A Rússia elaborou uma nova doutrina no campo das relações internacionais, cuja essência consiste em que ela deve, em primeiro lugar, desenvolver relações com União Europeia e Estados Unidos, escreve a versão russa da revista Newsweek, citado um projecto da diplomacia russa.
Segunda a revista, “O projeto do “Programa de utilização eficaz e sistemática dos fatores políticos externos com vista ao desenvolvimento a longo prazo da Federação da Federação da Rússia” foi elaborado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e aprovado pelo Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev”.
A edição russa da Newsweek escreve que, na introdução ao documento, escrita por Serguei Lavrov, chefe da diplomacia russa, se pode ler: “o reforço de relações de dependência mútua com as grandes potências mundiais na base da interpenetração das economias e culturas no interesse da Rússia”.
O projecto propõe o desenvolvimento de relações, em primeiro lugar, com a União Europeia e os Estados Unidos.
O Ministério do Desenvolvimento Económico da Rússia elaborou um projeto de acordo de parceria com a União Europeia, que deveria ser assinado na próxima cimeira da Rússia/UE, mas a assinatura deverá ser adiada devido às dificuldades na zona euro.
Porém, ainda este mês, poderão começar conversações com vista à criação de “um regime sem vistos” entre a Rússia e a UE. Quanto à assinatura de um “novo acordo básico”, as partes já estão prontas para assiná-lo, esperando apenas que a Rússia adira à Organização Mundial do Comércio.
O documento prevê também o incentivo da cooperação com os países da Europa do Norte, que possuem tecnologias avançadas no campo da poupança de energia, das nanotecnologias, comunicações e construção naval de navios para navegarem nas regiões árticas.
Segundo uma fonte diplomática citada pela revista, a principal causa da viragem da política externa russa reside na falta de meios para modernizar a economia, os transportes.
Cálculos do Ministério do Desenvolvimento Económico mostram que a Rússia necessita, até 2013, de cerca de um bilião de euros para a realização dos programas sociais e de modernização de infraestruturas planeados. Os programas de rearmamento das Forças Armadas exigirá, anualmente, mais de 30 mil milhões de euros.
“A crise mostrou que a Rússia não se pode desenvolver sozinha, tem de se encostar a alguém”, declarou a fonte diplomática da revista, que acrescentou que “foi decidido procurar apoio na União Europeia, que pode investir na modernização da Rússia”.
14 comentários:
Não estou a entender a questão. E se for mesmo verdade o quê? Que a Rússia pretende uma aproximação ao Ocidente, ou que a Rússia pretende adquirir know-how?
Que a Rússia pretende uma aproximação ao Ocidente,
Mas havia dúvidas? O que ela nunca pretendeu foi ser manietada pelo Ocidente, que foi o que o Ocidente (leia-se EUA) quis fazer durante mais de uma década.
O facto de orientar os seus fornecimentos de gás para a China é apenas negócio, mas a Rússia sabe que a Europa Ocidental é um pilar económico e político. Acresce ainda o facto da UE ser uma entidade fraccionada (o que é óbvio dado que se tratam de vários países), permitindo portanto uma aproximação seleccionada, vantajosa para os interesses moscovitas (veja-se, a título de exemplo, os negócios do gás com a Alemanha e os dos navios com a França).
Desta vez é que a russofobia e a fortaleza-pátria vão por água abaixo. Um bocadinho como os telemóveis nos aviões. Agora quando já se pode facturar, usar um telemóvel no avião deixou por artes mágicas de interferir com o equipamento de navegação.
O facto é que não se conseguem investimentos da Coreia do Norte nem know-how da Venezuela e, pelos vistos, nem os cofres russos a abarrotar nem as nanotecnologias são suficientes para dar asas à tão badalada modernização.
Por outro lado, tem-se visto algum desconforto em certos estratos da elite russo relativamente à postura fanfarrona anti-ocidente oficial.
