segunda-feira, maio 31, 2010

A propósito da "modernização"


Não se trata de uma cópia do famoso vaivém soviético Buran, mas sim um dos cinco aparelhos fabricados para continuar a descobrir os segredos do Espaço. Em vez disso, "aterrou" no Parque da Cultura Gorki de Moscovo e foi transformado num café.



Num dos outros extremos de Moscovo, nasce a "city", arranha-céus gigantes que desfiguram a silhueta da capital russa. Mas as autoridades municipais e federais querem ter os prédios mais altos da Europa, e eles crescem. Os trabalhos pararam no início da crise financeira, mas foram retomados.

Por enquanto, a modernização resume-se a isto. O forte caudal de dólares e euros, originado pela exportação de hidrocarbonetos, continua a não ser canalizado para a modernização, mas para obras de fachada.

23 comentários:

Maquiavel disse...

Com perdäo da má palavra, "modernizaçäo" ou "merdernizaçäo"?

PortugueseMan disse...

...Por enquanto, a modernização resume-se a isto. O forte caudal de dólares e euros, originado pela exportação de hidrocarbonetos, continua a não ser canalizado para a modernização, mas para obras de fachada...

Caro JM,

Aqueles edifícios novos que andam a ser construidos são com investimento estatal? É muito estranho.

Para quem são aqueles edificios?

PortugueseMan disse...

Já agora em relação ao Buran, acho interessante acrescentar que estiveram para reactivá-los. E teria agora um grande impacto com a desactivação dos shuttles americanos.

E até se poderia falar da modernização das naves e módulos russos que ocorreram nos últimos anos, olhe que não é fachada.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, esses edifícios são construídos com dinheiros públicos e privados. Irão ser escritórios e departamentos públicos.
Quanto ao seu segundo comentário, claro que há progresso, resta saber se ele é suficiente para acompanhar o pelotão da frente.

Anónimo disse...

O complexo de torres, se não me engano, "Torre Federação", é um grande marco para a Rússia, pois marca a sua nova fase capitalista e a herança arquitetónica dos tempos soviéticos começa a ser herança de um passado frio e cinza de um país que amarrou muito de seu potencial.

Nikolay disse...

"Maquiavel disse...

Com perdäo da má palavra, "modernizaçäo" ou "merdernizaçäo"?"

Isto so pode ser inveja vossa?
Pois os edificios sao belos e dao uma nova cara a Russia,, mostra como Moscovo entrou para os grandes centros financeiros do mundo.
Os russofobos logo chegarao para criticar e falar mal.

anónimo russo disse...

Para quem entende alguma coisa na economia e entende o estado das coisas deve ser óbvio que agora a Rússia não é a União Sovietica da época de Estalin, e não basta apenas a vontade do chefe do estado para efetuar modernização num periodo de dois anos. As coisas são muito mais complexos. Tambem qualquer um sabe criticar a selecção de serveja na mão e em frente da televisão, mas duvido que muitos destes "fãs encervejados" consigam correr sequer 1 quilometro.

MSantos disse...

Sobre os edifícios, não é mais que a situação normal em que a Rúusia copia até os pontos negativos no Ocidente.

Tal como Paris, Moscovo passará a ter a sua mui cinzenta, visualmente horrível e descaractrizada "La Defense".

Sobre o BURAN, a nave reutilizável que fez um vôo orbital automático sempre terá um destino um bocadinho mais digno do que o antigo foguetão N1 com o qual os soviéticos tencionavam alcançar a Lua e que acabou a servir de pocilga para suinicultura.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

"acho interessante acrescentar que estiveram para reactivá-los"

Caro PM

Poderá indicar-me alguma fonte sobre isto?

Pela minha parte não creio que fosse um sistema viável para colocar humanos no espaço pois mesmo que não padecesse dos mesmos problemas técnicos do seu homólogo da NASA, seria um sistema muito complexo e custoso.

Talvez mesmo só para lançar grandes cargas como estações espaciais ou naves interplanetárias.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

"Quanto ao seu segundo comentário, claro que há progresso, resta saber se ele é suficiente para acompanhar o pelotão da frente."

Caro José Milhazes

Lamento desdizê-lo mas acredite que os russos estão mesmo no pelotão da frente.

Não só pelos seus progressos próprios mas também pelas regressões que o programa espacial americano sofreu e vai sofrer.

Cumpts
Manuel Santos

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro MSantos, não tenho em vista apenas o Espaço, mas a economia em geral. Os BRIC's estão cada vez mais BIC's ou BIIC's, se a INdonésia continuar a crescer.

anónimo russo disse...

Jose Milhazes disse...
"Caro MSantos, não tenho em vista apenas o Espaço, mas a economia em geral. Os BRIC's estão cada vez mais BIC's ou BIIC's, se a INdonésia continuar a crescer."



