quinta-feira, agosto 20, 2009

Cargueiro foi descoberto graças a sistema de monitorização da NATO



O cargueiro que desapareceu durante vários dias dos radares foi possível encontrar, em grande parte, graças ao sistema de monitorização marítima das Forças Armadas da NATO, declarou o representande diplomático da Rússia junto da Aliança Atlântica.
O Arctic Sea, que desapareceu em finais de Julho, foi encontrado a 16 de Agosto perto do arquipêlago de Cabo Verde. Os 15 tripulantes foram salvos e os oito alegados piratas detidos por militares russos.
“Quando se realizou o meu primeiro encontro com o novo secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, no dia 11 de Agosto, foi levantado o tema do Arctic Sea e ele ofereceu-se para utilizar todos os meios de informação à sua disposição, à disposição do Estado-Maior das Forças Armadas da NATO na Europa”, revelou Dmitri Ragozin, numa entrevista à rádio Eco de Moscovo.
“Tratou-se, antes de tudo, do sistema de monitorização marítimo que ajuda os membros da NATO a seguir os movimentos dos navios”, acrescentou.
Segundo ele, a partir de 12 de Agosto, a parte russa começou a receber diariamente as coordenadas da localização da Arctic Sea e pôde calcular a rota do navio, partindo da sua velocidade.
“Do ponto de vista deste tipo de cooperação e política informativa, que recebemos da NATO, considero que conseguimos endereçar mais precisamente o nosso navio de guerra para o alvo e realizar com êxito a libertação dos reféns”.
Rogozin, numa entrevista a publicar na sexta-feira no diário Rossiskaia gazeta, não exclui a possibilidade deste caso vir a ser analisado no quadro do Conselho Rússia-NATO, porque “agora se trata de um alargamento claro da geografia de assalto a navios civis... perto de países europeus”.
“Para restabelecer a estabilidade e segurança numa questão importante como o direito à navegação livre, é necessário não só os esforços dos militares, como aconteceu com o Arctic Sea, mas também a coordenação prévia das acções dos serviços especiais”, concluiu.
P.S. Esta "estória" continua a colocar muitas perguntas: 1) Porque é que os membros da tripulação que vieram para Moscovo foram encerrados na prisão "Lefortovo", do Serviço de Segurança da Rússia, e continuam a não poder contactar com os familiares? Porque é que o cargueiro, navegando sob bandeira maltesa, sendo proriedade de uma empresa finlandesa, está a ser levado de Cabo Verde para Novorrossiski, porto russo do Mar Negro? Porque é que o navio andou tanto tempo no mar e não foi recuperado, embora se soubesse onde se encontrava?


21 comentários:

Anónimo disse...

JM

MONITORIZAÇÃO

MSantos disse...

"Porque é que o navio andou tanto tempo no mar e não foi recuperado, embora se soubesse onde se encontrava?"

Fácil resposta: estava longe dos portos russos e dos meios, nomeadamente navios de guerra que o pudessem capturar. O tempo decorrido é desde a largada do porto da Armada russa até chegar ás imediações do navio.

Tudo o resto contribui para o mistério e indica que algo de grave se passou.

Outra pergunta: porque foram 3 aviões de transporte pesado IL-76 a Cabo Verde buscar uma dúzia de tripulantes e outra de piratas?

Isso pode ser indicativo que o navio transportaria algo que as autoridades russas não querem que seja divulgado.

Cumpts
Manuel Santos

Pippo disse...

Porque é que a NATO ou a UE não intervieram neste caso? Tinha navios na área (os portugueses, por exemplo), têm legitimidade, pois trata-se de pirataria, enfim, se há alguma coisa a ser encoberta, neste caso é encoberta por muita gente.

Pippo disse...

Outro aspecto de como são reproduzidas as notícias:

O Público escreveu um artigo o qual podem consultar aqui:
http://jornal.publico.clix.pt/noticia/20-08-2009/transportaria-o-cargueiro-arctic-sea-misseis-de-cruzeiro-russos-a-bordo-17604923.htm

Fora o divulgar-se uma suspeição sem haver factos, foi cometido um erro crasso. E eu também suspeitei. Suspeitei que o original desta história estivesse escrito em inglês e fui investigar.

Resulta disto tudo que o artigo do Público não é mais do que a tradução (feita sem qualquer cuidado de "filtragem") de um artigo da Interfax:
http://www.interfax.com/3/511877/news.aspx

O problema é que o tipo da Interfax que escreveu a notícia não sabia que a Rússia NÃO TEM "Battleships" (couraçados) mas sim "Cruisers" (cruzadores), e assim foi a notícia traduzida e publicada, sem mais.

É este o jornalismo que temos. "Alguém" escreve algo, e depois os orgãos noticiosos limitam-se a reproduzir a "informação".

Anónimo disse...

Pois, pois, JM, tem toda a razão. Esturro e bem queimado.

MSantos disse...

Pippo, concordo a 100%

Mas que existe algo muito estranho no meio disto tudo, existe.

