Eu não andei a pescar bacalhau na Terra Nova ou na Groenlândia, mas só talvez porque tenha nascido quatro anos mais tarde do que o meu irmão mais velho, o último membro da família a embarcar num navio que, segundo me recordo, ainda tinha velas, foi o Luísa Ribau.
Recordo-me desde a mais tenra idade dessa aventura dos pescadores da Póvoa de Varzim e Caxinas, das histórias que contavam o meu avô, o meu pai, tio, cunhados e irmão.
Recordo-me dos preparativos para a pesca do bacalhau, que começavam na casa de cada bacalhoeiro. Lembro-me de ver o meu avô, pai e tios a talharem as velas dos botes no quintal da nossa casa na Poça da Barca, recordo-me do cheiro a óleo de peixe que elas utilizavam para tornar as velas impermeáveis.
Em frente de minha casa, havia ainda uma pequena cordoaria, pertencente a Francisco Quintas, o criador da grande empresa de cordoaria e cabos que ainda existe. Aí, os pescadores preparavam as linhas para pescar.
Não me lembro de os meus pais me terem levado alguma vez a Lisboa quando da partida do navio para a Terra Nova, no caso do meu pai, o "Vaz", pois não era costume levar os filhos à despedida. Lembro-me que chegava um camião para carregar os grandes sacos de lona com a roupa e os pipos de vinho, que deveriam dar para seis meses de faina. Um ou dois dias depois, chegava a camioneta que levava os homens. E isto repetia-se ano após ano.
A ansiedade era grande quando nós, crianças, começavamps a ouvir falar do regresso dos bacalhoeiros. Recordo-me que, à noite, a minha avó e minha mãe ligavam um rádio enorme que tínhamos em casa para apanhar (como se dizia nas Caxinas) as comunicações dos navios quando começavam a chegar aos Açores.
Quando se conseguia determinar a hora e o dia da entrada na barra de Aveiro, começava a azáfama de juntar as esposas de todos os marinheiros da Póvoa, Caxinas e Vila do Conde para alugarem o autocarro que deveria trazê-los para casa.
Nós crianças tinhamos direito a "farpela nova", embora seis meses de ausência dos pais em casa, obrigavam muitas das mães a irem penhorar roupas e outros valores até que chegasse o dinheiro conseguido na viagem desse ano.
Entre as minhas recordações mais remotas da infância estão a viagens a Aveiro, as entradas no navio "Vaz" e a imagem do capitão do navio, Armindo Ré, que os marinheiros diziam ser um homem duro, mas que para nós crianças não passava de um velho simpático.
Quando não íamos a Aveiro, ficavamos à espera da chegada da bagagem, pois havia sempre a pequena esperança de que lá vinha uma pequena prenda de São João da Terra Nova: alguma peça de roupa estranha ou algum brinquedo. Mais tarde, quando comecei a fumar às escondidas, as esperanças eram maiores porque se sabia que os bacalhoeiros traziam marcas de cigarros raros.
Íamos esperar os camiões carregados com os sacos às Caxinas, onde, nessa altura, a miudagem local nos recebia de uma forma mais cordial do que habitualmente. Entre os rapazes de que me recordo está o André, conhecido jogador do FCP, cujo pai era camarada do meu no "Vaz".
Embora o meu pai trouxesse sempre óleo de fígado de bacalhau, isso não era o petisco preferido. As latas enormes, de três ou cinco quilos, de margarina e manteiga eram uma autêntica delícia para o nosso pequeno-almoço. As caras, as línguas de bacalhau ainda não eram as iguarias de hoje para nós.
Depois vinha a semana das "estórias", em que à noite, depois da ceia, se ouviam as aventuras da safra: desaparecimento de botes, fuga de alguns pescadores para o Canadá e os maus tratos recebidos do comandante, os desembarques em São da Terra Nova, etc.
Recordo-me que eu e minhas irmãs podíamos ficar a ouvir durante toda a noite, não fosse a minha mãe ou pai mandar-nos para a cama.
