A Alemanha condena os recentes assassinatos de representantes de organizações não governamentais na Rússia e considera importante que os culpados desses crimes sejam chamados à responsabilidade, declarou a chanceler alemã depois de um encontro com o Presidente russo.
A cimeira russo-alemã realizou-se na residência de verão do dirigente russo, situada em Sotchi, no sul da Rússia.
“Falámos do assassinato de representantes de ONG’s na Tchetchénia e deixei claro que condenamos firmemente, tal como a parte russa. É importante que quem cometeu esses crimes terríveis sejam chamados à responsabilidade. O Presidente Dmitri Medvedev prometeu-me que assim será”, declarou Angela Merkel na conferência de imprensa .
A dirigente alemã teve em vista o assassinato da activista de direitos humanos, Natália Estemirova, a 15 de Julho na Tchetchénia, bem como de dois funcionários da ONG “Salvemos a geração”, que ocorreu a 10 de Agosto na mesma república do Cáucaso do Norte russo.
Medvedev considerou que os assassinatos políticos no Cáucaso visam desestabilizar a situação nessa região.
“Aconteceu o seguinte: esse rosário de assassinatos e atentados políticos visam desestabilizar a situação no Cáucaso. Trata-se da morte dos citados defensores dos direitos humanos, bem como do atentado contra o Presidente da Inguchétia, que se dedicava à normalização da situação”, acrescentou.
Segundo ele, “esses crimes mostram que não temos razões para nos relaxar. A situação é muito complexa e o Estado deve fazer tudo para mudar a situação”.
“A detenção dos assassinos, o julgamento e a condenação dos criminosos é a tarefa mais importante dos órgãos de segurança do nosso país”, sublinhou.
Dmitri Medvedev defende que os criminosos recebem apoio do estrangeiro.
“As forças que não estão contentes com o sentido positivo do desenvolvimento da Rússia aumentaram a sua actividade, recebem apoio e financiamento, nomeadamente de fontes estrangeiras”, acusou ele.
“Foram elas que fizeram desplotar os mecanismos terroristas, com o emprego de novas tecnologias terroristas”, acrescentou.
O dirigente russo anunciou também que, nas conversações com Angela Merkel, foram abordados problemas internacionais como os programas nucleares do Irão e da Coreia do Norte.
“Precisamos de continuar a cooperação na direcção afegã. Tudo isso é o nosso exemplo de cooperação estreita com os nossos parceiros alemães e com outros Estados europeus, com os Estados Unbidos”, concluiu.
A cimeira russo-alemã realizou-se na residência de verão do dirigente russo, situada em Sotchi, no sul da Rússia.
“Falámos do assassinato de representantes de ONG’s na Tchetchénia e deixei claro que condenamos firmemente, tal como a parte russa. É importante que quem cometeu esses crimes terríveis sejam chamados à responsabilidade. O Presidente Dmitri Medvedev prometeu-me que assim será”, declarou Angela Merkel na conferência de imprensa .
A dirigente alemã teve em vista o assassinato da activista de direitos humanos, Natália Estemirova, a 15 de Julho na Tchetchénia, bem como de dois funcionários da ONG “Salvemos a geração”, que ocorreu a 10 de Agosto na mesma república do Cáucaso do Norte russo.
Medvedev considerou que os assassinatos políticos no Cáucaso visam desestabilizar a situação nessa região.
“Aconteceu o seguinte: esse rosário de assassinatos e atentados políticos visam desestabilizar a situação no Cáucaso. Trata-se da morte dos citados defensores dos direitos humanos, bem como do atentado contra o Presidente da Inguchétia, que se dedicava à normalização da situação”, acrescentou.
Segundo ele, “esses crimes mostram que não temos razões para nos relaxar. A situação é muito complexa e o Estado deve fazer tudo para mudar a situação”.
“A detenção dos assassinos, o julgamento e a condenação dos criminosos é a tarefa mais importante dos órgãos de segurança do nosso país”, sublinhou.