Obrigado pela tanta preocupação, mas pode não se enervar tanto: as coisas não vão assim tão mal que alguns quisessem.

HAVOC disse...

Caro PortugueseMan...

Isso é progresso! Progresso meu amigo! Coisa que Portugal já não vê faz muito tempo... Possui uma ponte, imitando a de San Francisco, só isso!

Esse Centro Financeiro que está sendo construído em Moscow vem do petróleo, vem do gás, vem dos negócios!!!

A Rússia é uma potencia energética, em ascensão... Quantos astronautas Portugal enviou para o Espaço? O Brasil já mandou um. COmo anda o Programa Espacial Português? O do Brasil está muito avançado, obrigado!

Portugal perde para o Brasil em tudo! Imagina então para a Rússia...

kkkkkk!!!

PortugueseMan disse...

Caro MSantos,

Lamento mas não estou a encontrar referências directas sobre a reactivação do Buran.

Eu na altura acompanhava isto com interesse e entusiasmo.

Recuperar o Buran implicava também recuperar o sistema "Energia" que é um enorme propulsor.

A capacidade de carga deste sistema é bem superior ao do Shuttle e com potencialidades de ser usado para a lua (a parte do Energia)

Na altura com o Bush a cortar as asas à NASA, os chineses prestes a colocar um homem no espaço, as necessidades da ISS e sabendo que os shuttles americanos iriam parar, a reactivação deste projecto iria trazer a continuação da capacidade de colocar enormes cargas em órbita, como foi feito para a construção da ISS.

Agora neste momento poderiamos ter uma outra perspectiva, sobre a continuação da ISS e planos para a lua com a reactivação deste projecto. Com a paragem dos shuttles, o fardo de colocar homens na ISS está unicamente assente na Rússia e a capacidade de transporte de grandes cargas vai ficar "on hold", porque não há alternativas para o shuttle. E vamos ficar limitados ao envio de 3 homens para o espaço de cada vez, porque é o maximo que os russos podem levar e já está a ser um grande esforço, porque agora tudo foi duplicado. 6 astronautas/cosmonautas na ISS, implica 2 naves para os levar, 2 naves de socorro constantemente acopladas e umas tantas de carga. As tripulações são substituidas a cada 6 meses, o que se traduz numa actividade fenomenal para manter a estação. Interrogo-me se alguma vez tivemos tanta actividade por parte de um país no acesso ao espaço.

O sistema Buran/Energia traria algumas novas opções, mas quando eles andavam a tirar o pó ao que existia houve um acidente. E é só disto que eu consigo encontrar links, do acidente.

http://spaceflightnow.com/news/n0205/13baikonur/

http://www.k26.com/buran/Future/1.01/space_buran_1_01.html

Este último link é simplesmente excelente para quem quer saber umas coisas do Buran com uns gráficos excelentes. Este site na altura também tinha sofrido umas mexidas com a possibilidade de reactivação do sistema.

P.S A reactivação deste sistema traria também outros potenciais militares. Bush estava a canalizar muito dinheiro para o espaço para sistemas militares e o sistema Energia a ser recuperado, poderia recuperar uma outra arma russa/soviética, um canhão laser que também chegou a ir ao espaço. Não podemos esquecer que Bush estava em grandes alterações sobre a política do espaço e só agora com Obama temos um abrandar dessas ideias.

Cumprimentos,
PortugueseMan

António disse...

Tenho alguma dificuldade em imaginar o que leva a que alguém afirme que a Rússia está "no pelotão da frente" sem quaisquer evidências para tal. Se não estivermos a falar do Sergei Brin, claro, uma afirmação dessas pode ser sempre vista como um slogan mobilizador das massas a torcer por um futuro mais risonho. Mas dada a capacidade organizativa do actual aparelho estatal russo, bem como a corrupção que faz apodrecer os alicerces de qualquer ambição de modernização e que é condição essencial para a sobrevivência do regime, não me parece que se vá atingir muito para lá das obras de fachada (tal como o Buran parcialmente desmantelado que aparece nas fotos do José Milhazes) e da dissipação das nuvens no dia da Vitória em Moscovo.

É interessante recordar o episódio emblemático no qual o único veículo Buran que efectuou um (só) voo orbital (não tripulado e sem sistemas de apoio à vida) foi totalmente destruído por um colapso do hangar onde se encontrava guardado, a 12 de Maio de 2002, e que levou à morte de 7 trabalhadores que se encontravam a fazer a respectiva manutenção.

A correr o pano, alguém sussurra mais uma vez a tristemente célebre tirada de Chernomyrdin: "Esperámos o melhor, mas saiu como de costume".

António Campos

anónimo russo disse...

Sr. Campos

"... bem como a corrupção que faz apodrecer os alicerces de qualquer ambição de modernização e que é condição essencial para a sobrevivência do regime..."



