Texto escrito e enviado pelo leitor António Campos:
"Muitos cidadãos falam mal das suas democracias ocidentais. Muitos apontam os inúmeros casos em que as instituições são aproveitadas para proveito de determinados interesses, em detrimento da população em geral. Muitos gostam de salientar a influência política do grande capital sobre o aparelho de estado e a forma como tal condiciona as decisões democráticas e ameaça o estado social. São preocupações legítimas e merecem ser expressas em voz alta, dando indícios de que a consciência cívica ocidental está de boa saúde. É dever de todos nós expor estes cancros e lutar contra eles.
Mas como encaixa isto na simultânea indiferença, tanto da maioria dos governos como da população em geral, relativamente ao crescente uso da alavancagem económica por parte do Kremlin sobre os seus vizinhos (e não só), que traz em si a ameaça de, no médio prazo, minar a independência política e as instituições cívicas desenvolvidas na Europa desde a segunda guerra mundial?
O Kremlin é exímio na compra de políticos. Exemplos emblemáticos são o ex-chanceler Gerhard Schroeder e, presumivelmente, Silvio Berlusconi. Por outro lado, os planos de Putin para colocara Europa sob o domínio energético russo estão em marcha acelerada: a Bulgária depende da Rússia para 90% das suas necessidades de consumo de gás. A Eslováquia depende a 100% da Rússia. A Gazprom controla a totalidade da indústria petrolífera e de gás da Sérvia. A deplorável situação financeira ucraniana permitiu ao Kremlin dar um passo gigante no sentido de transformar, num piscar de olhos, o país à sua imagem: uma democracia fraudulenta controlada por uma mão cheia de gente rica, moldável aos interesses do seu vizinho maior.
A República Checa parece ser o próximo alvo. Um dos estados mais corruptos da União Europeia segundo a Transparency International, este país está a sofrer, com a ajuda do seu tristemente notório presidente Vaclav Klaus (o novo amigo de Putin), uma forte pressão por parte do Kremlin para dar de mão beijada a implantação e a exploração da sua energia nuclear a empresas russas controladas pelo estado, numa das maiores transacções que o país já viu. Os checos importam já da Rússia 80% do gás natural que consomem, por intermédio de traders com estrutura accionista obscura, que se suspeita serem controladas por interesses russos. Por outro lado, segundo o jornalista de investigação Jaroslav Spurny, da revista checa Respekt, a Lukoil pretende adquirir o controlo da única fonte não russa de petróleo, um pipeline que conduz matéria-prima alternativa através da Alemanha. Este quadro aponta, no breve trecho, para uma total dependência energética da República Checa relativamente à Rússia. O passo mais importante para garantir a dependência política estará dado. E é certo que o ambiente de corrupção generalizado no país foi um dos principais facilitadores deste assalto.
Enquanto isso, pouca gente no Ocidente parece estar a dar atenção a esta e a outras realidades galopantes. Barack Obama, mais preocupado em pintar com cores de sucesso a sua política de "reset" para com a Federação Russa, e em nome do potencial comercial bilateral, faz vista grossa ao crescente ataque contra os organismos que lutam pela transparência e pela criação de uma sociedade civil russa e ao predomínio do estado e das elites em detrimento dos cidadãos. As maiores praças de capitais mundiais continuam a não questionar a falta de transparência de empresas e indivíduos russos, que as usam sem quaisquer entraves para se financiarem. A próxima viagem à Rússia do ministro dos negócios estrangeiros britânico, William Hague, parece estar a ser planeada numa nota que atira para trás das costas o caso Litvinenko e os atropelos aos direitos humanos, em benefício de lucrativas parcerias comerciais com o Kremlin, particularmente ao nível energético. Em particular, o partido conservador britânico parece estar especialmente permeável à influência política russa, ao ponto de fontes trabalhistas afirmarem que os "deputados do Rússia Unida no Conselho da Europa […]usam os seus colegas Tories como o equivalente moderno dos idiotas úteis de Lenine".
E a Alemanha? As palavras do analista Max Bergmann proporcionam um bom resumo da posição deste país: "… a Alemanha fez na prática vista grossa aos ataques de Putin contra a democracia, os direitos humanos e a sociedade civil. O país retrai-se amiúde em matéria de políticas da UE que poderão irritar a Rússia, mesmo aquelas que reflectem os seus valores fundamentais e são do interesse da União Europeia. Os interesses empresariais alemães têm interesse em que a actual política russa se mantenha. Tal inclui, por inferência, bloquear os esforços de mudança e integração da política energética da UE. Além disso, a hostilidade russa contra a sua vizinhança, e mesmo contra estados-membros da UE, não conduziu a mudanças na política alemã. A política altamente agressiva russa contra os membros da UE menos flexíveis envolveu ataques informáticos contra as repúblicas bálticas, a imposição de tarifas contra certos estados-membros, assassínios com materiais radioactivos em Londres e a exploração de tensões étnicas com vista a sabotar os esforços da UE para estabilizar os Balcãs.[…] Mark Leonard e Nicu Popescu, do Conselho Europeu das Relações Exteriores argumentam que, ao não conseguir endereçar estes desafios, a abordagem alemã de "progressiva integração" favorece a estratégia russa explícita de construir uma interdependência assimétrica com a União, em que os líderes russos procuram criar uma situação na qual a UE precisa mais da Rússia do que esta da UE"".
