sexta-feira, fevereiro 12, 2010

União Europeia propõe plano de modernização a Moscovo, mas Kremlin não quer ouvir falar de “valores europeus”

A União Europeia respondeu à declaração do Kremlin sobre a necessidade de modernização da Rússia elaborando e entregando a Moscovo o seu programa “Parceria para a Modernização”, escreve hoje o diário Kommersant.

Segundo este jornal, a principal tese do documento consiste em que a modernização é impossível sem a democratização, mas Moscovo gostaria que o “programa tivesse um carácter aplicado sem considerações sobre os valores europeus”.

A UE considera que a Rússia deve, primeiro que tudo, garantir “a supremacia da lei” e, depois, concentrar-se na adaptação da econopmia russa aos padrões europeus.

O Kommersant enumera as direcções fundamentais em que os europeus poderiam cooperar com as autoridades russas. Além da construção de um Estado de direito na Rússia, a UE está disposta a apoiar a luta contra a corrupção, pelo melhoramento do clima de investimento, a participar na modernização das organizações não-governamentais russas e, por fim, na transição da Rússia para padrões e regulamentos técnicos europeus.

Citanto um funcionário anónimo, o diário russo escreve que essa ideia partiu de Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia, que gostou do artigo “Em frente, Rússia!”, publicado pelo Presidente russo Dmitri Medvedev, e, na Cimeira UE/Rússia de Estocolmo, propôs ajuda ao Kremlin no campo da modernização.

Em geral, Moscovo recebeu o documento como “um contributo intelectual positivo” para o processo de modernização, mas insiste em que os parceiros europeus se concentrem em aspectos económicos e técnicos da modernização.

“O programa deve ter um carácter aplicado sem longos raciocínios sobre as vantagens dos valores europeus”, declarou ao jornal Vladimir Tchijov, representante da Rússia junto da UE”.

Segundo ele, “na base do programa devem estar a troca de tecnologias, planos de inovação conjuntos com a UE, interacção nas esferas científicas, a utilização das vantagens das partes no plano dos regulamentos e padrões técnicos”.

“Isso pode ser realizado na base de co-financiamento, em partes iguais. Não se trata de um dador e um recetor de esmolas”, concluiu.

Por enquanto não existem datas para o termo do trabalho sobre esse programa e para a sua realização prática, mas alguns resultados deverão já ser apresentados na Cimeira Rússia/UE, marcada para finais de Maio.

2 comentários:

MSantos disse...

Sempre entendi que independentemente da a Rússia seguir um regime autoritário devia organizar o regime legislativo e ser clara no que se pode ou não fazer, quais as empresas que se podem criar e quais as que ficam no estado. O "nevoeiro" vai impedir sempre a modernização do país e manter a escalada da corrupção, talvez por insegurança dos seus líderes que não querem assumir o que são ou o que defendem.

No entanto também sou bastante céptico relativamente ao que os "valores" europeus se tornaram e também não acho que sirvam de modelo a alguém. Em especial os do Dr Barroso.

E ir propôr à Rússia um plano de como esta se deve organizar e governar e esperar que esta aceite candidamente e ainda agradeça é não conhecer nem querer conhecer minimamente o que é a Rússia.

A não ser que o plano final fosse mesmo obter essa recusa.

Cumpts
Manuel Santos

Maquiavel disse...

Já o plano de reduçäo dos arsenais nucleares (que Reagan näo queria) foi apresentado para a URSS recusar, e assim os EUA terem uma enorme vitória diplmática.

Só que aquilo falhou quando o Gorby disse "Eh pá, é ja!" e a seguir o Reagan, a contra-gosto para näo passar ele por mau, teve mesmo de o implementar.

E toda a Humanidade ganhou com a História.

Já esta, motivada pelo Barroso e seus comparsas, näo beneficia ninguém!