segunda-feira, abril 19, 2010

Política diplomática de difícil compreensão

O regresso do Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, da República Checa a Lisboa transformou-se num autêntico folhetim devido à erupção de um vulcão na Islândia, ou seja, viu-se obrigado a  andar mais de mil quilómetros por razões de força maior.
Tratou-se de um caso insólito, daí ter sido notícia em numerosos países. 
Mas não era disso que eu queria falar. Ao acompanhar as notícias sobre as aventuras da comitiva portuguesa por terras checas, eu esperava ouvir que o Presidente português decidiu utilizar a situação criada para ir participar nas cerimónias fúnebres do seu homólogo polaco, Lech Kaczynski, em Cracóvia, cidade que fica situada a poucas centenas de quilómetros de Praga, capital da República Checa.
Tendo em conta que poucos foram os chefes de Estado que lá conseguíram chegar, se o Presidente português tivesse tomado essa decisão, ela não teria passado despercebida entre os polacos. O Presidente da Geórgia, Mikhail Saakachvili foi recebido com aplausos pelos cidadãos da Polónia, pois ele teve de fazer um enorme percurso para chegar a Cracóvia. Voou dos Estados Unidos para Portugal, daqui foi até Espanha e do país vizinho para a Turquia. Deste país, foi para a Bulgária, depois para a Roménia e, finalmente, para a Polónia.
O Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, após ter feito uma longa viagem de regresso da América Latina, onde participou, entre outras coisas, na cimeira dos BRIC's, decidiu também não renunciar à sua viagem de avião de Moscovo até Cracóvia. E também neste caso os polacos souberam apreciar o gesto do dirigente russo.
O nosso Presidente, em vez de regressar a Lisboa via Barcelona, podia ter feito um pequeno desvio e ter ido a Cracóvia. No fim de contas, Portugal e Polónia são ambos membros da UE e o nosso país parece ter importantes interesses económicos nesse país.
Claro que, neste caso, não precisava de levar toda a comitiva atrás.
Admito desconhecer alguma coisa que levou o Presidente Cavaco Silva a fazer o percurso que fez, mas, nesse caso, foi porque nada foi dito a propósito. Se os assessores do dirigente português deixaram escapar esse momento, é de lamentar. Se existiu alguma explicação, ela devia ter sido revelada.

16 comentários:

aferreira disse...

-As nuvens de poeira vulcânica etc 6 tal ... foi uma boa desculpa para que a maioria dos chefes de Estado e afins, se livrassem de estar presente e enfim, servirem de figurantes nas cenas tragicocomico, que foi o funeral do Sr. presidente da Polónia e sua esposa.
-Eles os ausentes, sabem bem de quem foi a responsabilidade do acidente/crime Katyn.
-Sabiam também que iriam servir de figurantes de uma cena burlesca ou cómica!
– Onde já se viu tal?
-Só mesmo uma republica de bananas é possível assistir a tal.
-Talvez seja eu que esteja enganado.
-Mas enfim… – Assim, como assim, sempre “descansam” no lugar certo!

Jorge Almeida disse...

Confesso que não percebo o comentário anterior.

Cada país tem as suas tradições, mesmo na hora de honrar os mortos.

Os representantes dos outros países só tinham de ir lá assistir, mais nada.

Face à odisseia que Saakachvili teve de fazer, o desvio que Cavaco teria de fazer era ínfimo. Ainda por cima, estava parado sem fazer nada em Praga.

Pode-se pensar que Saakachvili precisa do apoio polaco para sobreviver politicamente, daí ter embarcado naquela odisseia. Mas, porra, dado os interesses económicos que as empresas portuguesas têm na Polónia (BCP, Jerónimo Martins, Mota-Engil, etc ...), não compreendo a atitude de Cavaco.

Espero que não tenhamos más represálias ...

Armando Cerqueira disse...

Infelizmente os assessores do Presidente Cavaco Silva parecem ter uma visão estreita dos interesses do País nas suas relações externas.

Pior ainda, o próprio Presidente parece ter pouca sensibilidade para essas questões.

Digo-o com pena: a maioria de portugueses elegeu-o, ele é a nossa imagem.

Jorgemlr disse...