A análise destas realidades revela que uma parte significativa dos poderes vigentes na Europa e nos Estados Unidos parece disposta a tolerar (ou mesmo a defender ou incentivar) qualquer movimentação do Kremlin, seja ela externa ou interna, a troco do sonho de segurança e de um pedaço da gigantesca cenoura que os recursos da Rússia prometem oferecer, preferindo ignorar que quem está ao leme do seu novo "parceiro" é uma máquina repressiva e corrupta com uma agenda externa expansionista. Cegos pelos dividendos políticos de curto prazo, pelo lucro e pelo oportunismo eleitoral de um possível catalisador para a saída da crise, os poderes ocidentais estão a deixar entrar na mesa um batoteiro oportunista cuja última preocupação são as regras do jogo. E a opinião pública em geral (com a excepção dos estados que decidirem fazer frente ao seu antigo opressor), demasiado assustada com o efeito que a crise está a ter no seu quotidiano, manifesta indiferença relativamente a um problema que lhes parece demasiado longínquo.
Em vez disso, talvez todos nós devêssemos dar mais atenção a Václav Bartuska, até Junho o representante governamental para a política energética checa, que afirmou que "as empresas russas exportam corrupção". A degradação moral prevalente nos tempos soviéticos e que continua a dominar a sociedade russa tem muitos alvos por onde escolher cá deste lado. Caso a nossa indiferença conivente não seja sacudida, o músculo financeiro do Kremlin continuará lentamente a comprar políticos menos escrupulosos e até estados inteiros por esse mundo fora, contaminando as nossas instituições e transformando-as progressivamente nas caricaturas impudicas que as congéneres russas são: fachadas corruptas que servem uma pequena elite, canalizando para ela as rendas da produção do país. Contaminar as nossas instituições forrando os bolsos de políticos e empresários sugestionáveis é o primeiro passo para exportar o modelo feudal russo para os nossos quintais. Com ele virão as assimetrias sociais e injustiças que corroem o bem-estar da sua própria população. Se continuarmos a olhar para o outro lado, o petro-rublo continuará a financiar o alastramento de um imenso retrocesso civilizacional, com consequências sociais muito mais nefastas do que as que estão no centro das preocupações dos actuais críticos das instituições do ocidente. Os alegados males dos neoliberalismos empalidecem em comparação.
Pode bem vir a acontecer, a julgar pelo andar da carruagem, que os inimigos do sistema político europeu, muitos deles apologistas da actual plutocracia russa, venham, mais cedo do que pensam, a ter oportunidade de experimentar na pele as consequências do regime que defendem.
25 comentários:
Interessante este artigo. Mas, diferente de quem o postou, eu vejo isso como uma notícia muito positiva, afinal, é muito previsível um país como a Rússia estender os seus tentáculos para fora de suas fronteiras.
Os Estados Unidos fazem isso á séculos, conquistando mentes e corações com a sua economia, a sua cultura, o seu poderio militar, etc... Mas as pessoas não reclamam disso, porque toda essa política imperialista americana vem protegida pelo imenso guarda-chuvas chamado de "democracia".
Não estou criticando a democracia em si, mas sim, o tipo de democracia praticado pela White House!!!
Ou vocês podem me explicar porque os Estados Unidos colocam (impõe) tantos subsídios contra mercadorias ( produtos ) que tentam entrar no mercado americano?
Com relação á Europa em si, é um continente perdido, pois necessita do guarda-chuvas nuclear americano para se defender da Rússia, ao mesmo tempo que precisa da Rússia para suprir os recursos energéticos que movem sua economia! O gás que os europeus usam para cozinhar é de procedencia russa!
E ainda, não se esqueçam do Dragão do Oriente ( China )!!! Esse sim, será o personagem principal da tal "Nova Horda Mundial", á que o autor deste post se dirigiu!
Belo texto, Antonio Campos. Gostaria de comentar o seguinte trecho: "Caso a nossa indiferença conivente não seja sacudida, o músculo financeiro do Kremlin continuará lentamente a comprar políticos menos escrupulosos e até estados inteiros por esse mundo fora, contaminando as nossas instituições e transformando-as progressivamente nas caricaturas impudicas que as congéneres russas são: fachadas corruptas que servem uma pequena elite, canalizando para ela as rendas da produção do país."
Todos os Estados atuais são controlados pelo grande capital (um punhado de famílias de banqueiros). Financiam políticos, mídia, e empresas. A democracia ocidental é uma grande farsa. É, na verdade, uma plutocracia. Se os oligarcas russos realmente caminham na direção que você alerta, é claro que é preocupante para o mundo. No entanto, somente estaria-se substituindo os atuais plutocratas por outros.
