sexta-feira, outubro 15, 2010

Felicidade TV (pesadelos da crise)

Não é preciso estar muito tempo em Portugal, onde agora me encontro, para se cair num estado deprimente. Basta ligar o rádio e a televisão, ler os jornais para se compreender que nos encontramos numa situação muito, mas mesmo muito complicada.
Mas torna-se insuportável ouvir de manhã à noite essas notícias, bem como as justificações dos dirigentes políticos de que fizeram todos os esforços, mas que ainda não chegam, porque a situação internacional, etc. etc.
Mais gritante é o facto de ninguém assumir responsabilidades pela situação criada. Ao menos podia vir algum dirigente à televisão e repetir o que um dia disse Victor Tchernomirdin, antigo primeiro-ministro russo, : "Queríamos fazer da melhor forma, mas o resultado é sempre o mesmo..."
Cada leitor pode continuar o pensamento desse político russo que ficará na história pelos seus sábios ditos.
É numa atmosfera desta que os cidadãos se deitam e considero que isso não permite um descanso completo e saudável, bem pelo contrário. No meu caso pessoal, um dia após a chegada a Portugal, tive um sonho, que passo a relatar:
O Governo (não me refiro a um concreto!), a fim de combater os efeitos nefastos da crise, criou um novo canal televisivo, a quem chamou "Felicidade TV", tendo convidado para esse projecto consultores da ex-União Soviética, alguns dos quais recuperados pelos canais de televisão russos actualmente controlados pelo Kremlin, e da Coreia do Norte.
O noticiário/telejornal começava ora com o Presidente da República a condecorar o primeiro-ministro pelos grandes êxitos na "frente económica e social" ora com o primeiro-ministro a condecorar o Presidente pela "sábia direcção" do país.
A seguir vinham  as reportagens sobre as visitas dos dirigentes a unidades agrícolas e industriais de vanguarda, onde eram alegremente recebidos pelos trabalhadores, ou sobre as inaugurações de novos infantários e centros de ensino.
E aquela senhora simples, do povo, toda feliz a sair de um hipermercado com um carrinho de compras cheio a repetir uma frase: "A vida torna-se melhor; a vida tornou-se mais alegre"! Fiquei emocionado ao ouvir sair daquela boca essas palavras pronunciadas por José Estaline. Tanta felicidade e que nível de cultura! Até conhecia os clássicos da felicidade!
Recordo-me que nas notícias não havia nem pobres, nem desempregados. Ou mais precisamente, existiam, mas nos países vizinhos. Por exemplo, gostei da reportagem onde se mostrava um gigantesca fila junto de um centro de emprego em Espanha, seguida, para contraste, de outra feito no país por mim sonhado, onde os centros de emprego estavam vazios e nas paredes se viam anúncios de emprego: operário da construção civil - 5 mil euros; assalariado agrícola - 7 mil, deputado - 15 mil, ministro 16.532,05 euros, etc.
Chamou-me também a atenção uma reportagem sobre os turistas que visitavam a capital do país e ficavam maravilhados com o bem-estar dos habitantes locais. Seis senhoras da Arábia Saudita, que envergavam burka, declararam perante as câmaras, depois de terem recebido autorização do marido, que estavam estupefactas ao encontrar um país tão rico e feliz como o delas.
"Só é pena as vossas mulheres não usarem burka. Quanto ao resto, nada nos ficam a dever", sublinhou a primeira esposa por detrás daquela rede que não lhe deixa ver a cara.
A Felicidade TV, durante o sonho (repito), prestava enorme atenção ao desporto, particularmente ao futebol. Fiquei satisfeitíssimo ao constatar que as selecções do Chipre e da Noruega tinham sido humilhadas pela selecção de futebol local e que já se preparavam os fatos dos jogadores para a final do Campeonato da Europa de 2012, bem como as faixas de campeões.
O telejornal/noticiário terminou com um concurso em que banqueiros distribuíam dinheiro aos participantes que provassem ainda ter pouco dinheiro nas contas bancárias.
Acordei a meio de um spot publicitário. A Felicidade TV prometia um automóvel de luxo a todos os telespectadores que ligassem para o número 13131313. Corri para o meu telemóvel, peguei nele e acordei quando ouvi uma voz feminina gravada a dizer: "Esse número não está atribuído".
E foi assim que voltei à crise.
Isto fez-me recordar uma anetoda soviética que rezava que ninguém teria sabido que Napoleão Bonaparte perdeu a Batalha de Waterloo se controlasse o jornal Pravda, órgão oficial do Partido Comunista da União Soviética.
Será que só com a abertura do canal Felicidade TV o país do sonho sairá da crise?
P.S. Tinha-me esquecido de mais uma reportagem, que mostrava uma conhecida figurina do jet-set a rebentar garrafens de champagne contra dois submarinos que deviam ser exportados para a Alemanha.

