Comunismo sem padres
O clero e os crentes ortodoxos viram na morte de José Estaline uma espécie de nova era com grandes perspectivas para o desenvolvimento da sua Igreja. Um decreto do Presidium do Soviete Supremo da URSS, publicado em 1954, deixou sair antecipadamente das prisões os reclusos que tinham cumprido dois terços da pena e os idosos, o que permitiu a libertação de numerosos sacerdotes e bispos.
Ao mesmo tempo, as autoridades comunistas preparavam uma nova campanha anti-religiosa. O jornal Pravda publicou duas decisões do CC do PCUS: no dia 7 de Julho de 1954, “Sobre as grandes insuficiências na propaganda científico-ateísta e as medidas para o seu melhoramento” e, a 10 de Novembro de 1954, “Sobre os erros na realização da propaganda científico-ateísta entre a população”(30).
Esta contradição na política da direcção soviética em relação à religião, em geral, e à Igreja Ortodoxa Russa, em particular, devia-se à luta pelo poder nela. Por paradoxal que possa parecer, os “estalinistas” defendiam uma posição mais ponderada nessa questão do que Nikita Khrutchov, político que sucedeu a Estaline à frente do Partido Comunista da União Soviética e, por conseguinte, do Estado.
A última campanha anti-religiosa e anticlerical na União Soviética, realizada sob direcção do ideólogo comunista Mikhail Suslov, teve início nos finais de 1958. A explicação oficial para a nova campanha rezava: “...O que significa permitir o reforço da religião? Iso significa resistir à causa da educação comunista do povo e, por conseguinte, travar o movimento da sociedade soviética para o comunismo”(31).
Em relação às campanhas anteriores deste tipo, a nova política anticlerical tinha um objectivo bem maior: acabar definitivamente com a religião na União Soviética.
“A semelhança (com campanhas anteriores) consistia na intenção de liquidar a Igreja como um instituto importante, afastá-la da vida social do país. Mas a diferença consistia em que nunca antes foi oficialmente colocado o objectivo de liquidá-la totalmente, exterminar a religião no país. Esse objectivo foi colocado no início dos anos 60” – escreve o historiador Alexandre Vinnikov (32).
No XXII Congresso do PCUS, realizado em 1960, Nikita Khrutchov proclamou que “a próxima geração dos soviéticos irá viver no comunismo” e prometeu, nessa altura, mostrar pela televisão “o último padre”.
O sistema comunista recorria aos mais diversos meios para conseguir este seu objectivo: propaganda anticlerical, detenção de membros do clero acusados de “fuga ao fisco” ou “desvio de meios financeiros”, infiltração de agentes do Comité de Defesa do Estado (KGB) nas comunidades religiosas com vista a dividí-las e desintegrá-las, proibição de baptizar as crianças sem autorização de ambos os pais.
Neste último caso, a decisão dos pais de baptizar o seu filho era comunicada à empresa onde trabalhavam e as represálias não tardavam a chegar.
É também nesta época que é criado o Instituto do Ateísmo da Academia de Ciências Sociais junto do CC do PCUS e os alunos universitários são obrigados a estudar uma nova disciplina: “Ateísmo Científico” (33).
Além disso, as autoridades comunistas publicavam um grande número de jornais e revistas de cariz anti-religioso, bem como obras literárias estrangeiras que continham críticas à religião. Por exemplo, obras de Eça de Queirós como “Crime do Padre Amaro” e “Relíquia” foram publicadas, em russo e noutras línguas dos povos da União Soviética (georgiano, estónio, ucraniano, etc.), em épocas de campanha anticlerical mais intensa como nos anos 30 e 60 do séc. XX.
Vladimir Kuroedov, presidente do Conselho para os Assuntos da Igreja Ortodoxa, informava: “Só em 1960, foram retirados dos registos (leia-se encerrados) 1365 templos e casas de oração..., encerrados 12 mosteiros, liquidados os seminários de Stavropol e Kiev, fechadas 7 dioceses. No ano corrente de 1961, colocamos um sério objectivo: devolver às organizações sociais todos os edifícios ... que o clero conseguiu manhosamente ocupar nos anos da guerra e do pós-guerra”(34).
O clero e os crentes ortodoxos viram na morte de José Estaline uma espécie de nova era com grandes perspectivas para o desenvolvimento da sua Igreja. Um decreto do Presidium do Soviete Supremo da URSS, publicado em 1954, deixou sair antecipadamente das prisões os reclusos que tinham cumprido dois terços da pena e os idosos, o que permitiu a libertação de numerosos sacerdotes e bispos.
Ao mesmo tempo, as autoridades comunistas preparavam uma nova campanha anti-religiosa. O jornal Pravda publicou duas decisões do CC do PCUS: no dia 7 de Julho de 1954, “Sobre as grandes insuficiências na propaganda científico-ateísta e as medidas para o seu melhoramento” e, a 10 de Novembro de 1954, “Sobre os erros na realização da propaganda científico-ateísta entre a população”(30).
Esta contradição na política da direcção soviética em relação à religião, em geral, e à Igreja Ortodoxa Russa, em particular, devia-se à luta pelo poder nela. Por paradoxal que possa parecer, os “estalinistas” defendiam uma posição mais ponderada nessa questão do que Nikita Khrutchov, político que sucedeu a Estaline à frente do Partido Comunista da União Soviética e, por conseguinte, do Estado.