Caro José Milhazes:

O seu "post" é muito pertinente.
Embora não simpatizasse muito com o político Cavaco Silva, em particular do seu tom arrogante, votei nele nas últimas Presidenciais, pois apesar de tudo tinha dele uma imagem de sobriedade e de competência, qualidades imprescindíveis que qualquer candidato à Presidência da República deve ter.
Infelizmente, as expectativas relativamente altas que tinha em relação ao actual Presidente têm vindo progressivamente a ser defraudadas. Ao decidir não representar Portugal no funeral do Presidente polaco, e regressar a Portugal, ainda por cima nas condições referidas, Cavaco Silva revelou, a meu ver, e para minha tristeza, falta de visão de Estado e, por consequência, incompetência política.
Infelizmente, visão de Estado e competência políticas (e também coragem) parecem ser qualidades há muito ausentes da generalidade dos actuais líderes europeus. A sua ausência é tanto mais notada quanto elas são tão importantes e fazem tanta falta, nos tempos turbulentos por que passamos.

JLR

Anónimo disse...

Comungo a sua opinao sr. Milhazes e mais o presidente da Rep. Checa, Vaclav Klaus inclusive afirmou que e inadmissivel que Bruxelas nao se tenha representado. E que os comboios tambem tem problemas com as poeiras vulcanicas!!!

Nuno B. disse...

Tb eu me pus tal questão.

é incompreensível que Cavaco tenha estado tanto tempo a encher chouriço na Rep.Checa, e falha o funeral de um chefe de estado ali ao lado..

Mas n foi o unico, o Sarkô n pôs la pés (acho que a Merkel tb não).

Gostava de saber qual a razão evocada pelo presidente para n ir.

Jest nas Wielu disse...

Qual é a razão de Serkó e Merkel não atenderem o funderal? A razão se chama: gás...

Maquiavel disse...

Quer os polacos gostem quer näo, quase ninguém na UE gramava o presidente polaco... e a cinza vulcânica veio mesmo a calhar como desculpa!

Entäo a Merkel näo tem comboios de Berlim a Cracóvia? Pois claro que têm!

Sim, o Sacanavil tenta restar à tona de água quanto pode, por isso tanto "sacrifício"...

aferreira disse...

-Então caro Jest nas Wielu, que se passa consigo?
-Umas vezes diz que a "Europa" já não necessita de tanto gás Russo e agora a razão é o Gás -
-Olhe que não, olhe que não !!!
-As razões foram outras e têm a ver com outros gases que se soltarão muito em breve.

Jest nas Wielu disse...

2 aferreira

O gás polaco não será usado nas cozinhas francesas e alemãs em 2010, como tal, ainda haverá a necessidade de usar o gás dito “russo” (na realidade em cerca de 60% proveniente da Ásia Central).

Quando aos outros gases, atenção com as comidas pesadas, do tipo feijoada, ou até mesmo o cozido.

p.s.
No caso Sarkó, não esquecer o interesse de vender os Mistral…

Jest nas Wielu disse...

“Liberdade e Verdade”: o discurso do Lech Kaczynski preparou para apresentar em Smolensk:

“Isso aconteceu há 70 anos. Eles mataram-lhos – com as mãos amarradas – um tiro na nuca. Para que não haja muita sangue. Em seguida – ainda com as águias nos botões de fardas – foram colocados em covas profundas. Aqui, em Katyn, houve quatro mil e quatrocentos destas mortes. Em Katyn, Kharkiv, Tver, Kiev, Kherson, em Minsk – 21.768 no seu total.

Os cidadãos polacos foram mortos, pessoas de diferentes credos e profissões diferentes, soldados, policiais e civis. Entre eles generais e policiais comuns, professores e agentes rurais. Eles são capelães militares de vários credos: padres católicos, o rabino – chefe de Exército Polaco, capelão – chefe da Igreja Grego – Católica e capelão – chefe da Igreja Ortodoxa.

Todos estes crimes – cometidos em vários lugares – simbolicamente chamados Massacre de Katyn. Eles estão ligados pela a nacionalidade das vítimas e pela mesma decisão dos mesmos responsáveis”.

Ler mais em polaco:
http://wyborcza.pl/1,75478,7781509,
_Wolnosc_i_Prawda____przemowienie_
Prezydenta_RP_z.html?as=1&startsz=x.

aferreira disse...

“Isso aconteceu há 70 anos. Eles mataram-lhos – com as mãos amarradas – um tiro na nuca."

Faltou dizer que o tiro saiu de armas alemãs Walter P38.

Nuno B. disse...

Caro Jest nas Wielu,

a Polónia já é um país exportador de gás?

Jest nas Wielu disse...

2 Nuno B.

Caro Nuno B., a Polónia será um país exportador de gás. Se calhar exactamente por isso morreu Lech Kazcynski...

Vasco disse...

Se fosse só a política diplomática que de dfícil compreensão em Portugal...cada vez mais nada do que se passa faz sentido.

Anónimo disse...

molto intiresno, grazie