sábado, dezembro 05, 2009

Blog dos leitores (Putin e os oligarcas: filhos e enteados)



Texto enviado pelo leitor António Campos:

"Por qualquer razão, Putin nutre um ódio de estimação em relação a Khodorkovsky que o faz perder a compostura sempre que este é mencionado na sua presença. Na sua última longa sessão pública de perguntas e respostas, ao ser inquirido quanto à libertação do ex-oligarca, em vez de dar a necessária resposta de verdadeiro estadista (que seria a de que o caso está nas mãos do poder judicial e o poder executivo não tem voto na matéria), descambou a fazer afirmações sugerindo que Khodorkovsky estaria envolvido em “pelo menos cinco assassínios provados”.
Estas importantes acusações do primeiro-ministro da Rússia levarão certamente muitos de nós a pensar porque é que a pessoa em causa nunca terá sido formalmente acusada de tais actos pelo ministério público, tendo nós todos e o mundo inteiro agora descoberto em assombro que Putin tem provas do seu envolvimento.
Seja como for, já muito pouca gente tem ilusões quanto à legitimidade dos processos criminais instaurados contra Khodorkovsky e a simultânea expropriação dos activos da Yukos, por acaso recentemente considerada ilegal por um tribunal arbitral internacional, e com desenvolvimentos que prometem ser interessantes, que abrem caminho para pedidos de indemnização ao estado russo de muitos milhares de milhões de dólares.
Mas os píncaros da hipocrisia de Putin são atingidos quando o mesmo afirmou que os activos expropriados foram “devolvidos à nação”. Ou seja, qual Robin dos Bosques eslavo, o defensor do povo expropria o ladrão e devolve à populaça o que era seu de direito. O golpe mediático não poderia ter sido melhor, alimentando o mito de que o antigo presidente repôs a ordem no país ao quebrar as costas dos sanguinários, gananciosos e corruptos oligarcas.
Esta ideia terá mesmo sido reforçada nas mentes do público quando o primeiro-ministro, neste verão, aparece em frente às câmaras de televisão qual super-homem em roupa desportiva, a humilhar Oleg Deripaska, dono da RusAl e um dos oligarcas mais ricos da Rússia, obrigando-o por decreto a reabrir a fábrica de Pikalevo. A um Deripaska cabisbaixo, Putin afirmou em tom grave para todos ouvirem: “Você fez milhares de residentes reféns da sua ambição, da sua falta de profissionalismo e, possivelmente, da sua ganância”. Depois de assinar, o pobre Oleg ainda teve que ouvir: “A caneta é minha. Passe-a para cá”. Adorável. Quem não votaria em Putin depois de um espectáculo destes?
O que a maioria dos telespectadores desta cena não sabiam é que a administração russa, em contraste com o gesto magnânimo de devolver ao povo o que é do povo (no caso da Yukos), está agora a gastar centenas de milhões de dólares do erário público para salvar o império de Deripaska, construído no rescaldo das violentas guerras do alumínio dos anos 90 e inchado com crédito ocidental barato durante o boom dos preços das matérias-primas. Deripaska, reputadamente agora a pessoa mais insolvente do planeta, recebe ajudas de bancos estatais na forma de renegociações de empréstimos em condições favoráveis e aquisição de participações com dinheiro dos fundos nacionais de estabilização. O que lhe permitirá manter o controlo do seu vasto império empresarial.
O caso da RusAl nem é o único: outras empresas nas mãos de oligarcas e altamente endividadas, tais como a LukOil e a Norilsk Nickel, têm vindo a receber volumosa assistência estatal.
Qual é a conclusão óbvia? Que a tão badalada “domesticação” dos oligarcas em benefício do povo não é mais do que um embuste para consumo interno sem ligação com a realidade. Os beija-mão do regime continuam a enriquecer à custa da população (mesmo que tenham que comprar uma caneta nova) e os críticos vão parar à cadeia com base em acusações fraudulentas."

48 comentários:

Gilberto disse...

Irraparável texto, António. Perfeito.

E aquela estória de que a Yukos depois de ser "estatizada" foi dividida em duas -- uma boa e uma podre -- no qual a podre continuou estatal e a boa(com os ativos) foi vendida para uma empresa de faixada que tinha sido criada uma dia entes da venda?

PortugueseMan disse...

A conclusão óbvia vai um pouco mais longe do que estar apenas a criticar.

A conclusão mais óbvia é que a estratégia aplicada é maleável conforme as variáveis no momento.

A realidade da Yukos no tempo em que as coisas aconteceram, são diferentes da realidade de hoje.

As companhias estão em segmentos diferentes e estão ser aplicados objectivos diferentes.

E existe algo mais a realçar. a Rússia está a injectar dinheiro porque PODE. Não está a pedir a ninguém e isso conta muito nos tempos conturbados em que andamos.

Não vejo nada de errado o facto da Rússia estar a injectar dinheiro na empresa. Está a injectar numa empresa russa, está a salvaguardar interesses russos.

anónimo russo disse...

"O que a maioria dos telespectadores desta cena não sabiam é que a administração russa, em contraste com o gesto magnânimo de devolver ao povo o que é do povo (no caso da Yukos), está agora a gastar centenas de milhões de dólares do erário público para salvar o império de Deripaska, construído no rescaldo das violentas guerras do alumínio dos anos 90 e inchado com crédito ocidental barato durante o boom..."

"...Qual é a conclusão óbvia? Que a tão badalada “domesticação” dos oligarcas em benefício do povo não é mais do que um embuste para consumo interno sem ligação com a realidade..."




1. O sr. Campos realmente pensa que ninguem alem dele não sabe da ajuda do governo à vários companhias e bancos russos que estão em dificuldade devido à crise? Meu deus, que mania de grandeza! Na Rússia, meu amigo, isso não é segredo para ninguem. E o governo, ajudando chamados "oligarcas", ajuda, em primeiro lugar, a indústria russa, o setor bancário russo e a economia rússa em geral. Ou seria melhor deixar as maiores empresas do país sózinhas com os seus problemas, deixando-as falir, ficar propriedade estrangeira etc.? Não acho.

anónimo russo disse...

"Na sua última longa sessão pública de perguntas e respostas, ao ser inquirido quanto à libertação do ex-oligarca, em vez de dar a necessária resposta de verdadeiro estadista (que seria a de que o caso está nas mãos do poder judicial e o poder executivo não tem voto na matéria), descambou a fazer afirmações sugerindo que Khodorkovsky estaria envolvido em “pelo menos cinco assassínios provados”.




2. Ve-se logo que o sr. Campos não assistiu ao programa pessoalmente, mas novamente leu tudo nalguma Waschington Post. Porque se tivesse assistido, sabia que as primeiras palavras de Putin eram exatamente que Khodorkovski está na prisão pela decisão de um tribunal e vai estar lá segundo a decisão do juiz e o tempo definido na sentença. Depois falou dum dos ex-colegas do Khodorkovski, o chefe do serviço de seguramça da Yukos, que tambem cumpre uma pena de prisão por sinco assassínios provados em tribunal.
Se o sr. Campos não entende alguma coisa, pergunte, não se constranja.

Anónimo disse...

É mesmo assim como diz, António!
Putin sabe como agradar ao povo.A prisão de Khodorkovsky e a expropriação das suas empresas foi um verdadeiro crime.
A verdade é queKhodorkovsky queria concorrer às eleições presidenciais, financiava a oposição, tinha boas relações com o Ocidente e Putin simplesmente afastou-o do caminho!
Não é difícil na Rússia mascarar uma repressão política através de alegados delitos económicos. Os russos são exímios nisso!Fazem-no de tal maneira bem que enganam o seu povo e muitos outros povos do mundo!
José L.

antonio everardo disse...

Esse senhor Antonio Campos é apológico. Ele é membro da CIA?

