"A expressão "russofobia" está na moda nas bocas dos que se interessam pela actualidade russa, ou que nela têm influência. Especialmente desde que se instalou uma espécie de "guerra fria" não declarada de informação entre dois grupos antagónicos cujo objectivo é o de superar o outro em influência geopolítica, ou, pelo menos, obter dividendos de carácter material. Tanto a actual administração ultraconservadora russa como os neoconservadores americanos têm claros interesses materiais no revivalismo do clima anterior à desagregação da União Soviética.
No entanto, para nós, os que não nutrem qualquer afinidade por nenhum deles, não tendo por isso qualquer agenda ulterior, é por vezes difícil distinguir entre o que é facto e a mera propaganda, e sucumbimos facilmente a ímpetos demagógicos dos que querem influenciar a nossa opinião para um lado ou para o outro.
O facto é que os seres humanos aderem instintivamente a estereótipos. Não porque sejamos intrinsecamente injustos, mas pura e simplesmente porque a vida nos obriga a tomar decisões rapidamente, com base em informação que é quase sempre insuficiente. Assim, tal como no caso do nosso ódio de estimação pelos taxistas, por exemplo, somos levados a classificar grupos inteiros de pessoas com base em limitadas experiências pessoais ou histórias de gente chegada, em episódios históricos que influenciaram o que somos hoje, ou naquilo que vamos lendo na nossa imprensa favorita. Estas acumulações imperfeitas de informação deram origem a sentimentos como o desprezo pelos ciganos, o anti-semitismo, a homofobia, a recente islamofobia e a russofobia. Ou até a nossa tendência instintiva para classificarmos todos os taxistas, advogados ou políticos como gatunos, antes sequer de termos oportunidade de lidar com eles. Muitas vezes injusto, algumas vezes útil.
Cedo se percebeu que a aderência a estereótipos pode ser eficazmente usada para fins políticos. No século XIX, a propaganda britânica, cujo governo batalhava por manter a sua influência colonial, retratava implacavelmente os “concorrentes” russos como uma horda de bárbaros asiáticos ignorantes. Durante a Guerra Fria, a União Soviética deu origem a uma série de preconceitos, explorados eficazmente pela imprensa ocidental, que exacerbava os receios do bloco democrático relativamente à ameaça que constituía a pura e simples existência da URSS. Aliás, o mesmo acontecia do outro lado da cortina, como se sabe.
Mas os sentimentos anti-russos não têm só origem em propaganda. Em países como a Polónia, a Estónia ou a Finlândia, onde 62% da população nutre sentimentos negativos em relação à Rússia, ou mesmo em regiões da Rússia actual como o Cáucaso, o sentimento russófobo generalizado deriva de experiências históricas altamente traumáticas, associadas à relutância que a actual administração russa mostra em assumir as suas responsabilidades na matéria, enquanto herdeira política da URSS. É interessante observar, em contraste, a forma como a penitência alemã do pós-guerra terá contribuído para que o sentimento anti-alemão na Europa se tivesse desvanecido quase por completo.
Contudo, independentemente da legitimidade, do exagero ou da pura irracionalidade com que os ressentimentos contra a Rússia são manifestados, o problema surge quando o debate político é ofuscado pelos que, tirando partido do patente orgulho nacional do russo comum, tentam equacionar a crítica aos governantes com a crítica à nação como um todo, enfiando-a no amplo saco da "russofobia" patológica. O truque é especialmente eficaz quando a crítica tem origem externa. Tal como acontece com as constantes acusações de anti-semitismo contra os críticos da política israelita face à nação palestiniana, as acusações de russofobia tornam-se numa arma para os que pretendem defender a todo o custo os poderes vigentes, impondo a confusão entre "pátria" e "governo" e bloqueando qualquer discussão política a partir daí, uma vez que a converte num debate nacionalista. Ao apelar às emoções nacionais, a russofobia torna-se num dissuasor propagandístico da discussão.
De facto, o brandir mobilizador da russofobia pode ser encarado no contexto mais lato da estratégia bizantina dos actuais poderes russos de criar e demonizar um inimigo externo, corporizado neste momento pelos Estados Unidos, tal como nos tempos da Guerra Fria. Já Hitler e Estaline tinham entendido o poder do nacionalismo e do conceito da "pátria-fortaleza", tanto para a mobilização das massas para os seus fins como para desviar a atenção dos seus súbditos sobre as suas próprias limitações ou intenções menos nobres. E a história repete-se: enquanto o presidente Medvedev se envolve em iniciativas de desanuviamento com Barack Obama, é dado um exacerbado tempo de antena nos meios de comunicação oficiais a vozes de jornalistas ultraconservadores tais como as de Mikhail Leontiev , Alexei Pushkov e Alexander Prokhanov, que passam o tempo a avisar a população dos planos imperialistas americanos de subjugar a Rússia, ou a militares tais como o general na reforma Leonid Ivashov que continua, em talk shows políticos, a advertir o povo sobre o perigo real de um first strike nuclear americano. Poucos são aqueles a quem é dada a oportunidade, nos meios de comunicação de grande alcance, de refutarem estas posições, a maioria delas totalmente absurdas. O resultado, como seria de esperar, é a opinião popular generalizada de que os Estados Unidos são de facto o principal inimigo da Rússia. Mais ainda do que os separatistas chechenos, os países bálticos, ou mesmo a Geórgia. A pátria-fortaleza é uma vez mais uma realidade no imaginário do russo comum, e as pomposas celebrações da vitória na Grande Guerra patriótica de hoje darão certamente o seu contributo para cimentar esta imagem.