Precisamos urgentemente de um outro modelo de sociedade.
...que traz em si a ameaça de, no médio prazo, minar a independência política e as instituições cívicas desenvolvidas na Europa desde a segunda guerra mundial?...
Como é que um país que não tem hospitais com água quente, é capaz de fazer isso a democracias como as que existem na Europa? por favor...
...O Kremlin é exímio na compra de políticos. Exemplos emblemáticos são o ex-chanceler Gerhard Schroeder e, presumivelmente, Silvio Berlusconi...
Fantástico. Os exemplos são tantos, que apenas fornece um. O outro é "presumível"...
E mesmo esse que você usa, está errado. Gerhard Schroeder conseguiu para o seu país, algo que nem Hitler conseguiu, energia em abundância e vinda da Rússia. O motor da Europa vai ter um pipeline DIRECTO com um dos maiores fornecedores do planeta. É obra. A Alemanha pode construir uma estátua em homenagem porque o homem merece.
Agora eu compreendo que existam alguns países que viram isto, com uma grande facada nas costas. Azar. Certas opções pagam-se caro e a factura está a chegar.
...Por outro lado, os planos de Putin para colocara Europa sob o domínio energético russo estão em marcha acelerada: a Bulgária depende da Rússia para 90% das suas necessidades de consumo de gás. A Eslováquia depende a 100% da Rússia...
A ver se percebo, estes países deixam-se tornar dependentes do gás russo, e Putin é que é culpado? Estamos a brincar.
...A deplorável situação financeira ucraniana permitiu ao Kremlin dar um passo gigante no sentido de transformar, num piscar de olhos, o país à sua imagem...
E por culpa de quem? quem meteu a Ucrânia neste estado? Não foram os ucranianos? Semearam ventos, agora estão a colher as tempestades e ainda têm muito que colher.
...A República Checa parece ser o próximo alvo...uma forte pressão por parte do Kremlin para dar de mão beijada a implantação e a exploração da sua energia nuclear a empresas russas controladas pelo estado, numa das maiores transacções que o país já viu. Os checos importam já da Rússia 80% do gás natural que consomem...
Pois é. Agora estão aflitos não estão? Mas era tudo sorrisos aqui há uns anos não era? Pois agora estão a aprender que quem faz os trabalhos de casa, é quem tem a recompensa.
Enquanto a Polónia, Rep. Checa e os países Bálticos andaram a brincar à NATO, todos estavam felizes e deitava a língua de fora para o outro lado do "muro".
Veio o sistema anti-míssil e a felicidade reinava na Polónia e na Rep. Checa, agora estavam protegidos contra o "mal".
Militarmente a Rússia nada podia fazer e a nível energético nada poderia ser feito sem afectar também o motor da Europa, a Alemanha.
Só que estes países esqueceram-se de algo. Ao fazerem todos estes esquemas com os EUA, as probabilidades de haver chatices energéticas para a Alemanha aumentavam, a segurança energética europeia estava a ser posta em causa por estes países.
A Alemanha agiu em conformidade. Foi oferecida uma ligação directa entre a Rússia e a Alemanha, a melhor oferta que a Alemanha poderia ter em termos energéticos.
E voilá. A Alemanha assegurou a sua segurança energética e a Rússia passou a ter um trunfo na manga para usar...
Agora a Polónia e Rep. Checa pararam as festividades e entraram em pânico, não estavam a contar com esta jogada da Alemanha e agora a torneira russa vai poder ser fechada se não se portarem bem.
Brincaram com o fogo, queimaram-se. Culpados? Políticos de treta sem capacidade de visão. Façam o que já deviam ter feito, vão comprar gás a outro lado. Mas se calhar é mais fácil dizer do que fazer...
...a Lukoil pretende adquirir o controlo da única fonte não russa de petróleo, um pipeline que conduz matéria-prima alternativa através da Alemanha. Este quadro aponta, no breve trecho, para uma total dependência energética da República Checa relativamente à Rússia. O passo mais importante para garantir a dependência política estará dado. E é certo que o ambiente de corrupção generalizado no país foi um dos principais facilitadores deste assalto...
Parece que afinal corrupção grave, grave nem é na Rússia, porque países que se deixam atolar desta forma, é porque a corrupção tem que ser mesmo grave. Países que não têm cabecinhas que cheguem à conclusão que não se podem aliar a uma organização militar hostil ao fornecedor e ao mesmo tempo estarem dependentes energeticamente... é de bradar aos céus...
Barack Obama, mais preocupado em pintar com cores de sucesso a sua política de "reset" para com a Federação Russa, e em nome do potencial comercial bilateral, faz vista grossa ao crescente ataque contra os organismos que lutam pela transparência e pela criação de uma sociedade civil russa...
Sabe, Obama é capaz de ter alguma dificuldade em falar de ataques contra organismos, quando Obama tem americanos a largar bombas em dois países. Quer fazer as contas para ver onde estão a morrer mais?