Dmitri Medvedev defende que os criminosos recebem apoio do estrangeiro.
“As forças que não estão contentes com o sentido positivo do desenvolvimento da Rússia aumentaram a sua actividade, recebem apoio e financiamento, nomeadamente de fontes estrangeiras”, acusou ele.
“Foram elas que fizeram desplotar os mecanismos terroristas, com o emprego de novas tecnologias terroristas”, acrescentou.
O dirigente russo anunciou também que, nas conversações com Angela Merkel, foram abordados problemas internacionais como os programas nucleares do Irão e da Coreia do Norte.
“Precisamos de continuar a cooperação na direcção afegã. Tudo isso é o nosso exemplo de cooperação estreita com os nossos parceiros alemães e com outros Estados europeus, com os Estados Unbidos”, concluiu.
26 comentários:
É engraçado como duas pessoas conseguem ter perspectivas diferentes sobre a mesma coisa, neste caso o encontro entre Merkel e Medvedev.
Você dedica 2 artigos sobre o encontro e o que eu considero importante você dedica um parágrafo.
Problemas no Cáucaso, ou problemas sobre os direitos humanos ou problemas sobre a democracia na Rússia, um destes temas é sempre levantado nos encontros, já é da praxe.
A questão é: Merkel foi à Rússia por causa destes assuntos? não.
Merkel foi à Rússia para tratar do pipeline, foi para tratar da Opel, foi para tratar da Qimonda, foi para tratar do 5º maior estaleiro alemão que está em sérias dificuldades e podem ser os russos a salvar aquilo, e que a ser, teriamos os russos a salvarem milhares de postos de trabalho alemães. os russos.
Portanto os russos estão a construir um pipeline directo para a maior economia europeia, que é uma garantia de segurança energética para a Alemanha e ainda têm dinheiro para investir numa série de empresas alemãs, o que a realizar-se irá salvar milhares de postos de emprego. E isto também é importante para Merkel, porque as eleições também não estão muito longe...
Será que também temos aqui ingerência russa nos assuntos internos alemães? Tenho a certeza que alguém se vai lembrar disto...
Relativamente à Opel, não acha significativo que Merkel foi explicita que prefere os russos? eu acho. A Alemanha prefere que a Opel esteja nas mãos dos russos. isto não é coisa pequena. E para a Rússia é uma grande mais valia.
E voltamos a uma das nossas questões, sobre a qual também não partilhamos a mesma opinião.
Como explica que estando a Rússia em tão "grandes" dificuldades económicas, ainda consegue investir no estrangeiro de modo a importar know-How necessário para preencher as lacunas existentes?
E se estão a tentar importar know-How, também SIGNIFICA que estão a tentar DIVERSIFICAR, de modo a não estarem tão dependentes da exportação de energia.
Mas você caro JM, não tem de maneira nenhuma esta perspectiva.
Isto só daqui a uns anos é que se poderá trocar impressões de novo e fazer uma reavaliação das nossas opiniões.
Caro PM, eu não posso publicar no blog tudo, porque os problemas que você aborda foram todos abordados em artigos que escrevi para a Lusa, com grande promenor, tanto sobre a Opel e os estaleiros, etc.
Caro PM, os investimentos russos no estrangeiro deveriam ter começado há muito tempo. Com a crise, não sei se o dinheiro irá dar para tudo.
Além disso, a compra das empresas que citou visam a aquisição de novas tecnologias de que tanto precisa.
Espera que isto contribua para a tão desejada diversificação da economia e não se repitam os erros. Nos anos 60 do séc. XIX, a URSS comprou uma fábrica de automóveis à FIAT, mas isso não permitiu à URSS tornar-se uma potência neste campo.
Rússia/Alemanha: Automóveis, navios e energia nas conversações entre Medvedev e Merkel
Moscovo, 14 Ago (Lusa) – A chanceler alemã, Angela Merkel, reúne-se hoje com o Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, para analisar o estado das relações bilateriais e das relações entre a Rússia e a União Europeia.
