quinta-feira, abril 16, 2009

Moscovo levanta regime de operação antiterrorista na Tchetchénia

O regime de operação antiterrorista, que se encontrava em vigor na Tchetchénia desde 1999, foi levantado no dia 16 de Abril de 2009, anunciou hoje o Comité Antiterrorista Nacional da Rússia (CANR).
“Por incumbência do Presidente da Federação da Rússia, o Comité Antiterrorista Nacional da Rússia fez alterações na organização da actividade antiterrista no território da República da Tchetchénia... Às 00 h 00 m (21 horas TMG), o decreto que declarava o território da república zona de operação anti-terrorista foi anulado”, lê-se num comunicado do CANR.
“Semelhante decisão visa garantir as condições para a posterior normalização da situação na república, para o restabelecimento e desenvolvimento da esfera sócio-económica”, sublinha-se no documento.
Esta decisão foi tomada a pedido de Ramzan Kadirov, Presidente da Tchetchénia, que considera ter neutralizado a guerrilha separatista e ser necessário “criar condições para atrair investimentos estrangeiros na economia tchetchena”.
O regime de operação antiterrorista foi imposto em 1999, quando as tropas de Moscovo tentaram recuperar o terroritório tchetcheno que se encontrava sob o controlo da guerrilha separatista.
Esse regime é também periodicamente imposto em repúblicas do Cáucaso do Norte russo como o Daguestão e a Inguchétia, onde actuam também guerrilhas islâmicas separatistas.
A suspensão do regime de operação antiterrorista irá permitir a retirada de 20 mil soldados das tropas do Ministério do Interior da Rússia do território tchetcheno, mantendo-se aí militares do Ministério da Defesa e agentes do Serviço Federal de Segurança da Rússia.
O levantamento do regime de operação antiterrorista na Tchetchénia não se irá reflectir na capacidade de impedir actos terroristas na região, considera o senador Victor Ozerov, presidente do Comité para a Defesa do Conselho da Federação (câmara alta do Parlamento).
“O levantamento do regime de operação antiterrorista não significa que as autoridades federais e responsáveis pelo combate ao terrorismo fiquem privadas da possibilidade de impôr esse regime em algumas regiões da república da Tchetchénia em casa de necessidade”, explicou ele aos jornalistas.
O senador considerou a decisão do Presidente Medvedev “absolutamente justa”, sublinhando que “não era correcto fazer de conta que na Tchetchénia não estavam a ocorrer melhoramentos significativos na situação política e militar”.
“Desse ponto de vista”, continua Ozerov, “a decisão é uma avaliação do trabalho realizado pelas autoridades e povo da Tchetchénia nos últimos anos.
Oleg Orlov, dirigente da organização de defesa de direitos humanos Memorial, considerou a medida “atempada”, sublinhando que a situação na Tchetchénia melhorou em relação à cinco anos atrás e que “o nível de violência armada é hoje significativamente maior nas repúblicas vizinhas da Tchetchénia”.
Porém, Orlov chama a atenção para o facto de o dirigente tchetcheno, Ramzan Kadirov, “ser sempre o maior optimista”.
“Kadirov anuncia todos os anos a vitória sobre o terrorismo na Tchetchénia”, sublinhou.
Iúlia Latinina, especialista em assuntos do Cáucaso, defende que a decisão parece ser uma “vitória absoluta de Kadirov não sobre a guerrilha, mas sobre a Rússia”, frisando que o dirigente tchetcheno se transforma num político cada vez menos controlado por Moscovo.
Segundo o analista política Stanislav Belkovski disse à Lusa, a decisão de levantar o regime de operação antiterrorista na Tchetchénia terá sérias consequências não só para essa república do Cáucaso, mas para toda a Rússia.
“O Orçamento do país irá ficar seriamente prejudicado no que diza respeito a impostos e taxas alfandegárias. Logo que o aeroporto de Grozni passe a ter estatuto de internacional (exigência de Kadirov), através da Tchetchénia na Rússia começarão a entrar mercadorias, legal e ilegalmente”, explicou.

20 comentários:

PortugueseMan disse...