Esses relatos do meu avô, do meu pai, tios, irmão e cunhados nunca me atraíram para o mar, compreendia apenas que eles suportavam tudo aquilo para evitar a guerra do ultramar (oito anos de pesca de bacalhau permitiam evitar o serviço militar), mas recordo-me das palavras de meu pai de que a tropa estava longe de ser pior do que a "escravatura do bacalhau".
Regressados do bacalhau, os pescadores íam trabalhar para os barcos de pesca da Póvoa e Caxinas até à próxima partida para o bacalhau.
E assim durante gerações, anos... Francisco, Agonia, Carlos, João, Alberto, José, Filipe... uma lista interminável de familiares e conhecidos que atravessaram a "epopeia do bacalhau"...
São Ruy, Santa Joana, Vaz, Creoula, Sernache, Luísa Ribau... são apenas alguns dos nomes de navios bacalhoeiros que encalharam para sempre na minha memória.
Recordo-me desde a mais tenra idade dessa aventura dos pescadores da Póvoa de Varzim e Caxinas, das histórias que contavam o meu avô, o meu pai, tio, cunhados e irmão.
Recordo-me dos preparativos para a pesca do bacalhau, que começavam na casa de cada bacalhoeiro. Lembro-me de ver o meu avô, pai e tios a talharem as velas dos botes no quintal da nossa casa na Poça da Barca, recordo-me do cheiro a óleo de peixe que elas utilizavam para tornar as velas impermeáveis.
Em frente de minha casa, havia ainda uma pequena cordoaria, pertencente a Francisco Quintas, o criador da grande empresa de cordoaria e cabos que ainda existe. Aí, os pescadores preparavam as linhas para pescar.
Não me lembro de os meus pais me terem levado alguma vez a Lisboa quando da partida do navio para a Terra Nova, no caso do meu pai, o "Vaz", pois não era costume levar os filhos à despedida. Lembro-me que chegava um camião para carregar os grandes sacos de lona com a roupa e os pipos de vinho, que deveriam dar para seis meses de faina. Um ou dois dias depois, chegava a camioneta que levava os homens. E isto repetia-se ano após ano.
A ansiedade era grande quando nós, crianças, começavamps a ouvir falar do regresso dos bacalhoeiros. Recordo-me que, à noite, a minha avó e minha mãe ligavam um rádio enorme que tínhamos em casa para apanhar (como se dizia nas Caxinas) as comunicações dos navios quando começavam a chegar aos Açores.
Quando se conseguia determinar a hora e o dia da entrada na barra de Aveiro, começava a azáfama de juntar as esposas de todos os marinheiros da Póvoa, Caxinas e Vila do Conde para alugarem o autocarro que deveria trazê-los para casa.
Nós crianças tinhamos direito a "farpela nova", embora seis meses de ausência dos pais em casa, obrigavam muitas das mães a irem penhorar roupas e outros valores até que chegasse o dinheiro conseguido na viagem desse ano.
Entre as minhas recordações mais remotas da infância estão a viagens a Aveiro, as entradas no navio "Vaz" e a imagem do capitão do navio, Armindo Ré, que os marinheiros diziam ser um homem duro, mas que para nós crianças não passava de um velho simpático.
Quando não íamos a Aveiro, ficavamos à espera da chegada da bagagem, pois havia sempre a pequena esperança de que lá vinha uma pequena prenda de São João da Terra Nova: alguma peça de roupa estranha ou algum brinquedo. Mais tarde, quando comecei a fumar às escondidas, as esperanças eram maiores porque se sabia que os bacalhoeiros traziam marcas de cigarros raros.
Íamos esperar os camiões carregados com os sacos às Caxinas, onde, nessa altura, a miudagem local nos recebia de uma forma mais cordial do que habitualmente. Entre os rapazes de que me recordo está o André, conhecido jogador do FCP, cujo pai era camarada do meu no "Vaz".