17 comentários:

Nuno B. disse...

Caro Dr Milhazes:

A sua descrição do sonho é muito interessante!

Eu penso que a crise é um estado de alma lusitano. De qualquer das formas, estamos sempre nela. Apenas a intensidade é que muda.

Cumprimentos.

P.s.: O telejornal português virou mais telenovela sul-americana. Senão veja o Jornal da noite da TVI.. (assinalo também que nem a Sic nem a RTP têm muito para se orgulhar)

Pippo disse...

Ao menos o JM sonha... eu limito-me a ver, com uma certa ironia, a realidade em que nos encontramos.

Jest nas Wielu disse...

Belo sonho, uma possível continuação do mesmo…

Os trabalhadores e as trabalhadoras da comuna agrícola “Alentejo Vermelho” foram condecorados pelo camarada – presidente com medalha e outras ofertas valiosas (rádios portáteis, etc.) pois conseguiram ensinar os seus cavalos a não comer e não morrer, algo que nunca foi conseguido no antigo regime.

A cooperativa pesqueira “Carapau Socialista” conseguiu uma nova vitória operária e camponesa, que consiste em pescar o bacalhau não nas águas do Mar do Norte (gastando para as viagens longínquas as divisas tão necessária à pátria amada), mas no Algarve (gastando lá o novo escudo nacional), que só foi possível graças à liderança sábia do Partido – Estado.

Gostaram?

José Manuel disse...

Não é nada que já não se tenha ensaiado aqui nos últimos tempos. Até alugaram crianças a uma agência de casting para fingirem que eram alunos duma escola que estava a receber computadores Magalhães.

Noutra escola, depois de terem recebido os computadores e de serem filmados pelas televisões,retiraram os computadores às crianças e levaram-nos para reptir o numero noutra escola.

Além disso nos canais ditos informativos quase todos os dias o horário nobre é preenchido com intermináveis mesas redondas a discutir futebol.

Mas em Portugal, que é por tradição um país de comadres bisbilhoteiras, há sempre alguém que vem logo desmontar estas encenações. Na realidade a propaganda só é eficaz se tiver alguma adesão à realidade, por miníma que seja.
Por isso é que já ninguém acreditava nos discursos optimistas que os governantes faziam antes do das férias de Verão anunciando o fim da crise (ver p.ex. discursos de Manuel Pinho) ou na miragem do TGV.

Anónimo disse...

O Doutor Milhazes omitiu o momento mais interessante do sonho. Que só acordou quando já estava todo borrado. Ao que parece nos seus pérfidos pesadelos somnius entram sempre os comunistas maus. Imagino a aflição que deve sentir nesses instantes?

Mas desta vez foi traído por os “afectos” de Morfeu, porque quem destruiu a economia Portuguesa que levou á presente crise foram aqueles que nos governaram nas ultimas três décadas, e essa ir´responsabilidade cabe toda à direita, a começar por o actual Presidente, aquele que diz que nunca se engana. Os outros embusteiros camuflados de Socialistas não são diferentes. Foram todos eles em conjunto que destruíram o sectores produtivos do país.

