sexta-feira, novembro 20, 2009

Nova doutrina militar visa defender recursos energéticos, proteger país da NATO e terrorismo


A nova doutrina militar russa visa responder a novos perigos militares como a luta pelos recursos energéticos e outros com o emprego das Forças Armadas, contra o alargamento da NATO, a difusão de armas de extermínio em massa e o terrorismo internacional, declarou Nikolai Patruchev, secretário do Conselho de Segurança da Rússia.
Numa entrevista hoje publicada no diário Rossiskaia Gazeta, Patruchev revelou o novo documento é constituído por um prefácio, onde são definidos os termos utilizados no documento e três capítulos, sublinhando que se trata de um “documento de carácter defensivo”.
Porém, a nova doutrina militar prevê a possibilidade de emprego, por parte da Rússia, de armas nucleares para responder a uma agressão com o emprego de armas convencionais, bem como para desferir ataques preventivos.
Segundo Patruchev, uma das primeiras tarefas do Estado é “a preparação de Forças Armadas móveis, compactas, equipadas com armamentos modernos e capazes de reagir eficazmente às ameaças”.
O documento dedica particular atenção aos “novos desafios geopolíticos”, entre os quais estão a luta pelos recursos energéticos, pretensões territoriais, alargamento da NATO, difusão de armas de destruição massiva e terrorismo internacional.
Esta doutrina militar é a terceira na história contemporânea da Rússia. A primeira, elaborada em 1993, partia do princípio que “os conflitos militares estão excluídos”. A segunda tinha um “carácter defensivo”.
“Mas a vida não parou. O posterior desenvolvimento da situação no mundo mostrou que os conflitos militares são possíveis, nomeadamente de grandes dimensões”, concluiu Patruchev.

8 comentários:

Anónimo disse...

“Mas a vida não parou. O posterior desenvolvimento da situação no mundo mostrou que os conflitos militares são possíveis, nomeadamente de grandes dimensões”, concluiu Patruchev.

Ainda existem homens realistas.A Rússia está de parabéns.

MSantos disse...

A única ameaça abertamente apontada e denominada é o alargamento da NATO.

Tudo isto faz parecer ser essa a ameaça primordial, razão pela qual as forças russas terão um dia que combater.

Mas mesmo que a ameaça NATO se venha a concretizar sob a égide de uma nova administração americana conservadora, muito dificilmente conseguirá mover os meios militares necessários para disputar "a luta pelos recursos energéticos e outros " em território russo, o que faz parecer todas estas novas doutrinas e estratégias uma imensa maskirovka de modo a iludir e sossegar a grande e real ameaça.

"CAP.I-19. Assim quando preparados para atacar, devemos deixar transparecer o contrário; quando movimentamos as nossas forças, devemos parecer inativos; quando estamos próximos, devemos fazer crer ao inimigo que nos encontramos longe; quando estamos longe, devemos fazê-lo crer que estamos próximos."

Sun Tzu in "A arte da guerra"

Cumpts
Manuel Santos

Emanuel Cesar disse...

Que a Russia se proteja da possivel ameaça da OTAN, que apoia países com postura beligerante, como a Georgia...

Jest nas Wielu disse...

Já que estamos a falar sobre a Geórgia, estes dias Mikheil Saakashvili esteve na Ucrânia, onde participou no talk show da TV TRK Ukrayina “Pronto a Responder”. As perguntas eram sem nenhuma censura, eis as partes mais importantes das respostas do Presidente georgiano:

Sobre economia & corrupção:
- Antes do meu governo, o orçamento da Geórgia era 350 milhões de USD, nós o aumentamos em 14 – 15 vezes
- Só na capital o novo governo despediu 50 mil funcionários do estado e 40 mil polícias (90% da polícia criminal e 100% de polícia de trânsito)
- Apenas 5% da população confiava na polícia, agora mais de 80%, nossos polícias ganham à partir de 500 USD e até 4.000 – 5.000 USD
- Antes do meu governo, a Geórgia importava 80% de energia, neste momento gasificamos toda a Geórgia e exportamos a energia para a Rússia!

Sobre a política
- Se por causa dos compromissos políticos estas adiar as reformas, poderás não ter o dia de amanha (muito bem dito, tal e qual a situação da Ucrânia), tens que reagir hoje, tens que reagir com coragem, não aceitando nenhuns compromissos

Sobre a guerra de Agosto de 2008:
- Será que alguém acredita, que tendo o exército de 12.000 homens, dos quais 3.000 no Iraque e outros 4.000 na Geórgia ocidental atacamos o exército de 120 mil homens e 200 aviões russos?
- Desculpe, nós deveríamos mandar as flores ao exército que invadiu o nosso território?
- Eu penso que neste momento a Ucrânia não está ao alcance deles e que Deus queira que sempre seja assim!

Sobre relações Ucrânia & Geórgia
- Georgiana (cantora Tamara Gorgisheli) de Lviv isto é simplesmente baril!!!