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Ó caro Portuguêsman ou lá como é que você gosta de ser chamado, mas você pensa que são todos estúpidos? Ou pura e simplesmente está a fingir que está a leste do que a peça quer dizer?

Ok, eu vou explicar devagarinho e com muitos detalhes para ver se até você (e especialmente o anónimo russo, coitadito) consegue(m) acompanhar o raciocínio:

1.A Yukos era uma empresa altamente rentável, eficiente (um modelo de gestão, mais avançada e transparente do que qualquer outra empresa a operar na Rússia), o maior pagador de impostos da economia russa e que nunca precisou de bóias de salvamento estatais, foi expropriada com base em acusações falsas de fraude fiscal (exactamente como a Hermitage), e agora de “desvio” de matéria-prima (numa acusação tão mentecapta que estipula que Khodorkovsky “desviou” mais petróleo do que a Yukos produziu em toda a sua existência); o seu CEO, que não lambeu as botas ao presidente, está a apodrecer na cadeia, da qual provavelmente só sairá quando este for desta para melhor; é usada pelo Kremlin como um exemplo-bandeira de “justiça popular”, em que os gananciosos oligarcas tiveram que devolver ao povo o que lhe roubaram.

2.A RusAl, conglomerado criado na sequência dos mesmos “métodos” de privatização que deram origem à Yukos, e mais ou menos na mesma época, criada por Deripaska e Abramovich (que incidentalmente vendeu os seus interesses na Sibneft ao Kremlin por 13,7 mil milhões de dólares, um valor astronómico face à capitalização da empresa na altura - mais um crime de lesa-contribuinte); o Kremlin não só nunca se preocupou em “devolver” os activos da RusAl ou da Sibneft e outras à nação, como enfiou quase 14 mil milhões de dólares do erário público nos bolsos de Abramovich para a comprar (não recorrendo à opção de simplesmente expropriar, como fez com a Yukos, ou, no máximo dos máximos, pagar o justo valor de mercado), e agora está a bombear milhares de milhões para salvar a cara do patrão lambe-botas de um conglomerado que foi tão roubado ao povo como a Yukos. E de muitos outros também.

3. Putin pode enfiar dinheiro onde bem lhe apetece, uma vez que se considera acima da lei e não tem que prestar contas a quem lho dá a gerir. E não há ninguém que se atreva a desafiar essa desfaçatez sem ser arremessado de um 14º andar abaixo ou levar com um qualquer processo judicial inventado em cima e ser empurrado sem culpa formada para uma cela sem vidros na janelas com recusa de cuidados médicos até bater a bota com uma qualquer necrose hepática. Isso é mais do que evidente. O que não pode é andar a tentar fazer o mundo inteiro passar por estúpido, afirmando que a estropiação da Yukos foi um acto de justiça.

4.Já agora, qual é exactamente a parte da expressão “filhos e enteados” que você não percebeu?

António Campos

Wandard disse...

A única coisa que posso fazer é lamentar, por não termos tido ninguém no Brasil para tomar providências em relação aos processos de privatização das estatais que ocorreram em um certo governo e seus inúmeros beneficiários que ganharam dinheiro intermediando ou adquirindo nossas empresas a preço de banana, nada diferente do que ocorre hoje com os inúmeros casos de corrupção, muito falatório, exposição na mídia e no final, pizza. A privatização das estatais russas na era Yeltsin, transformou professores, prefeitos de cidades pequenas, funcionários públicos com baixos salários no apagar das luzes da moribunda União Soviética empresários bilionários com o nascer de uma Rússia em desintegração, tendo claro , a ajuda dos Estados Unidos e aliados, já é suficiente para enxergar o que aconteceu. A estrutura do país foi entregue de bandeja para um bando de aproveitadores, com a conivência de Yeltsin, de acordo com os seus interesses e da nação que pretendia sair vencedora da guerra fria com o posto de única superpotência, desmontando sua opositora.

anónimo russo disse...

Anónimo disse...
"É mesmo assim como diz, António!
Putin sabe como agradar ao povo.A prisão de Khodorkovsky e a expropriação das suas empresas foi um verdadeiro crime.
A verdade é queKhodorkovsky queria concorrer às eleições presidenciais, financiava a oposição, tinha boas relações com o Ocidente e Putin simplesmente afastou-o do caminho!"


1. A verdade é que, pelos vistos, um dos objetivos da política de Putin foi privar oligarcas da influéncia politica, o que foi feito com sucesso e os "oligarcas" de hoje são apenas os maiores empresários do país, sem nenhum poder político (ao contrário daquilo que existia nos anos 90).


"É mesmo assim como diz, António!
Putin sabe como agradar ao povo.A prisão de Khodorkovsky e a expropriação das suas empresas foi um verdadeiro crime."


2. Pelos vistos, Putin sabia perfeitamente que Khodorkovski não era nenhum anjo e utilizou isso. Não acho que alguem acredite (daqueles quem entende do assunto) que Khodorkovsky era inocente (tanto mais aquele chefe do serviço de segurança da sua empresa que agora está na prisão pela morte dos 5 pessóas, provada em tribunal)"



"Não é difícil na Rússia mascarar uma repressão política através de alegados delitos económicos. Os russos são exímios nisso!Fazem-no de tal maneira bem que enganam o seu povo e muitos outros povos do mundo!"
José L.


3. O povo russo não é mais tolo que vocês.


P.S. Já não tem medo de revelar as suas convicções, porque "eles monitorizam os blogues"? Como assim? Ontem tinha muito medo e hoje não?

PortugueseMan disse...

Ó caro Portuguêsman ou lá como é que você gosta de ser chamado...

Você além de não gostar de mostrar fontes, parece ter alguma dificuldade em ser bem educado. Mas sabe, em democracia é permitido alguém não concordar com o que nos querem impingir. Eu não sou obrigado a aceitar como verdadeiro tudo o que você anda a "vender", e você não é o "only one" que tudo sabe... nem por sombras...

1. A Yukos era uma empresa altamente rentável como o são TODAS as empresas de energia, TODAS as empresas de energia são autênticas minas de ouro.

Acusações de fraude fiscal, sim... aquilo era tudo honesto...

Mas numa coisa acertou, está realmente a ser usado como aviso à navegação a outros xicos-espertos que pensem em dar a potências estrangeiras a riqueza russa.
Petróleo russo é para estar nas mãos dos russos.

2. A Rusal FOI transformada na MAIOR empresa do mundo no seu segmento. O potencial de crescimento é enorme porque estamos a falar de matérias primas e espalharam-se pelo o mundo inteiro. Portanto faz TODO o sentido que uma empresa que tanto cresceu em poucos anos devido também a um planeamento agressivo de aquisições, seja ajudada numa altura de contracção económica. As vantagens para a Rússia são enormes. E acho incrível como é que você não vê isso.

3. Putin pode enfiar o dinheiro onde bem quiser, pois afinal foi ele que tratou as coisas para a Rússia estar hoje como está. Sózinha salva os seus bancos, as suas empresas, tem dinheiro para adquirir empresas no estrangeiro, as suas reservas monetárias não descem, apesar dos gastos, moderniza sectores estratégicos, está a fazer uma reforma enorme na sua estrutura militar e até permite ajudar a vizinha Ucrânia e subsidiar o gás deles...

O que não pode é andar a tentar fazer o mundo inteiro passar por estúpido, afirmando que a estropiação da Yukos foi um acto de justiça.

O que o mundo passou a saber, é que acabou a festa de apanhar os recursos naturais da Rússia, esses recursos não são nem para riqueza de terceiros e muito menos para terceiros manipularem para onde vai a energia russa.

4. Não se preocupe. Eu tenho a capacidade minima de raciocínio para perceber algumas coisas...

Anónimo disse...

Wandard, A privatização das estatais no Brasil foi necessário, e ainda NÃO se completou esse processo. Ainda faltam aeroportos, estradas... Ainda falta a classe média e alta PAGAR pra estudar nas Universidades públicas. Educação de graça, só no ensino básico. Ainda falta muuuuuuita coisa.


