domingo, dezembro 28, 2008

Tropas especiam liquidam guerrilheiros, mas a guerra continua


O Serviço Federal de Segurança (FSB, ex-KGB) da Rússia anunciou hoje ter liquidado doze guerrilheiros na Inguchétia, república caucasiana da Federação da Rússia, entre os quais se encontravam o comandante Vakha Djenaraliev e mercenários estrangeiros.
“Durante a operação, que durou mais de 15 horas, foram liquidados todos os membros de um grupo de bandidos (assim são denominados pelas autoridades russas os guerrilheiros que lutam pela separação de várias repúblicas caucasianas da Rússia), em número de doze, que ofereceram renhida resistência armada”, lê-se num comunicado publicado pelo FSB na capital russa.
Segundo o Serviço Federal de Segurança, “entre os bandidos liquidados foram reconhecidos Djenaraliev e o seu ajudante Khamkhoev”, sublinhando que do grupo faziam parte “mercenários estrangeiros”.

“Durante a operação especial foram encontradas quatro bases da guerrilha com equipamentos técnico-militares, apreendidas armas automáticas, uma grande quantidade de munições e explosivos”, constata o comunicado.

Em conformidade com dados revelados pelo FSB, desde 1999 que Djenaraliev era “um dos principais comandantes dos bandidos” que actuam na fronteira entre a Tchetchénia e a Inguchétia, duas repúblicas russas do Cáucaso onde guerrilhas islâmicas combatem pela independência, realizou uma série de ataques contra as tropas russas e localidades da Inguchétia, participou no assassinato de agentes da polícia e do Serviço Federal de Segurança da Rússia.

Nos últimos tempos, Vakhi Djenaraliev, que tinha 28 anos, comandava o “sector inguche da frente sudoeste” e recebia ordens de Doku Umarov, comandante supremo da guerrilha tchetchena.

No comunicado informa-se também que não houve baixas entre as tropas e polícia russas durante a operação militar contra a guerrilha, que decorreu entre os dias 23 e 25 de Dezembro.

As autoridades de Moscovo há muito anunciaram a vitória sobre o separatismo islâmico no Cáucaso, mas não cessam os confrontos entre a guerrilha e tropas russas, principalmente na Inguchétia.

O sítio da guerrilha separatista na Internet Kavkazcenter dá a notícia citanto fontes russos, mas diz não possuir ainda elementos para confirmar esses acontecimentos.

21 comentários:

MSantos disse...

Por muito maus que sejam os russos, e são-no, temos também de nos lembrar o que representa esta guerrilha e o seu objectivo.

Ficou desde logo patente, desde o ínicio deste conflito em 92, que estes criminosos (desculpem, mas não consigo encontrar termo melhor) queriam a independência para instaurar um estado fundamentalista islâmico, já com a perspectiva de um dia mais tarde, se unirem ao grande califado universal.

De lembrar que os EUA começaram a apoiar os colegas desta gente no Afganistão, durante os 80s, a combater os soviéticos e agora passados 20 anos andam lá eles a combatê-los e a morrer.

É também importante não esquecer as chacinas que estes criminosos cometeram nos atentados do teatro Nord Est e a escola de Beslan, e isto apesar de todos os maus procedimentos da Mílicia russa.

Teria sido logo nessa altura, que os EUA e o Ocidente deviam ter abandonado a sua estratégia de cerco e divisão da Rússia e terem-se aliado no combate a estes terroristas, quer a nível de formação/orientação e também por meios humanos/militares.

Se tivesse havido logo de ínicio esta presença, talvez os russos não tivessem cometido as barbaridades que cometeram, ou pelo menos em menor grau, dado haver comprometimento e vigilância de outrem.

E talvez até com ajuda dos meios ocidentais e sem fazerem as chacinas que fizeram, talves esse combate tivesse sido muito mais eficaz, apesar da complexidade deste conflito.

Os guerrilheiros tchetchenos, á semelhança dos assassinos da ETA, IRA, PKK e outros, baseiam a sua política no terror, intimidação, através de líderes psicopatas violentos e perigosíssimos que unicamente pretendem instaurar regimes totalitários e opressores sejam de carácter estalinista ou fundamentalista islâmico.

Tudo isto antevê que uma das grandes batalhas que provavelmente serão travadas no Sec. XXI não será no plano ideológico mas sim entre a civilização ocidental e o fundamentalismo religioso (não só o islâmico).

