O Kremlin deu hoje mais um sinal de que a demissão de Iúri Lujkov do cargo de presidente da Câmara de Moscovo é inevitável, não obstante a resistência do dirigente moscovita.
“A questão do prolongamento das competências do presidente da Câmara de Moscovo não é decidida por Lujkov, mas, em conformidade com a legislação da Rússia, é prerrogativa do Presidente”, declarou uma fonte do Kremlin, citada pelas três maiores agências de informação russas.
Na véspera, Lujkov anunciou que não tencionava abandonar o cargo antes de Dezembro do próximo ano e lançou ameaças na direção do Presidente Dmitri Medvedev.
Segundo uma fonte do diário Gazeta.ru, numa reunião da direção de Moscovo do Partido Rússia Unida, de que é um dos dirigentes, Lujkov teria dito: “Sem mim, vós não tereis a maioria em Moscovo” e ameaçou mesmo provocar uma cisão no interior do partido.
Lujkov reagia assim à campanha lançada contra ele nos órgãos de informação russos.
No final da semana passada, vários canais de televisão russos, controlados pelo Kremlin, acusaram o dirigente da capital russa de “corrupção” e de “favorecimento” das empresas da sua esposa, Iúlia Baturina, a mulher mais rica da Rússia e uma das mais ricas do mundo.
Lujkov considerou-se alvo de “uma guerra informativa” e apresentou queixa nos tribunais contra vários órgãos de informação.
Como resposta, um dos canais de televisão visados, o NTV já prometeu para o próximo fim de semana a revelação de novo “material comprometedor”.
“Agora, ele, como oficial, deve dar um tiro na cabeça. Se o presidente da câmara não é oficial, deve envenenar-se”, ironizou Nikita Belikh, governador da província de Kirov.
Antes de ocupar esse cargo, Belikh dirigiu o Partido Causa Justa (liberal) e, na altura, denunciou a corrupção na capital russa.
“Quando nós dizíamos o mesmo sobre Lujkov, eramos atirados para a prisão”, declarou ele ao diário Kommersant.
Serguei Mironov, dirigente do Conselho da Federação (câmara alta) do Parlamento Russo, aconselhou a Procuradoria Geral e o Tribunal de Contas da Rússia a investigarem as atividades de Lujkov, sendo isto interpretado como uma ameaça velada de que o dirigente moscovita poderá ser mesmo julgado se continuar a resistir.
Os analistas políticos vêem neste confronto uma tentativa de Medvedev reforçar a sua influência nas estruturas do poder.
“Se Medvedev conseguir afastar Lujkov, reforçará as suas posições, pois Lujkov sempre foi um homem de Putin. Caso contrário, a autoridade do atual Presidente da Rússia sairá fortemente abalada e poderá pôr em perigo a possibilidade de ele se recandidatar nas presidênciais em 2012”, declarou à Lusa uma fonte em Moscovo.
O cargo de presidente da Câmara da capital russa é importante não só pelo fato de na cidade viverem mais de sete milhões de eleitores, mas também por controlar “importantes correntes financeiras”.
4 comentários:
Zangaram-se as comadres conspiradoras e Putin descobriu as verdades. O Medvedev está lixado, podem crer.
Muito interessante está essa briga...
Caros leitores
Parece que o Iuri Lujkov fugiu da Rússia. Historicamente, um desfecho comum, especialmente tendo em conta que não deve ter problemas financeiros em viver no estrangeiro.
Ou talvez não, pode ser que tenha coragem de regressar.
Cara Cristina, Lujkov foi de férias e vai regressar, mas o seu destino parece estar determinado: ou se demite ou...
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