entrando no mérito do Holomodor, apesar do crime de Genocídio aparentemente enquadrar apenas casos de limpeza étnica - ao menos etimologicamente deveria sê-lo -, parece-me que ele foi estendido pela ONU para enquadrar casos de eliminação sistemática de grupos humanos de um modo geral. Mas sim, o caso em questão não foi um crime contra o povo ucraniano pelo simples fato deste sê-lo, mas sim contra os camponeses que não aceitavam o sistema agrário soviético e em graus menores, porém relevantes, impactou sobre os camponeses de toda a URSS. Ainda assim, pela definição atual de genocídio, sim, esse caso talvez pudesse ser classificado como um, não por motivos de limpeza étnica, mas por causas políticas.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Simões e Hugo, do ponto de vista legal, o Holodomor não é um genocídio, porque não havia a intenção de exterminar um povo, mas classes sociais. Por isso, penso que se trata de um crime contra a Humanidade. Se se seguir o raciocínio do Sr. Bastrikin, então o Holodomor é um genucídio não só do povo ucraniano, mas também russo, cazaque, bielorrusso, judaico, et., ou seja dos povos que sofreram com essa e outras pragas estalinistas.
Penso que as palavras não se devem banalizar, tanto mais quando se trata de um conceito tão grave como o genocídio.

Anónimo disse...

Sr Milhazes,

Como o Sr. mesmo comentou, e claro é um fato, o Holodomor não atingiu apenas os ucranianos, apesar de um enorme percentual deste povo ter sido dizimado, e é certo que as características desta atrocidade não configuram como genocídio, dentro do entendimento legal, mas então quem responsabilizar ou julgar, já que o Holodomor atingiu os soviéticos na época da URSS e hoje esta não mais existe, assim como o próprio Stalin? Hugo, concordo que um crime não elimina outro, e claro, crimes tem de ser investigados, culpados encontrados e julgados. O problema que no caso georgiano, não existem fatos a serem investigados, mas sim negados e/ou encobertos. É mais do que claro que foi a consequência de jogo de interesses dos EUA e aliados, contra a Rússia. Interesses estes econômicos e estratégicos, bem figurados pelo pipeline Baku-Tiblisi-Ceyhan, com 55 km na Ossétia do Sul, que tiraria da Rússia um importante recurso econômico dos hidrocarbonetos, e a possível instalação de forças da Otan no quintal caucasiano da Rússia. A Geórgia foi a marionete, os americanos e aliados subestimaram a Rússia e a Georgia pagou o pato, o resto é jogo de cena para impressionar.

MSantos disse...

Obviamente a Rússia tinha que apresentar um inquérito em que o agressor seria a Georgia, assim como esta apresentou aquele outro culpando a Rússia, há poucos dias.

Acho irrelevante qualificarmos como genocídio, hecatombe, crimes contra a humanidade, etc. O importante é que todas estas acções mataram pessoas inocentes e mesmo outras que não fossem, deveriam ter tido direito a outro tipo de justiça, independentemente da classificação que isto tenha.

Sobre o holomodor, já foi debatido neste blog, e apesar de se ter tentado conotar a intenção á Rússia (por alguns participantes), todos os povos soviéticos foram vítimas. Mais: o holodomor não foi o único grande crime do georgiano (já que algumas pessoas gostam tanto de chamar os bois pelos nomes), Estaline, durante o seu reinado matou muita e valorosa gente de todas as etnias e quadrantes (e temos de o dizer, a maioria eram comunistas) que se calhar, quantificados serão tantos ou mais que o holodomor. Pena é que os apontadores habituais também não se lembrem deles. E além de Estaline, existiram todos os líderes soviéticos que também cometeram crimes monstruosos, tais como Lenin, Kuroshev, Brejnev, Andropov e Gromicko não tantos porque a saúde não deixou. Obviamente não consigo incluir aqui Gorbachov, mas isso é só uma opinião minha.

Sobre a Tchechenia, os Russos foram pura e simplesmente bárbaros e criminosos. Na minha opinião, haveria mil vezes mais razões de levantamento contra a Rússia por parte do Ocidente do que todo aquele alarido por causa daquele arruaceiro de Tbilissi.

E isto apesar dos então líderes Tchechenos quererem instalar um califado talibã, opressor, assassino, com todas aquelas "maravilhas" dos regimes fundamentalistas islâmicos, que obviamente seria uma ameaça á Rússia tal como o Afeganistão foi para o mundo.

Lembra-me de assistir a um video que me chocou imenso onde estes selvagens degolavam soldados russos a implorar pela vida. Foi das coisas que mais me impressionaram (e evito lembrar-me) e sei que também se passava o mesmo em sentido contrário.