Assim, da próxima vez que nos deparemos com acusações de russofobia, o melhor será pararmos para pensar quem serão, de facto, os respectivos beneficiários, esses sim, os que verdadeiramente desprezam o povo russo, antes de cairmos na rasteira destinada a silenciar o debate e a virar o bico ao prego."
44 comentários:
milhazes vc é um frouxo, homem fraco e faz uso de textos de outros homens fracos.
triste existência a sua
Anónimo cobarde, em vez de insultar as pessoas, devia escrever alguma coisa para alegrar a minha existência.
Prove que escreve melhor do que António, envia texto ou textos e eu publicarei...
...O resultado, como seria de esperar, é a opinião popular generalizada de que os Estados Unidos são de facto o principal inimigo da Rússia. Mais ainda do que os separatistas chechenos, os países bálticos, ou mesmo a Geórgia...
Mas isto é um facto. O mais temível inimigo da Rússia é os EUA. Da mesma maneira que o mais perigoso inimigo dos EUA é a Rússia.
Em nada se compara com os problemas na Geórgia, Bálticos ou Cáucaso para os russos. Da mesma forma nada se compara com o Iraque, Afeganistão, Irão, Coreia do Norte para os americanos.
No entanto em todos estas zonas ambos de uma forma ou de outra estão envolvidos.
Agora de AMBOS os lados, temos esse tipo de comportamentos descritos no artigo, pelo que é necessário para quem estiver interessado em saber mais um pouco, ouvir várias opiniões/perspectivas de modo a tentar atingir uma visualização mais acertada do que poderá ser a realidade.
Mas isto aplica-se a tudo. Por exemplo podemos olhar para a política. Portugal por exemplo, quem é do governo e está pelo governo defende as medidas tomadas e quem é da oposição faz oposição e quando mudam de cadeiras dizem exactamente o oposto e quantas vezes vemos o histerismo e extremismo de posições em defesa do seu lado, não interessando se é bom ou não para o país.
Hoje dizem uma coisa, amanhã outra, promessas não cumpridas, corrupção atinge todos os sectores políticos e cada um vai espernear para a televisão sempre que pode ter tempo de antena.
Então e o futebol? não é o mesmo?
Seja qual o assunto, muitas vezes os órgãos de informação procuram mais um bom título explosivo que própriamente informar as pessoas.
O que se é dito, pode-se aplicar a qualquer situação e não é por ser a Rússia que será diferente.
Há dois fenômenos claros aí: (I)De fato, há um sentimento anti-russo alimentado no ocidente; (II) Determinados lídres russos se utilizam disso. Uma coisa não exclui a outra e é bom termos claros a natureza multifacetada do problema. O modo como os EUA tratam a Rússia, por exemplo, não ensejam a construção de qualquer espécie de relação amistosa, basta ver que ao mesmo tempo em que negociam com os russos, os americanos insistem em expandir a OTAN - NATO - e armam países como a Geórgia - ações que em nada favorecem os interesses do povo americano, apenas os de certos interesses específicos muito bem instalados nos bastidores do poder americano.
Também é necessário ponderar sobre a questão nacional, como ocorreu a construção histórica dessas "grandes famílias" em cima de tradições criadas para, no fim das contas, justificar o domínio de um determinado grupo sobre o outro. Não concordo que a lógica amigo-inimigo seja a norteadora da ação política humana, mas ela já está manifestada há milênios e é de grande valia desde os fins da Idade Média - expressando-se por conta da natureza das demandas sociais e econômicas, muitas delas falsas, onde massas inteiras são levadas a acreditar que o interesse dos seus líderes é o seu, solidarizando-se assim por uma grande falácia.
Concordo com quase tudo excepto com o que se refere ao povo alemão. Hoje, a situação é diferente. Não o era na geração que viveu a guerra nem nos seus descendentes, nos países ocupados. O sentimento anti-alemão era bem vivo.
O mesmo ocorre(ocorreu) com o Japão nas regiões que foram ocupadas no sudoeste asiático.
João Moreira
"O mais temível inimigo da Rússia é os EUA. Da mesma maneira que o mais perigoso inimigo dos EUA é a Rússia."
Não concordo, PortugueseMan.
Um exemplo bem clarificante é a actual administração americana do presidente Obama que abandonou os planos do escudo, as provocações e os antagonismos fúteis e virou-se para dentro pois tal como a Rússia, a América padece de problemas internos gravíssimos.
O maior desafio que se poderá colocar aos EUA dos dias de hoje será em aceitarem o multipolarismo mundial e mesmo assim manterem a sua grandeza.
Obviamente tudo muda quando falamos dos neoconservadores/neoliberais americanos e são nestes que reside o verdadeiro perigo de confronto pois para estes a América só pode ser grande desde que as "stars n'strips" ondulem triunfantemente desde a Europa ao Pacífico mesmo que para isso implique parcelas significativas dos seus cidadãos condenados à miséria e ao isolamento.
Mesmo sob a administração Obama, a sua influência continua.
Obviamente que para lá de todos os defeitos e erros dos PIGS, o actual ataque ao Euro através de agências privadas que definem ratings de países, numa sala de reuniões sabe-se lá sob que obscuros interesses e face ao seu papel na crise actual deviam estar totalmente desacreditadas para não dizer encerradas são a ponta de lança desses interesses. E aí o inimigo não é só a Rússia.