...A próxima viagem à Rússia do ministro dos negócios estrangeiros britânico, William Hague, parece estar a ser planeada numa nota que atira para trás das costas o caso Litvinenko e os atropelos aos direitos humanos, em benefício de lucrativas parcerias comerciais com o Kremlin, particularmente ao nível energético...
Pois é... como os britânicos ficaram sem energia mais depressa do que estava previsto, agora vão ter que ir buscá-la a algum lado. Eu só não sei é porque TODA a gente insiste em ir comprar aos russos... com uma Gazprom tão ineficiente como alguns dizem, como é que a Rússia consegue produzir gás e porque é que tanta gente vai ter com eles? Só pode ser masoquismo...
...Tal inclui, por inferência, bloquear os esforços de mudança e integração da política energética da UE. Além disso, a hostilidade russa contra a sua vizinhança, e mesmo contra estados-membros da UE, não conduziu a mudanças na política alemã. A política altamente agressiva russa contra os membros da UE menos flexíveis envolveu ataques informáticos contra as repúblicas bálticas, a imposição de tarifas contra certos estados-membros, assassínios com materiais radioactivos em Londres e a exploração de tensões étnicas com vista a sabotar os esforços da UE para estabilizar os Balcãs...
Bom, dado que estamos a falar de países democráticos, as pessoas que escolham governantes que se recusem a comprar gás russo, nem que para isso se aqueçam à lareira, façam a comida com fogueiras e jantem à luz das velas.
Mas se calhar se chegássemos a este ponto, as pessoas diriam muito possivelmente que se lixem as políticas, que se lixe as preocupações democráticas, se compramos tudo aos chineses, se compramos petróleo aos árabes, vamos agora andar com peneiras para comprar gás aos russos? Nós queremos é o nosso conforto, a nossa vidinha e não andar como os africanos a subir às árvores para apanhar uma banana...
Em vez disso, talvez todos nós devêssemos dar mais atenção a Václav Bartuska, até Junho o representante governamental para a política energética checa, que afirmou que "as empresas russas exportam corrupção".
Se calhar não deviamos dar atenção a esse sujeito. Se calhar deviamos era perguntar porque é que ainda estão a comprar gás aos russos...
...Se continuarmos a olhar para o outro lado, o petro-rublo continuará a financiar o alastramento de um imenso retrocesso civilizacional...
Bem, podemos sempre invadir a Arábia Saudita. aquilo tá cheio de petróleo e pronto os maus dos russos já não conseguiriam vender nada para a Europa. Também podemos dar um tiro no Chavez e meter lá alguém de confiança, aquilo tem gás por todos os lados. Ou então, dado que já perdoamos o Khadafi, podiamos convidá-lo para colocar o seu país na União Europeia e declarar aquilo como uma democracia, e era gás por todos os lados.
Agora gás russo? não, isso não...
Caro Felipe, estou perfeitamente consciente da degradação das democracias e da sua permeabilidade aos interesses empresariais. Embora muita gente apelide o Noam Chomsky de radical de esquerda, ele tem absoluta razão naquilo que diz, ponto por ponto. Mas no ocidente esse assalto deve-se fundamentalmente à passividade dos cidadãos, que, desde que tenham alguma prosperidade, deixam de se interessar por política e deixam os outros decidir seja o que for por eles. Mas continua a haver algum pluralismo, competição e independência dos tribunais, que são condições indispensáveis para que a economia se fortaleça. E a prova de que o sistema democrático tem potencial para funcionar é que é muito mais provável uma democracia com sociedade civil funcional gerar prosperidade do que uma autocracia. E isso vê-se na prática. Aliás, há muitos países democráticos que, mesmo com corrupção, conseguem dar um nível de vida muito acima da média à população. A França é um bom exemplo (onde aliás há muito activismo político por parte da população).
Deixar o Kremlin imiscuir-se sorrateiramente noutros países é abrir a caixa de Pandora para importar as disfuncionalidades do regime e deixá-las contaminar ainda mais as nossas instituições. É escancarar as portas e deixar que a ganância e o compadrio dominem ainda mais a nossa política. Não nos esqueçamos que o regime russo é o exemplo perfeito de um sistema de extrema-direita corporativista e expansionista, com semelhanças assustadoras com o nacional-socialismo. A diferença é que Hitler usou tanques para impor a sua vontade e Putin utiliza dinheiro, a arma energética e uma quinta coluna de políticos e empresários corruptos para atingir os mesmos objectivos. É isso que queremos que entre na nossa política?
Caro Felipe, não precisamos de outro modelo social. Já experimentámos outros e foi sempre um desastre. Precisamos é de estar vigilantes, parar de ver talk-shows e futebol e lutar para que o modelo que temos funcione.
António Campos
PortugueseMan
Será que lhe deram a tarefa de responder taco-a-taco a todos os artigos críticos da Rússia? Esta sua perseverança começa a ser suspeita. É que um simples leitor (mesmo entusiasmado) não se daria ao trabalho de analisar e rebater parágrafo a parágrafo os artigos do António Campos...
Algo não bate certo ou você tem tempo livre a mais...