Embora o meu pai trouxesse sempre óleo de fígado de bacalhau, isso não era o petisco preferido. As latas enormes, de três ou cinco quilos, de margarina e manteiga eram uma autêntica delícia para o nosso pequeno-almoço. As caras, as línguas de bacalhau ainda não eram as iguarias de hoje para nós.
Depois vinha a semana das "estórias", em que à noite, depois da ceia, se ouviam as aventuras da safra: desaparecimento de botes, fuga de alguns pescadores para o Canadá e os maus tratos recebidos do comandante, os desembarques em São da Terra Nova, etc.
Recordo-me que eu e minhas irmãs podíamos ficar a ouvir durante toda a noite, não fosse a minha mãe ou pai mandar-nos para a cama.
Esses relatos do meu avô, do meu pai, tios, irmão e cunhados nunca me atraíram para o mar, compreendia apenas que eles suportavam tudo aquilo para evitar a guerra do ultramar (oito anos de pesca de bacalhau permitiam evitar o serviço militar), mas recordo-me das palavras de meu pai de que a tropa estava longe de ser pior do que a "escravatura do bacalhau".
Regressados do bacalhau, os pescadores íam trabalhar para os barcos de pesca da Póvoa e Caxinas até à próxima partida para o bacalhau.
E assim durante gerações, anos... Francisco, Agonia, Carlos, João, Alberto, José, Filipe... uma lista interminável de familiares e conhecidos que atravessaram a "epopeia do bacalhau"...
São Ruy, Santa Joana, Vaz, Creoula, Sernache, Luísa Ribau... são apenas alguns dos nomes de navios bacalhoeiros que encalharam para sempre na minha memória.
19 comentários:
Caro José Milhazes:
Achei bastante piada a este seu "post", na sequência do seu outro artigo sobre o bacalhau "russo".
É que também eu sou filho e neto de pescadores do bacalhau, pelo que o tema não me podia passar despercebido. Sou natural de Ílhavo, ao pé de Aveiro, outra terra cuja história, como o José Milhazes sabe, se confunde com a pesca do bacalhau. Eu lembro-me que deveria ter cerca de 8 / 9 anos quando vi o Luísa Ribau a entrar na barra de Aveiro; fui "à entrada" do navio (como se costuma dizer), embora não me lembre das circunstâncias - penso que deveria lá andar um um tripulante conhecido do meu avô.
O meu pai trabalhou na pesca do bacalhau cerca de 36 anos, como capitão em arrastões; não andou nos navios à linha, como o era o caso do Luísa Ribau. Nos navios à linha, a vida dos pescadores era muito mais dura. Reflectindo hoje sobre esses tempos, com base em todos os relatos que sempre fui ouvindo e também em testemunhos,fotografias, memórias publicadas quer em livros, quer em blogues - contributos muito valiosos para a história dessa actividade, tão importante num país como o nosso, o 1º consumidor mundial do "fiel amigo" - é difícil imaginar a dureza da vida e os perigos que aqueles homens que todos os anos se faziam ao Atlântico Norte enfrentavam diariamente. Considero-os autênticos heróis.
Cumprimentos de filho de pescador para filho de pescador.
Jorge Lopes
Obrigado pela leitura, quando leio estas linhas, quando lia o romance do José Saramago “Levantando do Chão”, compreendia melhor as ansiedades dos portugueses e as razoes profundas que fizeram com que muita gente boa e honrada acreditou nas ideias marxistas, vindo nelas o luz no fundo do túnel para as mazelas do dia-a-dia capitalista.
Costumo eu dizer, que uma pessoa boa e honesta, nascida no país capitalista naturalmente é de esquerda (não quer dizer que os da direita são os malvados), e que uma pessoa com as mesmas características nascida no país socialista naturalmente é da direita.
Pois as injustiças são muitas e as vezes estas são revoltantes. No entanto, como se diz na frase atribuída ao Churchill (não sei se ele disse isso): ninguém inventou melhor sistema do que o capitalismo.