Mas em última análise, o que conta é a forma como a elite vê como melhor para preservar o seu poder, privilégios e riqueza. E se acharem afinal que a aproximação ao ocidente é mais vantajosa para eles, irão por aí. O problema é que a modernização implica coisas que eles não estão dispostos a aceitar: abertura, transparência, descentralização política, competitividade real, respeito pelos direitos da propriedade, tribunais funcionais e tudo o resto.
E infelizmente, estas condições são exactamente o oposto do que o regime precisa para se manter no poder.
Já comprei um lugar num camarote para assistir.
António Campos
Mas caro JM,
Eles têm estado a fazer isso. Principalmente com a UE.
Repare que o problema com a Europa é quase sempre relacionado com questões militares.
Se você retirar isso da equação, as relações entre a maioria dos países europeus e a Rússia tem de facto melhorado.
Agora com os EUA a coisa pia mais fino, vai depender muito das políticas seguidas e eu aqui na minha opinião, são precisos mais anos de Obama e de ver também o que o seu sucessor irá fazer.
Dados os problemas energéticos crescentes, eu acho muito difícil haver muitas pontes de entendimento.
"Que a Rússia pretende uma aproximação ao Ocidente,"
Penso que isso não é novidade nenhuma.
Já Pedro, o Grande o queria.
Ou pelo menos serem como o Ocidente.
Cumpts
Manuel Santos
Não vejo onde está a novidade. Para mim pessoalmente foi sempre evidente o desejo dos poderes da Rússia se aproximar ao ocidente. Mas há uns momentos importantes:
1) Conseguirá a Eúropa seguir os seus próprios interesses, e não os de mais alguma provavel administração notre-americana?
2.) A administração russa nunca foi contra a aproximação até com os EUA, só que durante os últimos 20 anos eles, quando lhes foi preciso (os EUA), desrespeitavam quaisquer compromissos com a Rússia feitos anteriormente, intervinham ativamente no expaço pos-sovietico e não com o fim de lá trazer prosperidade etc.
Mas, pelo que parece, finalmente a administração russa conseguiu aprender agir nos interesses do estado russo, sem ceder em tudo, como as vezes acontecia anteriormente. E isso sem dúvida não é mau.
Como isso pode ocorrer se a União Européia foi criada ( nos bastidores) pelos Estados Unidos?
Quem financiou a reconstrução da Europa Ocidental após a 2ª Guerra Mundial? Vocês acham que isso iria sair de graça???
A Rùssia tem sim que criar uma aliança estratégica com a China e com a Índia! Somem a população destes 2 países, e teremos uma população de 3 bilhoes de pessoas!!! Agora,imagine o tamanho da população de classe-média destes 2 países. É o dobro da população da Europa Ocidental e América juntas!!!
É aí que está o ponto! Deus iluminou o território onde hoje se encontra a Rússia e alí estão imensas resevas de gás e petróleo, centenas de ríos e florestas que nutrem o desenvolvimento de Moscow!
A China não tem recursos naturais e é dependente de petróleo e gás igual um viciado dependente de heroína! E o seu vizinho do norte é fornecedor!!! Então, que se encerrem todas as desavenças entre estes 2 países que eu adimiro tanto e que se crie uma aliança estratégica ( cultural, economica, social, militar ) entre ambos.
Isso iria ser a virada!!! O fim do ciclo!!! O inicio de uma Nova Ordem Mundial!!! Estes países deveriam adotar uma Moeda Única, assim como fez a União Européia.
Daí, amigos, a história seria diferente... Ah, ia!!!!
...O facto é que não se conseguem investimentos da Coreia do Norte nem know-how da Venezuela e, pelos vistos, nem os cofres russos a abarrotar nem as nanotecnologias são suficientes para dar asas à tão badalada modernização...
Que parágrafo fantástico. Pelo menos JÁ reconhece que afinal a Rússia até se está a safar sozinha e tem os cofres a abarrotar. Possivelmente ainda deve andar a pensar como é que a Rússia não anda por aí desesperada a pedir dinheiro a toda a gente, não deve encaixar de todo na sua visão da Rússia.