Quer mamar no estado? vai pra Cuba, Bolívia , Coréia do Norte.

Chega deste Estado balofo, ineficiente e que só serve pra acomodar políticos corruptos e preguiçosos que adoram sugar as mamas do estado.


Todos os processos movidos pelos partidos de extrema-esquerda e pelo PT contra os idealizadores das privatizações redundaram na ABSOLVIÇÃO, em todas as instâncias, em TODOS os tribunais, destes GRANDES BRASILEIROS. E hj, essas empresas privatizadas estão entre as maiores pagadoras de impostos no Brasil, valem dezenas de vezes mais do que valiam quando eram cabides de emprego de sindicalistas corruptos e NÃO IRÃO VOLTAR A SER ESTATAIS. JAMAIS.

Aliás, é a iniciativa privada quem sustenta esse país. E não os cupinchas que PARASITAM os Estado brasileiro.





É fácil caluniar envolto no anonimato. E não me venha com chorumelas de "Esquerda Ballantine's" Tô nem aí pra isso.

anónimo russo disse...

António Campos disse...

1.A Yukos era uma empresa altamente rentável, eficiente (um modelo de gestão, mais avançada e transparente do que qualquer outra empresa a operar na Rússia), o maior pagador de impostos da economia russa e que nunca precisou de bóias de salvamento estatais, foi expropriada com base em acusações falsas de fraude fiscal (exactamente como a Hermitage), e agora de “desvio” de matéria-prima (numa acusação tão mentecapta que estipula que Khodorkovsky “desviou” mais petróleo do que a Yukos produziu em toda a sua existência."



1. Isso são apenas as palavras do sr. Campos e não as provas. Palavras, muito provavelmente, repetidas após o sr. mencionado ter lido mais um artigo no Waschington Post. Seria bom apresentar provas daquilo que diz.


"2.A RusAl, conglomerado criado na sequência dos mesmos “métodos” de privatização que deram origem à Yukos, e mais ou menos na mesma época, criada por Deripaska e Abramovich (que incidentalmente vendeu os seus interesses na Sibneft ao Kremlin por 13,7 mil milhões de dólares, um valor astronómico face à capitalização da empresa na altura - mais um crime de lesa-contribuinte)"



2. Isso tambem são apenas palavras. Não estou a ver dados concretos que provassem que o valor pago excedia a capitalização da companhia na altura.



"e agora está a bombear milhares de milhões para salvar a cara do patrão lambe-botas de um conglomerado que foi tão roubado ao povo como a Yukos"


3. "está a bombear milhares de milhões" não para salvar a cara de alguem, mas para salvar uma das maiores empresas russas. Igualmente como faz à outras companhías e bancos. Ou será que não devia faze-lo?


"Putin pode enfiar dinheiro onde bem lhe apetece, uma vez que se considera acima da lei e não tem que prestar contas a quem lho dá a gerir."


4.Putin está a atuar como primeiro-ministro e essas medidas são medidas anti-crise.


"E não há ninguém que se atreva a desafiar essa desfaçatez sem ser arremessado de um 14º andar abaixo ou levar com um qualquer processo judicial inventado em cima e ser empurrado sem culpa formada para uma cela sem vidros na janelas com recusa de cuidados médicos até bater a bota com uma qualquer necrose hepática"


5. E esse advogado morreu tentando investigar os gastos do governo russo ou tentando salvar as nádegas do seu patrão norte-americano que extraía sem muitos remorsos dinheiro da Rússia, desrespeitando, como dizem, as leis por vezes?

Anónimo disse...

Caro Wandard, existem uma série de mitos em torno dos esquemas de privatização que ocorreram na Rússia nos anos 90, sendo um dos mais badalados o que você refere (o de que foi um esquema dos Estados Unidos para enfraquecer a Rússia). Tal não corresponde aos factos.

Convém esclarecer este tema de uma vez por todas: houve efectivamente intervenção dos Estados Unidos no planeamento e financiamento do esquema de “vales” em 1992-1994 (pago em grande medida pelos contribuintes americanos), esquema esse que já tinha sido usado noutros países da esfera soviética (Checoslováquia e Polónia são bons exemplos) com graus de sucesso variáveis, mas consideráveis.

Mas o facto é que os russos não precisaram dos Estados Unidos para nada para fazer com que o esquema tenha corrido seriamente mal. Fizeram-no eles próprios. O que começou por ser um esquema “thatcheriano” bastante inspirado acabou por resultar num roubo descarado porque ninguém se lembrou de explicar ao comité das propriedades do estado a importância da transparência, da eficiência e do investimento directo estrangeiro. Na esmagadora maioria dos casos, já se sabia que as empresas privatizadas iam acabar nas mãos dos “directores vermelhos” os gestores dessas mesmas empresas no período soviético (e também de gangs mafiosos), que manipularam o sistema por forma a adquirirem quotas maioritárias, comprando vales ao preço da chuva a populares sem dinheiro, mal informados ou não desejosos de investir. Ainda que tenham sido “privatizadas”, estas empresas continuaram por muito tempo dependentes da “mama” estatal. Assim, quem enganou o povo russo foram outros russos, não os americanos.

Nessa altura a desorganização era tal que os impostos começaram a deixar de ser cobrados, os orçamentos regionais estouraram, os lucros das empresas eram sifonados para o estrangeiro e as trocas comerciais em géneros entre empresas começaram a alastrar como um cancro. Com o estado a imprimir dinheiro à maluca (e a acumular um déficit fiscal monstruoso) para financiar este descalabro.

Depois, os “gigantes” da indústria soviética foram alienados ao preço da chuva em leilões viciados, onde já se sabia quem iam ser os novos donos, através do esquema bizarro (talvez seja melhor chamar-lhe maquiavélico) que ficou conhecido como “empréstimos por acções”, proposto por Potanin e apoiado por Chubais. Para financiar o crescente déficit, o estado concordou em “alugar” os maiores recursos industriais russos em troca de empréstimos bancários (e muitos bancos, incrivelmente, não eram mais do que receptáculos de fundos estatais), dando aos “arrendatários” designados a opção de ficarem com a empresa caso o estado não pagasse os empréstimos a tempo. Como o estado não pagou, estas empresas acabaram nas mãos dos tais insiders por meia dúzia de patacos. Para piorar a situação, muitos destes insiders, com medo de que futuros governos pudessem considerar estas aquisições como fraudulentas, em vez de desenvolverem as empresas e beneficiarem a economia local, começaram a desmembrá-las e a “exportar” o dinheiro para o estrangeiro. Mais uma vez, não se consegue perceber onde e como é que os americanos poderiam ter influenciado este desenlace.

A única coisa verdadeiramente deplorável que a administração americana fez foi dar (ingenuamente) cobertura política a um Yeltsin incompetente e autoritário, possivelmente porque considerou que este, ainda assim, constituía uma alternativa melhor, do ponto de vista geopolítico, do que uma possível re-sovietização da Rússia. Mas as decisões e acções que resultaram no descalabro económico dos anos 90 foram da inteira responsabilidade dos russos.

António Campos

MSantos disse...

"Mas as decisões e acções que resultaram no descalabro económico dos anos 90 foram da inteira responsabilidade dos russos."

Acho que pela primeira vez estamos de acordo neste ponto, António Campos, embora saiba que os motivos que nos levam a esta conclusão são diametralmente opostos.

Na minha opinião, Ieltsin nunca passou de um usurpador. Mas infelizmente era necessário pois Gorbachov era um peso insustentável com um imenso cadáver às costas.