O maior desafio será sem dúvida as próxiam eleições americanas, pois a facção conservadora está mais radicalizada do que nunca pois adquiriram um cariz assustador: uma missão messiânica.
E a Rússia também precisa saber separar esta dita facção e os EUA nos seus mais nobres ideais.
Cumpts
Manuel Santos
1. Primeiro quem forma a opinião pública acerca da Rússia nos média ocidentais tem de aprender a ser honesto e objetivo.
2. È mais um clichê dizer que os poderes russos atuais querem criar essa imagem da "fortaleza cercada" na opinião publica russa. Gravem na sua memória de uma vez por todas: os russos não são mais tolos que aqueles que aqui escrevem os seus textos e muitas vezes mais bem informados acerca da situação atual na Rússia (isso eu vejo muitas vezes aqui nos artigos). Os poderes atuais russos, pelo menos inicialmente, eram orientados pro-ocidental. As mudanças na politica externa russa nos últimos anos são, em grande parte, apenas a resposta àquilo que todos que se interessam pela politica devem conhecer muito bem.
3. As relações com os caucasianos, ao meu ver, têm mais semelhança com os problemas das relações entre negros e brancos nos EUA. E o Caucaso não pode ser comparado a Polónia ou a Finlandia. Sem falar daquilo que muitos caucasianos preferem viver na Rússia longe do Caucaso. (E a pessóa que faz tais comparações aínda nos quer ensinar a viver. Não posso levar tais tentativas à sério).
O cartaz é giro. Onde é que o arranjou?
Dado que é dos Estados Unidos que vem a ideia de Brzezinsky de atacar o "ventre mole" da Rússia, de apoiar as revoluções "coloridas" na Ucrânia, na Geórgia e no Quirguistão (duas das quais lideradas por notóriosrussófobos) e de expandir a NATO até às fronteiras da Rússia, é de espantar "a opinião popular generalizada de que os Estados Unidos são de facto o principal inimigo da Rússia."
Se pararmos para pensar, qualquer um vê que os EUA são até um grande amigo da Rússia. E nada russófobo, mas mesmo nada. Basta olhar para as suas acções.
Não é propaganda... Não não é!!! É tudo real.
O PAK-FA 50 é real, os tanques T-90 são reais, os sistemas S-400 são reais...
E pelos mares do Mar de Barents e no Oceano Pacífico, no Mar Baltico e no Mar Negro, espreitam-se, silenciosamente e furtivamente, quase 50 submarinos, dos quais 15 são do tipo SSBN... 40 são de propulsão nuclear!!!
Não se pode subestimar este poder!!! Não há como negar isso!
Os sentimentos de Guerra Fria sempre estarão presentes, porque simplesmente nunca acabou!! ( PARA CADA SISTEMA MILITAR AMERICANO HÁ UM SIMILAR COM MESMO PODERIO DE FOGO RUSSO )
E assim irá ser! Queiram os europeus ou não. E por muito tempo. VocÊs não viram o que ocorreu recentemente, com relação á questão da Frota Russa do Mar Negro? Muitos comemoravam a derrota da Rússia e a consequente retirada de Sevastopol. Mas não foi o que ocorreu. Irá ficar por mais 25 anos!!!
A América desenvolveu o sistema de posicionamento global chamado GPS. A Rùssia responde e cria o sistema de posicionamento global GLONASS.
E muitos outros exemplos que poderiam ser citados.
Mas isto é um facto. O mais temível inimigo da Rússia é os EUA. Da mesma maneira que o mais perigoso inimigo dos EUA é a Rússia.
Não mais. A Rússia hj perdeu relevância.
A China tem muito mais peso nesse sentido.
José Milhazes, por favor, Lula vai estar em visita a Rússia (13 e 14/MAI – Moscou), o Senhor acha que existe a possibilidade da Rússia ser o principal fornecedor bélico para a América Latina/UNASUL sediando suas fábricas a partir do Brasil?? Acredito que para a Cadeira Permanente no CS do Brasil seria um grande passo, tal qual, para restruturação da sua defesa.
Obrigado.
"E a história repete-se: enquanto o presidente Medvedev se envolve em iniciativas de desanuviamento com Barack Obama, é dado um exacerbado tempo de antena nos meios de comunicação oficiais a vozes de jornalistas ultraconservadores tais como as de Mikhail Leontiev , Alexei Pushkov e Alexander Prokhanov"
Prokhanov é um conhecido estalinista e comunista, não acho que muitos o podem levar à sério. E, segundo sei, ele não trabalha na televisão, mas numa das rádios o que no nosso tempo significa cobertura limitada. Quem é Puschkov eu nem sei, embora veja a televisão de vez em quando. Quanto à Leontiev, ele trabalha na televisão há muitos anos e não foi só hoje que apareceu. Eu até gosto de ver de vez em quando os seus programas pequenos "Odnako" e me rir até porque alguns dos seus programas acho originais. Mas é preciso entender que desde o fim da União Sovietica as administrações americanas fizeram muito para que na Rússia não gostassem dos EUA ou pelo menos não considerassem esse país como amigo.
Mas este artigo é apenas uma tentativa de se justificar. Como alguns podem "criticar" algum governo ou a qeum quer que seja, tentar "abrir os olhos" ou ensinar algo aos russos, se não tem o nivel do conhecimento da atualidade russa e da história da Rússia (pelo menos nos últimos anos) suficiente? Alem disso, vê-se que o autor do artigo tem, pelos vistos, algumas razões pessoais para estar sempre a "criticar" o que lhe apetecer.
