Samora Machel portou-se como Estaline em relação à população branca portuguesa
Diplomatas soviéticos que deram início às relações diplomáticas entre a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e a República Popular de Moçambique criticam a política realizada por Samora Machel face à população portuguesa branca, sublinhando que, nesta área, o Presidente moçambicano se comportou de forma semelhante ao ditador soviético, José Estaline.
“De forma dura, como Estaline, Samora Machel tratou os portugueses que viviam em Moçambique. Muitos deles receberam com entusiasmo os combatentes pela independência quando entraram em Lourenço Marques e estavam prontos a cooperar de todas as formas com a Frelimo”, escreve Piotr Evsiukov, primeiro embaixador soviético em Moçambique, em “Memórias sobre o trabalho em Moçambique”.
“Não obstante, também aqui se revelou o extremismo de Samora Machel. Ele apresentou condições tais de cidadania e residência aos portugueses em Moçambique que eles foram obrigados, na sua esmagadora maioria, a abandonar o país... Com a fuga dos portugueses, a economia de Moçambique entrou em declínio”, recorda ele.
Piotr Evsiukov recorda que Machel era um convicto admirador de José Estaline.
“Samora Machel falou-me várias vezes do seu apego e respeito por J.Estaline. Durante a visita oficial de uma delegação de Moçambique à URSS, Samora Machel terminou a viagem na Geórgia. Depois das conversações com Eduard Chevarnadzé, Sérgio Vieira, membro da direcção da FRELIMO, veio ter comigo e pediu-me, em nome do Presidente, para arranjar um retrato de Estaline. Claro que os camaradas georgianos satisfizeram o pedido com agrado”, escreve Evsiukov.
Arkadi Glukhov, diplomata soviético que chegou antes de Evsiukov para abrir a embaixada da URSS em Lourenço Marques, escreve: “Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Lisboa, tendo perante si os exemplos da queda dos impérios coloniais da Inglaterra e França, enveredou pela via da reforma intensa do seu sistema colonial, nomeadamente no campo das relações entre raças, da política social e cultural. Tudo isso foi levado à prática na chamada política de “assimilação”, cujos rastos sentimos com evidência quando chegamos a Moçambique”.
“Porém”, continua o diplomata soviético, “esses rastos começaram a desaparecer rapidamente, principalmente depois da entrada na cidade (Lourenço Marques) das unidades militares da FRELIMO e da intensificação de medidas e de todo o tipo de limitações (frequentemente inventadas) contra a população portuguesa, não obstante, em geral, ela ser leal e estar pronta a cooperar com os novos poderes”.
Segundo Glukhov, “no fim de contas, isso levou à partida em massa dos portugueses do país, o que se reflectiu de forma grave na sua vida económica e aumentou a tensão nas relações entre raças”.
Segundo os diplomatas soviéticos, a política de Samora Machel provocou atritos com Joaquim Chissano, primeiro-ministro moçambicano, que defendia o diálogo com a população branca.
Evsiukov escreve que Machel reconheceu o seu erro e “ao aconselhar Robert Mugabé, seu amigo e pretendente ao cargo de Presidente do Zimbabwe, disse-lhe para não expulsar os rodesianos brancos da antiga Rodésia do Sul”.
“De forma dura, como Estaline, Samora Machel tratou os portugueses que viviam em Moçambique. Muitos deles receberam com entusiasmo os combatentes pela independência quando entraram em Lourenço Marques e estavam prontos a cooperar de todas as formas com a Frelimo”, escreve Piotr Evsiukov, primeiro embaixador soviético em Moçambique, em “Memórias sobre o trabalho em Moçambique”.
“Não obstante, também aqui se revelou o extremismo de Samora Machel. Ele apresentou condições tais de cidadania e residência aos portugueses em Moçambique que eles foram obrigados, na sua esmagadora maioria, a abandonar o país... Com a fuga dos portugueses, a economia de Moçambique entrou em declínio”, recorda ele.
Piotr Evsiukov recorda que Machel era um convicto admirador de José Estaline.
“Samora Machel falou-me várias vezes do seu apego e respeito por J.Estaline. Durante a visita oficial de uma delegação de Moçambique à URSS, Samora Machel terminou a viagem na Geórgia. Depois das conversações com Eduard Chevarnadzé, Sérgio Vieira, membro da direcção da FRELIMO, veio ter comigo e pediu-me, em nome do Presidente, para arranjar um retrato de Estaline. Claro que os camaradas georgianos satisfizeram o pedido com agrado”, escreve Evsiukov.