Desgraçadamente, tivesse Gorbachov podido continuar mesmo com a URSS acabada e só a liderar a federação russa era este que tinha um plano de transição mais adequado embora temporariamente carregasse alguma parte do comunismo para fazer essa transição. De qualquer forma pretendia manter as empresas estratégicas no estado (coisa que está novamente a ser discutida nos dias de hoje) e avançar gradualmente e sustentadamente rumo à economia de mercado com pendor social, tal e qual o modelo nórdico, vulgo social-democracia (nada a ver com o partido de mesmo nome que temos em Portugal).

Se o povo russo tivesse optado por este caminho, duvido muito que passasse dificuldades, humilhações e sofrimento piores do que passou às mãos dos teóricos da Escola de Chicago, teatcheristas, neo-liberais ou como lhes queiram chamar.

Mesmo nos outros países onde foi implementada, a visão neo-liberal provocou custos humanos insustentáveis em termos dos infames efeitos colaterais. A Bolívia nunca conseguiu recuperar. O desemprego na Polónia chegou a atingir os 25% em 1993 com uma quebra na produção industrial de 30% e foram as "malditas medidas keynesianas" que vieram equilibrar a situação.
O tatcherismo apesar de ter trazido proposperidade para alguns sectores da sociedade britânica, foi a machadada fatal nas tradicionais grandes empresas inglesas e criou um fosso social com o encolhimento da classe média cujas mazelas ainda hoje são vividas. Nem vou falar do Chile.

Voltando à Rússia e independentemente do que a classe dirigente seja (e nunca me ouviu dizer o contrário) efectivamente os neoliberalismos proporcionaram o saque, no entanto houve um factor que estes teóricos se esqueceram: o tradicional nacionalismo russo e desconfiança dos estrangeiros mesmo até nos gangsters. E foi isso que lhes subverteu o processo daí eu compreender muito bem a sua afirmação sobre a culpabilidade dos russos. Caso a Rússia tivesse aceitado docilmente a terapia de choque, provavelmente a Yukos, Gazprom e outros gigantes já seriam subsidiárias das Exxon Mobil, BPs etc pois em mercado de livre concorrência e totalmente aberto, todos nós já sabemos "onde vão cair os ovos".

Independentemente do que a classe dirigente seja (e nunca mas mesmo nunca me ouviu dizer o contrário)
decidiram por ser a Rússia a possuir (mal ou bem) os destinos da sua economia, mesmo até que os retornos sejam tão pessimamente geridos como são.

E entre os lucros de determinada empresa irem para empresas estrangeiras ou para os bolsos de um oligarca ou siloviki não há grande diferença do ponto de vista do povo russo. Há no entanto a importância destes capitais permanecerem na Rússia pois outros dias poderão vir.

CONTINUA

MSantos disse...

PARTE II

Para acabar e mesmo que até haja algumas boas intenções na classe dirigente como Medvedev já demonstrou, a Rússia debate-se com o eterno dilema de modernizar a sua sociedade e economia face aos gigantescos monstros da inércia, corrupção e "mentalidade soviética" além de ter de criar uma nova classe empreendedora até agora inexistente pois os oligarcas não passam de um bando de pretensos playboys incapazes, mais interessados na "industria" dos clubes de futebol do que nos sectores económicos estratégicos para o seu país.

Contrariamente aos EUA, a Rússia sempre demonstrou e está a demonstrar grande abertura e receptividade à Europa, à sua economia, sua cultura e seus costumes, mas para isso o velho continente teria de se ver livre dos seus "fetiches" e assumir de vez o comando dos seus interesses.

Estou convencido que se essa cooperação se firmasse, a própria Rússia evoluiria no sentido do humanismo e dos valores que prezamos e a Europa constituiria um poderosíssimo bloco económico que poderia torná-la imune às (más) aventuras económicas que vêem do lado de lá do Atlântico.

Cumpts
Manuel Santos

anónimo russo disse...

António Campos disse...

"2.A RusAl, conglomerado criado na sequência dos mesmos “métodos” de privatização que deram origem à Yukos, e mais ou menos na mesma época, criada por Deripaska e Abramovich (que incidentalmente vendeu os seus interesses na Sibneft ao Kremlin por 13,7 mil milhões de dólares, um valor astronómico face à capitalização da empresa na altura - mais um crime de lesa-contribuinte)"


Sr. Campos. "Sibneft" foi comprada pela "Gazprom" em 2005 por 13,1 biliões de dólares, enquanto a capitalização da companhia constiuia mais de 15 biliões. "Gazprom" comprou mais de 70% das ações da companhia por aproximadamente 3,8 dólares por ação enquanto o preço de mercado era de aprox. 4 dólares. Antes de dizer alguma coisa, procure os factos, por favor.

Anónimo disse...

Caro Manuel Santos,

Gorbachov não tinha na realidade nenhum plano grandioso para reavivar a economia soviética. Na sua cabeça estava um número de medidas muito limitadas de liberalização económica, sendo a mais importante a concessão de um certo grau de autonomia às empresas, a possibilidade de os cidadãos se organizarem em cooperativas e de os kholkozes arrendarem terras. As empresas, ainda que lhes fosse possível vender alguns excedentes de produção a preços não fixados, ficariam ainda assim obrigadas a cumprir quotas a favor do estado, o que muitas vezes atingia 90% da sua produção. O problema é que o planeamento central não foi erradicado e a máquina burocrática do estado continuou no seu lugar. O resultado: a economia ficou totalmente desorganizada, uma vez que a liberalização limitada levou a comportamentos perversos por parte das empresas e das cooperativas, resultando em inúmeras faltas de produtos e hiperinflação maciça. Uma vez que não houve lugar a uma verdadeira privatização, a interferência dos burocratas continuou e a corrupção fez o resto.

No que respeita à Polónia, o plano Balcerovicz, que foi levado à sua última consequência, não envolveu, que eu tenha conhecimento, nenhuma medida “keynesiana” em qualquer ponto da sua execução. Pelo contrário. Após um período de adaptação socialmente doloroso, em que muitos dos trabalhadores das ineficientes e decrépitas empresas estatais perderam o seu emprego (ou seja, não era realmente emprego, mas uma espécie de desemprego subsidiado pelo estado), a economia polaca recuperou muito rapidamente por via da privatização de empresas estatais e da criação de empresas novas, com o auxílio de investimento estrangeiro, do FMI e do Banco Mundial. De facto, em 1992, as mais de 600.000 empresas privadas já tinham conseguido criar por elas próprias 1,5 milhões de empregos adicionais na economia. E era exactamente o que se pretendia. Assim, caro Manuel Santos, não sei onde é que foi buscar essa ideia da “salvação keynesiana do colapso neoliberal das reformas polacas”. De facto, foi uma liberalização arrojada que fez a economia polaca recuperar e crescer tão depressa.

Anónimo disse...

Parte 2

Porque é que resultou com distinção na Polónia e falhou redondamente na Rússia? Porque a Rússia não fez a mesma coisa. Balcerovicz fez tudo para assegurar que o clima económico polaco fosse TOTALMENTE competitivo, que ajudou a quebrar o domínio dos gestores das empresas estatais e dos burocratas. Por outro lado, quando se encoraja a criação de um sem-número de PMEs, há menos oportunidades para o crime organizado caçar grandes presas.

Os polacos foram também mais espertos noutras coisas: não subsidiaram dinossauros estatais não rentáveis e mal geridos, deixando-os cair. Os desempregados resultantes apressaram-se a reconverter e/ou a criar os seus próprios negócios. E mais importante ainda, estas empresas deixaram de sugar o estado de fundos que, além de desperdiçados, só iriam prolongar o problema.

O que aconteceu na Rússia? O contrário. O estado continuou a subsidiar as empresas “privatizadas”, agora nos mãos dos directores vermelhos, e estrangulou a competição dos pequenos negócios, que começavam a “estragar” as negociatas dos burocratas-tornados-empresários. Os governos locais impuseram “licenciamentos” e outras medidas que só empataram a criação de novos negócios. O número de PMEs na Rússia em 1994 era ainda assustadoramente baixo.