P.S. Até a ilustração que colocou em cima do artigo pode parecer encarnecedora a muitos russos. E depois de tudo isso fala que "a critica ao regime" não significa a russofobia e outras coisas de costume, bla-bla-bla. Cheira ã hipocrisia um pouco.
Chamar os líderes da Ucrânia e da Geórgia de “russófobos” apenas baseando-se no facto de eles pretenderem defender os interesses dos seus próprios países é puro cliché.
Haha.
Saakaschvili defende os interesses da Geórgia, mas de repente se-assusta de um avião russo:
http://www.youtube.com/watch?v=BVhZJhyEuPs
As russofobias são distintas.
Em países como os Bálticos, é bem simples(e simplista):
As burguesias locais o estimulam para enfraquecer os trabalhadores locais, composta em boa parte de russos.
Além da coisa de arranjar um "inimigo externo" que é mais velha que andar pra frente.
No Cáucaso é diferente. É resultado da opressão, descaso, violência e exploração daqueles povos, por parte da Rússia.
De âmbas as russofobias, o governo russo se beneficia.
Sobre o EUA, é claro que eles não consideram a Rússia "pior inimigo, blá blá blá". Pelo contrário. Possuem ótimos negócios aqui. E a Rússia é um grande parceiro em potencial.
-------
Anônimo Russo,
Alexandr Prokhanov não tem absolutamente nada de comunista. É um fascista maluco(desses que babam na gravata), ultra-reacionário, religioso, que é perdidamente apaixonado por Stalin.
Dessas coisas que só se encontra na Rússia.
Jarosław_Kaczyński aos russos
http://www.youtube.com/watch?v=rjfUm6mbBv4
Um exemplo bem clarificante é a actual administração americana do presidente Obama que abandonou os planos do escudo, as provocações e os antagonismos fúteis e virou-se para dentro pois tal como a Rússia, a América padece de problemas internos gravíssimos.
Caro MSantos,
A meu ver Obama é um pouco de Clinton, as coisas eram mais suaves. Mas depois veio Bush e as coisas deram uma grande volta. Agora entrou Obama que tenta meter àgua na fervura e desfazer algumas das loucuras de Bush.
No entanto, será que Obama vai estar no poder nas próximas eleições? é já em 2012.
Já sairam do Iraque? não.
Já sairam do Afeganistão? não.
Solução para o Irão? não.
Continuam na Àsia Central? sim.
O escudo está em banho maria, as coisas ainda não estão claras sobre a evolução.
Obama diz que não quer armas no espaço, mas foi NESTE Abril que o X-37 foi testado e tem todas as condições para ser uma arma.
Se em 2012, fôr para lá outro do calibre de Bush, vai basicamente pegar nas coisas e apontá-las de novo para o "caminho certo".
Se Obama estiver apenas um mandato pouco poderá fazer, pois o tempo é insuficiente.
Poderão as outras nações contar que a seguir de Obama serão tudo rosas?
Eu não acredito nisso.
Cumprimentos,
PortugueseMan
José Milhazes, se fosse a si nem responderia a anónimos cobardes. Sei que V/ é especialista em Rússia e tenho de acreditar porque também sei que vive ou viveu lá muitos anos, além do que se lê no seu blog, normalmente objectivo e, sobretudo, um espelho da imprensa daquele país, que infelizmente não chega cá como a imprensa americana, por exemplo. Quanto ao texto que transcreve, acho que é digno de nota e merece ser analisado. Uma coisa é certa: há um sentimento anti-russo em Portugal e em todo o ocidente. Mas você, que vive ou viveu aí, deve saber que os russos são como toda a gente: têm defeitos e qualidades. Pelo menos os que eu conheço aqui em Portugal (na região centro), uma vez que nunca visitei sequer esse país. Escreva sobre isso e não ligue aos ignorantes xenófobos nem aos anónimos cobardes.
Gilberto Mucio disse...
"No Cáucaso é diferente. É resultado da opressão, descaso, violência e exploração daqueles povos, por parte da Rússia."
Você sabe perfeitamente que na Rússia atual caucasianos se sentem muito tranquilamente. Opressão havia no Caucaso no sec XIX, sim, durante a guerra Caucasiana, mas os povos e tribos caucasianos muitas vezes tinham escolha, podiam render as armas e ficavam vivos, segundo eu sei. Só tchetchenos e ingusches sofreram no sec XX, quando foram deportados pelo Stalin para o Kazaquistão. Uma vez na Abkházia passei uns dias numa pousada que pertencia a um casal de kabardinos. A mulher era de Kabardino-balkária (republica caucasiana que faz parte da Rússia), o marido dela - pelos vistos, foi mukhadjir - kabardino cujos antepassados fugiram para o oriente médio durante a guerra do Caucaso. Acho que conheciam a história, mas na realidade não hávia nenhuma hostilidade. Por sinal, essa mulher nos disse acerca do ataque dos radicais islamicos a Naltchik (Kabardino-Balkaria) de 2002: "nem pensem, estamos com a Rússia, foram uns rapazes jovens que meteram na sua cabeça deus lá sabe o que. Não, não."
já agora, as perdas da Ucrânia na II G.M.:
http://ucraniaonline.blogspot.com
/
2010/05/ucrania-ii-guerra-mundial-apenas.html
Caro Antonio.
