Cerca de dois milhões e setecentos mil eleitores irão, no próximo domingo, eleger o novo Parlamento do Quirguistão dotado de amplos poderes, transformando este país na primeira república parlamentar da Ásia Central.
Três mil e duzentos candidatos de 29 partidos políticos irão disputar 120 lugares no Parlamento daquele país.
Tendo em conta o grande número de candidatos e de partidos para tão poucos lugares, políticos e analistas receiam que este ato eleitoral possa contribuir para uma nova desestabilização do país, depois dos sangrentos confrontos entre quirguizes e uzbeques que, em Abril passado, provocou centenas de mortos e milhares de desalojados.
Além disso, algumas das forças políticas que participam no escrutínio defendem posições nacionalistas, extremamente perigosas num país dilacerado por confrontos étnicos.
“O povo principal deve ser o principal, ele não pode estar abaixo de outros povos que vivem neste país. Eles que respeitem as nossas tradições, língua e história, só então as pessoas viverão em paz. Mas se um povo qualquer no nosso país: russos, uzbeques, turcos ou chineses, diz que é igual ou está acima dos quirguizes, então o Estado irá desintegrar-se”, declarou um dos dirigentes do partido Ata-Jurt, que reúne os adeptos do antigo Presidente Kurmambek Bakiev.
Nenhum dos partidos participantes apresenta um programa claro de desenvolvimento económico e político do país.
Omurbek Tekebaev, dirigente do Partido Ata-Meken (Pátria), um dos favoritos da corrida eleitoral, reconheceu: “o nosso programa económico está ainda verde, nem sequer é um programa, mas apenas teses”.
Segundo as sondagens, outros favoritos são o Partido Social-Democrata do Quirguistão, dirigido por Almazbek Atambaev, atual vice-primeiro-ministro do Governo, o Partido Pátria”, do antigo primeiro-ministro quirguize Felix Kulov, e o Ata-Jurt, que reúne os apoiantes de Bakiev, hoje refugiado na Bielorrússia.
“É importante que as eleições no Quirguistão não se transformem num detonador de acontecimentos negativos”, declarou Janibek Karibjanov, representante da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) no Quirguistão.
Nikolai Bordiuja, secretário-geral da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), que reúne países como Rússia, Quirguistão, Bielorrússia, Arménia, Tadjiquistão, Cazaquistão, considera que há “numerosos perigos”.
“Primeiro, trata-se do inevitável agravamento da situação sócioeconómica no Quirguistão no Inverno de 2010. Segundo, a preparação das eleições é feita com o emprego de “tecnologias sujas”, o que provocar o agravamento das relações entre comunidades étnicas”.
O escrutínio irá ser acompanhado por centenas de observadores de organizações como a OSCE, OTSC, Comunidade de Estados Independentes e outras.
O Quirguistão é ponto nevrágilco na operação da NATO contra os talibans no Afeganistão, tendo os Estados Unidos aí instalado uma base militar. Por outro lado, a Rússia possui também bases militares nesse país receando o reforço da zona de influência norte-americana na Ásia Central, região rica em hidrocarbonetos.
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Filme: “Geórgia: Agosto Vermelho”
http://www.youtube.com/watch?v=
UwDcAyO7PKo
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