Se nós olharmos para todo este panorama só encontramos culpados e ninguém é inocente.

Mas tenho de trazer os Estados Unidos á berra, não pela razão que o José Milhazes referiu, pois quem me conhece sabe que não alinho por esse estilo de retórica, mas sim na sua responsabilidade nestes conflitos, pois apadrinharam e promoveram algumas destas facções, sendo o mais óbvio exemplo, o Senhor Schakashvilli, ou até o presidente ucraniano cuja esposa era até há bem pouco, americana e trabalhava numa daquelas "agencies".

Relativamente á investigação internacional é que neste momento o mundo está tão mergulhado num ambiente de faccciosismo e parcialidade chocantes que não encontro nenhuma entidade fidedigna para realizar tal estudo com a devida isenção que se lhe exige.

Depois de toda esta retórica inflamada, longa, e porque não, chata, resta-me desejar a todos os participantes, mas mesmo todos, um Bom Natal e Feliz 2009 e que continuemos todos a esgrimirmo-nos pelas nossas convicções

Cumpts
Manuel Santos

Hugo Albuquerque disse...

Senhores,

O que eu quis dizer no meu segundo comentário - inclusive corrigindo o que eu tinha colocado no primeiro comentário e que eu só vim confirmar agora - é que não eu, mas a ONU entende "Genocídio" como algo mais amplo que, por sua vez, extravasa a questão da limpeza étnica. Pessoalmente eu não concordo com isso, porque descaracteriza o sentido do termo bem como, de fato, banaliza o crime.

No entanto, o que a definição 260(III) feita na Assembléia Geral de 48 que passou a vigorar em 1951 diz, em seu Artigo II, que genocídio é "(...)qualquer dos seguintes atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:

(a) matar membros do grupo;
(b) causar lesão grave à integridade de física ou mental de membros do grupo;
(c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
(d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
(e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.


Portanto, segundo a ONU, se for comprovada que o que ocorreu no Holomodor não foi fruto de omissão, então estamos diante de genocídio que, inclusive, é crime imprescritível.

Obviamente tal caso não se deu por motivos étnicos, mas já que teve fundo político, então...

Por outro lado, se vocês lerem com atenção a definição, isso complica o lado georgiano na recente aventura que o país se meteu.

Wandard

O governo americano armou e treinou as forças armadas georgianas e para isso contou, inclusive, com o apoio de aliados seus como Israel, por exemplo. Em troca a Geórgia mandou tropas para o Iraque. Isso faz parte da estratégia de cerco à Rússia ao qual eu me referi no meu último comentário no post sobre os automobilistas.

A administração Bush, em sua infinita incompetência e imoralidade, armou Saakashvili achando que mesmo que ele fosse mais canalha ou burro do que aparentasse, o máximo que aconteceria seria a Rússia atolar em um guerra novamente. Ledo engano. O presidente georgiano é mais burro e canalha do que eles acreditavam ao mesmo tempo que a Rússia não atolou no combate. Felizmente.

Anónimo disse...

Hugo,

Concordo com você plenamente e Manuel, como sempre fez boa participação, com educação e o equilíbrio que lhes são sempre pertinentes.

A todos um Feliz Natal e grande abraço.

Anónimo disse...

"Caro Wandard, o que quero dizer é que uns crimes não justificam outros"

Não está precisamente o meu Caro Milhazes a justificar o da Osétia do Sul?

Desculpe que lhe diga mas na questão da Ossétia quase que me parece o seguinte: chama a alguém ladrão e esse alguém que prove que não é. Até o demonstrar será sempre ladrão...

Um pouco doentio, convenhamos.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor, toulixado, não compreendi o seu raciocínio. Eu estou a justificar o quê realizado por quem, pois no conflito da Ossétia do Sul há váriasa partes.

Anónimo disse...