No encontro de trabalho, que se deverá realizar em Sotchi, casa de campo do dirigente russo na costa do Mar Negro, Merkel e Medvedev vão debruçar-se sobre a provável aquisição da empresa construtora de automóveis alemã Opel à General Motors pelo consórcio constituído pela companhia austro-canadiana Magna e o Sverbank (Caixa Geral de Depósitos) da Rússia.
O contrato de aquisição foi assinado na véspera, mas necessita ainda do Conselho Geral da General Motors.
O governo norte-americano não vê com bons olhos este negócio, mas ele tem o apoio da chanceler alemã, Angela Merkel.
“Graças a este negócio, Moscovo poderá ter acesso a tecnologias de ponta que podem ser utilizadas no desenvolvimento da Fábrica de Automóveis de Gorki (Nijni-Novgorod), onde são produzidos os automóveis russos “Volga”, declarou à Lusa fonte diplomática em Moscovo.
A situação em dois estaleiros navais do norte da Alemanha “Wadan Yards” estará também no centro das atenções de Medvedev e Merkel. Os proprietários dessas empresas russo-alemãs anunciaram a falência, mas Moscovo promete encontrar cerca de 40 milhões de dólares para impedir o seu encerramento e o despedimento de cerca de 2.500 pessoas.
Segundo a Rádio da Rússia, o maior produtor de níquel do mundo “Norilski nikel” e a empresa de transporte maríritmo de gás “Gazflot” (do grupo Gazprom) poderão fazer novas encomendas a essas estaleiros e permitir a sua recuperação económica.
Na cimeira de Sotchi, Dmitri Medvedev e Angela Merkel deverão analisar o problema da segurança energética da Europa, a fim de evitar uma nova “guerra do gás” entre a Rússia e a Ucrânia.
O Presidente russo e a chanceler alemão deverão também concentrar a sua atenção em problemas internacionais como a situação em torno do Afeganistão e do Irão.
JM (Lusa).
Caro PM, eu não posso publicar no blog tudo, porque os problemas que você aborda foram todos abordados em artigos que escrevi para a Lusa, com grande promenor, tanto sobre a Opel e os estaleiros, etc...
Caro JM,
Aceite nesse caso as minhas desculpas. Desconhecia que tinha falado acerca disto para a Lusa.
Caro PM, os investimentos russos no estrangeiro deveriam ter começado há muito tempo. Com a crise, não sei se o dinheiro irá dar para tudo...
Caro JM,
Se por acaso, a economia estivesse a correr de feição, estaria a Opel para venda? e se os russos tentassem adquirir uma empresa saudável, a Alemanha permitiria? já para não falar dos custos proibitivos?
Há quanto tempo está a Rússia a tentar adquirir uma companhia de aviação europeia? Sugiro que faça uma pesquisa sobre empresas adquiridas ou que passaram a ter uma participação e verá que a coisa não é de agora.
Além disso, a compra das empresas que citou visam a aquisição de novas tecnologias de que tanto precisa...
Completamente de acordo. E a estratégia está correcta. Eles precisam de alguns saltos tecnológicos em algumas àreas e estão a trabalhar para isso. Mas não se esqueça de um pormenor, estratégias destas precisam de dinheiro e parece-me evidente a mim, que a Rússia soube guardar o dinheiro para os investimentos. Daqui a uns anos, irá colher os frutos.
Nos anos 60 do séc. XIX, a URSS comprou uma fábrica de automóveis à FIAT, mas isso não permitiu à URSS tornar-se uma potência neste campo.
Realidades diferentes. Agora a Rússia está a jogar no mesmo mundo e prepara-se para entrar na corrida.
O governo norte-americano não vê com bons olhos este negócio, mas ele tem o apoio da chanceler alemã, Angela Merkel.
Meu caro,
Um país que só neste ano já assistiu a 77 bancos a falir, não tem olhos para coisa nenhuma. Podem não gostar, como não gostam de muitas tantas coisas, mas estão de mãos atadas.
