terça-feira, fevereiro 23, 2010

Iúlia Timochenko queima últimos cartuchos

Iúlia Timochenko, actual primeira-ministra da Ucrânia, declarou hoje que não reconhece a legitimidade do Presidente eleito, Victor Ianukovitch.

“Ianukovitch não é o nosso Presidente... Não reconheço nele o Presidente da Ucrânia”, disse ela numa declaração transmitida em directo por vários canais da televisão ucraniana.

Timochenko garantiu que Victor Ianukovitch “não se aguentará muito tempo à frente do Estado”.

Na mesma declaração, a candidata derrotada nas eleições presidenciais de 07 de Fevereiro apelou às forças democráticas no parlamento para se unirem e conservarem a actual coligação governamental existente.

“A união no parlamento das forças democráticas. Eu proponho em público precisamente esse caminho existente”, frisou.

Presentemente, o Governo de Timochenko baseia-se na coligação de três blocos: Iúlia Timochenko, Nossa Ucrânia – Autodefesa Popular e Litvnin. A primeira-ministra pretende conservá-lo com vista a não dar ao novo Presidente a maioria parlamentar.

“Se os democratas forem ganhar dinheiro com outros, eu irei para a oposição”, frisou, concluindo que “em circunstância alguma irei criar uma coligação com Ianukovitch”.


Ianukovitch revelou já o nome de três candidatos a substituir Timochenko à frente do Governo: Serguei Tiguipko, candidato que conquistou o terceiro lugar na primeira das presidenciais, banqueiro, antigo ministro da Economia, Arseni Iatsniuk, candidato que ficou em quarto, asntigo ministro dos NE e presidente do Parlamento, ou Nikolai Azarov, do Partido das Regiões, antigo vice-primeiro-ministro.

David Jvania, deputado da coligação Nossa Ucrânia, admitiu a desintegração da actual coligação e a formação de uma nova: Partido das Regiões, Nossa Ucrânia-Autodefesa Popular e Bloco de Litvin.

15 comentários:

PortugueseMan disse...

...“Ianukovitch não é o nosso Presidente... Não reconheço nele o Presidente da Ucrânia”...

Realmente com declarações destas, não vejo que seja possível qualquer tipo de relacionamento entre eles.

Ou ela sai (seja a bem ou a mal) ou a Ucrânia vai gastar as suas energias em batalhas internas, sem resolver os problemas que têm.

Esta situação política instável, não vai ajudar a resolver os problemas. Vai estar tudo à espera que o panorama se defina e isso não é bom, para um país cheio de dívidas e a precisar de mais empréstimos.

Jest nas Wielu disse...

Tudo é possível, mas para a "Nossa Ucrânia" aceitar o convite de PRegiões, este deve lhe oferecer algo. Talvez Yatsenyuk como primeiro - ministro e mais algumas pastas menores. De outra maneira será dificil.

As novas eleições nem pensar, pois Lytvyn não terá a hipotese de ultrapassar a barreira dos 3%.

PortugueseMan disse...

New Ukraine president to make Brussels first trip

Ukraine's new pro-Russian President Viktor Yanukovych has chosen to make Brussels as his first diplomatic port of call since his disputed election earlier this month, officials said.

Yanukovych will visit the European Union's headquarters on March 1 following an invitation from the bloc's new president Herman Van Rompuy and the Jerzy Buzek, president of the EU parliament. He will also meet EU Commission president Jose Manuel Barroso...


http://www.eubusiness.com/news-eu/ukraine-politics.2tx

Bom, se Yanukovych considerar a Ucrânia não como um muro mas sim uma ponte entre a Europa e a Rússia, já não é um mau princípio...

Jest nas Wielu disse...

23 de Fevereiro: boa razão para entornar a branquinha...

As crianças russas de jardim de infância da cidade Naberejnie Chelny usaram a plasticina colorida e a sua imaginação infantil para criar os canhões, já que no dia 23 de Fevereiro celebra-se é o dia do Exêrcito Russo (ex-Soviêtico).