Antes de tudo parabéns pelo texto, pois está muito bem escrito.
Concordamos em dois pontos: O primeiro é que a "russofobia" está em moda e em segundo que ela é fortemente nutrida pelos países que pertenceram à outrora esfera soviética. Mas esta russofobia é mais intensamente alimentada pelos Estados Unidos e claro como não se pode atirar pedras no telhado alheio quando se tem o próprio de vidro, como dizia minha saudosa avó portuguesa, também pela Otan (e por conseguinte seus países europeus membros). Os que se interessam pela realidade atual da Rússia, Ucrania..... realmente torcem pela estabilização econômica, política e social destas nações e não costumam nutrir sentimentos negativos. Quanto aos estereótipos em relação qualquer etnia ou nação é um fator inerente à característica humana, translatada pelos impérios e potências dominantes no decorrer da história humana, extremamente representado pelo maior império que já existiu que foi Roma e extensamente praticado pelas potências européias que comandaram os destinos do mundo até o fim da segunda-guerra mundial, quando o mundo passou a ser regido por dois blocos, Os Estados Unidos representante do capitalismo frio e encoberto sob o manto de sua democracia hipócrita e terrorista, bastante conhecida pelos países da América do Norte, Central e povos do Pacífico Sul, e que terminaram por "herdar" o controle do que um dia pertenceu a potências como a Inglaterra, França e Alemanha, não só ocupando suas antigas zonas de influência, mas submetendo-os à condição de potências de segunda categoria.
Continuando...
Ou seja, os Estados Unidos ficaram com a parte ocidental que abrigava os extintos impérios europeus, que em períodos anteriores subjugaram os antigos impérios asiáticos, empreenderam as cruzadas e, formaram colonias na África e na América. Ficaram por tanto com o controle da porção do mundo que ditou o modelo civilizacional durante séculos e que convencionaram assim como Roma o fizera no passado, que todos os povos que não fossem europeus e não seguissem a fé a católica eram bárbaros e inferiores. Já o outro bloco, representado pela então União Soviética, nomenclatura de uma nação que na verdade era representada pela Rússia, antigo adversário dos três últimos grandes impérios europeus, cuja disputa pelo poder já detinha um histórico de várias escaramuças e discriminação, mas que naquele momento histórico ao fim da segunda-guerra, renascia como superpotência militar, representante de uma ideologia antagônica, mas acima de tudo era o velho adversário que se apresentava com o controle da outra parte do mundo bipolar, os velhos impérios saiam definitivamente de cena e os destinos do mundo passavam a ser regidos por duas nações até os dias atuais. O que mudou? A União Soviética deixou de existir. A Rússia passou por um período de insolvência e retornou, ainda abundante em recursos naturais, com sua potência nuclear superior à americana e capacidade convencional equiparável. Possui graves problemas sociais, uma indústria que necessita de modernização e uma economia ainda dependente das exportação de recursos, mas voltou, lutando para reconquista sua posição de influência regional e de influência no contexto geopolítico, e que por sinal tem vencido os últimos rounds com seus principais adversários e reconquistado aos poucos sua condição de protagonista no cenário mundial. A China, que muitos gostam de citar como um novo player, ainda tem um caminho muito longo para trilhar, que apesar de financeiramente ser bastante representativo e possuir uma enorme população, é extremamente dependente de importação de matéria prima, sua crescente capacidade industrial ainda produz com péssimo acabamento, baixa qualidade e durabilidade, sem falar que toda esta produção, responsável pelo fabrico de componentes eletrônicos e produtos acabados de marcas europeias, japonesas e americanas, são realizados por uma classe operária quase escrava, mal paga, sem direitos e que vive em péssimas condições sociais. Não seria cabível hoje na China ocorrer um levante Boxer, nem a Inglaterra precisa de uma Guerra do Ópio a própria elite governista do país já colocou a placa para o seu povo "Proibida a entrada de chinês e cachorro". Finalizando, o jogador que incomoda é a Rússia e a "russofobia" continuará na moda.
Peço desculpas por qualquer erro ortográfico ou de concordância, pois estou escrevendo em deslocamento e sem tempo para efetuar correções.
Abraços.
Gostaria de saber, se alguém poderá escrever aqui algo sobre a russofília ocidental/ norte – americana. Pois também existe e vai florescendo, está na moda em certos circuitos, é bem paga (exemplo mais flagrante é Gerhard Schröder) e não merece muita atenção nem nas media ocidentais, nem entre o painel deste blogue.
"Alexandr Prokhanov não tem absolutamente nada de comunista. É um fascista maluco"
MAS NÃO DÁ NO MESMO?
A Russia foi,é e será o mais importante país da Europa e da Ásia e o 2º do planeta!