A última campanha anti-religiosa e anticlerical na União Soviética, realizada sob direcção do ideólogo comunista Mikhail Suslov, teve início nos finais de 1958. A explicação oficial para a nova campanha rezava: “...O que significa permitir o reforço da religião? Iso significa resistir à causa da educação comunista do povo e, por conseguinte, travar o movimento da sociedade soviética para o comunismo”(31).
Em relação às campanhas anteriores deste tipo, a nova política anticlerical tinha um objectivo bem maior: acabar definitivamente com a religião na União Soviética.
“A semelhança (com campanhas anteriores) consistia na intenção de liquidar a Igreja como um instituto importante, afastá-la da vida social do país. Mas a diferença consistia em que nunca antes foi oficialmente colocado o objectivo de liquidá-la totalmente, exterminar a religião no país. Esse objectivo foi colocado no início dos anos 60” – escreve o historiador Alexandre Vinnikov (32).
No XXII Congresso do PCUS, realizado em 1960, Nikita Khrutchov proclamou que “a próxima geração dos soviéticos irá viver no comunismo” e prometeu, nessa altura, mostrar pela televisão “o último padre”.
O sistema comunista recorria aos mais diversos meios para conseguir este seu objectivo: propaganda anticlerical, detenção de membros do clero acusados de “fuga ao fisco” ou “desvio de meios financeiros”, infiltração de agentes do Comité de Defesa do Estado (KGB) nas comunidades religiosas com vista a dividí-las e desintegrá-las, proibição de baptizar as crianças sem autorização de ambos os pais.
Neste último caso, a decisão dos pais de baptizar o seu filho era comunicada à empresa onde trabalhavam e as represálias não tardavam a chegar.
É também nesta época que é criado o Instituto do Ateísmo da Academia de Ciências Sociais junto do CC do PCUS e os alunos universitários são obrigados a estudar uma nova disciplina: “Ateísmo Científico” (33).
Além disso, as autoridades comunistas publicavam um grande número de jornais e revistas de cariz anti-religioso, bem como obras literárias estrangeiras que continham críticas à religião. Por exemplo, obras de Eça de Queirós como “Crime do Padre Amaro” e “Relíquia” foram publicadas, em russo e noutras línguas dos povos da União Soviética (georgiano, estónio, ucraniano, etc.), em épocas de campanha anticlerical mais intensa como nos anos 30 e 60 do séc. XX.
Vladimir Kuroedov, presidente do Conselho para os Assuntos da Igreja Ortodoxa, informava: “Só em 1960, foram retirados dos registos (leia-se encerrados) 1365 templos e casas de oração..., encerrados 12 mosteiros, liquidados os seminários de Stavropol e Kiev, fechadas 7 dioceses. No ano corrente de 1961, colocamos um sério objectivo: devolver às organizações sociais todos os edifícios ... que o clero conseguiu manhosamente ocupar nos anos da guerra e do pós-guerra”(34).
6 comentários:
Talvez o José Milhazes seja a pessoa certa para responder ao medo que deixo em:
http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/02/davos-e-obama-eua-china-india-e-as.html
Caro Leitor Carlos Santos, compartilho de algumas ideias que publica no seu texto, nomeadamente no que diz respeito à Rússia, área que melhor conheço. É muito pouco gratificante estar a prever o futuro da Rússia ou da carreira política de Putin, pois a situação aqui, tal como em geral no mundo, é muito volátil. Por enquanto, Putin continua a ser um político popular, embora a popularidade do seu Governo já seja bastante menor. O povo russo destaca-se pela crença no "bom czar" e nos "maus conselheiros" e esse efeito pode ainda manter-se durante muito tempo.
O facto é que a Rússia de Putin não soube investir as riquezas ganhas com os combustíveis na modernização do tecido económico e social. As medidas que Putin tem tomado frente à crise estão a ter efeitos negativos. O dinheiro que o Governo deu para apoiar as empresas através de bancos públicos foi utilizado por estes para comprar moeda estrangeira no mercado, a fim de escapar ao rublo em queda. A isso junta-se o pânico dos cidadãos russos que se apressam a comprar euros e dólares.
Considero que o perigo principal na Rússia não vem da possibilidade de as reservas acumuladas não chegarem para aguentar toda a crise, mas do país chegar ao fim da crise extenuado, sem meios para arrancar na linha da frente da recuperação.
Mas a crise pode ter facetas positivas para a Rússia. Por exemplo, a desvalorização do rublo torna rentável, por exemplo, a agricultura, que tem enormes potencialidades. No caso dos armamentos, a Rússia tem cada vez mais concorrentes no seu segmento e cada vez menos compradores.
As relações com a China nesse campo são o melhor exemplo. Pequim comprava grandes quantidades de armamentos russos, nomeadamente aviões de combate, mas, actualmente, não só reduz bruscvamente as compras, como concorre nos mercados tradicionais russos de armamento com armas copiadas das russas.
Também muito irá depender de como as coisas evoluirem em termos globais, bem como das relações entre Moscovo e Barack Obama.
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