Cumpts
Manuel Santos

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor Manuel Santos, em 1992, na Tchetchénia não havia nenhum movimento fundamentalista, nem nada parecido. Os primeiros defensores da autonomia tchetchena eram políticos laicos. A islamização deu-se depois da entrada em acção das tropas russas.
Quanto aos Estados Unidos, é verdade que tentaram, no Afeganistão, com o apoio às forças anti-soviéticas, vingar-se da derrota no Vietname, mas, como diz o povo, virou-se o feitiço contra o feiticeiro. No entanto, é de salientar que foi a União Soviética que invadiu o Afeganistão.
Quanto ao "choque de civilizações" no séc. XXI, não se preocupe, pois trata-se de uma teoria pouco fundamentada, cujo autor faleceu recentemente. Por exemplo, não se pode falar de civilização "islâmica", pois no interior do Islão há as mais diversas correntes, algumas das quais mortalmente inimigas, veja a luta entre sunitas e xiitas. O mesmo se passa com a "civilização cristã", também muito diversa.
Há perigos bem maiores e que já são reais: terrorismo, separatismo, etc., que pouco ou nada têm a ver com guerras civilizacionais.
Esta teoria faz-me lembrar outra que ficou "famosa", a do "fim da História". O resultado desta base ideológica do unipolarismo está à vista.

Hugo Albuquerque disse...

Caro José Milhazes,

Como e por quem essas guerrilhas são financiadas? É uma dúvida que sempre me ocorreu.

Anónimo disse...

Não concordo com a sua perspectiva, JM. Existe mesmo um choque entre civilizações no qual o epicentro é a civilização islâmica.
Quando argumenta que não existe uma "civilização Islâmica" devido às diferenças no seu seio, esquece-se que a definição de civilização se baseia nos pontos comuns, no sentimento de pertença a uma entidade cultural maior que difere das outras.
No Mundo islâmico temos várias esferas de proximidade, de pertença, começando pela família próxima, a alargada (o clan), a tribo, o povo, a seita e por fim a religião.
Apesar dos diferendos entre os diversos povos (persa, árabes, turcos, etc.), e mau grado as clivagens por motivos religiosos (por exemplo, o que faz com que o Irão não seja uma ameaça à Rússia é o facto do Irão ser sunita, enquanto que os muçulmanos russos são esmagadoramente sunitas), em todo o caso a afinidade religiosa lata suplanta a afinidade étnica.

Um iraniano xiita (persa), sente maior afinidade com um iraquiano xiita do que com um iraquiano sunita (ambos árabes); em compensação, não sentirá grande afinidade por um iraquiano cristão (árabe e "infiel");
Mas igualmente sente afinidade com um marroquino sunita, sobretudo se este for atacado por um espanhol cristão;
Um afegão acorre à Bósnia, ao Sudão ou à Chechénia para lutar contra indivíduos de outra fé.

Existe, portanto, um sentimento de pertença, este caso a uma Ummah, a qual engloba, para o bem ou para o mal, todos os muçulmanos independentemente da sua corrente sunita, xiita, ismaelita, kharidjita, até mesmo sufi.

Entre nós, cristãos, também existiu esse sentimento de Civilização o qual, no Ocidente, era chamada de "Cristandade". Os cristãos orientais, apesar de reconhecidos como cristãos, estavam um pouco excluídos desta "Cristandade", o que infelizmente ajudou à separação entre as duas principais correntes, a Católica e a Ortodoxa. Desde o séc. XVI que a "Cristandade" desapareceu, primeiro em virtude da fractura verificada no Ocidente, e depois devido à dessacralização das nossas sociedades, onde a religião foi relegada para a esfera privada e em seguida atacada, quer nas suas instituições, quer mesmo na sua própria existência.

Posteriormente surgiram novas "religiões laicas", como o Comunismo, o qual foi frequentemente associado à luta contra o imperialismo, indissosciado do capitalismo (aliás, este era a forma superior daquele). Estas novas religiões patrocinaram terrorismos internacionalistas, interligados, como as Brigadas Vermelha, o Exército Vermelho japonês, as Brigadas Bader Meinhof, etc., as quais colaboravam entre si ou com outros movimento libertadores (ETA, IRA, etc.).