Moral da história: a bem de todos, espero sinceramente que os nossos políticos saibam com quem se estão a deitar. E se não souberem, que acordem enquanto é tempo.
António Campos
Cara Cristina, o leitor PM quer apenas atiçar o diálogo, o que é saudável. Aparecem novas ideias, novos argumentos. Se alguém tira proveito destas discussões, muito bem, é sinal de que estamos vivos e de que nos lêem.
Só lamento que os eleitores discordantes não enviem textos para publicação. Isso enriqueceria muito esta plataforma de discussão.
Texto um bocadinho histérico, não?
Cara Cristina,
É uma pena vê-la enveredar pelo terreno das insinuações. Muito me desilude com essa atitude.
Vamos lá a esclarecer algumas coisas:
NINGUÉM tem nada a ver como eu gasto o MEU tempo.
EU FALO do que me APETECER respeitando as regras, afinal vivemos num país onde felizmente existe liberdade de expressão. E minha cara, liberdade de expressão não significa que só devem falar os que partilham as nossas opiniões.
Eu criticaria a este artigo, independentemente de quem fosse o autor. A única diferença seria na linguagem usada, pois eu não costumo falar neste tom com as pessoas, independentemente das suas ideias. Mas como estamos a falar do ACampos, uma pessoa extremamente mal educada para quem não vê as coisas como ele, eu falo de maneira diferente.
Caso você não tenha reparado, eu realmente excedo-me muitas vezes nos meus textos e é um hábito meu focar o parágrafo que quero referir. Muitas vezes coloco aqui verdadeiros testamentos, que até já cheguei a pedir desculpa por isso.
Os assuntos focados neste artigo, já eu os debati até à exaustão (e com pessoas civilizadas) há anos!
há mais de sete anos que falo que o que estamos a ver hoje com estes países iria acontecer, até existem artigos espalhados na net com aquilo que disse em várias línguas.
Eu falei da Geórgia anos seguidos, dizendo que mais tarde ou mais cedo iriamos ter ali um conflito, o que eu escrevi na altura no Expresso online acerca disso, mas a Geórgia na altura nem era notícia e muito pouca gente dava importância.
Você minha cara, em vez de fazer insinuações, deveria era rebater as minhas afirmações.
Mas você está a ser mais rápida a insinuar do que a pedir ao ACampos para se moderar quando fala com outras pessoas.
No caso específico do artigo da Sukhoi, coloquei a si questões concretas e que ajudariam a visualizar melhor a situação e a nenhuma me respondeu. Mas já fala quando não gosta do que lê.
Não vá por aí minha cara.
...Só lamento que os eleitores discordantes não enviem textos para publicação. Isso enriqueceria muito esta plataforma de discussão...
Caro JM,
Sinto-me incluido nos "leitores discordantes".
Embora muitas vezes pense nisso, Confesso que não me sinto muito à vontade em fazer isso. Este blogue é seu, você não partilha de muitas das ideias que eu tenho e penso que você não tem tempo nem disponibilidade para rebater à vontade, sobre tudo o que é dito aqui.
E até acho que não deve rebater, pelo menos demasiado. Você é uma pessoa conhecida, tem a sua imagem e está a falar com pessoas que não conhece.
Na parte que me toca, penso que a atitude mais correcta é aquela que tenho feito, vou falando por aqui, vou colocando uns artigos e vou repescando o nosso eterno debate sobre o "copo meio-vazio, meio cheio".
Cumprimentos,
PortugueseMan
Caro JM, gostaria um dia destes de publicar algo no seu blogue.
O tema, evidentemente, seria o da geo-estratégia, talvez sobre o Cáucaso (Arménia, neste caso).
Infelizmente o meu tempo também é escasso, demasiado, até, e já tenho textos no prelo, um que desejo publicar, sobre pirataria contemporânea, e um outro, sobre a organização militar portuguesa no início da Era Moderna, o qual precisa de ser mais alinhavado.
Ora, isto de ler e dar ao côco até às duas da manhã não é muito saudável!
Portanto, o desejo está lá, falta o resto.
PM, você deu uma réplica bem divertida! Acutilante e mordaz, como convém. Mas não massacre demasiado a Cristina, que parece ser boa rapariga. Bem sei que ela lhe criticou o que anda a fazer com o seu tempo sem, contudo, ter criticado o que o ACampos, empresário, faz com o dele (a ponto de escrever estes testamentos!). Foi um erro, certamente, mas como diria o Cícero, a Cristina "é humana"! :O)
Ab,
"Só lamento que os eleitores discordantes não enviem textos para publicação. Isso enriqueceria muito esta plataforma de discussão."
Sr Milhazes,
Assim como o PM me coloco entre os leitores discordantes e compartilho a memsma opinião dele visto que já enviei um artigo anteriormente e me foi negado a publicação. Acredito que se o sr. realmente deseja que este blog se torne um espaço para discussão, permita a publicação de artigos diferentes dos que tem publicado, de alguns leitores, cujo cunho tem sido uma critica constante à Rússia e sem nenhum senso construtivo.