Se fosse capaz de escrever estas verdades para informar quem o lê não lhe ficava nada mal, em vez de perder tempo com perlengas odiosas e odientas contra os comunistas.

Gilberto disse...

Me desculpem os amigos portugueses, mas a tendência é piorar.

Portugal pagou um alto preço ao se entregar de corpo e alma a "Bruxelas", viveu um sonho de pseudo-prosperidade, mas festa acabou.

Agora nem adianta chorar. O país não tem margem de manobra econômica, cambial, e nem política. Não tem o que fazer... Sendo um pouco mais duro, digo: Portugal não tem soberania.

O cobertor está curto, e quando isso acontece os "pobres" são quem ficam descobertos.

António disse...

Caro Gilberto,

Se o nosso problema fosse Bruxelas, estávamos todos mais descansados. Aliás, e muito pelo contrário, as imposições da moeda única serviram para que Portugal não tivesse já há muito caído num descalabro ainda maior decorrente da irresponsabilidade fiscal dos seus governos dos últimos vinte anos. De facto, foi nas áreas em que Portugal manteve a sua "soberania" que as coisas correram terrivelmente mal. A despesa com o estado tem aumentado astronomicamente, foram criados institutos, fundações e empresas com capitais públicos para dar "jobs for the boys" e conseguir contratos lucrativos de prestações de serviços ou vendas de equipamento aos empresários amigos desses "boys". Portugal tem mais de 800 "fundações" que ninguém sabe bem para que servem, e outros tantos "institutos" que na maioria dos casos constituem entraves ao desenvolvimento em vez de o facilitarem. Ao mesmo tempo, não se fez nada para melhorar o sistema judicial, um dos maiores cancros do país e que impõe, pela sua grotesca ineficiência, um custo para a economia que orça os milhares de milhões de euros. O estado "come" a maior parte do PIB português, Portugal tem o maior número de funcionários públicos per capita da Europa e continua a inchar sem que disso saiam benefícios tangíveis para as empresas e os cidadãos em geral. Ao final do dia, a economia portuguesa tem servido, nas últimas décadas, para alimentar um monstro chamado estado. O nosso nível de tributação fiscal é dos mais severos da Europa e o dinheiro dos nossos impostos, em vez de servir para melhorar infra-estruturas, serviços, saúde e segurança social serve para alimentar uma burocracia voraz que se enche sem se preocupar com a população que tutela.

Se Portugal tivesse a ferramenta da política cambial por não ter entrado no Euro, o governo cederia facilmente à tentação de desvalorizar a moeda e, tendo em conta que a maior parte do nosso PIB é gerada pelo consumo interno, assistiríamos a uma espiral inflacionária que arruinaria totalmente o já baixo poder de compra dos portugueses. Por outro lado, o investimento empresarial em equipamentos cairia a pique e o desemprego aumentaria exponencialmente porque sairia muito mais caro às empresas investirem na sua expansão, ou tão somente manterem-se em funcionamento.

Guardadas as devidas proporções, o estado português tem muitas semelhanças com o russo. Muitos políticos usam o sistema para conseguirem proveitos pessoais e alargar as suas redes de contactos "empresariais". Há favorecimentos a grupos económicos que esperam pelos políticos que os "ajudaram" acabem a carreira para lhes oferecer um lugar no conselho de administração. A corrupção ao nível dos governos locais é escandalosa. Os subornos não atingem os níveis verificados na economia russa, mas as trocas de favores são a moeda corrente da promiscuidade entre as classes política e empresarial. No caso russo, o bolo do saque são os recursos naturais. No caso português, é o trabalho individual de cada cidadão, grande parte do qual é sifonado em impostos.

Na verdade, caro Gilberto, Portugal está na condição em que está porque foi arruinado pelo estado com a tal "soberania" que lhe restava.

António Campos

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor Francisco Lucrécio, o comunismo não é uma alternativa, mas um beco sem saída. Basta ler a forma como o senhor escreve. Eu ainda não estou em idade de borrar-me. Quando estiver, peço-lhe fraldas emprestadas.