Este internacionalismo laico desapareceu, mas o internacionalismo religioso cresce a olhos vistos, basta prestar atenção, ler as notícias, conhecer um pouco da realidade. Nada justificaria a presneça de árabes ou quirguizes a lutar na Chechénia se não fosse o factor religioso; nada justificaria a presença de bósnios, argelinos, franceses ou britânicos de origem paquistanesa no Afeganistão se não fosse pelo factor religioso; e nada justificaria a presença de uma terrorista suicida belga convertida no Iraque se não fosse pelo factor religioso.
A religião torna-se transversal a indivíduos e grupos étnicos e torna-se factor de mobilização na guerra contra "o outro", seja por motivos reais de "libertação contra o ocupante" (Palestina, Chechénia, Xinjiang-Uigur, Filipinas, Caxemira); por motivos de imposição de um governo islâmico a minorias étnicas não muçulmanas (Sudão, Nuristão - contra os kalasha - , Palestina - onde os cristãos foram perseguidos -, Egipto), ou seja pelo objectivo de criação de um Califado universal, primeiro nos países muçulmanos, e depois nos países da "Terra da Guerra", onde aliás os muçulmanos "radicais" ganham terreno, muito por culpa nossa, do nosso "politicamente correcto" e do nosso complexo de culpa pós-colonial do Homem Branco.

O facto do Choque das Civilizações estar pouco fundamentado não implica que ele não exista, apenas implica que ele só foi estudado, e de forma peregrina, por um homem. E o facto de que esse choque existe é que, imediatamente após a formulação da teoria, apareceram políticos, politólogos e ideólogos a nega-lo e contudo o conceito de Choque das Civilizações "pegou" e permaneceu, e todos falam dele (apesar de não existir!) e inclusive formou-se uma "Aliança das Civilizações", precisamente para combater o dito Choque (que não existe!).

Que maior prova haverá da existência de uma doença do que ter de se inventar um remédio para a combater?

MSantos disse...

Tem razão José Milhazes, embora a religião seja maioritáriamente islâmica, Dudaiev era efectivamente laico.

Já a pensar nos falhanços dos gurus dos 90s escrevi:
"que PROVAVELMENTE serão travadas"

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

De facto Dudaiev era laico, mas rapidamente o laicismo foi suplantado pelo islamismo. O facto do nacionalismo laico ter sido substituido pelo fundamentalismo islâmico tem de ter uma explicação.

Jacob disse...

Stálin reabilitado ?

Este interessante artigo da BBC em espanhol informa que Stálin ficou no terceiro lugar, em uma enquete que pedia ao público que nomeasse seu herói de todos os tempos.

http://news.bbc.co.uk/hi/spanish/misc/newsid_7802000/7802487.stm

Anónimo disse...

Estive a visitar o Site dos Tchetchenos, falam apenas na morte de um Amir Walid comandante das operações dessa região, próximo da povoação de Muzhichi, não confirmam ainda os 12 rebeldes mortos.
A situação continua complicada naquela região.
Cin.naroda

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor Pippo, e a guerra entre o Iraque e Irão foi choque de civilizações?
Quanto à Tchetchénia, considera que existiram possibilidades de resolver o diferendo entre a Rússia e a Tchetchénia no início, mas a intervenção militar russa desastrosa e mal preparada levou à radicalização das partes do conflito. Depois foi a infiltração do wahabismo no Cáucaso, o início de acções terroristas de grande envergadura realizadas sob o comando de Chamil Bassaev, etc.
A parte tchetchena passou a receber fortes apoios financeiros e outros de organizações islâmicas internacionais, bem como originados em negócios pouco claros ou mesmo banditismo no interior da Rússia.
Leitor Jacob, esse resultado não me impressiona, pois trata-se de uma autêntica burla. O primeiro resultado, que foi anulado, dava a Stalin o primeiro lugar. Os comunistas foram acusados de terem organizado votações telefónicas em massa. Quanto à vitória de Alexandre Nevski, não acredito que possa ser a personagem histórica mais popular. E o primeiro-ministro Stolipin em segundo lugar? Como explicar tão grande popularidade.
Jacob, não leve esses concursos a sério. Sabe que o imperador Calígula fez do seu cavalo senador, se não estou errado?