Segundo o analista política Stanislav Belkovski disse à Lusa, a decisão de levantar o regime de operação antiterrorista na Tchetchénia terá sérias consequências não só para essa repúblicva do Cáucaso, mas para toda a Rússia.
“O Orçamento do país irá ficar seriamente prejudicado no que diza respeito a impostos e taxas alfandegárias. Logo que o aeroporto de Grozni passe a ter estatuto de internacional (exigência de Kadirov), através da Tchetchénia na Rússia começarão a entrar mercadorias, legal e ilegalmente”, explicou.
Isto não faz sentido. O Orçamento do país vai ficar sériamente afectado pelo simples facto de o aeroporto passar a ter estatuto internacional??

A Rússia vai ter o seu orçamento afectado porque uma República do Cáucaso vai ter um aeroporto internacional?

Não faz sentido nenhum. Não compreendo como é que analistas políticos fazem afirmações destas.

Jest nas Wielu disse...

Off top

Os russos em geral e os russo – tropicalistas deste blogue em particular gostam de contar as histórias sobre a Crimeia “canonicamente russa”, etc. A TV russa NTV mostra as caras, músicas e as tradições dos habitantes da Crimeia, que emigraram da península para o interior da Rússia mais de 100 anos atrás:
http://www.youtube.com/watch?v=Tj8t8CGFZ0o

Super lindo!

Dica aos russo – tropicalistas, sempre podem dizer que a NTV é uma TV criada na época de Yeltsin pelos fundos do Departamento do Estado Norte – Americano, pois claro....

2 PortMan

A Chechnya se transformará na entrada de todo o tipo da mercadoria ilegal para a Rússia (heroína / cocaína, carros roubados, etc), além disso Kadyrov Jr parece que conseguiu finalizar o sonho do General Djokhar Dudayev, a Chehchnya totalmente controlada pelos chchechenos. Lembro me as palavras do Kadyrov Jr, quando este era o guerrilheiro independentista: “Os russos são 150 milhões e nós, um milhão e meio, se cada checheno matar 100 russos, vamos ganhar essa guerra”.

PortugueseMan disse...

A Chechnya se transformará na entrada de todo o tipo da mercadoria ilegal para a Rússia (heroína / cocaína, carros roubados, etc)...Mas isso não é causado por uma abertura de um aeroporto internacional.

Anónimo disse...

é só conversa. Vão ficar e fazer o de sempre

Wandard disse...

Há algum tempo eu até me espantava com os artigos, entrevistas e opiniões de alguns "analistas militares", grupo que parece ter proliferado em maior número após a guerra fria do que durante a mesma, e o mais interessante é que a maior parte destes candidatos a "analistas", possui pouco ou nenhum conhecimento do âmbito militar e estratégico, centrando-se mais em análises político-sociais ou político-econômicas do que militares. Atualmente com o advento das idéias e opiniões dos "Analistas Políticos", vejo que a situação se complica ainda mais, face aos comentários como os que podemos ver neste artigo.

O que fazer? Vamos esperar! Afinal existem tantos candidatos a substitutos de Nostradamus que com certeza algum deles irá acertar.

Ricardo disse...

Putin wins!

Anónimo disse...

a russia o que deseja mais é mandar a chechénia pro car***.

A russia é um país construido por brancos e para brancos, de outra forma não será a russia mas outra coisa qualquer.

vice

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor PM, o aeroporto internacional é apenas um exemplo, porque a Tchetchénia tem também fronteiras terrestres, que passarão também a receber mercadorias. O receio é que a Tchetchénia se transforme num buraco negro. E ainda falta saber quem vai ficar com o petróleo tchetcheno, se Kadirov não vai passar a controlá-lo.
Apenas lhe posso dizer que se o general Dudaiev, o primeiro presidente da Tchetchénia separatista, tivesse também margem de manobra em relação a Moscovo como tem Kadirov, nunca se teria zangado com o Kremlin.

PortugueseMan disse...

Caro José Milhazes,

Não se pode chamar exemplo a uma afirmação de que um aeroporto internacional afecta o orçamento da Rússia. Nem com ou sem fronteiras terrestres.

A afirmação desse analista é na minha opinião um perfeito disparate. Ele deveria explicar por A + B, como é que ele liga as duas coisas.

Relativamente ao petróleo tchetcheno é "simples" o que se irá passar.

O petróleo não é tchetcheno. É russo. Portanto a Rússia irá canalizar uma maior fatia dos lucros obtidos naquela zona, para a própria República. É uma zona devastada e como tal necessita de maiores investimentos. Além de ser de todo o interesse para a Rússia que esta zona caminhe para uma cada vez maior estabilização.