Isso é indiscutível, não há como negar esta colocação!!!!
a) Foi o mais importante da Europa e da Ásia pois Moscow era a capital da União Soviética. A União Soviética foi um Estado de Constituição Socialista, tanto na Europa, quanto na Ásia. Emergiu após a I Guerra Mundial A União Soviética emergiu como uma SuperPotencia, apenas comparada com os Estados Unidos. E faziam parte deste império: Belarus, Ucrania, Moldova, Geórgia, Armenia, Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguistão, Tajiquistão, Estonia, Letonia e Lituania. E faltou pouco, muito pouco para que Índia e China aderi-se ao bloco!!! Ou como vocês me explicam essa aliança estratégica entre a Rússia e a India. De quem a India comprou mais de 140 caças de superioridade-aérea? De quem a Índia está comprando o seu super porta-aviões? De quem a Índia está arrendando um submarino de ataque de propulsão nuclear? De quem a Índia comprou mais de 500 tanques de guerra principais? Quem ajudou a Índia á projetar, testar e incorporar um míssil de cruzeiro que possui o triplo da capacidade do yankee TOMAHAWK??
b) A Rússia é o país mais importante da Europa e da Ásia simplesmente porque é uma super-potencia energética. A Rùssia, talvez a maior potencia energética do planeta é rica em recursos naturais energéticos. Possui as maiores reservas de gás natural conhecido do que qualquer país neste planeta, e possui a segunda maior reserva de carvão, e ainda possui a 8ª maior reserva de petróleo do planeta. A Rùssia é o 4º maior produtor de eletricidade. E é atualmente a maior fonte de suprimentos energéticos para a União Européia e para a OTAN!!!
Só o Lago Baycal possui 1/5 de todas as reservas de água potável existente neste planeta. O território russo é cortado por imensos rios que são aproveitados também para geração de energia elétrica. Para geração de alimentos, o total de terras cultivaveis na Rússia está estimada em 1.300.000 quilometros quadrados, que é a soma de Portugal, Espanha e França juntas, a 4ª maior do planeta. E, ao contrário de muitos países, a Rússia possui imensas reservas de terra arável, para aumentar a produção de alimentos, no mínimo 10 vezes mais!!!
E para defender todas estas riquezas, a Rùssia possui o maior estoque de armas nucleares do planeta, possui a segunda maior frota de submarinos e é o único país da Europa e da Ásia que possui uma força de modernos bombardeiros estratégicos. A frota de blindados da Rússia é a maior do planeta, e sua Marinha de guerra é uma das mais poderosas.
E tudo é produzido em território russo, sem ajudas estrangeiras.
c) E a Rússia será o mais importante país da Europa e da Ásia porque simplesmente voces europeus ainda vão comer e beber do que vier do território russo. As frutas e verduras que vocês irão comer virão do território russo. O gás que irá aquece-los no inverno virá do território russo. A gasolina que vocês irão botar no tanque dos seus carros virão do território russo. Isso prova que vocês, da Europa Ocidental que estão em decadencia, protegidos pelo guarda-chuva do Pentágono, vendidos e completamente obedientes ás ordens do Capitólio.E China, Índia e Japão também estão neste grupo. Sem os recursos energéticos da Sibéria, vocês ficarão estagnados.
E vocês vão ter que pagar por isso. E esse dinheiro irá financiar as forças-armadas russas, que a cada dia irão ficar mais fortes e poderosas, com os seus estoques de armas quimicas e biológicas aumentando á cada dia!!!
Vocês, que tanto odeiam a Rússia, estão financiando o retorno de Moscow ao lugar onde nunca deveria ter saído, mais que está retornando, que é o TOPO!!!
Quero deixar algumas perguntas no ar: Qual é a importancia de Portugal para o mundo atualmente? E existe alternativas para escapar da dependencia dos recursos naturais de Moscow? Quem irá fornecer? A América? A América tem recursos naturais?
Ou se alinhem, ou morram!
"Gostaria de saber, se alguém poderá escrever aqui algo sobre a russofília ocidental/ norte – americana. Pois também existe e vai florescendo, está na moda em certos circuitos, é bem paga (exemplo mais flagrante é Gerhard Schröder) e não merece muita atenção nem nas media ocidentais, nem entre o painel deste blogue."
Jest,
Bem pensado, material é o que não falta, mas falta-me o tempo disponível, mas é uma excelente idéia.
Caro PM
Efectivamente aí tenho de concordar consigo pois a América está a ficar mais radicalizada do que nunca.
Eles não podem sair agora do Iraque nem do Afeganistão. O problema foi terem entrado e agora têm de remediar o mal feito que pioraria muito se houvesse uma saída abrupta e esses países fossem entregues à anarquia do fanatismo islâmico.
Acredito que ainda possa existir uma facção conservadora moderada. Penso que McCain foi um bom exemplo disso, no entanto as visões moderadas estão sucessivamente a perder terreno para "doentes" estilo Sarah Pallin ou pior.
Vimos a violência feroz desta gente quando o senado passou uma modesta e envergonhada reforma no sistema de saúde para dar cuidados de saúde a concidadãos que não podem pagar. Mas pelos vistos o dinheiro é bem empregue para as FAs e para tropas invasoras de outros países soberanos.
Pior ainda: cada vez mais o direito de voto é condicionado de forma a deixar de fora camadas da população. Uma democracia como se fosse na Grécia antiga.
E estou plenamente convencido que vai ser esta facção mais extremada que vai voltar e aí todos compreenderão porque foi atribuído o prémio Nobel da paz a Barack Obama.
Cumpts
Manuel Santos
Caro Wandard,
Antes de mais, obrigado pelas palavras simpáticas.