Gilberto disse...

O problema não é esse, António.

Não estou a querer entender de Portugal mais que você. Não é o caso.

Mas um país que não desenvolve suas próprias forças produtivas; não tem soberania cambial(capacidade quase zero de margem de manobra econômica); e que se baseia no setor de serviços, é uma semi-colônia.

"Bruxelas" foi muito "boa" para Portugal... enquanto havia bonança,
enquanto tinha dinheiro sobrando e as bolhas estavam crescendo, o setor de serviço dando conta das demandas da população, a construção civil com pujança, etc...

Quando a bolha estoura, e depois quando a crise/estagnação atinge as economias reais. Essas frágeis cadeias econômicas(baseadas em setor terciário) se desmontam com um peteleco.


Não tem nem pra onde correr.

António disse...

Gilberto, a desvalorização da moeda é a solução preguiçosa dos governos quando não estão para fazer as reformas difíceis e estabelecer políticas que desenvolvam realmente a sua indústria. É vender mais barato uma economia que já é pobre.

O país não desenvolveu as suas própria forças produtivas porque o governo se esteve nas tintas para isso. Não foi porque nos ligámos a Bruxelas. Bruxelas deu apoio financeiro, parte do qual foi aproveitado no melhoramento das infra-estruturas, mas a maior parte dele foi sifonada para esquemas corruptos. Os subsídios europeus não foram investidos, foram CONSUMIDOS. Daí a ilusão de prosperidade que tivemos durante alguns anos.

A moeda única foi concebida para ajudar a alargar o mercado. Mas não sai de borla. O governo tem que fazer o trabalho de casa para que as coisas resultem e o mercado único possa ser aproveitado, com o aumento de competitividade da nossa indústria. O problema foi que o governo português resolveu acolher de braços abertos os benefícios da moeda única, mas "esqueceu-se" das responsabilidades que tal acarretava.

Mais uma vez, um paralelo com a situação russa: o atoleiro dos anos 90 e a ascensão do putinismo foi integralmente culpa dos russos, e não das tais "entidades externas" que tanta gente gosta de usar como bode expiatório. Da mesma forma, o nosso descalabro económico e a situação de semi-colónia a que estamos votados (apreciação com a qual concordo, na verdade), foi culpa dos portugueses e não da União Europeia.

Qual é a equipa de futebol que pretende entrar num campeonato e que depois manda os jogadores de férias em vez de os treinar afincadamente para a competição que se avizinha?

António Campos

Anónimo disse...

Caro Milhazes, o seu sonho e' existe ne TV de Thailandia onde sempre de festeja e se inaugura a familia real ao fim de por ao lado todo tipo de problemas internos :)))))

MSantos disse...

Como vê, meu caro JM, infelizmente não é só na Rússia.

E já agora, como se diz "boy" em russo? Silovikii?

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

«««««««Jose Milhazes disse...
Leitor Francisco Lucrécio, o comunismo não é uma alternativa, mas um beco sem saída. Basta ler a forma como o senhor escreve. Eu ainda não estou em idade de borrar-me. Quando estiver, peço-lhe fraldas emprestadas.»»»»»»»»


Se pensa que o comunismo não é alternativa e um beco sem saída. Porque não resolveram ainda os problemas deixados por o Socialismo?
Já tiveram vinte anos para o fazer, não só, não tiveram competência para os solucionar como os agravaram drasticamente.
Mal por mal é preferível caminhar num beco, que chafurdar num pântano putrefacto idêntico àquele que o capitalismo mergulhou centenas de milhões de seres humanos dos antigos países Socialistas.

Tem dificuldade em compreender o que escrevo? É falta de memória ! Há vinte e cinco anos era um barra na matéria, porque se não fosse um “bom” comunista também não o seleccionavam.

Caro Doutor Milhazes a senilidade não depende apenas da idade, tem mais a ver com o vigor do individuo e a capacidade de manutenção das suas faculdades.
Por isso tenha cuidado porque o Senhor da forma como se exprime já mostra sinais de alguma decrepitude.