Senhor Milhazes; o Senhor como jornalista sabe melhor que todos aqueles que participam neste fórum que a primeira vitima a tombar na guerra é a Verdade. Portanto os comentários de A. Bastrikin ou de qualquer outro que esteja envolvido neste conflito não nos devem surpreender. Acho no mínimo estranho a forma como o Senhor J. Milhazes coloca este assunto, tentando relacioná-lo com as outras questões que põe mais á frente. O Senhor J. Milhazes como jornalista também sabe que a manipulação da informação é o melhor meio para controlar a opinião pública no sentido de apontar um culpado e encontrar uma vitima. Não é por acaso que a desinformação é a primeira arma a ser usada em todas as guerras!
Com isto não pretendo relacionar o seu artigo com aquilo que se costume dizer , meter os ovos todos no mesmo cesto, só que da forma como está o colocado pode levar a essa interpretação. Quanto ao numero de vitimas, se morressem dez ou vinte já era dramático. ( Fala-se em 162, não esqueça que o Sadam foi enforcado por 148) , foram vitimas inocentes de um conflito que não é recente, em que forças forâneas àquela região por muitos e variados motivos só têm contribuído para o agudizar cada vez mais. Atribui-se aos pipelines a razão principal . Mas existem outras razões não menos preocupantes. Como o perigo de uma erupção do vulcão étnico do Cáucaso que pode alastrar sem controle a toda a Federação Russa, nesse ponto a Rússia tem legitimidade de o evitar por todos os meios. E donde pode partir essa ameaça senão da fronteira sul da Rússia? O Senhor sabe muito bem que as relações entre a Rússia e a Geórgia se azedaram ainda mais, quando Moscovo acusou Tbilissi por permitir a passagem de apoio aos Tchetchenos através do desfiladeiro de Pankisi ( creio que houve bombardeamentos por parte da aviação Russa).
No conflito de Agosto ultimo observei um dado curioso, que passou despercebido à maior parte dos telespectadores. Houve jornalistas que não passaram para além de Vladikavkaz, portanto a mais de 150 km da fronteira da Ossétia do Sul (Rokskii), narravam os acontecimentos como os tivessem presenciado. Do lado da Geórgia foi igual.
Quanto à Techetchenia, Senhor Milhazes não podemos reduzir o km ao metro sustentando a mesma distância, este conflito tem raízes muito profundas e duradouras, é um acto de justiça de todos não esquecer as vitimas e o sofrimento da população, isso seria estar conivente com tudo o que se tem passado, mas de igual modo também não se pode ser hipócrita ao ponto de chorar as vitimas e não acusar todos os culpados da tragédia.
Senhor Milhazes não sei se conhece um trabalho de Galina Zauberkova uma etnóloga Tchetchena?
O povo Tchetcheno é um povo guerreiro por necessidade, nunca ao longo da sua história tiveram um estado organizado, sempre viveram em clãs ou “Teipes” tentaram instituir o reino Sinsir no século XIV mas por pouco tempo, com a invasão de Temerlão perderam mais de dois terços da população , não se renderam, refugiando-se nas montanhas e daí prosseguiram a resistência
Quanto ao conflito actual, embora com toda a sua envolvente histórica, temos que ser clarividentes na análise da situação no sentido de não deixar-mos voluntária ou involuntariamente escapar responsabilidades a quem de facto lhes cabe.
Yeltsin na sua ânsia de poder não olhou a meios para atingir os fins, prometeu ao líder Tchetcheno Dudaiev tanta soberania quanto pudesse digerir, só que este tinha um apetite insaciável, pode dizer-se um apetite canino. Só lhe interessava a independência! O que se seguiu é do conhecimento geral a confusão que se gerou e da forma como já estava a alastrar às regiões vizinhas, a Tchetchenia tornou-se numa escola de Wahhbismo, as perseguições e expulsões de quem não fosse da etnia Vainakh, o tráfico de armas de drogas de ouro de divisas não tinham quaisquer regras. Aquela fanfarronice de Gratchov que ocupava Grosny em duas horas com um só regimento de pára-quedistas. Sofreu um desastre estrondoso com a ofensiva lançada pelas forças de elite na véspera de ano novo , perderam mais de mil homens e várias centenas de tanques. De seguida houve quase uma rebelião nos altos comandos militares com demissões em massa.
Os dez anos de guerra na Tchetchenia trouxeram prejuízos tremendos à Rússia , viu-se em apuros para dominar a rebelião , quem pode esquecer Budionovsk, Buinaks,Volgodonsk, Kaspiisk, Kisliar, Beslan, kaschirka ou Nord-Ost. E com a ofensiva Russa para retomar o controle da situação, também não se pode esquecer centenas de milhares de civis mortos, milhares de civis e militares mutilados, povoações arrasadas, a economia destruída, milhares de pessoas em campos de refugiados. Tudo isto é dramático para quem o viveu. E tem responsáveis; no entanto tentar atribuir-se a exclusividade das responsabilidades a Putin é um acto de má fé.
Quanto ao Holodomar o meu comentário é que Estaline as intempéries que contribuíram para o mau ano agrícola e os Koulaks, tudo junto têm servido como óptimo meio de propaganda para desacreditar o Socialismo e tudo o que representou para a libertação dos povos na sua luta contra o grande capital. A única grande asneira que me apetece dizer, que não é mais que um desenterrar de fantasmas.
A grande campanha mediática que se tem observado ultimamente não é chorar os mortos dessa grande catástrofe, mas sim assassinar as mentes dos que estão vivos.
Cin.naroda