E um dos factos mais estranhos é exactamente as marinhas ocidentais e da NATO não terem feito nada de operacional como se estivessem a assistir de camarote. Como o Pippo diz muito bem, teriam conhecimento do que era e não lhes interessava em absoluto intervir.

Partindo do princípio que fosse um mero caso de pirataria ou contrabando droga/armas/etc, pela lei marítima qualquer armada poderia ter intervido e toda a gente teria ganho com isso.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

Sobre a péssima qualidade do dito "jornalismo" do digníssimo Público nada a comentar.

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

Gloria a Nato!!!!

Pippo disse...

Off Topic:

O JM poderia ter publicado algo sobre o Salão Internacional Maks 2009.

www.maks2009.com

Não só está a ser apresentado e vendido material aeronáutico como, ao que consta, foi feito um acordo entre as Agências Espaciais europeia e russa.

MSantos disse...

Sem dúvida Pippo

E um dos acordos importantes foi, pasme-se, entre a Rússia e a Ucrânia de revitalizarem em conjunto o fabricante ANTONOV em particular retomar as linhas de fabrico do gigante AN-124 RUSLAN e do novo AN-70.

Se isto vai funcionar dado os dois marretas em questão é o que vamos ver.

Relativamente ao AN-70 se soubessem gerir o processo, poderiam aspirar a grande parte do mercado hoje ocupado pelo velhinho C-130 Hercules, dado o A400M parecer não sair da cepa torta.

Mas aqui, e lá estou eu a ser mauzinho, os amigos do presidente ucraniano provavelmente não gostarão que alguém faça frente à LOCKHEED ;)

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

"estória" SIC.

mas que é isto?!

Anónimo disse...

Pippo

Sejam os navios enviados pela Rússia designados "cruzadores" ou "couraçados", a essência do problema não muda. Aliás,não é fácil para os órgãos de informação publicarem materiais fidedignos quando o próprio embaixador da Rússia na NATO, Rogozin, disse que foi lançada propositadamente informação falsa e quando as autoridades russas se limitam a dar a "sua" versão dos acontecimentos. Duvido que, nesta altura, algum alto responsável das Forças Armadas russas, por exemplo, aceite dar uma entrevista ao José Milhazes para termos informação mais clara sobre o Artic Sea. Quando a situação implica acções do FSB, não vale a pena esperar que os jornalistas consigam ter informações objectivas.
O que não seria mau era os nossos jornalistas saberem russo para consultarem as fontes originais russas e não através do inglês (que já são traduções do russo), onde se podem perder pormenores do tipo do "couraçado".
Cristina Mestre

Anónimo disse...

Os três aviões de transporte pesado IL-76 foram buscar penas 11 tripulantes (os restantes ficaram no navio) e 8 alegados piratas.
É de facto muito estranho. Para quê tantos aviões para levar 19 pessoas?

Anónimo disse...

Aliás, segundo o DN de hoje, no aeroporto na ilha do Sal estavam ontem, quinta-feira, três aviões de carga russos Antonov, sem que seja conhecida a razão.
Que aviões são estes?(porque os IL-76 regressaram a Moscovo na quarta-feira à noite)

Perguntas e mais perguntas!

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro anónimo, peço desculpa pelo erro na monitorização, que irei emendar. Não sei se foi você que chamou a atenção para a "estória", mas isso foi escrito de forma consciente e entre aspas, porque se trata de um acontecimento com tantos mistérios que não soube encontrar outra palavra para o definir.
Quanto à Maks, caros leitores, desculpem, mas não tenho tempo para tudo. Contribuam também vocês com as vossas informações, como fazem alguns leitores.

Pippo disse...

Cristina,

o trabalho jornalístico não se pode pautar pela simples retransmissão de "notícias". Se o Público traduz e retransmite o que está publicado na Interfax, então o que está a fazer não é jornalismo, é copy-paste, ainda por cima de má qualidade.
Aliás, penso ter sido o Ignacio Ramonet a alertar para isso naquele livro "A Tirania da Comunicação".

A essência do problema é que, não sabendo os factos, os jornais espalham dão voz a suspeitas e boatos, não a informações comprovadas. Inclusive o número de Ilushins varia, há quem diga dois, há quem diga três.

Se havia transporte de material de guerra, urge perguntar duas coisas:

- Se o transporte era ilegal, o que estavam a fazer os finlandeses para não se aperceberem disso? Parece que ainda ninguém levantou essa questão, não sei porquê;
- Se o transporte era legal, que necessidade teria a Rússia, enquanto país soberano, de esconder esse facto? Ela pode vender aviões, submarinos, mísseis ou outros a quem quiser.

Se a história está mal contada, parece-me que não são só os russos a ser os maus trovadores...

Cumprimentos,

Pippo disse...

Já agora, acerca da quantidade de navios que participaram na busca ao Artic Sea, fui confirmar algo.