Por outro lado, tal como disse noutro post, a administração russa tolerava a incompetência, não cobrando impostos nem agindo contra empresas que deixavam de pagar os ordenados ou os empréstimos contraídos. Muitas empresas que nunca deveriam existir sobreviviam à conta de trocas em géneros e de não pagar aos credores. As grandes empresas russas continuavam a fabricar produtos de que ninguém precisava, e a perder dinheiro. O Manuel Santos sabe porque é que Yeltsin despediu o primeiro-ministro Kiryenko? Porque este ameaçou começar a fechar empresas insolventes e os oligarcas forçaram Yeltsin a fazer “qualquer coisa”.

Em suma, as reformas na Rússia tiveram o resultado que tiveram porque na verdade não houve uma verdadeira liberalização. Foi uma fachada. Bens simplesmente trocaram de mãos e os velhos costumes e a corrupção impediram a construção de um verdadeiro mercado livre. E a ajuda financeira maciça ocidental tanto à Polónia como à Rússia foi, no primeiro caso, canalizada para a verdadeira modernização, e no segundo, serviu apenas para subsidiar os velhos monstros industriais decrépitos e para ir parar ao bolso dos novos “empresários” e, depois, para as offshores.

Já agora, porque é que a Polónia continua a crescer tão rapidamente, mesmo sem petróleo nenhum? Porque sempre foi amiga do investimento directo estrangeiro. Os polacos, que são tão patriotas quanto os russos, pelo menos não se deixaram embalar por nacionalismos bacocos de “manter a economia em mãos nacionais é que é bom”, porque perceberam as vantagens de ir buscar os melhores, estejam eles onde estiverem.

Portanto, caro Manuel Santos, deixe lá de brandir o bicho-papão do liberalismo, porque está mais do que claro que para tal não há base factual nenhuma. Mas caso encontre alguma, estou cá para a ouvir.

António Campos

Wandard disse...

"Wandard, A privatização das estatais no Brasil foi necessário, e ainda NÃO se completou esse processo. Ainda faltam aeroportos, estradas... Ainda falta a classe média e alta PAGAR pra estudar nas Universidades públicas. Educação de graça, só no ensino básico. Ainda falta muuuuuuita coisa.


Quer mamar no estado? vai pra Cuba, Bolívia , Coréia do Norte."

Ítalo,

Não preciso, nem ninguém de minha família necessita mamar no estado, o que tenho e o que minha família possui, foi conquistado através de muito estudo e esforço próprio.

O que falou a respeito destas privatizações é o que alguém que provavelmente, digo provavelmente pois posso estar errado e como todo ser humano, sou passível a erros, me parece ser de alguém que tudo acompanhou pela mídia e realmente não está inserido na estrutura governamental e por conseguinte, distante do centro de decisões, para saber o que realmente aconteceu.

"
Aliás, é a iniciativa privada quem sustenta esse país. E não os cupinchas que PARASITAM os Estado brasileiro.

É fácil caluniar envolto no anonimato. E não me venha com chorumelas de "Esquerda Ballantine's" Tô nem aí pra isso."

Bem, os cupinchas que parasitam o estado brasileiro, são os que hoje o governam basta comparar os 124 escândalos políticos registrados de 2000 até hoje, contra os 96 da década de 90, e em relação aos 39 correspondentes ao defenestrado período do regime militar e o lúgubre governo Sarney.

Esquerda, direita, centro.... belo eufemismo, mas isto não existe mais, é conversa dos anos de chumbo, relacionada com o movimento estudantil dos anos 60, dos movimentos armados dos 70 e do oportunismo dos que não estavam "mamando" no estado e se diziam de esquerda, comunistas, socialistas principalmente, que se converteram hoje em "empresários" com patrimônio invejável, muitos sem nunca terem sequer tido uma empresa. A situação real nos dias atuais, são dos que participam da partilha do erário público como situação e dos que estão fora como oposição.

Quanto ao anonimato, estamos em condição similar e quanto a caluniar, quem eu caluniei e quem você é para vestiar a carapuça? Por acaso é algun ministro, senador, governador ou empresário ligado ao governo que sentiu-se ofendido com as verdades?

Wandard disse...

"Caro Wandard, existem uma série de mitos em torno dos esquemas de privatização que ocorreram na Rússia nos anos 90, sendo um dos mais badalados o que você refere (o de que foi um esquema dos Estados Unidos para enfraquecer a Rússia). Tal não corresponde aos factos."

"A única coisa verdadeiramente deplorável que a administração americana fez foi dar (ingenuamente) cobertura política a um Yeltsin incompetente e autoritário, possivelmente porque considerou que este, ainda assim, constituía uma alternativa melhor, do ponto de vista geopolítico, do que uma possível re-sovietização da Rússia."

Prezado Antonio,

Independente de quaisquer posicionamento que você possua ou quanto a exatamente qual seja sua relação atual com o empresariado e o emio político da Rússia em relação ao que possa ou não ter tido no passado, com relação à sua resposta e os tópicos que destaquei acima, posso concluir duas coisas:

Ou você não esteve presente de forma mais profunda no ambiente dos acontecimentos à época, tanto no meio civil quanto militar, para descrever como mito ou realmente ingênuo como os Estados Unidos foram, de acordo com a sua descrição, para afirmar tal coisa o que realmente não acredito, pois como empresário, com toda certeza o que não deve ser é ingênuo.

Os fatos já registrados e verdadeiros foi exatamente o que citei, serão sempre combatidos pelos Estados Unidos, aliados e simpatizantes em virtude da vergonha do que tentaram fazer e vazou para conhecimento público e mais ainda pela vergonha de não terem tido competência para obter sucesso na missão, pois a Rússia se levantou, alquebrada, carregada com os velhos e os novos problemas mas retornou, e a "Águia Careca" não pode mais fazer e acontecer com o fez nos anos 90. Os Estados Unidos maquearam sua economia por vinte anos e no final do ano passado arrastaram o mundo para uma crise financeira novamente, enfrentam hoje mais de 11% de índice de desemprego, divulgam como sempre melhorias e algum crescimento mas a realidade interna é bem diferente.

"
Caso a Rússia tivesse aceitado docilmente a terapia de choque, provavelmente a Yukos, Gazprom e outros gigantes já seriam subsidiárias das Exxon Mobil, BPs etc pois em mercado de livre concorrência e totalmente aberto, todos nós já sabemos "onde vão cair os ovos".

Amigo Manuel,

É isto que incomoda quem não está mordendo a fatia do bolo, o que as multinacionais não conseguiram na Rússia, mas conseguiram aqui.

anónimo russo disse...

Hum, António Campos deixou de calúnias e agora começou a expor coisas mais lógicas. Não importa que esses últimos discursos do sr Campos sobre a privatização, diretóres vermelhos etc. repetem quase palavra por palavra os artigos respectivos da wikipedia em russo. Mesmo assim isso já é um sinal de progresso porque isso pode significar o seguinte:

1) o sr. Campos deixou (mesmo que temporáriamente) de se basear exclusivamente nos artigos de Waschington Post e outros jornais respeitaveis (esse hobby já lhe ofereceu mau serviço várias vezes)
2) o sr. Campos tenta ler em russo (mesmo com a ajuda ativa dos familiáres, mas, mesmo assim, já é um bom sinal).

O que não é bom é que o sr. Campos não responde pelas suas palavras. Por exemplo, por estas palavras:

"A RusAl, conglomerado criado na sequência dos mesmos “métodos” de privatização que deram origem à Yukos, e mais ou menos na mesma época, criada por Deripaska e Abramovich (que incidentalmente vendeu os seus interesses na Sibneft ao Kremlin por 13,7 mil milhões de dólares, um valor astronómico face à capitalização da empresa na altura - mais um crime de lesa-contribuinte)"

Vou repetir os dados da RTS (uma das duas bolsas principais rússas), disponiveis sobre a capitalização da "Sibneft" em 2005. Desta vez, vou apresentar uma das fontes:

"Sibneft" foi comprada pela "Gazprom" em 2005 por 13,1 biliões de dólares, enquanto a capitalização da companhia constiuia mais de 15 biliões. "Gazprom" comprou mais de 70% das ações da companhia por aproximadamente 3,8 dólares por ação enquanto o preço de mercado era de aprox. 4 dólares.


http://www.profile.ru/items/?item=16610

anónimo russo disse...