Caro PM, a discussão entre nós faz lembrar a disputa verbal em torno do copo de água. Você afirma que o copo está meio cheio, enquanto que eu considero que ele está meio vazio.
Deixe dar-lhe uma explicação para este facto, com o qual você pode não estar de acordo: você acompanha a Rússia a partir de fora e eu estou aqui.
Com tanta corrupção e falta de perspectiva da elite política russa, duvido muito na realização do seu sonho. A Rússia tem dirigentes com políticas reactivas, mas falta-lhe gente que tenha uma visão do futuro que quer para o seu país.
Mas vamos ver quem de nós terá razão. Não ficarei triste se a Rússia se transformar num país própspero, livre e democrático, e reconhecerei o meu erro de previsão...
Deixe dar-lhe uma explicação para este facto, com o qual você pode não estar de acordo: você acompanha a Rússia a partir de fora e eu estou aqui.
Estamos completamente de acordo. O facto de você assistir por dentro e eu por fora, dá-nos percepções completamente diferentes sobre o mesmo tema, neste caso a Rússia. Eu já lhe tinha dito algures num outro artigo seu, que parte do seu pessimismo reside nesta sua proximidade, na sua experiência pessoal de viver aí.
Com tanta corrupção e falta de perspectiva da elite política russa, duvido muito na realização do seu sonho. A Rússia tem dirigentes com políticas reactivas, mas falta-lhe gente que tenha uma visão do futuro que quer para o seu país.
Curioso essa percepção que tem sobre a minha pessoa. Eu não tenho um sonho para a Rússia, mas tenho uma ideia do caminho que a Rússia está a querer traçar e tento obter informações que me permitam confirmar(ou não) as minhas análises.
E você apenas vê esta minha parte da Rússia porque este blogue é dedicado ao tema da Rússia.
Eu posso estar errado, sobre as minhas análises, mas pelo o que tenho visto na última década e pelo o que tenho argumentado e contra-argumentado com uma série de gente ao longo destes anos eu já tenho matéria para apontar (e apontei) o dedo com muita gente com quem troquei impressões.
E sempre que estiver errado que me apontem o dedo também.
Embora aqui neste espaço se discute a Rússia, a minha àrea de "estudo" principal é um possível confronto à escala global num futuro relativamente próximo, com 3 grandes intervenientes: EUA, China e Rússia.
A principal razão para o conflito são os recursos energéticos, não existe o suficiente para estes 2 enormes devoradores de energia. E não será um conflito de combate a terroristas como últimamente tem aparecido, será uma guerra total, pela sobrevivência dos países envolvidos.
há coisa de uns 11/12 anos fiz uma estimativa para a situação agravar-se sériamente a partir de 2010, quando a China já teria o minimamente suficiente para colocar em causa Taiwan e poder fazer um bloqueio a uma possível intervenção por parte dos EUA.
Nesta altura tinhamos Clinton, uma economia fortíssima e uma Rússia completamente desfeita sem dinheiro para nada onde tudo se vendia. Foi neste cenário por exemplo que ganhou muita força o pipeline BTC e também foi nesta altura que a China, passou a adquirir muito material russo bélico de qualidade, que numa outra altura seria impensável.
Se a situação se mantivesse assim por mais uns anos, a Rússia teria de facto permitido abrir um corredor para o Cáspio e teria perdido acesso ao mesmo por perda de território como uma vez cheguei aqui a fazer referência que possuo um mapa da Porto Editora que mostra um futuro na altura muito plausível para a Rússia, esta não ter acesso ao Cáspio.
Chegou Bush, o 11/9 e entrou Putin. Em poucos anos tivemos mudanças radicais e onde considero que falhou (e gravemente) a estratégia delineada pelos os EUA.
A estratégia foi pensada com Yeltsin ou alguém parecido aos comandos da Rússia e não souberam ver (ou recusaram-se a acreditar) que Putin era diferente até ser tarde demais.
