quinta-feira, maio 27, 2010

Ucrânia retira adesão à NATO da ordem do dia

A Ucrânia não tenciona aderir à Aliança Atlântica, anunciou Konstantin Grischenko, ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros.

“A Ucrânia continuará a desenvolver as suas relações com a aliança, mas a questão da adesão foi agora retirada da ordem do dia”, declarou Grishenko, numa reunião de órgãos estatais ligados à política externa do país.

Ele acrescentou que semelhante decisão foi tomada porque a ideia da adesão da Ucrânia à NATO não goza do apoio da maioria dos ucranianos.

Segundo uma sondagem realizada em finais de Dezembro de 2009, 60 % dos inquiridos manifestaram-se contra a adesão, 21 % a favor e 19 % não têm posição definida.

22 comentários:

antónio m p disse...

E parece-lhe que a discordância da maioria dos ucranianos é a razão determinante ou ela sanciona a vontade do Governo?

Anónimo disse...

Muito boa essa decisão!!!

PortugueseMan disse...

Isto já estava mais que sabido.

Sem esta decisão, é que não haveria qualquer tipo de descontos no gás.

Estou a achar estranho é não andar a "ouvir" mais a oposição a "gritar" que o país está a ser vendido e coisas do género.

Марсело Лукачевскйи disse...

Alvíssaras! Alvíssaras! O tempo da sensatez está de volta no seio e nos corações de nossos irmãos ucranianos. Foi-se o tempo daquela Dwójka de marginais desiquilibrados (A Tymoszenka e seu fiel cachorrinho). Agora a Ucrânia está sendo governada por patriotas de verdade, verdadeiros russos. Alvíssaras!! Alvíssaras!!

Марсело Жаймович Лукачевскйи

Jorge Almeida disse...

1º) A pergunta de antónio m p é a minha pergunta.

Não ponho em questão a qualidade da decisão, nem a sua previsibilidade, mas agora assistir a um governo a dizer que desiste duma medida só porque houve uma sondagem a dizer que a maioria dos ucranianos são contra isso, é demais. Será que, se amanhã surgir outra sondagem a dizer o contrário, o governo ucraniano "vai dar o dito por não dito"?

2º) "Agora a Ucrânia está sendo governada por patriotas de verdade, verdadeiros russos."

Marcelo Zhaymovich Lukachevskyi, será que, com esta frase, quer dizer que os patriotas ucranianos são russos?

A independência da Ucrânia não se obteve com a sua separação da Rússia? Como é que os ucranianos "patriotas de verdade" são verdadeiros russos? Se fossem verdadeiros russos, não queriam a Ucrânia independente, não é assim? E, por acaso, conhece um "patriota de verdade" que não queira ver a sua pátria independente?

Bremm disse...

Дорогой Марсело,

Como já comentei anteriormente por aqui, o governo ucraniano (como na maioria dos outros países, inclusive o Brasil) governa para si e está fazendo troça da vontade do povo. O povo tem vontade de ter uma vida digna, com saúde, educação, conforto, sem inflação e sem guerras. O problema é que uma vida boa assim para o povo não enriquece os governantes e principalmente, os bancos.

Engano seu pensar que o Iushenko irá fazer melhor que a Timoshenko, pois ambos são vermes que se alimentam do mesmo cadáver. Um a serviço da Rússia, e outro a serviço dos EEUU. Nenhum, entretanto, a serviço do bem mais valioso de uma pátria, que é a vida de seus cidadãos.

Maquiavel disse...

Com 60% a manifestarem-se CONTRA a adesäo, qual é o espanto?

Mais espanto me causa que o anterior presidente quisesse aderir à força toda, contra a vontade expressa pela esmagadora maioria da populaçäo... que raio de democracia era essa?

Pippo disse...

A NATO, cada vez mais em crise existencial, já não exerce o atractivo que exercia nos anos 90, quando anunciava uma nova era de paz e prosperidade. A guerra no Afeganistão demonstrou o contrário.

A Ucrânia, internamente, está dividida entre uma zona mais próxima da Rússia e outra mais próxima da Polónia, e não me refiro apenas à geografia.
Mas devido à potência russa, não só territorial e política mas cada vez mais económica, o natural é que a Ucrânia se una à Rússia.

Marcelo Łukaczewski disse...

Caríssimo Jorge Almeida, onde você vê independência, outros apenas veem fragmentação. É essa a prática do ocidente, capitaneada pelos EUA e sequazes. A Ucrânia não proclamou nenhuma independência. Sequer era dependente. Aquele maldito processo de desagregamento patrocinado pelo ocidente em conluio com o alcoólatra Борис não pode ser chamado de independência.

Marcelo Łukaczewski

Vasco disse...

Desde que não desistam da UE tudo bem....

PortugueseMan disse...

Não ponho em questão a qualidade da decisão, nem a sua previsibilidade, mas agora assistir a um governo a dizer que desiste duma medida só porque houve uma sondagem...

Caro Jorge Almeida,

Não é só devido a uma sondagem. É principalmente uma opção política.

No entanto houve várias sondagens nos últimos anos, onde todas apontam para o mesmo, a maioria da população não é a favor da integração da NATO.

Anónimo disse...

Vasco, e não seria caso para perguntar "Quo Vadis UE?".

Será que a UE pretende continuar a ser uma construção de cima para baixo, economicista, politicamente unificadora, onde os problemas são resolvidos com fugas para a frente e onde não há sequer uma definição cultural do que significa ser-se Europa?

MSantos disse...