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor Pippo, esqueci-me de dizer que o Irão tem boas relações com a Rússia não é por terem ambos muçulmanos sunitas, mas no facto de Teerão ver em Moscovo um contrapeso à Washington. Se a política externa russa mudasse, acabam-se as boas relações. E as boas relações entre a Rússia e Saddam Hussein?
Nem com um inimigo como Israel, o mundo islâmico se consegue unir.
E como vai decorrer o choque das civilizações na América Latina? Ou na Ásia? As coisas são muito, mas muito mais complexas.

MSantos disse...

Ainda há outro factor que motiva o Irão e países como o Irão a aproximarem-se da Rússia: esta é um dos únicos possíveis fornecedores de sistemas de armamento avançado tais como aviões de combate, navios, tanques, etc sem colocar problemas com embargos.

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

Caro JM, não confunda as coisas. O facto de dois países estarem em guerra não implica haver um choque civilizacional.
A guerra Irão-Iraque, como sabe, foi espoletada por uma mera questão territorial (o domínio do Shat al-Arab), portanto nada teve de cultural na sua origem. Contudo, durante o conflito, ao apelo nacionalista (que é forte em ambos os países) foi adicionado, da parte iraniana, o apelo religioso, pois este país via-se como a vanguarda da revolução islâmica contra os países laicos (e logo, ímpios).
E repare que, aquando da Revolução Iraniana, os EUA foram classificados como o "Grande Satã". Esta designação apela directamente à questão religiosa.

Os iranianos não são sunitas, são xiitas. Os muçulmanos russos são sunitas. Por isso a influência daqueles sobre estes é difícil, do mesmo modo que a influência dos iranianos (persas xiitas) sobre os tadjiques (persas sunitas) é dificultada, precisamente, por causa da corrente religiosa.

As relações russo-persas e russo-árabes tem um cariz geoestratégico, para contrabalançar o apoio norte-americano a Israel.

E note que quando diz que nem Israel consegue unir os muçulmanos, isso não é bem assim: na Guerra do Yom Kipur (1973), houve unidades militares marroquinas, paquistanesas, iraquianas, jornadas e sauditas a colaborar no esforço de guerra sírio-egípcio, e o Irão e a Síria apoiam o Hizballah contra Israel (se as razões do apoio sírio parecem óbvias, já as do Irão não são tão evidentes, e a razão religiosa está em evidência pois o Hizballah é xiita).

A "problemática civilizacional" da América Latina parece-me inexistente pois não existe uma "civilização latino-americana". A Am. Latina faz parte da civilização europeia, mau grado as diferenças, do mesmo modo que a América do Norte, Austrália e Nova Zelândia fazem parte da nossa civilização (mau grado as diferenças). Não existem fracturas, apenas existem culturas diferentes mas que fazem parte dum todo indentificável e, sobretudo, distinto das culturas que fazem parte das civilizações não-europeias.

Na Ásia existe um choque, como sabe, uns ligados a problemas independentistas (Mindanao, Uigur, Caxemira, Tailândia, etc.), outros ligados à vontade de se criar um Estado Islâmico (Indonésia, Afeganistão, Paquistão). Não é líquido que as pretenções estejam meramente ligadas a questões religiosas, mas o factor religioso é poderoso e constantemente utilizado, sobretudo quando o inimigo é laico ou professa uma religião diferente.

Note que no Ocidente o argumento religioso já não é colocada (por exemplo, na guerra contra o Iraque), uma vez que as nossas sociedades operaram a separação entre Religião e Estado.
A última vez que se utilizou o argumento religioso foi na 2ª GM, nos Balcãs (católicos e muçulmanos contra ortodoxos), e na Guerra Civil de Espanha e na 2ª GM, na Frente Leste, em que se invocou a defesa do cristianismo contra os ateus comunistas.
Depois disso a religião desapareceu do léxico dos políticos europeus, e só agora está timidamente a voltar face à evidência do Choque, o tal que não existe mas do qual toda a gente fala...

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Pippo, tem razão, eu fiz confusão quando chamei sunitas aos iranianos. São xiitas.
Mas a religião é apenas uma cobertura, não é factor determinante nos grandes conflitos de hoje.
Voltou-se a falar de guerras religiosas durante a desintegração da Jugoslávia, mas não se trata de choques de civilizações.
Não existe uma civilização suficientemente monolítica no mundo capaz de lançar uma guerra contra outras civilizações por motivos religiosos. Estes podem servir apenas de bandeiras.

MSantos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
MSantos disse...