Bush e os estrategas que delinearam o futuro dos EUA como superpotência, não previram a reviravolta na Rússia e convenceram-se que pelo facto de ter o melhor, o mais bem equipado e sofisticado exército do mundo, permitiria controlar facilmente o Iraque e aceder ao Cáspio.
Bush desviou importantes somas de dinheiro (cortou práticamente em todas as àreas para desviar para o sector militar, com a justificação do combate ao terrorismo, mas apenas parte desse dinheiro estava a ser utilizado para tal, o restante estava a ser gasto nas armas do futuro) e deixou o país endividar-se demais.
Enquanto os EUA se desgastavam em todos os sentidos (militarmente, moralmente, financeiramente), a silenciosa China continuou a crescer e a conquistar fornecedores de energia, muitos onde o principal cliente era os EUA sem disparar uma única bala. Ao mesmo tempo investia e investe cada vez mais em armas, a maior parte vindos da Rússia.
Enquanto a China se enche de armas, o Japão grita e ameaça construir mísseis nucleares, pois têm todo o know-how mas não o fazem por opção. Entretanto fornecem aos EUA mais bases no seu território e isso não foi bem recebido por muitos.
Na Coreia do Sul, ganhou força o pedido para acabar a presença americana no território, (uma das últimas situações ocorridas foram 2 meninas atropeladas mortalmente por um tanque americano), mas Bush incluiu a Coreia do Norte como um dos países do eixo do mal, que fez regredir os progressos efectuados entre as duas coreias (Clinton tinha prometido a construção de duas centrais nucleares na Coreia do Norte) e nunca vieram a materializar-se e Bush acabou com isso, tendo a Coreia do Norte indicado que iria retomar os projectos nucleares.
Com isto acabou a polémica do fecho das bases na Coreia do Sul, necessárias não para a Coreia do Norte mas sim para a crescente ameaça da China e colocou em causa um projecto ambicioso da Rússia de ligar a Europa à Àsia via caminho de ferro que obriga a ligação das 2 coreias.
Entretanto poderá confirmar que as cidades costeiras chinesas estão a ser equipadas com os melhores sistemas defensivos que a Rússia exporta e tanto a aviação como a marinha estão a adquirir equipamentos russos que permitam atacar porta-aviões.
Do lado dos EUA, estão a ser enviados cada vez mais material para Diego Garcia, o que eu considero o reforço para o que existe na Coreia do Sul e Japão.
Actualmente estamos numa situação perigosa. muito perigosa.
Os EUA estão com sérios problemas económicos e isso vai obrigá-los a recuar na sua formidável máquina militar.
A Rússia cresceu e muito. e já mostrou que ela também tem determinação suficiente para defender por todos os meios o que considera importante para eles.
E a China está para mostrar as suas garras, e achei muito preocupante o sinal que enviaram ao destruir um satélite com um míssil.
No meu ponto de visto estamos a chegar a um ponto muito perigoso que é a constatação que não é possível aos EUA manterem o seu nível actual e haverá um recuo na sua componente militar. o vazio deixado por eles espalhado pelo o globo, será ocupado por outros, a partir daqui será uma expiral descendente com tantos inimigos criados.
Todos aqueles países que dependem de uma América forte e que os protejam estão em perigo. Mas muitos países que não concordam com muitas das políticas americanas estão em ascensão.
A passagem de um mundo mundo unipolar para um multi vai ser violento, o quanto vai ser é que iremos ver.
Caro Jm,
Não sei se teve paciência para ler este arrozoado todo, mas é uma forma de lhe tentar passar a si um pouco como vejo as coisas. Eu não me dedico apenas à Rússia, mas esta está na maior parte dos cenários que vejo e não concordo com muito do que se é dito sobre o país, que dá impressões erradas a quem os lê.
Eu posso falar de outros países, sigo uma série deles e de tudo o que aqui escrevi (e que é bem pouco sobre o que queria falar), posso mostrar-lhe artigos a constatar as situações.
