quarta-feira, outubro 21, 2009

Autoridades escondem números reais de doentes com gripe A/H1N1


Oleg Kissilov, director do Instituto de Investigação da Gripe da Rússia, considera que o número de casos de gripe A/H1N1 no país é dez vez maior do que o mencionado nas estatísticas oficiais.
Segundo as autoridades médicas, no dia 15 de Outubro, o número de infectados com o vírus da gripe A/H1N1 era de 807 e, no dia 19, 927.
“Esses dados não são verídicos”, declarou Kissilov numa conferência de imprensa hoje realizada.
Oleg Kissilov acrescentou que as estatísticas oficiais mencionam principalmente casos de gripe “importada”, enquanto que o seu instituto quer que sejam acrescentados os casos de contaminação “interna”, no seio das famílias.
O director do Instituto de Investigação da Gripe atribui a discrepância entre os números oficiais e a situação real às insufiências na etapa do diagnóstico.
Segundo ele, a mortalidade provocada pelas complicações da gripe A/H1N1 é muito elevada.
“Em média, a mortalidade é de duas a quatro vezes superior à provocada pela gripa sazonal”, concluiu.
A distorsão de dados pelas autoridades sanitárias sobre o número de russos infectados com o vírus da gripe A/H1N1 já tinha sido denunciada pelo académico Dmitri Lvov, director do Instituto de Virologia, que fala em “dezenas de milhar” de casos na Rússia.
Este cientista afirma também que já há vítimas mortais, mas Guennadi Onichenko, chefe dos serviços sanitários da Rússia, considerou essas declarações “terrorismo informativo”.
A gripe A/H1N1 já obrigou a suspender aulas em várias turmas da Universidade da Amizade dos Povos, do Instituto Estamatológico e do Colégio Militar de Moscovo.
Hoje, as autoridades de Tchita, cidade do Extremo Oriente russo, decretaram o encerramento de todas as escolas primárias e médias locais, bem como a suspensão de aulas em algumas turmas de estabelecimentos do ensino superior devido ao aumento de infectados com o vírus da gripe A H1N1.
Medidas semelhantes foram tomadas noutra cidade da região: Krasnokamensk.
O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, já anunciou que o seu governo já destinou meios financeiros para o fabrico de mais de 40 milhões de vacinas.

2 comentários:

MSantos disse...

“Em média, a mortalidade é de duas a quatro vezes superior à provocada pela gripa sazonal”

Esta eu não compreendi, pois a informação que corre é que a taxa de mortalidade da gripe A é inferior à da sazonal.

Apenas é mais virulenta e afecta mais as gerações nascidas depois da década de 60, pois as anteriores já tomaram contacto com a estirpe.

Cumpts
Manuel Santos

Cristina disse...

A mortalidade da gripe A é superior na Rússia provavelmente devido à menor eficácia do sistema de saúde.Na Rússia, é frequente pessoas doentes em situação de urgência serem rejeitadas pelos hospitais por não terem um seguro adequado (ou estarem registadas noutra região do país).Muitas vezes é preciso dar "gratificações" aos médicos para poder internar um familiar. Não existe um sistema de saúde universal, de fácil acesso. Naturalmente que, no sector privado ou nos hospitais centrais especializados,os serviços são de alta qualidade, quer em termos de recursos humanos, quer técnicos, mas a esmagadora maioria da população não tem possibilidades de aceder a estes estabelecimentos. Parece-me que também não tem estado a ser efectuado no país um trabalho de prevenção adequado da gripe A (campanhas televisivas, planos de contingência nas escolas e nas empresas, etc).