Como já foi dito e muito bem pelo PortugueseMan isto foi a decisão política espectável face aos acordos que a Ucrânia fez com a Rússia para tornar a sua situação económica minimamente viável independentemente de quaisquer tendências dadas pelas sondagens.

Sobre os leitores que se chocam com isto, fica a pergunta: porque é que o então democrático e pró-ocidental Iushenko nunca realizou um referendo ou publicou sondagens?

De certa forma provavelmente porque haveria uma recusa. Como o leitor Pippo referiu e muito bem, a NATO perdeu a sua "castidade", já não é a organização benévola que tinha como missão a defesa da liberdade e da democracia face à crescente ameaça soviética para se tornar no braço armado de interesses externos ao continente europeu no mais negativo sentido do termo. E muitos ucranianos perceberam isso.

Outro factor muito importante prende-se com o facto em que a NATO, UE e EUA eram vistos como salvadores financeiros, que trariam dinheiro e investimento e à semelhança do que aconteceu com os países que inicialmente se intrgraram na então CEE (Portugal é um bom exemplo) e dos pequenos países surgidos da cortina de ferro, a Ucrânia passaria a ser um país moderno e europeu.

Face à actual crise e escassez de capital de investimento nos outrora países ricos (quando mesmo para levantar um membro da comunidade está a haver tanta relutância), mesmo com todos os seus constarngimentos, a Rússia continua a ser a melhor opção.

E claro, uma grande parte da Ucrânia ainda se sente ligada à Rússia.

Cumpts
Manuel Santos

Wandard disse...

"já não é a organização benévola que tinha como missão a defesa da liberdade e da democracia face à crescente ameaça soviética"

Caro Manuel,

Sinto muito dizer, mas a Otan nunca foi uma organização benévola, assim como nunca houve nenhuma atitude de ajuda humanitária dos Estados Unidos. O posicionamento da Otan como vanguarda da "Democracia e Liberdade" tratou-se apenas da propaganda conveniente, do guarda-chuva que possibilitou a instituições como o FMI, Banco Mundial e multinacionais......... se sentarem no controle ecônomico dos países do terceiro mundo ou para as forças americanas atacarem e invadirem outras nações sempre com a desculpa da luta contra o comunismo, ou o que foi por exemplo que levou à criação do paralelo 38 e o que se seguiu na então recém formada Coréia do Sul? A desculpa do monstro comunista que comia criancinhas foi a bandeira que representou a Otan por toda a guerra fria, mas quando o gato do leste saiu de casa nos anos 90, os gatos do oeste viraram ratos e resolveram fazer festa na casa.

Abraço,

MSantos disse...

É a sua opinião, Wandard, com a qual eu não concordo.

A União Soviética era uma ameaça inegável de expansionismo totalitário.

Estou até em crer que se em vez de Gorbachov, tivesse subido ao poder em 1985 um ortodoxo, provavelmente a URSS ao entrar em colapso partiria para a guerra em desespero de causa.

Durante esses anos a NATO foi efectivamente uma aliança necessária e dissuassora e era comandada por muita gente que primava pela paz e pela liberdade.

O problema foi exactamente quando a razão da sua existência cessou e começou a enveredar por caminhos obscuros.

Aí na minha opinião, foram as nações europeias as principais responsáveis em não terem sabido acautelar os seus interesses.

Cumpts
Manuel Santos

Pippo disse...

Tenho de concordar com o MSantos, Wandard.
A NATO foi de facto uma importante força dissuasora face ao expansionismo soviético. As políticas a que se refere foram exercidas pelo seu membro mais poderoso, mas sempre fora da esfera da NATO.

Mas tem quase razão na sua afirmação final: quando o gato do leste saiu de casa nos anos 90, os gatos do oeste viraram gatões e fizeram uma festa. E isso é que estragou tudo.

Wandard disse...

Amigos Manuel e Pippo,

Como sempre respeito a opinião de vocês, mas esta é uma visão sob a ótica européia. Porém concordo que as atitudes que comentei foram perpetradas pelo integrante mais poderoso da organização.

Cordiais abraços.

Jest nas Wielu disse...

Os burocratas da EU não queriam os ucranianos na NATO, irão os ver no exército russo, quem perdeu?

Anónimo disse...

Quem perdeu? Ninguém! A UE não é a NATO, por isso não se devem confundir os papéis!

Marcelo Łukaczewski disse...

Jest nas Wielu disse...
"Os burocratas da EU não queriam os ucranianos na NATO, irão os ver no exército russo, quem perdeu?"
Talvez não seja o exército russo. Talvez seja o Exército Vermelho. O Exército Vermelho: ucraniano, russo, moldavo, enfim, de todas as Repúblicas Soviéticas.

Marcelo Łukaczewski

Jest nas Wielu disse...

2 Marcelo

Estudar a parte material sempre! Ou seja, um estalinista tem a obrigação de saber, que foi o camarada Stalin que exterminou o exército vermelho, para o transformar no exército soviético (a introdução das uniformes “czaristas” à partir de 1943, etc.).

Hoje, os oficiais de origem étnica ucraniana constituem cerca de 50% das vagas na armada russa do Mar Negro e do Mar Báltico.

Anónimo disse...

O FUTURO DA UCRÂNIA É A OTAN, E A ESTABILIDADE EUROPÉIA SÓ É POSSÍVEL COM A PRESENÇA MILITAR ESTADUNIDENSE, SE NÃO FOSSE A GARANTIA DA DESTRUIÇÃO DA RÚSSIA, ELES JÁ TERIAM INVADIDO A UCRÂNIA E EMPOSSADO O YANUKOVICH DE NOVO, COMO JANOS KADAR E ALEKSANDER DUBCEK