Considero no entanto que essa visão dos Estados Unidos como potência imperialista com aspirações a controlar o mundo é um dos bichos-papões usados pelos regimes totalitários para manterem a sua garra no poder, estratégia essa aliás que se enquadra perfeitamente no tema que expus. É natural que os Estados Unidos queiram estender globalmente a sua influência, conseguindo aliados onde podem, mas são apenas motivados pela defesa dos seus interesses (e segurança energética), e não por qualquer desígnio de controlo mundial. E isto independentemente da legitimidade (ou falta dela, em muitos casos, tal como aconteceu com o seu apoio a regimes totalmente contrários aos valores que dizem professar) com que o fazem. E mesmo assim, parece-me que uma significativa percentagem da população mundial considera, se exceptuarmos os nefastos anos Bush, que a influência americana tem sido e continua a ser essencialmente benigna. E não nos esqueçamos também de que os europeus (russos incluídos) têm uma dívida de gratidão para com os Estados Unidos, pelo seu envolvimento na primeira e (especialmente) na segunda guerra mundial, na qual a sua participação (inicialmente relutante, como sabemos, já que a maioria da população favorecia uma posição neutral), tanto em meios humanos como materiais, foi essencial para a vitória. E além disso, foi essencial para a contenção dos desígnios (esses sim, imperialistas) do império soviético na Europa ocidental imediatamente a seguir à guerra, e para a consolidação das actuais democracias ocidentais e do Japão. Veio-me agora à cabeça o famoso episódio do bloqueio de Berlim, de que já poucos se lembram.
Parte 2
A pretensa russofobia americana é um mito útil. Para lá das sacudidelas dos falcões neoconservadores e de John McCain nalguma imprensa menos liberal, que claro, sentem-se motivados para arranjar contratos aos amigalhaços da Halliburton, da Lockheed Martin à conta de gerar pânico generalizado, e mesmo assim, criticam o governo russo e não o país, a atitude da população e da administração americanas tem vindo a ser patentemente indiferente. Aliás, todos sabemos que a administração Bush adoptou uma tónica de realpolitik nas suas relações com a Rússia, optando por fazer vista grossa sobre as graves violações de direitos humanos e liberdades, a erosão da democracia e as atrocidades na Chechénia, a troco do apoio russo na chamada "guerra ao terror". Na verdade, por mais que estrebuche o orgulho da equipa de putinolacaios que infestam este blog, os americanos não consideram que a Rússia constitua uma ameaça séria aos seus interesses. De acordo com a Gallup, em 2008 apenas 24% dos americanos consideravam que a Rússia constituía uma ameaça séria . Além disso é interessante saber que, no pretenso antro de russofobia que são os Estados Unidos, o famigerado Washington Post publica um suplemento mensal de seis páginas chamado Russia Now, editado nada mais nada menos do que pela Rossiyskaya Gazeta, com temas da actualidade russa em geral, entrevistas a personalidades russas e até receitas de culinária. E o lobby da Ketchum até conseguiu que a revista Time elegesse Putin como a personalidade do ano de 2007. Se isto é russofobia, vou ali e já venho.
Caro Wandard, no seu comentário, refere pontos fundamentais: graves problema sociais, industria decrépita e economia dependente das rendas dos hidrocarbonetos. Então a pergunta que se impõe é: porque é que um país tão rico em recursos e em cérebros não dá aos cidadãos um nível de vida condigno? Como é que num dos países mais ricos do mundo há um estrato assustadoramente grande da população a viver abaixo do limiar da pobreza, e onde a expectativa de vida está quase ao nível da África subsahariana? E é exactamente para isto que os bichos-papões tais como a ameaça americana e a russofobia servem. Servem para desviar a atenção do facto de que o país é governado por uma máfia cleptocrática para a qual a corrupção é um modo de vida, que se apropriou das riquezas do país, privatizando os lucros e nacionalizando os prejuízos, e que nutre a mais vergonhosa indiferença pela população.
Um inimigo de fora é sempre mais assustador do que um inimigo de dentro.
E por amor de deus, caro Wandard, não caia na esparrela de confundir russofobia com posturas críticas do regime. Já sabemos quem ganha com isso.
António Campos
António disse...
Parte 2
1. "Caro Wandard, no seu comentário, refere pontos fundamentais: graves problema sociais, industria decrépita e economia dependente das rendas dos hidrocarbonetos. Então a pergunta que se impõe é: porque é que um país tão rico em recursos e em cérebros não dá aos cidadãos um nível de vida condigno? Como é que num dos países mais ricos do mundo há um estrato assustadoramente grande da população a viver abaixo do limiar da pobreza, e onde a expectativa de vida está quase ao nível da África subsahariana?"
Se o sr. Campos conhecesse a Rússia pelo menos como eu a conheço, a resposta era evidente para si: porque a Rússia viveu 70 anos de comunismo com um sistema economico perverso, carente de vitalidade e, depois disso, o país inteiro foi lançado bruscamente para a economia de mercado (o que era inevitavel). E não é à ordem do presidente ou do primeiro-ministro que Avtovaz se torna logo uma Toyota, não existe milagre (embora "Avtovaz" tem todos os direitos de ter a sua parcela no mercado e continua a ser a marca mais vendida de carros na Rússia). Nalgumas áreas, que eram competitivas, a Rússia conseguiu manter o seu potencial (na área da indústria militar, por exemplo). E o nivel de vida da população tem subido aos poucos durante os últimos 20 anos, quer o sr queira entender e ver isso quer não.
2. "E é exactamente para isto que os bichos-papões tais como a ameaça americana e a russofobia servem. Servem para desviar a atenção do facto de que o país é governado por uma máfia cleptocrática para a qual a corrupção é um modo de vida, que se apropriou das riquezas do país, privatizando os lucros e nacionalizando os prejuízos, e que nutre a mais vergonhosa indiferença pela população."