P.S. Os dados sobre a capitalização da empresa estão no fim do artigo.

Anónimo disse...

Caro Wandard, os russos sempre foram muito dados a pôr as culpas das suas asneiras nos outros. Já vem dos tempos soviéticos, mas parece que está cada vez pior. É por isso que convém perceber muito bem a realidade dos factos, para não cairmos na tentação de passarmos a vida a colar-nos a clichés que só ajudam a branquear as verdadeiras responsabilidades.

A crise financeira aconteceu não porque os EUA andavam a “maquilhar” a sua economia durante 20 anos, mas sim porque foi implementada legislação financeira colossalmente estúpida que incentivava os bancos assumirem riscos que não podiam comportar. E se você leu um post anterior meu relativamente ao assunto em resposta ao Manuel Santos, entenderá isso muito bem. Se não leu, dê uma vista de olhos porque está lá tudo muito bem detalhado.

E este é que é o verdadeiro busílis da questão, seja na Rússia ou nos EUA. Quando deixam os gananciosos fazerem o que querem, eles fazem o que querem. Seja qual for a parte do mundo onde tal aconteça. Nos Estados Unidos, no Brasil, na Rússia ou em Portugal. É a história da nota de 100 euros a voar na rua. Não há nenhuma, pois não? Porque assim que alguma aparece, em 10 segundos alguém a apanhará. Cabe às instituições zelar para que isso não aconteça. Com o seu nacionalismo infantil, os russos barraram a entrada aos ladrões estrangeiros (as famigeradas multinacionais) mas deixaram os ladrões russos à solta. E o resultado está à vista.

“Mas ao menos os ladrões são nossos!”

O exemplo da Polónia é perfeito para mostrar que quando as coisas são implementadas como deve ser, funcionam. A Polónia fez tudo o que a Rússia deveria ter feito e não fez. Os polacos não têm absolutamente problema nenhum em ter o país invadido por multinacionais, que em grande medida são o motor do seu crescimento. Também não têm medo do FMI nem do Jeffrey Sachs. Combateram a corrupção, criaram um ambiente amigável para os negócios e cresceram em flecha com isso.

Tanto a Rússia como a Polónia sofreram o mesmo “tratamento de choque neoliberal estrangeiro”. A primeira, se não estivesse a boiar em petróleo e gás, era hoje um estado totalmente falhado a roçar o quarto mundo sem precisar da ajuda de ninguém. A segunda, que não tem nada a não ser pessoas, dentro de dez anos andará a dar cartas na União Europeia e a envergonhar franceses e alemães com a força da sua economia.

Por isso, seria bom que a administração russa se deixasse de comportamentos de escola primária de apontar o dedo aos outros e aprendesse com os erros do passado. Os russos só tinham a ganhar com isso.

António Campos

Anónimo disse...

Para o Wandard (e obviamente para quem mais estiver interessado), envio o link de um artigo de 1999 do Russia Journal que comenta um relatório da McKinsey, consultora para a qual trabalhei em tempos, que dá uma ideia bastante clara do que correu mal na Rússia nos anos 90, mencionando muitos dos pontos que referi.

O título é sugestivo: “Terapia de choque ou grande choque sem terapia?”

http://www.russiajournal.com/node/1888

António Campos

anónimo russo disse...

António Campos disse...
Parte 2

"O que aconteceu na Rússia? O contrário. O estado continuou a subsidiar as empresas “privatizadas”, agora nos mãos dos directores vermelhos, e estrangulou a competição dos pequenos negócios, que começavam a “estragar” as negociatas dos burocratas-tornados-empresários. Os governos locais impuseram “licenciamentos” e outras medidas que só empataram a criação de novos negócios. O número de PMEs na Rússia em 1994 era ainda assustadoramente baixo.



1. Seria interessante ouvir que emresas o estado continuou a subsidiar? As "decrépitas" empresas petrolíferas ou metalurgicas?
2. O que voce disse sobre os pequenos negocios, não corresponde à realidade. A meu ver, não houve barreiras nenhumas a sua criação-desenvolvimento (pelo menos feitas com o fim de esganar essas empresas). È que eu conheço muito bem a história de algumas pequenas e até médias empresas. Não entendo em que elas podiam ser uma ameaça às míticas "empresas decrépitas" (tambem não entendo como as empresas, controladas na altura pelos chamados "oligarcas" podiam não ser competitivas etc). Mais uns raciocinios teóricos, sem base nos factos?

MSantos disse...

António Campos

Relativamente a Gorbachov, concordo consigo. Ele tinha apenas um esboço do imenso plano económico necessário e precisava de uma legião de bons economistas a apoiá-lo, mas ele já era um homem só pois já tinham todos saltado a barricada para o lado dos jovens reformadores.

Sobre a Polónia, o que não foi a massiva injecção de capital pelo FMI para salvar o país da depressão de 1993 senão uma espécie de despesa pública da política orçamental? Esse dinheiro foi injectado na economia polaca.

E voltando a comparar com a Rússia, esta última encerra muito mais problemas e adversidades que a Polónia, um estado do ponto de vista étnico e social muito mais harmonizado e mais próximo da cultura europeia.

Obviamente muito cedo os EUA aperceberam-se que a Rússia podia virar o bico ao prego a qualquer momento e tal como agora investem em Karzai no Afeganistão, investiram em Ieltsin por não haver alternativa.

No entanto logo aí a divisão foi clara e um passo óbvio para uma nação que anseia o domínio global e vê na Rússia o potencial inimigo que lhe pode fazer frente foi em investir a todos os níveis nestes países com posição estartégica para cercar a Rússia caso esta se levantasse novamente contra. E claro quanto menor for o país do ponto de vista étnico e populacional mais fácil é de resolver os problemas.

Nada disto desdiz o facto de como muito bem referiu, a política económica russa ter sido desastrosa e não ter conseguido vencer os brutais monstros da corrupção e interesses instalados além de ter entregado de bandeja as riquezas da nação a essa classe de inúteis que são os oligarcas além dos siloviki.

Mas a Polónia ainda acarreta mazelas do período de choque. Se não estou em erro, em 2003 a extrema pobreza ainda ultrapassava os 50%.

E o António Campos já se questionou porque é que nenhum país que sofreu desse tipo de expriências saiu totalmente incólume como nítido caso de sucesso?

E já agora porque é que um dos patrocionadores iniciais, que acreditava honestamente ser esta a melhor via mudou discretamente de campo, fazendo já uma espécie de parceria ambiental com Al Gore e condenando a tentativa de domínio económico por parte dos Estados Unidos? Estou a falar de Jeffrey Sachs.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
anónimo russo disse...

António Campos disse...

"O exemplo da Polónia é perfeito para mostrar que quando as coisas são implementadas como deve ser, funcionam. A Polónia fez tudo o que a Rússia deveria ter feito e não fez. Os polacos não têm absolutamente problema nenhum em ter o país invadido por multinacionais, que em grande medida são o motor do seu crescimento. Também não têm medo do FMI nem do Jeffrey Sachs. Combateram a corrupção, criaram um ambiente amigável para os negócios e cresceram em flecha com isso."