Os canhões ficaram assim:
http/ibigdan.livejournal.com/6158394.html

PortugueseMan disse...

Caro JM,

Dê uma olhadela a este artigo.

Ukraine to pay $637.6 mln February bill for Russian gas on time

Ukraine will pay for Russian natural gas supplies in February on time, the former Soviet state's acting finance minister said on Wednesday...

...Ukraine is paying $305.2 per 1,000 cubic meters of natural gas in the first quarter of 2010. Russian energy giant Gazprom expects Ukraine's average gas price this year to be $280 per 1,000 cubic meters, up from $228 in 2009.

Gazprom has been selling natural gas to Ukraine at a European market price without any discount since January 1, 2010...


http://en.rian.ru/exsoviet/20100224/157988786.html

Você ainda se lembra da nossa troca de opiniões há coisa de um ano acerca do contrato de gás feito pela Ucrânia?

Você lembra-se de quanto a Rússia pedia naquela altura até o verniz estalar?

Estão pagar actualmente mais de 300 dólares!!

No espaço de um ano a Ucrânia foi enterrada viva, graças àquele presidente.

Você lembra-se de dizer que o acordo não era tão mau assim porque os preços iriam baixar? Ainda pensa assim, meu caro?

Anónimo disse...

O que será da Ucrãnia?... Hoje estive a ver uma reportagem numa Tv italiana e pude notar que a Ucrânia é um país muito pobre parecido em muitos aspectos com países do Norte de Africa, onde muitas famílias dependem exclusivamente do dinheiro de imigrantes na Europa mas a diferença é que em Ucrânia há engenheiros, médicos, advogados, matemáticos e tantos outros bem formados a viver na pobreza com menos de 200 euros por mês. Os políticos ucranianos sejam de qual lado for não valem nada, pois só estarão a prolongar mais o sofrimento do povo ucraniano.

Jest nas Wielu disse...

2 Anónimo 20:27

Bastava lhe ver as reportagens sobre aldeia de Prechistoe / recentes reportagens sobre a ilha de Madeira, para ver que há muito mais locais nesta terra que não são nada ricos e que dependem das remessas dos imigrantes.

No caso da Ucrânia isso só faz o sentido para a Galiza, pois no Leste do país as pessoas passam muito mal (região mineira de Donetsk, Luhansk, etc; burgos de Yanukovich), mas não emigram, pois não querem trabalhar nos países da UE.

Jest nas Wielu disse...

p.s.

2 PortugueseMan

A não esquecer que a Ucrânia aumentou em cerca de 60% as taxas de passagem do gás "russo" pelo território ucraniano.

PortugueseMan disse...

Jest,

Isso é irrelevante para o impacto que a Ucrânia está a ter com gás a estes preços.

Estão a ser cobrados preços de mercado para o gás que compram.

Esta é a primeira coisa que Yanukovych vai ter que tratar. A cada dia que passa a situação agrava-se, principalmente devido a três razões:


1. Este ano passaram a pagar 100% do valor de mercado, mais 20% que o ano passado.

2. O valor de mercado do gás tem estado a aumentar, o que significa um aumento em cima de aumento.

3. A moeda tem estado a desvalorizar o que implica que além dos aumentos, precisam de mais dinheiro para a mesma quantidade de dólares, o que por si só é um aumento brutal.

Eu tenho sérias dúvidas que a Ucrânia possa resistir nestas condições por mais alguns meses, sem rebentar, dada a situação em que ficou em APENAS um ano.

Se o Estado deixar de ter dinheiro e se não houver mais empréstimos, seja pelo FMI, seja pela UE ou seja pela Rússia, o Estado colapsa porque não terá dinheiro para pagar o gás, nem pagar ordenados da função pública e reformas.

Daqui a se gerar um conflito interno pode ser um pequeno passo, com consequências...

Pippo disse...

E ainda, PM, a Itália e a Alemanha estão a tentar negociar com a Gazprom uma redução nas compras de gás (a crise ditou uma redução no seu consumo). Isso implicará que a Ucrânia deixará de cobrar as taxas que cobrava até agora.