Eu não seria tão simplista em considerar que a religião não tem papel na política ocidental.

Um exemplo são os Estados Unidos.

Aqui está a crescer uma nova espécie de fundamentalismo que é o cristão (reparem que referi o fundamentalismo religioso e não só o islâmico).

Devido á sucessiva degradação do sistema de ensino e crise de valores, providenciou terreno fértil para crescimento de todo o tipo de religiões e facções extremistas das que já existem.

Neste momento existe uma batalha titânica, no sistema de ensino norte-americano para impôr o creacionismo como verdade absoluta em detrimento da Teoria da Evolução, de Darwin, e tudo indica que os creacioinistas vão acabar por vencer.

Num estudo feito há poucos anos, o povo americano perferia eleger um homossexual para a presidência em detrimento de um ateu ou agnóstico.

De relembrar que o presidente Bush apresentou a guerra do Iraque como uma missão messiânica, bem ao estilo das cruzadas, além dos seus alegados "sonhos e diálogos" com Deus, tal e qual o presidente iraniano.

Existe até uma autora (não me recorda o nome) que escreveu um livro sobre o crescimento do fanatismo religioso, não só no Islão, mas também no Ocidente, e de como isso nos vai trazer uma nova idade das trevas e regresso á barbárie.

Portanto talvez o choque civilizacional através do fanatismo religioso não seja assim um cenário tão inverossímel.

Advirto desde já que a minha posição não é anti-religiosa (como já referi, isso deverá ser uma escolha sobrana e a respeitar, de cada um) mas sim de salientar o perigo dos fundamentalismos e fanatismos religiosos venham de onde vierem.

O actual Islão e a nossa idade média são bem ilustrativos onde isso nos pode conduzir.

Cumpts
Manuel Santos

Gilberto disse...

Concordo com Milhazes nesse ponto.

Não existe "uma civilização islamica".

Eles quebram o pau entre eles mesmos.

Anónimo disse...

é verdade, eles "quebram o pu" entre eles mesmos, mas quando o inimigo de um deles é não-muçulmano, aí a tendência é eles unirem-se, não só na condenação mas também no combate. A utopia da Ummah está presente...

A realidade religiosa norte-americana difere bastante da nossa, europeia, na medida em que nos EUA a religião não só é levada muito a sério como chega aos extremos, como aponta, e bem, o Manuel Santos. Que não haja dúvidas que em certos sectores de professa um maniqueísmo entre o "nós" e o "eles".
A diferença é que, estando a adquirir contornos fundamentalistas, sobretudo nas seitas adventistas e pentecostais, esta evolução não tem, de modo geral, um carácter violento. A violência religiosamente motivada é apanágio de uma minoria insignificante, normalmente efectuada contra clínicas onde se pratica o aborto e pouco mais.

Note-se que, por exemplo, após o 11/9, não houve ataques a mesquitas ou a muçulmanos ou apelos a uma "Guerra Santa".

Os "diálogos" de Bush com Deus são, provavelmente, iguais aos da Joana Solnado ou então são fruto das emanações etílicas, que no personagem já devem ser recorrentes.
Mas se atentarmos, quer às palavras, quer aos actos, os EUA não lançaram nenhuma Cruzada contra o Iraque nem a referência da guerra contra os muçulmanos foi alguma vez utilizada pelos norte-americanos. O argumento, por todos invocados, foi a guerra contra o terrorismo, contra a ditadura, contra as armas de destruição de massas, etc., mas nunca contra os inimigos de Cristo.

Mas que não nos iludamos quanto a isto: do mesmo modo que o Islão sofre os efeitos do "reviralho" religioso, também o Ocidente será afectado, mais cedo ou mais tarde. A questão pode até nem ser totalmente relgiosa, mas sê-lo-á cultural, de defesa, sendo que os efeitos serão provavelmente os mesmos. Mas uma vez que a religião cristã é parte integrante da cultura Ocidental, a dita religião será trazida, de uma forma ou de outra, para a linha da frente.

E con tudo isto, já nos afastámos um pouco do Cáucaso... :o)

Anónimo disse...

Caros amigos,

Existem muitos pontos aqui comentados, bastante concisos e outros discordantes, mas seria bom atentarmos para alguns detalhes que por conseguinte causam certa confusão.