Sobre a comunidade internacional
- Não temos ilusões, ninguém vai tirar as castanhas do fogo por nós… eu sei que há muito cinismo na Europa, mas qual é o outro caminho, voltar para a URSS? Isso acabou, ir para um regime despótico, que uns vizinhos nossos tentar criar?

Ossétia & Abecásia
A cidade de Sukhumi perdeu cerca de 90% dos seus habitantes georgianos, a cidade de Gagry perdeu 100% dos seus habitantes georgianos

Ver no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=
rKa4XNhU1Gk&NR=1 (parte 1)
http://www.youtube.com/watch?v=
BIOHs1n0Cj4 (parte 2)
http://www.youtube.com/watch?v=
p2ZWgsgBpeQ (parte 3)
http://www.youtube.com/watch?v=
d6GhMcmWGkw (parte 4)

Ver a versão integral na Internet:
http://www.ukrainatv.com/index.
php?fuseaction=files.one&id=16393&catid=14

Anónimo disse...

O Mischa esqueceu-se de revelar quantos zeros atinge a conta que recebeu em ajuda dos “amigos. O que são nove zeros? Sinais numéricos sem qualquer valor! Mas se colocados à direita de outros números, como é o caso aí as contas são outras.
Sobre o conflito de Ag. de 2008. As instituições internacionais, como a OCDE, C E, e ONU são tudo uma cambada de trapalhões. Ele é que diz a verdade.
Carlos TR

Anónimo disse...

Não acredito que venha a haver um conflito militar entre a Rússia e a NATO, sobretudo um conflito de grande intensidade. Os riscos são demasiado elevados.
O que a Rússia quer garantir é o seu potencial dissuasor, a sua capacidade de defender as fronteiras e de projectar poder. Daí o interesse em manter uma força de mísseis eficaz e o curioso interesse em ter porta-aviões. Talvez estes estejam ligados à defesa de certos gasodutos que não agradam a certos países...

Por outro lado, temos a postura totalmente convencional de querer defender os recursos. Isto está aliado à defesa de territórios estratégicos tais como o Cáucaso, por exemplo, os quais são desejados pelos EUA e seus sequazes. Por isso é que a guerra da Ossétia de 2008, desencadeada pelos georgianos (como foi provado pelo relatório da Fact-Finding Missoin, e já tinha sido transpirado pelos observadores da OSCE) acabou por ser benéfica para a Rússia pois permitiu-lhe afirmar-se naquela região.
Por outro lado (e isso já tinha sido deixado claro com a afirmação de que poderiam ser utilizados nukes), a protecção dos recursos do Extremo Oriente contra uma hipotética invasão chinesa ficou assegurada. Ou pelo menos, a ameaça está lá, o que é quase igual.

Resta o terrorismo, do qual tivemos um exemplo ontem com a morte do padre Danil. Neste campo, a defesa é feita exclusivamente com o recurso aos serviços de informações ea operações do tipo pplicial. É um tipo de guerra muito difícil pois não tem um calendário definido (é extremamente prolongada no tempo), implica um trabalho de recolecção de informações, infiltramento em células extremistas, etc.

MSantos disse...

Caro anónimo das 22.29:

Não vejo qual é o interesse da Rússia possuir porta-aviões além de serem só meros objectos de marcar presença e "mostrar bandeira".

Não têm interesses vitais ultramarinos, não estão a exportar nenhuma ideologia que necessitem de defender governos amigos além-mar ou conquistar pontos estratégicos, não possuem linhas marítimas de comunicação de interesse estratégico e nem sequer possuem uma frota de superfície capaz de providenciar escolta e suporte logístico.

Nisso os chineses são mais sábios, pois já têm linhas de comunicação marítima a defender, estão a construir uma frota de combate de superfície capaz e moderna, além dos navios de suporte e logística como reabastecedores oceânicos etc. O ou os porta-aviões serão a cereja que vai coroar o bolo e terão toda uma estrutura a suportá-los.

Infelizmente os pensadores navais russos ainda não interiorizaram este conceito e querem fazer a casa a começar no telhado, razão pela qual, o porta-aviões russo é uma mera montra de pretenso poder naval.

Seria mais sensato se virassem para a construção de unidades de superfície como modernas fragatas e destroyers e navios de reabastecimento.

Isto além da tradicional arma submarina onde a Rússia tem know-how e é forte.

A estratégia naval russa face ao seu continentalismo "heartland" deve apostar na negação do mar aos seus eventuais opositores. E para isso não necessita de porta-aviões.

Cumpts
Manuel Santos

Jest nas Wielu disse...

O director do Instituto de Desenvolvimento Moderno, Igor Jurgens (chamado de picareta falante de Medvedev) na entrevista ao Moskovski Komsomolets:

“Nós esquecemos que o conflito georgiano poderia, em princípio, parar a vida normal no país, e virar tudo para o lado contrário”.
http://www.mk.ru/386833.html

O mesmo Jurgens já tinha dito que “Putin poderá se tornar o novo Brejnev”:
http://www.mk.ru/politics/russia/
publications/354134.html