Artigo na Lusa sobre o lançamento do livro: Angola: o início do fim da União Soviética"
Quando o Partido Comunista Soviético preparava o apoio à FNLA, foi Álvaro Cunhal a 'virar o jogo' para o MPLA, afirma o jornalista e historiador José Milhazes, autor de 'Angola: O Príncipio do Fim da União Soviética', a lançar na sexta-feira.
A génese do apoio da URSS ao MPLA é um dos episódios sobre o qual é feita luz no livro, editado pela Nova Vega, de José Milhazes, residente há mais de 30 anos na Rússia, onde é o actual correspondente da Agência Lusa.
'No meu livro abordo alguns episódios menos conhecidos das relações entre Angola e a União Soviética, nomeadamente nos anos 60, quando Nikita Krutschev, secretário-geral do Partido Comunista soviético, decide reconhecer Holden Roberto e a FNLA como representantes do povo angolano na luta anti-colonial, e isso não acontece devido à presença de Álvaro Cunhal em Moscovo, que consegue fazer a direcção soviética mudar de ideias e reconhecer Agostinho Neto', disse Milhazes.
'Muitos quadros angolanos passaram pelo Partido Comunista e estavam influenciados pelo marxismo-leninismo', recordou Milhazes, justificando a mais-valia de Agostinho Neto aos olhos de Moscovo.
A obra de Milhazes resulta de uma pesquisa iniciada nos anos 1990, nos arquivos da ex-URSS, nomeadamente o Presidencial, do PCUS, e da Fundação Gorbatchev actualmente o mais aberto, onde o jornalista encontrou registos de conversas do último líder soviético com Mário Soares, Álvaro Cunhal e José Eduardo dos Santos.A investigação é complementada com entrevistas e artigos sobre este tema e memórias publicadas por militares e conselheiros soviéticos que passaram por Angola.
No seu livro, Milhazes tenta provar que o golpe de Nito Alves, em 1977, dentro do MPLA teve o apoio de Moscovo.
'Nito representou Angola no Congresso do PC soviético. Isso [para Moscovo] significava que era naquele momento o homem de extrema confiança', acrescentou.
'Nito representou Angola no Congresso do PC soviético. Isso [para Moscovo] significava que era naquele momento o homem de extrema confiança', acrescentou.
O jornalista afasta a tese de que o primeiro Presidente angolano terá sido assassinado por ordem de Moscovo, como acusou a viúva de Neto.
'Falei com pessoas que participaram nesse processo e disseram-me que ele estava mortalmente enfermo e a URSS reconheceu que foi um erro trazê-lo e operá-lo', disse Milhazes.
Certo, segundo o autor, é que Moscovo 'recebeu bem' a ascenção ao poder (1979) de José Eduardo dos Santos, que era visto como próximo por ter estudado na União Soviética.
A intervenção militar no conflito angolano aprofundou-se, até ao ponto de a ex-colónia portuguesa se ter tornado, nas palavras de um alto funcionário do PC soviético, numa das razões do fim da URSS, que 'teve corolário na aventura do Afeganistão'.'Angola debilitou fortemente a URSS e dificultou altamente as relações com os Estados Unidos. Era uma ferida constante', explicou.
Depois do fim da URSS, Moscovo, a braços com o seu próprio desmembramento, 'não tinha tempo a perder com Angola'.Hoje, procura-se recuperar esse tempo.
'Na exploração de diamantes nunca desapareceram os laços e, no petróleo e gás, voltou de novo o interesse em Angola', sublinhou Milhazes, lembrando que a Rússia tem quadros que trabalharam lá, conhecem o terreno e sabem falar português, além dos milhares de angolanos que se formaram na URSS.
Milhazes já pensa numa segunda edição do novo livro, com mais material que venha a ser desclassificado ou tornado público por intervenientes directos, e também em trabalhos semelhantes sobre outras ex-colónias portuguesas.
11 comentários:
Que o lançamento corra bem e que o livro seja um sucesso.
São os meus votos.
Abraço
Manuel Santos
Votos de muito sucesso para esse livro!
Muitos parabéns!
Os meus votos para o sucesso deste livro. Quando escrever um sobre a Guiné, de certeza que o comprarei já que perdi dois anos da minha juventude nesse ex-território colonial português e gostaria de conhecer aquilo que nunca nos foi revelado pelo regime salazarista.
Abraço
Sucesso
Eu.
Parabens! La para o Natal quando estiver por Portugal, espero compra-lo.
Boa sorte,
Nuno Pinto.
Os meus amigos também já foram notificados do lançamento.
boas vendas! :o)
O José Milhazes sempre próximo da história russa. Poderia lançar um livro que conta a satisfação do povo russo diante dos bons feitos militares da NATO no Kosovo, na Geórgia e Ucrãnia também.
Leitor anónimo, eu sei decidir sobre o que escrever. Se achar que isso for necessário, assim o farei. Mas, agora, estou virado para outro lado. Escreva você.
"No seu livro, Milhazes tenta provar que o golpe de Nito Alves, em 1977, dentro do MPLA teve o apoio de Moscovo." - ainda ha duvidas? Para isso nao e preciso pesquisar muito. Nito Alves quando depois do golpe falhado refugiou-se na embaixada sovietica em Luanda, aonde foi entre aos cubanos e posteriormente fuzilado.
Leitor anónimo, no meu livro, não pretendo provar nada, apenas publico factos, relatos e testemunhos de forma a que os leitores tirem conclusões. E você está enganado quando afirma que Nito Alves se refugiou na embaixada soviética, a não ser que tenha dados para provar o contrário, o que seria uma grande sensação.
Leia o meu livro e poderemos continuar a conversa.
Material precioso para compreender o percurso da historia.
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