Caro Jorge Lopes, é agradável receber mensagens destas. Obrigado para si também para o Jest
Oh Ze Milhazes...
tens de ir ao museu marítimo de Ilhavo.
FM
José Milhazes:
Gostei sobremaneira dos seus posts sobre a EPOPEIA DO BACALHAU. De forma indirecta, também tenho algo a ver com isso, o que me levou a ja ter escrito algumas coisas sobre o assunto no meu blog O ESCREVINHADOR. Junto os respectivos endereços.
HERÓIS DO MAR
http://fernandoserranotorres.blogspot.com/2006/05/heris-do-mar.html
MEMÓRIAS DA FAINA MAIOR
http://fernandoserranotorres.blogspot.com/2007/09/memrias-da-faina-maior.html
LEITURA OBRIGATÓRIA
http://fernandoserranotorres.blogspot.com/2007/08/leitura-obrigatria.html
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
http://fernandoserranotorres.blogspot.com/2007/12/informaes-adicionais.html
GRANDE JÚBILO
http://fernandoserranotorres.blogspot.com/2009/02/grande-jubilo.html
A TRAGÉDIA DO "MARIA DA GLÓRIA"
http://avozdaabita.blogspot.com/2009/03/proibido-esquecer.html
O "ARGUS" ESTÁ ENTRE NÓS
http://fernandoserranotorres.blogspot.com/2009/04/o-argus-esta-entre-nos.html
Um abraço cordial
Caro Fernando Torres, muito obrigado. Um abraço. JM
Caro José Milhazes ,
Por acaso não conhece o comandante Manuel Damas?
Homem nos seus 80 anos,natural de Aveiro que comandou muitas embarcações ligadas as lides da pesca do Bacalhau e não só.
Abraço,
José T.Mendes
sr. milhazes gostava de saber se o sr. foi uma daquelas pessoas que deixou de ser comunista após 89' com a queda do bloco de leste ou se o deixou de ser antes.
nota: se deixou de ser comunista por vontade própria tem o meu respeito, mas se foi por conveniência e pela "mudança histórica" então o sr. é mais um hipocrita.
mas há muitos cá em portugal que só começaram a achar mal do sistema comunista depois de ele ruir, entre esses encontra-se o dignissimo Vital Moreira que na 3ªidade é que mudou de visão politica sobre o mundo, só fico admirado como pode alguem conseguir dar atenção a um comunista convertido em democrata!! há lata neste mundo..muita lata!!!!!!!!!!.
aeiou
sr. milhazes, gostava de saber só mais uma coisa..
qual era o PIB soviético em 1989.
antes de o colapso ter começado.
será que os números sobre a economia soviética ja foram revelados?
já agora , afinal, qual é o numero estimado de vitimas do estalinismo?
já existem dados?
aeiou
O meu bisavô também era pescador, e dos bons. Apesar de ser originário do Algarve, era um homem de grande estatura e de olhos claros. Herdei-lhe o físico.
Em terra gostava da sua pinga, e gostava de pagar aos amigos. Por essa razão, a minha bisavó mandava as filhas (a minha avó e uma das minhas tias) ir espera-lo à Docapesca, em Algés, e colocando-se à frente de todos os homens, exigir (isso mesmo, exigir!) que o pagamento lhes fosse feito a elas e não ao seu pai! Isso envergonhava-o diante de todos, mas era da maneira que sempre restava algum lá para casa, em vez de se perder com os copos pagos aos "amigos" (da onça).
Assim era o meu (bis)avô em terra.
Mas no mar ele não brincava em serviço. Seríssimo, competentíssimo, um excelente profissional, não tocava nem numa gota de alcool por muito tempo que estivessem no mar. Levava o trabalho tão a sério e era tão consciente dos perigos da faina que uma vez, estava ele a dormir, pressentiu que o barco não estava no rumo certo. Subiu à cabine e viu que o pescador que devia estar de quarto estava... a dormir! Pelo que me contam, foi precisa toda a tripulação para impedir que o meu avô não atirasse o homem borda fora!