Não se pode comparar Rússia a Polónia. São dois casos muito diferentes em tudo. Basta lembrar quando foi que a Polónia se tornou socialista. Aínda não faltava recordar Alemanha de Leste. Mesmo nos tempos soviéticos, alguns dos artigos (pode-se dizer, muitos artigos), produzidos na Polónia, eram muito mais competitivos que na URSS. Já sem falar do tamanho de ambos os países.
A Rússia, com tantas riquezas naturais e tanto território, não pode se dar ao luxo de se entregar de braços abertos a algum tio Sam bondoso. Isso podia resultar num Iraque, só com as consequencias muito mais tristes para o resto do mundo.

Anónimo disse...

p.s: Admiro

Anónimo disse...

Antônio Campos, não só a Polônia, como a Eslovênia (que ultrapassou Portugal em nível de vida), a República Tcheca, Hungria, Eslováquia, etc...

E mais recentemente até a ROMÊNIA!


A Polônia é o oposto de tudo que a Rússia é. Adimiro demais este país.

anónimo russo disse...

Um facto curioso. Segundo umas estatisticas que encontrei hoje, no ano 2004 o estado russo recebeu 250% mais dinheiro com impostos, pagos pelas companhias petrolíferas. As taxas não subiram, não. È que, pelos vistos, as companhias petrolíferas decidiram deixar de brincar com fogo e puseram mais ou menos em ordem tudo o que tinha a ver com os pagamentos dos impostos. Se a informação corresponde à verdade, é bastante engraçado.

Anónimo disse...

O Senhor Campos é tão sobranceiro em elogiar o sucesso Polaco. Já agora descodifique por favor os rotundos fracassos das republicas Bálticas, Hungria, Roménia, Bulgária para citar apenas estes.
O Senhor Campos atira-se aqui à Rússia de Putin com garras felinas, para defender a selvajaria económica de Yeltsin?
Até parece que não sabe o que estava preparado para a Rússia? Só não aconteceu foi por ser uma potencia nuclear e não havia ninguém preparado para tomar conta desse arsenal.
Ainda pretende que a Rússia de Yeltsin cozinha-se melhor as receitas de Milton Fridman?
Caro amigo o seu mal é tentar justificar o injustificável. E o injustificável é o que está em contradição absoluta com aquilo que o Senhor diz.
Mais conversa para quê

Anónimo disse...

Caro Manuel Santos, as injecções de capital que refere foram o apoio do FMI ao plano. Não foram efectuadas para “salvar” a situação. Ou você acha que um país com uma dívida externa monstruosa (cerca de 42 mil milhões de dólares na altura) e uma economia “socialista” disfuncional e moribunda saía do buraco só com legislação e sem ajuda financeira? E as mazelas que refere não são resultado do plano mas sim da situação ruinosa em que a sua economia pré-capitalista se encontrava. Toda a gente sabia que o plano iria ter custos sociais no curto prazo. Mas sacrificar os ganhos no imediato em troca de sustentabilidade no médio e longo prazo foi claramente a aposta correcta.

Relativamente aos problemas mais difíceis de resolver na Rússia: eles não foram resolvidos porque quem mandava na altura não estava muito interessado em resolvê-los. Foi claramente ganância associada a uma calamitosa (diria criminosa) falta de visão. Como todos sabemos, muita gente lucrou com isso e eram essas mesmas pessoas que não estavam interessadas em que os problemas fossem resolvidos. O país foi saqueado com a conivência (e a ajuda) das autoridades.

Quanto à ideia de “cercar” a Rússia, gostaria de lembrá-lo que as populações dos ex-satélites soviéticos ainda têm fresca a memória do que tiveram que passar nas mãos do seu vizinho. Tal como Estaline tinha receios de uma remilitarização da Alemanha do pós-guerra. A motivação desses países de se virarem para oeste e aderirem à NATO é puramente defensiva. Não é como dizem? Gato escaldado…

Quanto à “extrema pobreza” da Polónia, sugiro-lhe um exercício lúdico – umas feriazinhas de aventura: dê um saltinho a Varsóvia, depois alugue um carro e vá andando para nordeste até Bialystok, atravesse a Bielorrússia, entre na Rússia, passe por Smolensk e Obninsk e vá andando devagarinho até Moscovo. Certifique-se que pára no caminho muitas vezes e aprecia a paisagem. Depois, quando voltar, falamos de novo sobre extrema pobreza.

António Campos

MSantos disse...

António Campos

Quando me reportei às mazelas da Polónia referi-me ao já longínquo, em termos económicos, ano de 2003.

Obviamente numa sociedade harmonizada e com cultura europeia e de pendor humanista como é a polaca, a economia de mercado tem forçosamente de trazer a prosperidade além das ajudas que o Ocidente, estrategicamente, implementou.

Todos nós sabemos, em particular os que conhecem bem a Rússia, que após reformas económicas por muito bem geridas que fossem, era impossível vir daí uma sociedade funcionalmente e economicamente europeia dado o carácter multi-étnico e multi-cultural com forte influência asiática que este país acarreta. Além da sua dimensão territorial e apesar do declínio, populacional. É por isso que sempre defendi que a Rússia não é um país de tradição europeia e temos de aprender a viver com isso.

Compreendo e aceito perfeitamente os gatos escaldados, mas tal facto também foi empolado e devidamente gerido no intuito de favorecer os Estados Unidos através do seu braço militar na Europa: a NATO.

Ainda há pouco tempo, Gorbachov numa entrevista referiu que tinha sido enganado pois um dos compromissos secretos para fazer o muro cair era a manutenção das fronteiras da NATO que existiam até 1989. Elas (fronteiras da NATO) avançaram sem a Rússia se constituir como ameaça (anos Ieltsin).

Aí sob a perspectiva russa também há razões para desconfiança, senão vejamos:

- Alargamento da aliança militar até às suas fronteiras, tendo esta abandonado o carácter puramente defensivo dos anos da guerra fria, para abraçar a doutrina ofensiva do neo-intervencionismo norte-americano.

- Patrocínio (quase imposição) das famigeradas reformas económicas que além da má gestão russa levaram ao desastre, miséria e humilhação da Rússia nos anos 90.

- Tentativa através dessas mesmas reformas da tomada de posse da economia russa nomeadamente das empresas estratégicas e das fontes de matérias primas tal e qual se verificam no terceiro mundo, através das multinacionais predominantemente norte-americanas.

Já nem menciono o facto da Rússia não ter sido tida em conta no conflito dos Balcãs.

Muitas pessoas neste blog tentam ver só o mal na Rússia, outros só no Ocidente e Estados Unidos.

Eu só vejo os culpados em ambos os lados da barricada e para isto temos de ter o devido distanciamento.

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

"rotundos fracassos das republicas Bálticas, Hungria, Roménia, Bulgária para citar apenas estes."


KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!


É só comparar a renda per capita, o IDH e a liberdade de voto e expressão que possuem estas populações e estes países em relação à Rússia.


A diferença é BRUTAL.


Esses países caminham cada vez mais ao primeiro-mundo, rendas per capitas maiores, ocidentalização, democratização ainda maior.


A Rússia?


Está encurralada entre um governo MAFIOSO (xenófobo, racista, homofóbico e mafioso) E uma oposição COMUNISTA (xenófoba, racista, homofóbica e mafiosa);

anónimo russo disse...

Ítalo Tavares disse...
"rotundos fracassos das republicas Bálticas, Hungria, Roménia, Bulgária para citar apenas estes."


KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!


"É só comparar a renda per capita, o IDH e a liberdade de voto e expressão que possuem estas populações e estes países em relação à Rússia."



Realmente, é só ver a estatística. A coisa que você, pelos vistos, não fez (ver os dados).

Segundo os dados da CIA quanto ao PIB per capita em 2008, A Polónia, Letónia a Rússia estavam muito próximas entre si, enquanto a Roménia e Bulgária estavam muito mais abaixo na lista. E o impacto da crise nos Píses Balticos foi enorme.

anónimo russo disse...