Com referência ao post do Antonio Campos, acho que tudo já foi dito pelo Alone Hunter e pelo PM e por mim em vastos comentários anteriores quando este blog nãpo tinha a moderação ativada e os ânimos costumavam ser exaltados e toda a educação deixada de lado. O que a Rússia pratica hoje nada mais é o que os Estados unidos fizeram em toda a sua história, com a diferença que com o fim da União Soviética a Rússia deixou de ocupar outros países, atuação que os Estados Unidos não abandonaram desde o fim da segunda guerra mundial. Infelizmente a europa está pagando o preço da sua própria história com um adicional pela sua participação na desmontagem abusiva da União Soviética e o achaque em conjunto com os Estados Unidos nos anos 90. Lembro-me que em uma entrevista de mais de dez anos atrás Sergei Ivanov declarou que a humilhação que a Rússia sofreu não ficaria sem resposta, e ela está vindo lentamente no mesmo tabuleiro que a Otan costuma jogar.
Caro PortugueseMan
Cada um assume a responsabilidade por aquilo que diz e por aquilo que escreve. Eu assumo a minha de forma aberta e gostaria que os restantes também assim o fizessem e não se escondessem no anonimato ou em nick-names.
Este é um fórum de discussão e, graças ao JM, temos a oportunidade de falar sobre temas actuais e polémicos da vida russa, alguns dos quais raramente são tratados com profundidade na nossa imprensa. Nenhum de nós é jornalista e não nos podem exigir uma rigorosa isenção e objectividade. Escrevemos e traduzimos aquilo que achamos interessante e que queremos comunicar aos outros. Só que muitas vezes foge-se ao debate dos temas colocados e entra-se em discussões de miudezas e detalhes para desviar a atenção do que é importante. Foi isso que aconteceu no caso deste texto do António Campos. Todos nós queremos que a Rússia seja um país melhor e não é por denunciar os graves problemas que existem neste país que somos seus inimigos. Podemos não ser seus cidadãos, mas nada nos impede de fazermos parte da sua sociedade civil virtual, até porque só repetimos o que muitos dos nossos amigos russos dizem em privado e muitas vezes não querem dizer em público. Conhecemos o espírito de “fortaleza sitiada” dos russos, sabemos que eles detestam que falemos deles, mas não nos deixamos intimidar. O que se passa na Rússia poderá influenciar a nossa vida futura na Europa, como já influenciou nos séculos passados. Poderá o seu actual sistema político autoritário mudar? Ou continuaremos a ver a corrupção e os gastos militares a crescer? Poderá o seu povo vir a viver melhor com os enormes recursos que o país possui ou esses recursos só beneficiarão uma pequena parte da sociedade? Estaremos a assistir à recuperação geográfica da URSS, sob outra forma e através de métodos económicos, ao processo centrífugo de reconstituição do império? Poderá a Europa ficar dependente da Rússia? Nada disso nos é indiferente. O copo pode estar meio cheio ou meio vazio mas não se pode é fechar os olhos e fazer de conta que o copo não existe.
Cristina Mestre
PM
Só lhe posso gabar a paciência de santo.
Cumpts
Manuel Santos
Muito bem escrito, Só é pena que os adoradores ocidentais do império russo, como é do costume, irão acordar apenas na Sibéria clamando pelos “direitos humanos”, “valores ocidentais”, “piedade”…
Minha cara,
Eu assumo a minha de forma aberta e gostaria que os restantes também assim o fizessem e não se escondessem no anonimato ou em nick-names.
Eu confesso que me faz confusão esta necessidade de se querer saber quem são as pessoas.
Pronto, sou o Manel Matias e sou servente, passo a vida a acartar baldes de cimento e gosto nas horas livres navegar na internet e falar um pouco.
Fica mais satisfeita assim? Se calhar não.
E você? Quem é você? Você diz que é a Cristina Mestre, e que é uma tradutora. Que mais sei eu acerca de si? nada. Será que o que você diz é verdade? não posso saber. Será que realmente é uma mulher? até pode ser um homem.
Você não se identifica a sério. Eu é que tenho que acreditar em boa fé que você é quem diz. já reparou, você já parou para pensar no que está a exigir aos outros?
Vou dizer-lhe a si o que já disse ao ACampos. O JM PERMITE o anonimato. Este blogue pertence-lhe. Você tem que aceitar as regras DESTE blogue.
Se você não gosta, implemente as suas próprias regras. Por exemplo, não fale com anónimos. Fale apenas com quem se identifique. É uma opção sua e pela minha parte a respeitarei.
Eu também tenho as minhas regras. Eu não quero saber quem são as pessoas, eu quero é trocar ideias. Não quero saber se é tradutor, jornalista, engenheiro, doutor ou simplesmente um servente das obras. Todos têm direito a expressar as suas opiniões e a única coisa que eu exijo é EDUCAÇÃO.
Nenhum de nós é jornalista e não nos podem exigir uma rigorosa isenção e objectividade. Escrevemos e traduzimos aquilo que achamos interessante e que queremos comunicar aos outros.