Quer fraldas? O Senhor não merece mais que um molho de urtigas!

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

FRancisco Lucrécio, publico os seus comentários para que os poucos que ainda não compreenderam entendam que a ideologia que defende o sr. não é alternativa a coisa nenhuma.
Volto a explicar-lhe que ao dizer que o comunismo é um beco sem saída, não defendo o actual estado das coisas nem em POrtugal, nem na Rússia, nem no mundo. Mas isso não significa que, além desta triste imagem que estamos a ver, só exista o comunismo.
Quanto aos restantes insultos, não vou responder, porque já estou habituado a ouvi-los. Peçam aos camaradas chineses que vos mudem a cassete, nem que seja por uma coisa baratinha, que funcione apenas uns dias...

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Francisco Lucrécio, mais uma coisa. Você consegue transformar o sonho de qualquer pessoa em pesadelo.

MSantos disse...

"Volto a explicar-lhe que ao dizer que o comunismo é um beco sem saída, não defendo o actual estado das coisas nem em POrtugal, nem na Rússia, nem no mundo. Mas isso não significa que, além desta triste imagem que estamos a ver, só exista o comunismo."

É de facto irónico, José Milhazes, pois o mesmo problema existe para os "bem pensantes" que defendem o actual modelo económico. Para eles também a única alternativa ao que existe é o comunismo ou socialismo, marxismo, sei lá e vivemos "no pior dos mundos possíveis à excepção de todos os outros", como maldosa e desonestamente nos querem fazer crer.

Isso demonstra bem a falência e equiparação dos dois sistemas.

Quanto a tornar sonhos em pesadelos, os comunistas foram mestres nisso.

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

Jose Milhazes disse...
««««««FRancisco Lucrécio, quanto aos restantes insultos, não vou responder, porque já estou habituado a ouvi-los.»»»»»»

Doutor Milhazes! Costuma dizer-se que a semente da língua é a mais produtiva de todas. O Senhor acaba de prová-lo.

Vamos ver quem insulta quem?

Quando há tempos um grupelho da pandilha de direita Russa (Nemstov & cia) tentou manifestar-se em Moscovo sem autorização, e foram feitas algumas detenções o Senhor saiu a terreiro todo indignado.

Foi na mesma ocasião que houve um naufrágio na sua terra (Caxinas) onde morreram uns pescadores.
Eu chamei-lhe à atenção que devia preocupar-se mais em denunciar as causas porque esses homens perderam a vida, que defender interesses de déspotas. O Senhor nem se preocupou em saber qual a minha opinião sobre essa tragédia.

Respondeu-me desta maneira

««««««Tenha vergonha na cara, nem os mortos sabe respeitar»»»».

Lembra-se?

Afinal que tem a insensatez de insultar gratuitamente?

Não lhe respondi nessa ocasião porque tinha a certeza que o Senhor me dava outras oportunidades. E ela chegou.

Se o Senhor se preocupa-se em defender os interesses de quem trabalha, dos mais fracos, daqueles que não têm voz na sociedade, denunciava as condições precárias em que estes homens e muitos outros na mesma condições vivem e trabalham. Era precisamente isso que eu pretendia fazer naquele momento.

Mas a si preocupa-o mais os interesses da burguesia. Por isso zurzi sempre forte e feio nas Organizações de defesa dos direitos dos trabalhadores, e naqueles que as apoiam ou representam. São todos comunistas, e eu não fujo à regra.

Na altura dessa tragédia ouvi o dirigente do Sindicato dos Pescadores pronunciar-se sobre as condições que os homens do mar trabalham.

Arriscam a vida em ocasiões de temporal porque não têm garantidos meios de subsistência para sustentar a família.
Além disso também não existem meios de salvamento adequados e em prontidão nos momentos de perigo.

E as consequências destas falhas são as habituais, infelizmente.

Mas o Senhor está mais interessado em assistir às missas pelos mortos que ajudar os vivos.