Por sinal, primeiro-ministro Kirienko foi demitido em agosto de 1998 logo depois da faléncia da Rússia, e não na sequencia de algum "pedido de oligarcas". Se o sr. Campos não entende algo, é melhor não falar.

Ítalo Tavares disse...

"Segundo os dados da CIA quanto ao PIB per capita em 2008, A Polónia, Letónia a Rússia estavam muito próximas entre si, enquanto a Roménia e Bulgária estavam muito mais abaixo na lista. E o impacto da crise nos Píses Balticos foi enorme."

POBRE SILOVIKI. NÃO QUERIA HUMILHÁ-LO, MAS:

1.Polônia: Reda Per capita: 17.536 dólares. IDH: 0,880; faz parte da UE, é uma democracia, etc, etc, etc..


2. Hungria: Renda Per capita: 19.553 dólares. IDH: 0,880; faz parte da UE, é uma democracia, etc, etc, etc..


3.Bulgária: renda per capita: 11.470, IDH: 0,840; democracia, etc e tal..

4. România: Renda Per Capita: 12. 900 dólares, IDH: 0,837;

5. Rússia: IDH: 0.817, renda per capita: 11.807; Na prática, Estado ditatorial de partido único, com mais da metade de sua economia ligada à máfia.


A COISA É CLARA E TRANPARENTE: OS IDHs(QUE É O QUE IMPORTA PRA DETERMINAR O DESENVOLVIMENTO SOCIAL DE UM PAÍS), dos citados acima são BEM SUPERIORES AO RUSSIA.

A crise está passando, assim, como passam todas as crises, mas o futuro destes países está traçado: Desenvolvimento, melhorias sociais e DEMOCRACIA ainda mais.


A Rússia? Deixa com a máfia!!!!!

anónimo russo disse...

Ítalo Tavares disse...
"Segundo os dados da CIA quanto ao PIB per capita em 2008, A Polónia, Letónia a Rússia estavam muito próximas entre si, enquanto a Roménia e Bulgária estavam muito mais abaixo na lista. E o impacto da crise nos Píses Balticos foi enorme."

POBRE SILOVIKI. NÃO QUERIA HUMILHÁ-LO, MAS:

1.Polônia: Reda Per capita: 17.536 dólares. IDH: "



Se você entende alguma coisa na economia, procure pelo PIB per capita pela paridade de compra.
Utilize pelo menos este link:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_pa%C3%ADses_por_PIB_(Paridade_do_Poder_de_Compra)_per_capita


54 Lituânia 17.800 2008 est.
— Porto Rico 17.700 2008 est.
55 Letônia 17.300 2008 est.
56 Polónia 17.300 2008 est.
57 Rússia 16.100 2008 est


66 Bulgária 12.900 2008 est.
67 Granada 12.900 2008 est.
68 Irã 12.800 2008 est.
— Marianas Setentrionais 12.500 2000 est.
69 Uruguai 12.400 2008 est.
70 Romênia 12.200 2008 est.

80 Brasil 10.200 2008 est (rs)



Quanto a IDH, eu já me pronunciei sobre este índice. Na lista do IDH a Cuba, por exemplo, está muito mais em frente à Rússia. Mas eu vi com os meus próprios olhos como as pessóas lá vivem. Por isso não posso levar IDH a sério e não entendo o que ele descreve.

anónimo russo disse...

P.S. PIB per capita pela paridade de compra reflecte muito mais o nivel de vida real do que o PIB nominal.

Wandard disse...

"Eu só vejo os culpados em ambos os lados da barricada e para isto temos de ter o devido distanciamento."

Caro Manuel,

Concordo com você, quanto a só se ver o mal na Rússia, e é claro que o país tem muitos defeitos, mas infelizmente o posicionamento geral é de ficar cego em relação aos crimes, atrocidades e a política americana de assimilação de recursos e exploração da economia das outras nações. O seu comentário referente às ações emprendidas pelos Estados Unidos diretamente e por debaixo do pano através de suas empresas, assim como a expansão da Otan e o descumprimento de todos os acordos mantidos( como os da CFE) com os governos Yeltsin e Gorbatchev, já cansei de repetir por várias vezes neste blog. Vale destacar também o desvio do material nuclear das ogivas russas, que foram retiradas dos mísseis intermediários nos anos 90, aonde foram parar? Uma coisa é certa, a Rússia incomoda e atrapalha os planos dos Estados Unidos e aliados e enquanto alguns torcem aqui pela falência do estado russo ou a sua desintegração, como tentaram nos anos 90, os Estados Unidos seguem parecendo um pavão em dança de acasalamento, tentando ganhar tempo para se recompor propondo acordos para compensar suas dificuldades atuais no campo econômico e militar e de quebra arrastando os filhos das nações que ingressaram na Otan, para morrerem por eles no Afeganistão e no Iraque.

Ítalo Tavares disse...

Bom se vc fosse inteligente, saberia que o IDH não mede só renda.


Mede esperança de vida(mortalidade infantil tb entra), renda e analfabetismo;


Cuba, apesar da míséria que o comunismo a enfiou, tem uma mortalidade infantil MUITO inferior a da Russia, além de um povo que vive mais, pois apesar de tudo, não chafurdam na vodka e não morrem aos 59 anos precocemente...


Apesar de tudo, o IDH cubano é mais bem merecido que o Russo.


Ademais, não se preocupe. Vcs até se parecem. SÃO SUAS DITADURAS.

Ítalo Tavares disse...

Sim, é verdade. O por paridade de compra reflete mais a realidade. E a Polônia, Lituânia, Hungria, etc, estão na frente. COMO EU AFIRMEI. E seus IDHs são muito superiores.


A Romênia e Bulgária vêm crescendo muito nos últimos anos e tirarão a diferença em pouco tempo. e seus IDHs são tb superiores. E sabe por q?


São democracias, não vivem de exportar somente "petróleo, skinheads e gás natural", e lógico, "natashas"...


rs.


rs.

LUH3417 disse...

Há uns tempos que não vinha aqui, mas...

1. Graças a deus que existem pessoas a comentar isto com pés e cabeça e a justificar de forma credível. Valem mais os comentários dessas pessoas do que os proprios artigos.

2. Italo:

"Quer mamar no estado? vai pra Cuba, Bolívia , Coréia do Norte.

Chega deste Estado balofo, ineficiente e que só serve pra acomodar políticos corruptos e preguiçosos que adoram sugar as mamas do estado."

Italo confunde "estado" com "governo". Só daí se percebe o quanto inteligente é, para além das barbaridades do costume.
Revi a maioria dos governos ocidentais na definição "deste estado balofo". Curioso.

Anónimo disse...

"Italo confunde "estado" com "governo". Só daí se percebe o quanto inteligente é, para além das barbaridades do costume."


Estado e governo, em países atrasados como a Rússia, Cazaquistão, Bolívia, Venezuela , SE CONFUNDEM, genial guia dos povos...


Agora, comparar a Dinamarca (que posssui um estado balofo, mas apesar de tudo, eficiente) com a Rússia ou até mesmo com o Brasil é falta de honestidade intelectual.


Meu Deus do céu...


Afirmações mais inteleigentes da próxima vez.

LUH3417 disse...

"Agora, comparar a Dinamarca (que posssui um estado balofo, mas apesar de tudo, eficiente) com a Rússia ou até mesmo com o Brasil é falta de honestidade intelectual."

Nem por isso. Acreditar nas coisas que o Ítalo escreve é que é falta de honestidade intelectual. E capacidade para ver além do que nos chega aos ouvidos pelos meios de manipulação (comunicação). O senhor é um caso perdido, já se sabe. Continue com a sua propaganda extremista da democracia ocidental. Só demonstra o quanto contraditória essa mesma política é: a maior fraude e sistema inteligente de sempre. :)

Anónimo disse...

"O senhor é um caso perdido, já se sabe. Continue com a sua propaganda extremista da democracia ocidental."

Gracias! Vou continuar com muito prazer!