Pelo amor de deus, os Rússos não são nada tolos para que a sua atenção fosse desviada tão facilmente. Se a maioria apoia ou pelo menos não está contra o governo de hoje, têm razões para isso. E mais uma vez lhe pergunto: porque é que o sr. julga que entende alguma coisa melhor que os próprios russos? Porque acha que tem conhecimento bastante para "abrir os olhos" à alguem?
P.S. A grande dependència de hidrocarbonetos existia aínda no fim da época da União Sovietica, se alguem não sabe.
Sr. Campos
"...E não nos esqueçamos também de que os europeus (russos incluídos) têm uma dívida de gratidão para com os Estados Unidos, pelo seu envolvimento na primeira e (especialmente) na segunda guerra mundial, na qual a sua participação (inicialmente relutante, como sabemos, já que a maioria da população favorecia uma posição neutral), tanto em meios humanos como materiais, foi essencial para a vitória..."
Aqui alguem já colocou os números que acho que correspondem à realidade de que 70%-80% das baixas o exercito alemão teve nas frentes de leste, nos combates com as tropas sovieticas. Pense nesses números.
"...a sua participação foi essencial para a vitória..." - isto voce pode dizer a quem quiser menos aos russos.
Hitler vs Stalin:
http://zhgun.livejournal.com/361630.html
Sr. Campos,
"Além disso é interessante saber que, no pretenso antro de russofobia que são os Estados Unidos, o famigerado Washington Post publica um suplemento mensal de seis páginas chamado Russia Now, editado nada mais nada menos do que pela Rossiyskaya Gazeta, com temas da actualidade russa em geral, entrevistas a personalidades russas e até receitas de culinária"
Receitas de culinária é muito bom, mas se não houvesse parcialidade nos média ocidentais, eu, provavelmente, nunca escreveria neste blog. Porque foi a razão principal pela qual comecei a comentar aqui. Mas, infelismente, há parcialidade, tal como nos meios de comunicação americanos, tanto nos europeus. E exemplos são muitos. Eu, por exemplo, tenho em casa a RTPi e mesmo lá a maneira deste "enviado especial" na Rússia Moravich (russo ou judeu, não sei) de apresentar a Rússia não me parece nada imparcial. Tambem um bom exemplo foi o blog em russo que The New York Times abriu há algum tempo para "consultar a opinião dos russos" (não sei se aínda existe. Nunca me vou esquecer da pergunta que aqueles especialistas na Rússia do NYT um dia colocaram alí aos russos (há um par de anos, no início da crise económica): "Qual, na vossa opinião, é a causa principal da crise económica na Rússia?". Qual, os senhores portugueses, é a causa principal da crise economica em Portugal? Não vos parece um escárnio colocar tais perguntas? Queriam ouvir, provavelmente, que os coitados russos começassem a se queixar do maldito governo de Putin que é o único culpado de todos os males na Rússia. Mas desta vez fizeram um erro e receberam uma grande onda de indignação em resposta.
E exemplos de parcialidade são muitos. Já sem falar do tempo da guerra entre a Rússia e a Geórgia - o cúmulo da hipocrisia do lado de muitos e muitos meios de comunicação ocidentais.
Já que falamos sobre o tal bicho – papão da dita cuja "russófobia", o melhor do género é sem duvida Sergey Melnikoff:
http://darbazi.info/index.
php?option=com_content&view=article
&id=3323:2010-05-10-18-35-46
&catid=3:2008-12-28-03-57-10&Itemid=6
A imagem desta mensagem foi tirada de algum jogo de Sci-Fi? "Orgulho na Rússia"... gostei do aspecto retro-modernista.
Penso que "Voenno-Kosmitcheskomu Flotu" será qualquer coisa como Armada espacial.
A iconografia soviética ficou impressa na cultura destes povos, vejam-se os sobretudos das estátuas.
E sempre com um grande desígnio estampado nas faces e o olhar no infinito, rumo à utopia.
Cumpts
Manuel Santos
2 MSantos
/E sempre com um grande desígnio estampado nas faces e o olhar no infinito, rumo à utopia./
Essa foi bem em cheio, lembro de ver um poster soviético salvo erro de 1922, que dizia “1917 – 2017: acredito que celebraremos o centenário (da revolução bolchevique)”. O camponês (ou operário, não lembro a ocupação do fulano) tinha o mesmo olhar esperançoso. Se calhar, desapareceu em GULAG ainda nos anos 1930…
MSantos disse...
"Penso que "Voenno-Kosmitcheskomu Flotu" será qualquer coisa como Armada espacial.
A iconografia soviética ficou impressa na cultura destes povos, vejam-se os sobretudos das estátuas.
E sempre com um grande desígnio estampado nas faces e o olhar no infinito, rumo à utopia."
Acho que à maioria dos russos de hoje essa imagem colocada no título, esse cartaz vai parecer um escárnio.
Anónimo russo, não entendi o que pretendeu dizer.
Cumpts
Manuel Santos
O que eu não entendo bem é o porquê da escolha deste cartaz. Não que o rejeite, entenda-se, pois esteticamente acho-o muito bom (estilo retro-futurista, penso ser esse o nome), mas não vejo bem o que tem a ver com o tema do "post".
MSantos disse...
Anónimo russo, não entendi o que pretendeu dizer.
Cumpts
Manuel Santos"
Quis dizer, que esse cartaz, especialmete no contexto deste post, a muitos russos pode parecer um escárnio, uma chacota, uma mofa.
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