PortugueseMan disse...

Sim Pippo.

E a própria abertura de novas ligações implicará redução de tráfego via Ucrânia.

Essa será também uma das prioridades de Yanukovych, garantir um minimo de volume pelos os seus pipelines.

Agora o preço a pagar pela Ucrânia por isto...

Jest nas Wielu disse...

O preço pela passagem do gás não pode ser irelevante, pois os gasodutos ucranianos totalizam 950 km e o preço cobrado é por cada km de distância. E depois, se a nossa economia é tão debilitada como Excias "pintam", da onde vem o aumento do consumo do gás? Deveríamos gastar menos. Além disso, em troca de favores políticos, Yanukovich irá negociar a redução do preço do gás. E se não haverá a redução nos preços, não haverá os favores. Neste aspecto a malta de Donetsk é bûe de simples: toma lá, dá cá. Nada de poesias...

PortugueseMan disse...

Jest,

Há preços de mercado para o preço do gás? há preços de mercado para uso de pipelines?

Qual o valor que é gasto pela passagem do gás e qual o valor do preço do gás, que percentagem estamos a falar?

E depois, se a nossa economia é tão debilitada como Excias "pintam", da onde vem o aumento do consumo do gás? Deveríamos gastar menos.

Jest,

Você está a brincar. só pode. Todos os meses a Ucrânia tenta arranjar dinheiro para pagar a conta e você não vê isso? porque não quer. Andam a pedir ao FMI porquê? porque lhes apetece?

Aumenta o consumo de gás? diga-me lá uma coisa, os ucranianos estão a sentir na pele os aumentos do gás?

Você pode estar ai todo feliz no seu canto, e dizer que compra bilhas de gás quando quer. Mas lá no seu país, para os ucranianos continuarem a pagar gás para fazer comida, tem que ser o estado a meter dinheiro, ou por acaso o preço está reflectir-se no consumidor?

Você já parou para pensar se os ucranianos estivessem a pagar o real preço do gás, se calhar até já tinha rebentado uma guerra civil?

Yanukovich irá negociar a redução do preço do gás. E se não haverá a redução nos preços, não haverá os favores.

Mas onde está a dúvida. Agora o preço que a Ucrânia terá que pagar para ter essa redução vai ser muito alto. E por culpa de quem?

Pippo disse...

Quem sabe se uma redução nos preços e o salvamento da economia ucraniana não valem bem a concessão, a título vitalício, da base naval de Sevastopol à Rússia? É uma win-win situation: todos ficam contentes, evitam-se problemas de irredentismo étnico na Crimeia, e o dinheiro flui a par do gás.

Acho que vou escrever esta ideia no tal site do Presidente Ianukovitch... :O)

Jest nas Wielu disse...

2 PortugueseMan

Obviamente existem os preços de mercado para ambas as coisas, só quem adapta uma visão russificada das coisas, pode achar, que gás obedece aos preços do mercado, enquanto o uso dos gasodutos ou aluguer do porto de Sebastopol não. Também pode sofrer as variações de mercado :-)

Como já escrevia antes, claro que as pessoas devem aprender usar o gás de maneira eficiente, pois como ucraniano, sei que as pessoas ligam gás nas suas cozinhas para se aquecer, em vez de fazer a gestão eficiente de calor, à maneira europeia. Na realidade, os ucranianos comuns não têm problemas em ter o gás para cozinhar (nem para o pagar), quem quer o gás barato e tem problemas para o pagar, são as indústrias obsoletas do Leste do país. Têm que se modernizar.
E se a populaça que votou em Yanukovich vai sofrer um bocado, não vejo nisso nenhum mal, o povo é quem mais ordena, como tal tem que sentir as responsabilidades dos seus próprios actos.

p.s.
Comprei ontem uma butija de gás, a minha empregada vai cozinhar bacalhão com todos.

2 Pippo
Boa ideia, sempre poderás escrever lá “Slava Rasseja” ou algo do género...
http://www.president.gov.ua