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor Francisco, encontra-se justificações para os maiores crimes é só procurar com atenção. Leia com atenção o que eu escrevi. Eu não acusei particularmente o Sr. Putin de alguma coisa, mesmo na Tchtchénia, pois ele está longe de ser o único responsável.
Quanto àquela de "denegrir o socialismo", desculpe, os fascistas e nazis podem, com ops mesmos argumentos, dizer à Humanidade que já é tempo de esquecer os campos de concentração e de olhar para "a parte positiva" de Hitker e Mussolini. Volta-se à política dos dois pesos e duas medidas...

Afonso Henriques disse...

Sinceramente senhor Milhazes.

O senhor não tem nem apresenta provas dó alegado genocídio do povo Checheno e, não obstante, tem a liberdade de dizer o que quer sabe-se lá porquê. E afirma que ah e tal é genocídio.

Mas, quando todos já vimos o que aconteceu na Ossetia do Sul, o senhor tem dificuldades em classificar o genocídio de genocídio. Talvez o seu problema seja o de significado da palavra genocidio.

Olhe, passe um bom ano de 2009!

Sinceramente...

Afonso Henriques disse...

"Ao deixar específico que rejeitaria colocações do tipo "Os Americanos Fazem o Mesmo", porque o blog se chama Darússia, não representaria uma negação dos fatos e da realidade?"

Não, ó esperto. Se os Brasileiros fazem o mesmo, não tem nada a ver com o que os Russos os Geórgios os Ossetas e os esquimós fazem.

O senhor também deve acreditar que dizer que as aranhas não têm asas é "uma negação dos factos e da realidade" porque os sapos têm asas.

Ó rapazola, cresce! E já agora, aconselho-o a frequentar uma Igreja Católica como deve de ser para exorcisar esse tipo de... pensamentos, chamemos-lhe assim, que o seu mal é mesmo no âmbito da formação moral. É o que dá as IURDes e coisas do género.

Sinceramente.

Afonso Henriques disse...

"Caro Hugo, não houve a minha parte desejo de eximir o Estado georgiano."

Mas, olhe, senhor Milhazes, que não parece. Não parece mesmo.

"o Holodomor não é um genocídio, porque não havia a intenção de exterminar um povo, mas classes sociais. Por isso, penso que se trata de um crime contra a Humanidade."

Por essa lógica, todo o Comunismo - e algumas formas de Socialismo - são crimes contra a Humanidade porque assentam em praticar crimes contra a Humanidade.

E tenho dito já há muito tempo. Qualquer pessoa com dois dedos de testa o sabe. Mas agora pergunto-vos: E aqueles que apesar de não terem qualquer poder, apoiam o Comunismo, apoiam discaradamente crimes contra a Humanidade, como muitos, e provávelmente a maioria, neste blog? São o quê? Criminosos contra a Humanidade, ou são apenas ignorantes?

Questões interessantes que eu gostaria de ver um dia respondidas da boca de um Comunista. Mesmo que esse Comunista seja um cripto-Comunista ou "Ignorante-ó-Comunista" (Comunista sem o saber).
A sério que gostava.

Mas, segundo as lições de Lenine, só um Judeu me poderia dar uma resposta a isto porque os outros Comunistas são uma cambada de brutos ignorantes.

Interessante...

Afonso Henriques disse...

Eu fico parvo como alguém tão inteligente e aparentemente bem informado como o Frasisco, é "de esquerda"...

Deve ter sido qualquer coisa profunda... aquando ele era pequeno...

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Oh Afonso Henriques, critique, mas escolha as palavras. As coisas mais difíceis podem ser ditas com as palavras mais correctas.
Não sei onde aprendeu o calão e os insultos que utiliza, mas digo-lhe, como pessoa que nasceu, viveu e foi educada entre a Póvoa de Varzim e Caxinas, passei uma excelente escola, diria mesmo universidade, nesse género escrito.
Mas não recorro a semelhantes palavras porque tenho respeito pelos leitores, entre os quais está você. Se o Afonso Henriques acha que tem algum privilégio aqui, engana-se. Nem sequer o D.Sebastião tem.
E mais uma coisa. Por vezes, recebo mailes ou comentários com um insultos iguais aos seus, que posso garantir-lhe que foram escritos por marxistas-leninistas. Não queira ser igual a eles e, como aconselha os outros a ir à Igreja, não blasfeme.

Anónimo disse...

"como aconselha os outros a ir à Igreja, não blasfeme".

Nunca tinha ouvido esta expressão tão engraçada! :o)