Só que este blogue é para a Rússia e é desse que falo.
E gastei uma boa parte da manhã a escrever isto. Tenho dias que gosto de escrever um bocado.
Caro JM,
Pela primeira vez, fui barrado ao tentar colocar o que escrevi, porque o máximo que isto permite são 4096 caracteres...
De facto parece que exagerei e muito. E se calhar é um abuso da minha parte, escrever arrozoados destes no seu blogue, também não penso em escrever muitos mais deste tamanho mas a acontecer prefere que para a próxima eu envie para si via mail?
Caro PM, eu não escreveria (nem concordaria) melhor.
A par disso muito poderia ser dito sobre o retrocesso auto-imposto do mundo Ocidental, sobretudo ao nível moral e populacional, e o crescimento do extremismo islâmico, fora e dentro das nossas fronteiras.
Todos os factores em conjunto anunciam um futuro negro. Mas como disse, neste blog é melhor ficarmo-nos pela Rússia.
Acho que é impossível e errado analisar a situação geoestratégica das relaçoes da Rússia com os seus vizinhos sem considerar o panorama global, ou seja, como se as relações Rússia-Ucrânia ou Rússia-Georgia por exemplo, existissem sem mais nenhuma influência externa, como se fosse um sistema fechado.
Portanto para falar de todos os assuntos que envolvam a política externa russa é impossível e errado só reduzir ao contexto da Rússia propriamente dita e dos países com que directamente se relaciona.
Quem o faz está a cometer um erro ou por estreiteza de vista ou porque quer proteger ou tomar partido de um dos intervenientes extriores. No último caso não que isto seja censurável mas sim pelo facto de que estas pessoas deviam ter a devida honestidade e frontalidade de exporem o que e quem realmente defendem.
Isto só para dizer que acho um pouco falacioso quando se chama a atenção que o blog é sobre a Rússia
nesta área em particular.
Cumpts
Manuel Santos
PortugueseMan
Relativamente à sua análise dos 3 intervenientes num hipotético conflito, mesmo assim considero que quem está a contribuir por uma menor perigosidade é a Rússia dado os seus objectivos serem os mais "modestos" face aos outros 2.
Passo a explicar:
Rússia: Tem como objectivo primordial manter a sua zona de influência mais ou menos correspondente ao antigo espaço soviético livre de quaisquer países ou alianças que lhe sejam hostis ou que esta entenda como hostis. O segundo objectivo primordial é manter o monopólio da possessão das fontes de hidrocarbonetos e da sua distribuição em todo espaço euroasiático garantindo assim a entrada de divisas que a sustem a sua economia e consequente manutenção do seu espaço geográfico e estatuto como potência mundial.
O terceiro objectivo que será uma consequência dos anteriores constará em se constituir como potência global reconhecida e respeitada a nível mundial tendo de ser sempre considerada nas decisões mundiais mais importantes em todos os planos (económico, científico, militar, etc).
Se conseguir o mínimo destes propósitos provavelmente atingirá um ponto de equilíbrio que possa garantir uma sã convivência com os outros intervenientes sem sobessaltos de maior.
1/3
2/2
China: Está a captar todas as fontes de fornecimento possível de energia para alimentar o sua crescente e exponencial necessidade de consumo que lhe garantam tabém o estatuto de potência mundial respeitada. O facto de se não saber aonde vai parar essa expansão e crescimento e a consequente gula por fontes de hidrocarbonetos reside o principal factor de perigosidade desta potência que a coloca em colisão com os interesses dos outros 2 intervenientes, além do seu ódio de estimação que é a Índia e que se pode tornar num oponente formidável.