E não, os investimentos não estão a vir da Coreia do Norte nem o know how vem da Venezuela. Mas se procurar informar-se descobrirá agradáveis surpresas de onde vem o investimento e know-how. Só não sei é se você REALMENTE quer saber a verdade...
Mas eu até vou ajudá-lo um pouco mais na sua senda em descobrir a verdade da Rússia, porque você deve andar em muito más companhias para andar tão mal informado.
A questão dos utilizadores da net na Rússia e que foi a 1ª vez que lhe dirigi a palavra, não sei se recorda. Onde você diz que é uma minoria (37 milhões de utilizadores é próximo de zero de acordo com o que diz) e que as ligações são de má qualidade.
Isto foi discutido em Setembo de 2009 (ver
http://darussia.blogspot.com/2009/09/consideracoes-amargas.html) nessa altura as estatísticas indicavam 37 milhões e estava em 9º lugar no ranking mundial atrás da França.
Bom, as mais recentes estatísticas já indicam que saltou para o 8º lugar, ultrapassando a França e tem agora 45 milhões de utilizadores. Isto num intervalo inferior a um ano.
Será que 45 milhões de utilizadores continuam a ser uma minoria para si? quase de certeza.
Em relação à qualidade das ligações...
...Broadband now dominates Russia’s Internet market, as incumbent and alternative telecom operators deploy broadband infrastructure...
...Broadband diffusion is providing the basis on which an Internet economy is emerging that holds much potential for future commercial, government and social services...
...Network developments are underway with incumbent and alternative operators deploying and modernising fixed-line network infrastructure to offer broadband and convergence services, utilising a host of technologies including WiFi, WiMAX, NGN and FttH/FttB...
http://www.internetworldstats.com/euro/ru.htm
A Rússia é hoje o 3º maior utilizador de internet na Europa. Daqui a uns 2/3 anos, com esta taxa de crescimento irá passar a 1º lugar no ranking europeu.
Mas desconfio que mesma nessa altura e mesmo que alguém lhe coloque as estatísticas debaixo do nariz, você irá recusar a aceitar isso como a realidade.
A realidade para si é aquilo que você idealizou, uma Rússia onde não pode estar a acontecer coisas positivas como estas.
No Japão foi criada Associação dos deputados do Parlamento, que advoga a devolução rápida das ilhas Curilas do Sul (千島列島), “território autóctone japonês ilegalmente ocupado pela Rússia”.
http://news.mail.ru/politics/3801283
Sobre a disputa:
http://en.wikipedia.org/
wiki/Kuril_Islands_dispute
Para quem não entende, o poder da Rússia só nos últimos anos, depois de tudo o que aconteceu, começou a mostrar uma certa frieza quando se tratava do ocidente. O problema é que os burocratas da UE vinham sempre com os seus sermões que a mim pessoalmente perecem hipocritas e pareciam servir mais a vontade dos EUA, e os EUA estavam a fazer no espaço pos-sovietico e não só as coisas que todos conhecemos muito bem. Acrescentamos aqui o devido acompanhamento dos média ocidentais e podemos ver o ambiente "amistoso" com que a Rússia deparava cada vez ao se dirigir ao ocidente. Só uma pessóa que não entende muito bem o que se passa pode dizer que os poderes da Rússia têm tentado ao longo dos últimos anos fazer da Rússia uma "fortaleza cercada". Não, apenas aprenderam finalmente a seguir os interesses do país no campo internacional.
Fora do tópico:
Sabiam desta?
http://pt.euronews.net/2010/05/12/russia-vai-construir-central-nuclear-na-turquia/
A Rússia vai construir e explorar a primeira central nuclear em território turco.
Imaginem isto nos tempos da URSS!
Os tempos, realmente, são outros...
O fato é que essa aproximação com vistas a construção do conhecimento tecnológico ja deveria ter começado na decada de 70, ainda no governo de Brejnev,naquela epoca a USSR poderia ter se aproximado da Alemanha e do Japão......Mas isso ameaçava a ordem da Nomeklatura.....Esses burocratas são os verdadeiros culpados pela queda da USSR,eles causaram a estagnação que culminou na tragédia de 91
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