Nove navios e três aviões participaram nas buscas do voo 447 da Air France. Tal ocorreu mesmo quando já se sabia que não havia sobreviventes.
Só há poucos dias é que as operações que “resgate das caixas negras” terminaram, aparentemente sem resultados.

Ora, se é suspeito estarem cinco navios à procura de um navio mercante capturado por piratas, não é mais suspeito estarem nove navios à procura de um avião que se sabia estar no fundo do mar?
E não é mais suspeito ainda um submarino nuclear francês ficar na zona durante mais de um mês só para, segundo dizem, resgatar as caixas negras?

Seguindo a linha de pensamento aqui por várias vezes expressa, será que esta “estória” do avião está bem contada? Será que o avião levava mísseis a bordo, ou material nuclear?

É caso para pensar.

MSantos disse...

Esse péssimo jornalismo do copy paste é típico dos jornais gratuitos tipo "Destak" ou "Metro" aonde têm hordas de estagiários muito mal pagos a sondar notícias em várias fontes da internet para as copiarem para cada edição.

É pura e simplesmente inadmissível num jornal como o "Público" ou pelo menos no que ele pretende ser.

Cumpts
Manuel Santos

Jorgemlr disse...

Caros Pippo e Manuel Santos,

Concordo em parte com as vossas opiniões relativamente aos defeitos do jornalismo "corta-e-cola". Mas penso que o recurso às notícias elaboradas (?) / transmitidas pelas agências noticiosas é uma questão vulgar. UPI, AP, Reuters, France Presse, etc., etc. constituem uma indústria de produção (transmissão?) e venda de "produtos noticiosos", a que a maior parte dos jornais recorre. E no fundo, todos nós acabamos por "comer" aquilo que estas multinacionais da informação nos vendem.

Se ficamos bem informados ou não, isso será outra questão.

Esta uniformização noticiosa, concentrada sobretudo em inglês é,na minha opinião, empobrecedora do pluralismo de pontos de vista e da qualidade do jornalismo.

Por exemplo, ler a edição on-line em versão inglesa da revista alemã "Der Spiegel" não é bem a mesma coisa que ler o original da mesma em alemão. Acho inclusivé que a possibilidade de ler um mesmo asssunto em várias línguas pode melhorar a nossa percepção do mesmo.Eu penso que o modo como determinado assunto é noticiado, por exemplo, por alguma imprensa americana não será, em muitos casos, coincidente com o tratamento feito por meios de comunicação social francófonos, que por sua vez não será necessariamente coincidente com a visão de determinada imprensa alemã (ou russa, ou espanhola, ou portuguesa, etc.) sobre esse mesmo assunto.

Eu até compreendo que estes pontos de vista diferentes tenham em conta as audiências a que as várias imprensas se dirigem. Determinados aspectos de um dado assunto internacional terão mais interesse para uma determinada audiência que para outras (por exemplo, notícias e artigos de opinião sobre Timor, ou sobre Angola, serão eventualmente mais susceptíveis de interesse - e de crítica quanto ao seu rigor, portanto - por parte dos portugueses do que, por exemplo, de outro povo qualquer, não lusófono).

É claro este exercício de leitura em várias línguas não é realista para o leitor comum, mas já um órgão de comunicação social tem outros meios para o poder fazer.

Nenhuma língua é neutra como a matemática. Elas reflectem um pouco, a meu ver, a cultura e os pontos de vista dos povos que a falam. E até por isso, teremos aqui margem para alguma manipulação. Mas, supondo que essa manipulação eventual não seja deliberada, isso poderá ser benéfico para o pluralismo de pontos de vista.

Agora, traduções em 2ª ou 3ª mão não me parecem uma boa prática jornalística. Até porque nestes processos teremos sempre perdas (ou diferenças) que as dificuldades de tradução impõem, e que se reflectem no rigor informativo.

Portanto, eu estou de acordo com a Cristina Mestre, não só quanto à generalidade do seu comentário, mas sobretudo quando diz que "O que não seria mau era os nossos jornalistas saberem russo para consultarem as fontes originais russas e não através do inglês (que já são traduções do russo), onde se podem perder pormenores do tipo do "couraçado" " [e outros, eventualmente tão ou mais importantes].

Cumprimentos

Jorge Lopes

Anónimo disse...

Segundo algumas notícias publicadas este fim-de-semana na imprensa russa e ucraniana, nomeadamente no jornal Novaya Gazeta, o Artic Sea levava escondido entre a madeira um carregamento de mísseis cruzeiro X-55 e de rockets anti-aéreos S-300 destinados ao Irão. Segundo o jornal, o navio foi desviado por piratas que trabalhavam para os serviços secretos israelitas, Mossad.

http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1343207&seccao=Europa

Anónimo disse...

Nesse caso, faria sentido desviar o navio para Cabo Verde?
Mais valia continuar em direcção à Argélia e depois, não aportando nesse país, continuar para Haifa.

Ou então, a caminho da Argélia, descarregar os mísseis no mar alto para outro navio. Houve tempo suficiente para isso.