Kadirov não vai controlá-lo. A Rússia andou todos este tempo em guerra nesta zona, para garantir o controlo da àrea, proteger os pipelines e acesso ao Cáspio. Kadirov sabe isso muito bem. Mas é claro que vai tentar obter o mais poder possível para si. A situação é aceitável para a Rússia enquanto ele trabalhar para os objectivos definidos. Se ele começar a pisar o risco ele sabe com o que terá que lidar.

Eu apenas lhe posso dizer, que se a Rússia tivesse largado esta república, não estávamos agora a ter problemas unicamente na Geórgia. Toda esta àrea estava já a negociar petróleo para o pipeline americano, desviando e cortando as artérias vitais que vão em direcção da Rússia. ISTO é que eu lhe posso afirmar que seria um sério risco para o orçamento da Rússia.

Qualquer dia tenho que lhe mostrar um mapa muito interessante que tenho da Porto Editora onde mostra a visão de 2002 para a zona, apesar de estar errado, mostra claramente qual seria hoje o futuro caso a Rússia não conseguisse segurar esta república. Estou para escrever sobre isto há anos.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, não leve a mal um conselho amigo: não arrisque prognósticos tão categóricos para uma zona como o Cáucaso. Acaba como o mapa da Porto Editora.

PortugueseMan disse...

Caro José Milhazes,

Enquanto o petróleo mover o mundo, e este houver naquela região, a Rússia agirá em conformidade.

Problemas existem em todo o lado.

O meu prognóstico é só um para esta zona, ela irá ficar tão violenta quanto o necessário de modo os objectivos/interesses serem atingidos/salvaguardados.

Anónimo disse...

Putin stinks!

NATO wins! disse...

A Nato a mostrar-se na Geórgia demonstra que o Ocidente ganhou a partida com a Rússia. Mesmo que o Presidente seja substituido ficará lá alguém pró Ocidental, pró Obama, se calhar até mais do que o actual e com mais nível. Depois dos acordos de gás com a Ucrânia esta foi a melhor notícia. Prova que o Ocidente não se deixa intimidar pelo dictat do Kremlin.

Anónimo disse...

porque é que o último anónimo não emigra para os Estados Unidos?

Vá e não volte!

PortugueseMan disse...

Caro José Milhazes,

Pode achar interessante esta análise sobre o S-400 para a Bielorússia.

"Russia to equip Belarus with S-400 air-defense missiles"

http://www.upi.com/Security_Industry/2009/04/15/Russia-to-equip-Belarus-with-S-400-air-defense-missiles/UPI-35321239828175/

Confesso que acho muito curioso esta decisão de colocar um sistema tão recente (A Rússia tem neste momento penso de que apenas um ou dois) num outro país seja ele qual fôr.

É considerado o mais avançado do mundo e basta ver o barulho que se faz com a venda o do seu antecessor ao Irão o S-300.

As implicações são interessantes.

Anónimo disse...

A Rússia é iludida em relação à Chechnya. Esse território é como um câncer extremamente agressivo, que mesmo extirpando-o, ele volta mais forte após um período. Ao mesmo tempo, metátases vão se expalhando por todo corpo russo. E quando esse país perceber, já estará "tomado", e não haverá mais nada pra fazer para salvar a sua vida.

Austrian Doc

Anónimo disse...

porque é que o anónimo das 13:55
não emigra para a Rússia?

Vá e não volte!
::::::::::::::::::

Este blog está completamente infiltrado pelo FSB.

MSantos disse...

Caro PortugueseMan

Seria deveras interessante termos acesso a esse mapa.

Cumpts
Manuel Santos

PortugueseMan disse...

Caro Manuel Santos,

Tenho estado a pensar nisso. Eu já há muito tempo que tenho vontade de escrever um bocado sobre a minha visão das implicações que o mapa demonstra.

Tenho que tirar uma foto ao mapa (é uma mapa-mundo aí com 1 metro de largura) e depois colocá-lo na net.

Não vai ser para já. Mas não está esquecido. Quando estiver eu digo.

Cumprimentos,
PortugueseMan

Anónimo disse...

A Rússia só está a fazer isso porque já garantiu que o seu poder se entende à quase totalidade do Cáucaso, Geórgia incluída.

João Gil Freitas