domingo, dezembro 14, 2008

Primeiras eleições parlamentares após a morte do ditador Saparmurat Niazov

Os eleitores turquemenos escolhem hoje o novo parlamento do país, no primeiro escrutínio realizado após a morte do ditador Saparmurat Niazov, em Dezembro de 2006, e com a participação de observadores internacionais.
As eleições parlamentares realizam-se após a aprovação de uma nova Constituiçõ do Turquemenistão, que dissolveu o Conselho do Povo, constituído por 2507 funcionários públicos, deputados e representantes de organizações sociais, e dividiu os poderes desse órgão entre o Presidente da República, Gurbanguli Berdimukhamedov, e o novo Parlamento, que passará a contar com 125 deputados.
A nova lei suprema fixa também o pluripartidarismo, o avanço para a economia de mercado, o direito dos cidadãos a uma habitação condigna, controlo das riquezas nacionais.
“A época do grande renascimento veio substituir o período de transição concluído do sistema social e estatal soviético para o democrático”, proclamou Berdimukhamedov.
A fim de provar as suas intenções de abertura do regime, 288 candidatos foram autorizados a lutar pelos 165 mandatos no Parlamento e deixou entrar, pela primeira vez na história do país, observadores internacionais da Comunidade de Estados Independentes e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.
Porém, a oposição ao regime que se encontra no estrangeiro acusa Berdimukhamedov de continuar a política ditatorial do seu antecessor.
“No país ainda vigoram limitações da liberdade. Os frequenttadores dos cafés-internet têm de entregar os seus documentos a funcionários que fixam os seus nomes e os dados dos computadores”, considera Farid Tukhbatulin, que encontrou refúgio político em Viena.
Ao responder a acusações desse tipo, o Presidente turquemeno afirma: “é preciso cultivar a democracia com cuidado, prestando atenção às tradições das gerações anteriores, não se pode importar modelos feitos”.
No entanto, é de salientar que Berdimukhamedov tem feito muito para acabar com o culto da personalidade a Saparmurat Niazov, retirando o nome do ditador e da mãe do calendário, devolvendo o sistema de ensino médio e superior europeu, autorizando o bailado e outras manifestações culturais proibidas por Niazov.
O Turquemenistão, com uma área de 488 100 km2 e uma população de cerca de 4,6 milhões de habitantes, situa-se na Ásia Central e possui umas das reservas de gás natural maiores do mundo. Em 2008, esse país extraiu 80 mil milhões de metros cúbicos de gás e, em 2010, a produção desse combustível será de 120 mil milhões.
Dos 80 mil milhões de metros cúbicos de gás, 20 mil milhões foram para consumo interno, 50 foram adquiridos pela Rússia, que depois os revende à Europa, e 10 mil milhões pelo Irão.Devido às riquezas naturais deste país, ele vê-se no centro de uma luta de envergadura global. Além da Rússia, a Europa Ocidental, a China, a Índia e o Paquistão estão interessados nos hidrocarbonetos turquemenos.

3 comentários:

Sérgio disse...

Chega de intermediários no fornecimento de gás à Europa. Um acesso directo aos produtores e o mais rápido possivel.Quer dizer a maior parte do gás produzido por este país vem para a Europa via Russia, realmente compreendo porque é muito dificil para a Russia abrir mão deste maná, e o porquê de querer manter a sua esfera de influencia com prejuizo dos intersses Europeus e desses países que recebem menos do que receberiam se vendessem directamente.

Anónimo disse...

E como é que se pode adquirir o gás natural turcomeno sem intermediários? A matéria-prima tem de passar por algum lado. Se não dependermos da Rússia passaremos a depender dor turcos. Serão estes melhores senhores?

Afonso Henriques disse...

"Serão estes melhores senhores?"

N-Ã-O. DE MANEIRA NENHUMA.

Eu tinha feito aqui um curto comentário dirigido ao Sérgio na mesma linha. Um comentário irónico afirmando que o Sérgio defendia transformar o Turquemenistão num novo Iraque, e uma citação do século XIX acerca da legitimidade Britânica para colonizar a Índia, uma área já de si altamente Civilizada.

O Sérgio é apenas inconsequente, não tem malícia.