Arkadi Glukhov, diplomata soviético que chegou antes de Evsiukov para abrir a embaixada da URSS em Lourenço Marques, escreve: “Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Lisboa, tendo perante si os exemplos da queda dos impérios coloniais da Inglaterra e França, enveredou pela via da reforma intensa do seu sistema colonial, nomeadamente no campo das relações entre raças, da política social e cultural. Tudo isso foi levado à prática na chamada política de “assimilação”, cujos rastos sentimos com evidência quando chegamos a Moçambique”.
“Porém”, continua o diplomata soviético, “esses rastos começaram a desaparecer rapidamente, principalmente depois da entrada na cidade (Lourenço Marques) das unidades militares da FRELIMO e da intensificação de medidas e de todo o tipo de limitações (frequentemente inventadas) contra a população portuguesa, não obstante, em geral, ela ser leal e estar pronta a cooperar com os novos poderes”.
Segundo Glukhov, “no fim de contas, isso levou à partida em massa dos portugueses do país, o que se reflectiu de forma grave na sua vida económica e aumentou a tensão nas relações entre raças”.
Segundo os diplomatas soviéticos, a política de Samora Machel provocou atritos com Joaquim Chissano, primeiro-ministro moçambicano, que defendia o diálogo com a população branca.
Evsiukov escreve que Machel reconheceu o seu erro e “ao aconselhar Robert Mugabé, seu amigo e pretendente ao cargo de Presidente do Zimbabwe, disse-lhe para não expulsar os rodesianos brancos da antiga Rodésia do Sul”.
11 comentários:
Por isso, e muito mais sou pelo NELSON MANDELA.
Leitores, não admito comentários insultuosos e racistas.
E mais uma proposta: quando assinarem anónimo, inventem um nome próprio para se distinguirem uns dos outros.
É sempre gratificante conhecer a opinião de quem conviveu de perto com as autoridades moçambicanas no conturbado período posterior à independência. Seria de encorajar a divulgação em língua portuguesa das memórias de diplomatas soviéticos que estiveram em missão de serviço em Moçambique durante o período em questão.
Aproveito para felicitar a iniciativa de José Milhazes em trazer ao conhecimento público este valioso contributo para a história de Moçambique.
João M. Cabrita, Mbabane, Suazilândia.
Caro João, vai haver mais, é uma questão de tempo para preparar novas publicações. No Domingo, vou publicar à noite uma postagem sobre Salazar na URSS/Rússia.
Por certo, que na realidade os “camaradas” soviéticos encorajavam e aprovavam a política anti – portuguesa do governo moçambicano, para 35 anos depois afirmar que não concordavam. Se não concordavam, então que mostram os documentos neste sentido, as cartas, etc. Naquilo que me tinha contado Sr. Augusto Carvalho (Delegado da LUSA em Maputo) nos anos pós – independência, quem era mais radical em todos os sentidos anti – democráticos e autoritários, era o embaixador da URSS no país....
Se calhar você, antes de 89 era tão soviético e camarada como eles.
Se calhar até era do partido qual aparatchik sempre pronto a denunciar os colegas.
Geralmente os piorzinhos é que se tornaram tão anti soviéticos/comunistas tão pró ocidentais. Tal como alguns salazaristas que depois do 25 de Abril se tornaram tão esquerdistas e democratas.
É muito estranho que os anónimos afirmando alguma coisa polémica, tem medo de assinar as suas baboseiras, se acha que tem razão, então assine, mas não, fica com medo.
O que vocês não entendem (não sei se possuem a capacidade de entender algo), que na PCUS havia menos comunistas do que por exemplo em PCP, pois em Portugal os comunistas eram os que acreditavam e na URSS era questão da carreira.
Pois não há que pensar que os “piores” se tornaram “disto” ou “daquilo”, o regime morreu muito antes de Ocidente der conta disto. Alias, como sempre...
p.s.
em 1989 eu definitivamente não era aparatchik, mas se você um belo dia conseguir saber o significado da palavra aparatchik, perceberá que a palavra não é má de tudo.
em 1989 eu definitivamente não era aparatchik
era mais zampolit
Essas "guerras de libertação" dessas ex-colônias portuguesas na Africa nunca me enganaram.
Tanto é verdade que os países resultantes da mesma são verdadeiros infernos: atrasados, ditatoriais e miseráveis.
Angola e Moçambique não são democracias, nem nunca foram. Saíram do comunismo e continuaram na ditadura.
Publiquei:
http://historiamaximus.blogspot.pt/2013/08/samora-machel-portou-se-como-estaline.html
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