2/2
2/3
EUA: Lamentávelmente nos últimos 20 anos instituiu-se nos principais órgãos de defesa norteamericanos uma escola de pensamento que impõe a esta grandiosa nação dois objectivos hegemónicos: Os EUA têm de se manter à frente e liderar todas as nações da terra, em particular no aspecto económico sendo a grande arma de penetração, o ultraliberalismo (dado as multinacionais norteamericanas estarem especialmente vocacionadas para o uso desta arma) sob pena de que caso isso não aconteça constituirá a derrocada dos EUA como nação próspera e sem ameaças. Recordo-me muito bem de uma entrevista do embaixador John Bolton em que este como viva voz deste pensamento expressava que a América devia constituir como objectivo a desnuclearização do mundo ficando os EUA como única potência nuclear e militar logo o extremo garante da “Pax americana”. O segundo objectivo que mais não é uma consequência do primeiro é também a posse e manutenção das fontes de hidrocarbonetos a nível global constituindo uma astronómica reserva e dotando a América de uma arma económica permitindo-lhe a abertura ou o fecho da torneira como muito bem entender.
Além da perigosidade de entrar em colisão com os outros dois intervenientes existe também o perigo de insurgência em países com estes recursos como é o caso do médio Oriente ou mais recentemente o Brasil.
Cumpts
Manuel Santos
PortugueseMan
Pelo José Milhazes e pelos outros leitores não sei mas para mim é sempre um prazer ler as suas brilhantes análises.
E relativamente a esse mapa, como já lhe referi teria muito prazer em consultá-lo.
Porque não o publica no seu blog?
Cumpts
Manuel Santos
Caro MSantos,
Eu estou na dúvida se esse seu post está dirigido a mim.
Mas este Blogue está direccionado para a Rússia e nem todas as notícias sobre a Rússia são aqui colocadas (nem é esse o objectivo do autor) quanto mais colocar aqui notícias referentes a outros países que de um modo ou de outro afectem a Rússia, ou notícias mais vocacionadas para aspectos militares ou estratégicos.
...estas pessoas deviam ter a devida honestidade e frontalidade de exporem o que e quem realmente defendem...
Você deveria ser mais específico a quem se refere. está a falar do JM?
Agora que fiz refresh reparei que uma série de novos posts apareceram, caro MSantos estava a referir-me ao seu post das 21:58
Caro MSantos,
Como se apercebeu que eu tinha um blogue? foi por ter colocado aqui um post identificado?
Relativamente ao mapa, estou a pensar em ir ali tirar uma foto e ver se trato disso, para um dia destes...
Portugueseman
Já tive oportunidade de dizer ao JM que exactamente por estar a viver por dentro a realidade russa o seu ponto de vista tem de obrigatóriamente alhear-se de outros factores tal como muito bem menciona:
"O facto de você assistir por dentro e eu por fora, dá-nos percepções completamente diferentes sobre o mesmo tema, neste caso a Rússia"
As pessoas que me referia são aquelas que procuram todo e qualquer argumento para defender por exemplo o alargamento da NATO ás fronteiras russas, não encarando o óbvio factor de desestabilzação que isto acarreta nem as consequências para a própria Europa do que isso vai trazer.
Além é claro, dos fanáticos de serviço.
Relativamente a como descobri o seu blog, acertou.
Cumpts
Manuel Santos
Caros leitores, podem publicar o número de comentários que acharem bem, principalmente quando são construtivos e contributivos para a discussão. PM, só tem é de redigir os seus comentários de forma a entrarem.
Este blog é da Rússia, mas enquanto país inserido, actor importante, nas relações internacionais. Por isso, continuem...
Um aplauso para estes comentários.
Sem dúvida.
Teria interesse em ver o blog de PM...
PM, este link pode interessar-lhe.
http://www.iias.nl/newsletter-51
Acabei de o receber na cixa do correio. O tema principal da edição de Verão do jornal do IIAS versa sobre segurança energética.
Aliás, o International Institute for Asian Studies interessa a toda a gente com vontade de saber. O seu jornal trimestral (newsletter) é grátis, por isso podem pedi-lo, ou então consulta-lo online.
Obrigado Pippo, vou dar uma olhadela.
A Merkel está a dizer:"...a do Dimitri é deste tamanho"
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