segunda-feira, novembro 09, 2009

Moscovo propõe acordo de pré-alerta à UE no campo da energia

O Ministério russo da Energia elaborou e apresentou à Comissão Europeia um memorando sobre o mecanismo de pré-alerta em matérie de energia no quadro do diálogo energético Rússia-União Europeia, escreve hoje o diário Kommersant.
O documento contém os passos conjuntos a dar em caso de interrupção dos fornecimentos de hidrocarbonetos à Europa, nomeadamente provocada por terceiros países.
Segundo Anatoli Ianovski, vice-minitro russo da Energia, a parte russa espera uma resposta à sua iniciativa da parte da União Europeia.
“Estou pronto a iniciar negociações a todo o momento para que os coordenadores do diálogo energético russo-europeu possam assinar um, documento na cimeira Rússia-UE, que terá lugar em Estocolmo, do dia 18 de Novembro”, sublinhou.
O memorando é constituído por 13 capítulos que definem noções tão importantes como “situação de urgência” e “mecanismo de pré-alerta”, determinam os passos que as partes devem empreender em caso de interrupção dos fornecimentos de hidrocarbonetos russos à Europa.
O documento dedica particular atenção ao pré-aviso e à reacção das partes em caso de emergência, de situações de urgência e de circunstâncias susceptíveis de os provocar.
Entre essas situações, o Ministério de Energia cita os acidentes nos gasodutos e a extracção não autorizada do gás encaminhado pelos pipelines de trânsito ou do injectado nas reservas subterrâneas. Estes são precisamente os incidentes que, ano após ano, provocam “guerras de gás” entre a Rússia e a Ucrânia desde 2000.
Segundo o Kommersant, mesmo que Bruxelas rejeite a iniciativa de Moscovo, o aparecimento do memorando favorece a Rússia, que poderá justificar a sua posição dura face a Kiev com o facto de ter convidado a Europa a encontrar conjuntamente uma solução para eventuais conflitos energéticos.
Normalmente, as “guerras de gás” entre a Rússia e a Ucrânia têm lugar no fim do ano devido a divergências sobre preços e volumes de fornecimento de gás russo ao país vizinho e à Eupropa através dele.
Este ano, semelhante conflito coincidirá com a campanha eleitoral para as presidenciais na Ucrânia, o que poderá levar os candidatos, nomeadamente o actual Presidente Victor Iuschenko e a primeira-ministra Iúlia Timochenko, a utilizarem o gás como arma política.

3 comentários:

Jest nas Wielu disse...

O mais correcto será dizer assim:

“Todos os candidatos “presidenciáveis” vão usar a questão do gás como a arma de remessa”.

Pippo disse...

É uma iniciativa interessante e inteligente da parte de Moscovo. Em lugar de se limitar a "reagir", ficando numa posição passiva, a Rússia toma a iniciativa e coloca em cima da mesa os pontos que considera importantes serem discutidos, balizando-os.

Para mais, se fizer propostas concretas e exequíveis, Moscovo colocará os pontos nos "is" no que toca aos países de trãnsito, limitando e/ou penalizando a acção destes caso haja interrupções e salvaguardando a posição do fornecedor.

Resta saber se as propostas, se muito acutilantes, poderão ser "politicamente correctas" para a UE as aceitar, dado que é interesse de muitos governantes estender a União ao "Oriente próximo", isto é, ao Leste europeu (e até à Ásia Menor!), excluindo a Rússia.

PortugueseMan disse...

...Normalmente, as “guerras de gás” entre a Rússia e a Ucrânia têm lugar no fim do ano devido a divergências sobre preços e volumes de fornecimento de gás russo ao país vizinho e à Eupropa através dele.
Este ano, semelhante conflito coincidirá com a campanha eleitoral para as presidenciais...


Este ano não haverá conflito semelhante.

O contrato deste ano, já indica o preço do próximo ano.

A haver problema será no não pagamento. Este tem que ser pago todos os meses e não pode falhar.

A falhar será cortado.

Definidas estas condições, não há muito por onde fugir. A Rússia quer o dinheiro a pronto e a horas, a Ucrânia tem que pagar ou alguém tem que pagar por ela.

A não haver pagamento a UE terá que colocar uma equipa de controlo pelo menos na Rússia para verificar qual o volume de gás que está a ser enviado, antes de se efectuar o corte de gás para consumo ucraniano.

Resumindo, só haverá problemas caso a Ucrânia não pague, ou alguém por ela.

Tal não vai acontecer. A Europa paga.