Penso que como pescador o meu bisavô seria de facto muito bom, pois foi agraciado com a Medalha Naval Vasco da Gama pelo então Ministro da Marinha. Ainda a conservo cá em casa, à vista de quem a quiser ver.
Esperemos que o Sr Aeiou ainda reveja uma hipocrisia muito maior naquela que foi a delfim de Álvaro Cunhal e que ostracizava camaradas do partido, de punho erguido, e agora bate no peito a clamar a sua social democracia e o seu conservadorismo na defesa daquelas tretas que eles dizem ser pró-vida etc.
Qualquer dia ainda vai ser beatificada pelo Papa.
Mesmo assim o Vital Moreira ainda mantém alguma coerência ao continuar a defender os ideais de esquerda.
para o anónimo que se referiu ao aeiou,
o vital moreira é um oportunista, um homem sem honra.
penso que o sr. não me entendeu, eu sou daqueles que acha que os ideiais não se mudam como quem muda de casaco.
Eu tenho uma profunda admiração por homens e mulheres que lutam por aquilo que acreditam e não abandonam os seus ideiais, se abandonam esses mesmos ideais é porque nunca acreditaram neles verdadeiramente, mas se os abandonarem, então que se afastem da politica pois deixaram de ter credebilidade.
Portugal está cheio de exemplos destes, desde o durão barroso(MRPP), pacheco pereira(MRPP), Pina Moura(PCP), Mário Soares(PCP), josé socrates(JSD), não quero ser maçador porque a lista é muito longa.
toda esta gente é lixo, gente vendida, mais desgraçados que os próprios são aqueles que votam neles, pobres coitados!
quanto a "balela" da esquerda se a defençora dos povos, epa, que acredite nessa merda(desculpe o termo) quem for burro ou ignorante..! quem sabe o minimo de história e de direito politico sabe bem que a esquerda é a inimiga número 1 das nações e consequentemente dos povos.
um bom exemplo é o do avô cantigas que veio afirmar que o PSD é um partido nacionalista, fez essa afirmação num tom de moralista, como se isso fosse mau!, mas esse senhor é mentiroso, porque infelizmente o unico partido em portugal nacionalista é o PNR´. Só um povo em decadência e condenado a desaparecer pode conceder o poder a gente que se afirma anti-nacionalista.
aeiou
Creio que os portugueses que fossem para a pesca do bacalhau ficavam isentos do serviço militar, incluindo na guerra colonial!
se era assim- vi num comentatário na RTP-, então os exilados políticos do "fascismo" são uns escroques, porque foram viver no luxo para Moscovo, Argel, Paris,etc. enquanto outros fugidos da guerra foram para o bacalhau...
Caro José Milhazes,
pergunto-lhe a si, se o sr. é Poveiro ou Caxineiro(Vila do Conde) ou da Poça da Barca(Vila do Conde), pois já ouvi por muitas bocas que era Poveiro...Pelo que li, nasceu e morou na Poça da Barca, se assim for, penso que pode dizer com toda a vaidade que é um ilustre Caxineiro...daqui a pouco o SR. Milhazes passa(mais um) a ser Poveiro como o Cego do Maio(mais um Caxineiro)...cagassal (poveiro) como é sem abrigo já é Caxineiro...
Queira-me elucidar sobre a sua naturalidade por favor...
Mas mais importante é dar-lhe os parabéns, daqui da pacata terra das Caxinas, mas sempre bela, pelo seu post, que me dá um grande prazer em ler e reviver as histórias dos meus antepassados, bisavô, avô e pai(para não falar de tios, etc...)apesar de ser muito mais novo do que você e também nunca ter ido à pesca, mas vivi com o mar e a pesca no meu quotidiano praticamente toda a vida.
Bem-hajam pessoas como o José para perpetuar os modos de vida dos Caxineiros.
Obrigado.
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