Este artigo em questão NÃO é uma tradução minha cara. E também não exijo rigorosa isenção e objectividade, MAS tenho o direito de pôr em causa o que é dito. E eu não digo as coisas por dizer. EU DEFENDO e JUSTIFICO as minhas afirmações. Quem quiser que faça o mesmo. Agora não me obriguem a engolir tudo o que se escreve na internet.
Só que muitas vezes foge-se ao debate dos temas colocados e entra-se em discussões de miudezas e detalhes para desviar a atenção do que é importante. Foi isso que aconteceu no caso deste texto do António Campos.
Foi isso que aconteceu? Eu não acho. mas se você acha, vamos entrar nos pormenores, diga-me ONDE é que eu cometi tal coisa? Porque eu acho que estou correcto, se você não acha, tem que dizer. força. fico a aguardar.
...té porque só repetimos o que muitos dos nossos amigos russos dizem em privado e muitas vezes não querem dizer em público...
Sabe, eu também posso afirmar o mesmo. Aliás andava aqui um sujeito com o nick de "Anónimo Russo", que era capaz de contestar essa sua afirmação...
...Poderá o seu actual sistema político autoritário mudar? Ou continuaremos a ver a corrupção e os gastos militares a crescer? Poderá o seu povo vir a viver melhor com os enormes recursos que o país possui ou esses recursos só beneficiarão uma pequena parte da sociedade?...
Quanto ao sistema político actual, duvido que mude.
Quanto à corrupção e gastos militares não tenho dúvidas que ambos vão aumentarem.
Poderá o seu povo vir a viver melhor com os enormes recursos que o país possui ou esses recursos só beneficiarão uma pequena parte da sociedade?
A evoluir como estão, na minha opinião é uma questão de anos.
Não me causa surpresa esta opinião porque já aqui encontrei outras mais surrealistas que esta.
Se aceitar-mos esta versão, somos levados a admitir que a podridão que cada vez mais assola a Europa, já são reflexos da colonização Russa?
Isto porque hoje aqueles que controlam os centros de decisão da Europa estão a ficar cada vez mais parecidos com os seus congéneres Russos, pelas piores razões e no que diz respeito ao que de mais malévolo possa existir para o bom funcionamento de uma sociedade sã. A corrupção alastra, os favorecimentos à classe politica já são feitos às claras, permitem que a pobreza suba ao mesmo ritmo que a ostentação da luxúria e da riqueza a níveis nunca antes vistos, incentivam os cortes radicais nos direitos sociais e laborais com o pretexto do combate à crise por esse motivo transformaram milhões de trabalhadores em novos escravos, suprimem a liberdade em nome da segurança, limitam-nos os movimentos e vasculham a nossa privacidade, liberalizam a circulação de capitais obtidos de modo fraudulento em contrapartida restringem a circulação dos cidadãos, constroem infra-estruturas financiadas com dinheiros públicos para servirem interesses privados, erguem projectos megalómanos em beneficio dos endinheirados. Portanto nós Europeus já não estamos muito distante daquilo que é a Rússia.
Por estes factos que acabei de enumerar, as opiniões expressas sobre os perigos que a Rússia possa representar estão destituídas de autenticidade, não passam de manobras de distracção que só servem para desviar a atenção dos verdadeiros problemas que afectam gravemente as sociedades contemporâneas . A Rússia nas actuais condições só pode representar algum perigo com a componente nuclear que dispõe. Quanto ao resto é uma potência moribunda, sustentada na venda das riquezas naturais que tem em abundância.
Porque a dar credibilidade a este tipo de argumentação aconteceria uma conversão na história. Era a primeira vez que um Estado debilitado conseguia dominar outros países.
Nas condições actuais a Rússia não tem força militar, económica, tecnológica, politica, e muito menos dispõe de alianças para impor a sua vontade fora das suas fronteiras, ou alcançar grandes objectivos na cena mundial. A reviravolta com o Irão demonstra bem isso, não é mais que uma cedência a troco de algo.
No entanto se a Europa se abastece de matérias primas vindas da Rússia em grandes quantidades é porque daí tira vantagens. Além disso seria impensável qualquer dirigente Russo aventurar-se a cortar o abastecimento de energia à Europa. Era um acto suicidário .
A economia Europeia sofreria um grande abalo. Mas a Rússia afundava-se num mês, se não dispõe de outra fonte de receitas que a venda de matérias primas.
Pior que tudo ainda, a Rússia está a ficar fortemente dependente dos apoios externos nas mais diversas áreas, atrasou-se tecnologicamente, por esse motivo a grande maioria dos equipamentos que produz estão desactualizados, já tem que recorrer à importação de todo o tipo de bens (maquinaria, e algum tipo de armamento) ou a tecnologia estrangeira para a produção interna (ramo automóvel, sector alimentar, siderurgia, materiais de construção, aviação). Portanto nestas condições ninguém na Rússia se vai atrever em desafiar quem os alimenta.