Não acho que o "regime" dependesse da corrupção mais que o "regime" de algum Sócrates, por exemplo, que gosta tanto de jantar com homossexuais e lesbicas:) Mas não vou imitar um grande farol da democracia e ensinar qualquer coisa aos portugueses. Se acham que vosso governo faz bem o seu trabalho, que jante com quem quiser, não é comigo. (Mas afiramar essas coisas sobre a corrupção e o "regime" - isso não corresponde à realidade, o "regime", eu acho, se sentia muito melhor se houvesse menos corrupção).

Anónimo disse...

O Alone Hunter como sempre a fazer piadinhas e envergonha os brasileiros do blog. Vá dormir menino sem graça!

Wandard disse...

"É interessante recordar o episódio emblemático no qual o único veículo Buran que efectuou um (só) voo orbital (não tripulado e sem sistemas de apoio à vida) foi totalmente destruído por um colapso do hangar onde se encontrava guardado, a 12 de Maio de 2002, e que levou à morte de 7 trabalhadores que se encontravam a fazer a respectiva manutenção."

Um acidente lamentável e questionável claro, quando se trata de uma espaçonave que envolve cálculos avançados e muitos anos de pesquisa.

Mas o que me diz da desesperada tentativa de recuperar os B-52 encostados e a queda de um dos recém recuperados dois minutos depois da decolagem. E voltando ao ônibus espacial seria bom relembrar a tragédia do Chalenger.

Caro Antonio,

Para cada falha russa existe uma americana para compararmos, só que no primeiro caso falamos de uma nação que sofreu um colapso nos anos 90, perdeu milhões de habitantes com um guerra e uma ditadura, além de ter sofrido extrema destruição na segunda guerra. Já o outro nunca foi sequer arranhado, em todas as guerras que se envolbeu e provocou perdeu milhares de soldados, não consegue recuperar uma cidade inundada, nem conter vazamento de petróleo.

MSantos disse...

Caro PM

Efectivamente o ENERGIA seria um sistema a considerar não como transporte humano (é caríssimo e desproporcionado para isso) mas sim na colocação de grandes cargas em órbita, como uma nave lunar ou elementos de uma estação espacial ou até de uma nave expedicionária a Marte.

O ENERGIA cai na categoria de um SATURN V, o foguetão concebido por Von Braun e que levou os amercanos à lua pois consegue colocar 75 Ton em órbita baixa.

Uma das aplicações que os soviéticos guardavam para o ENERGIA era a colocação de estações militares do STAR WARS soviético, o sistema POLYUS.

Um elemento ainda chegou a ser lançado mas não atingiu a órbita correcta.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

Caro Wandard

É engraçado que quando se trata de tentar pôr as coisas sob certo prisma o chorro de omissões que se vai buscar.

O vôo do BURAN foi um feito inegualável apesar de ter sido efectuado já num país em brutal declínio.

Os então pujantes e vencedores EUA nunca realizaram tal empreendimento isto apesar de possuirem tecnologia e computadores muito superiores.

É claro que só quem está a par destas coisas poderá valorizar uma reentrada atmosférica com aterragem planada de um tijolo com a dimensão de um prédio de 10 andares em modo automático.

Neste campo há muito mais falhas americanas do que russas. A Soyuz matou 1 cosmonauta no seu vôo inicial (creio que em 1967).

O Shuttle que a própria NASA já admitiu que foi praticamente um fracasso com escaladas de remendos tecnológicos brutais com muitos milhões de dólares adicionais matou 14 astronautas.

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

Eu trabalhei numa dessas torres!!!
Moskva-city acabou por ter mais olhos que barriga.
Como já foi dito, era para ser um business centre género de La Defense (o que não é necessariamente mau). Apanhou com uma crise financeira global que lhes cortou as pernas. POde ser que mais tarde recupere

Sergei Korolev disse...

Wandard disse...
"Para cada falha russa existe uma americana para compararmos, só que no primeiro caso falamos de uma nação que sofreu um colapso nos anos 90, perdeu milhões de habitantes com um guerra e uma ditadura, além de ter sofrido extrema destruição na segunda guerra. Já o outro nunca foi sequer arranhado, em todas as guerras que se envolbeu e provocou perdeu milhares de soldados, não consegue recuperar uma cidade inundada, nem conter vazamento de petróleo."


Falou absolutamente tudo amigo, a Russia saiu Aniquilada de uma guerra tendo que enfrentar uma país que so conhecia a guerra pelo radio

E que além disso ja contava com a influencia Inglesa e Francesa ,que cobriam toda a terra, para lhe apoiar,o que não era pouca coisa mesmo.

Venceu-o em muitos aspectos e continuaria vencendo se não fosse governada por uma casta de déspotas incompetentes e alienados

Sergei Korolev disse...

Amigos lusos,desculpem o alone hunter.....esse tipo de brasileiro é raro.....