Islamismo é uma religião e não um conceito civilizacional, neste caso a civilização é árabe porém devido às grandes misturas no decorrer dos séculos seria difícil hoje distinguir quais países abrigam o maior contingente de arábes ligados à descendência original, pois o islamismo ao se difundir gerou a grande confusão entre a civilização árabe e a religião. Antes de tudo vale relembrar que Islã significa submissão e Muçulmano significa aquele que se submete. No caso dos Sunitas e Xiitas, as duas correntes tem sua origem na disputa pela herança de comando após a morte de Maomé. Já o Wahabismo adotado na Arábia Saudita, na época de sua criação inicial por Abel Aziz Ibn Saud com apoio britânico, que viu na interpretação radical de Mohamed Al Wahab a verdadeira conduta ilibada do Islã. Mas o que temos nestes grupos separatistas, não se trata de um fundamentalismo e sim de um radicalismo, a propaganda separatista é apenas um gancho, para sensibilizar a opinião pública, por detrás a realidade é o radicalismo muçulmano, que representa a luta contra os valores ocidentais, que são considerados ofensivos ao que foi pregado pelo profeta.

Anónimo disse...

Atenção, Wandard, que há frequente confusão entre muçulmanos e árabes. Um árabe pode ser cristão; um muçulmano não tem de ser árabe.

Preste também atenção ao seguinte facto: o islão não é apenas uma religião. Para alem de ser uma religião, também é um modo de vida, um sistema jurídico e social e um sistema moral. Quando Maomé criou o islão ele procurou criar um sistema à imagem da religião judaica original que balizava toda a acção/modo de vida do povo hebraico (e não apenas a ligação deste povo a Deus, que é o objectivo de uma religião "strictu senso").

Quando ele fundou a primeira comunidade islâmica em Yathrib (Medina), Maomé teve de criar toda uma sociedade, e não apenas uma comunidade religiosa. Os parâmetros culturais/religiosos/morais, políticos (até mesmo económicos!)foram, aquando da expansão islâmica, transportados para todas as sociedades islâmicas, e por isso é que nos dias de hoje a usura e o consumo de carne de porco (para dar alguns exemplos) são proibidos nas comunidades islâmicas, de Marrocos às Filipinas.

Se é verdade que a cultura árabe impregnou as restantes sociedades islâmicas, a civilização não é árabe, pois o grau de arabização é quase inexistente fora do Mundo árabe.
A arabização só existe, isso sim, dentro da esfera religiosa, o que implica que, neste caso, a Civilização tem de ser, não árabe mas sim islâmica, pois o ponto comum é a religião, cujos valores culturais (religião/modo de vida/sistema social) que lhe são inerentes são comuns, em maior ou menor grau, a todas estas comunidades, e diferem dos valores culturais das sociedades não-islâmicas.

Assim, é essa similitude interna e essa diferença face ao "outro" que nos permitem afirmar a existência de uma civilização islâmica pois o elo comum, e bem presente, a todas estas sociedades e culturas é o elo religioso, que as une "Ummahs" às outras e, por exclusão, as separa das que não pertencem à Ummah.

Abraço,

Anónimo disse...

"Um árabe pode ser cristão; um muçulmano não tem de ser árabe".

Pippo com certeza, como exemplo os Sudaneses que não são árabes mas são muçulmanos. Mas o que falei é exatamente quanto à civilização que como conceito foi citada como "islâmica", mas apesar das regras e preceitos seguidos pelos que adotaram o Islã terem sua base no Corão, ainda assim não se pode considerar civilização, pois senão todos que adotam o conceito de Deus teriam uma civilização cristã e não é bem assim, pois existe uma grande diferença cultural entre os povos. Antes de morrer o próprio Maomé disse que não queria que acontecesse ao Islã o que ocorrera com o judaísmo que se dividiu em 72 seitas, mas sabia que o Islã se dividiria em 73 seitas.

Gilberto,

A cruzada que Bush lançou contra o Iraque foi a cruzada de acesso ao petróleo do solo iraquiano, e como bom seguidor de Deus teve outros cruzados aliados, para ajudá-lo no intento de proteger o santo óleo negro para os interesses de suas nações, e de quebra livrar-se de seus desafetos Saddam, Udai e Qusai, garantindo assim o assalto sem oposição aos recursos naturais de outra nação.

Anónimo disse...

can you email me: mcbratz-girl@hotmail.co.uk, i have some question wanna ask you.thanks