Por isso para quem conhece as fragilidades da Rússia actual, a opinião do Amigo Campos, não produz qualquer efeito. É só para assustar os incautos. Género história do Capuchinho Vermelho.
Caro PortugueseMan
Não gosto muito de falar de temas pessoais porque o que interessa, de facto, são as ideias. Mas a minha identidade é conhecida, aqui vai o endereço no Facebook, onde está o meu mail. http://www.facebook.com/profile.php?id=100000740618210
Caso o deseje, posso-lhe enviar por mail a morada onde trabalho e até nos podemos encontrar pessoalmente, vivo a 50 km de Lisboa.
Posto isto, proponho voltar à discussão de ideias.
Caro Francisco,
...seria impensável qualquer dirigente Russo aventurar-se a cortar o abastecimento de energia à Europa. Era um acto suicidário .
A economia Europeia sofreria um grande abalo. Mas a Rússia afundava-se num mês, se não dispõe de outra fonte de receitas que a venda de matérias primas...
A Rússia não tem razões para cortar o abastecimento à Europa. E ambos sabem que o abastecimento é para aumentar ao longo dos anos.
Mas se falarmos em cortar o abastecimento a certos países europeus, aí a coisa já muda de figura.
A partir do dia em que a Rússia tenha meios alternativos (novos pipelines) a funcionar, a Rússia pode cortar o abastecimento, sem beliscar as suas receitas.
Pior que tudo ainda, a Rússia está a ficar fortemente dependente dos apoios externos nas mais diversas áreas, atrasou-se tecnologicamente, por esse motivo a grande maioria dos equipamentos que produz estão desactualizados, já tem que recorrer à importação de todo o tipo de bens (maquinaria, e algum tipo de armamento) ou a tecnologia estrangeira para a produção interna (ramo automóvel, sector alimentar, siderurgia, materiais de construção, aviação). Portanto nestas condições ninguém na Rússia se vai atrever em desafiar quem os alimenta.
Eles não estão a ficar fortemente dependentes. Eles estão a tentar acelerar a sua modernização, adquirindo e integrando tecnologias e metodologias vindas do exterior. Isto requer muito tempo e muito, mas muito dinheiro.
Minha cara,
Eu não quero os seus dados pessoais, nem nunca os pedi, não sou eu que ando a exigir que as pessoas que falam neste blogue, se identifiquem.
Agora o que eu tenho feito aqui é discussão de ideias. Portanto se você percorrer esse caminho, estamos todos de acordo.
Cristina,
Tenha mais prudência em partilhar informação na Internet, esse acto é irreversível e revela alguma estupidez.
Com essa informação, se eu quiser consigo publicar aqui os contactos que faz e as pessoas quem fala.
duvida?, dica:
É só falar com um corrupto que conheço em Lisboa que trabalha nas bases de dados da ***, fazer uma pesquisa sobre o seu nome e voilá.
O mesmo se aplica a contas de bancos, finanças etc.
Não se julgue conhecedora de uma realidade que não compreende e que a ultrapassa..
E não queira saber o aspecto físico das pessoas com quem fala, aqui não encontra loiros de olhos azuis, encontra mais barbudos barrigudos.
marvin
A Rússia parece-me ainda um império em franca contração, cuja maior fraqueza é aquilo que nos parece mais temível quando a olhamos no mapa: o tamanho. É simplesmente muita fronteira para defender, e todas problemáticas: umas correspondem a zonas de influência muito indefinidas (Europa Oriental); outras sofrem de pressão demográfica exterior preocupante (Extremo Oriente); outras ainda são palco de tensões culturais/religiosas (Cáucaso e Ásia Central muçulmana)e há ainda a faixa do Ártico, em que o aquecimento global promete alterações profundas. Em suma, um pesadelo estratégico. Deste modo, com ou sem razão, os russos têm medo, imaginando que o mundo afia as facas para lhes roubar os recursos do sagrado solo da Mãe Rússia (e de facto já não seria a primeira vez que se tentava). Por isso são tão paranóicos, passando a vida a fazer peito. Militarismo exacerbado, nacionalismo inseguro: rassia balshaia strana (nunca percebi se, quando dizem isto, se referem ao estatuto da Rússia entre as nações ou ao tamanho dela no mapa). É medo, de facto: têm a aguda noção da fraqueza do seu exército, da baixeza moral da sua sociedade, da fraquíssima dinâmica demográfica da sua população. Perante estes calcanhares de aquiles de pouco vale a cartada energética. O urso é assim, quando se assusta defende-se, atacando... E como nós, no ocidente, andamos moles, deixamo-nos assustar. Ai, saudoso século XIX...
A Polônia mudou o tom com a Rússia porque o Kazinski morreu, não foi porque se acovardou. O presidente atual é mais conciliador que o anterior. Pois, diferente da Rússia, na Polonia existe alternancia real de poder.
Mas de qualquer forma, mesmo com a chorrrradeira russa, os mísseis foram instalados. E enquanto a economia russa se contraia, a polaca só crescia.
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